segunda-feira, 22 de março de 2010

Na década de 50 não existiam os ...

deBarros conta
Nunca nesse país aconteceu uma campanha contra os mijões e também mijonas – como não? –como nesse último Carnaval. A imprensa falada, escrita e televisada desaguou no mercado campanhas e mais campanhas contra os mijões e mijonas. Eram eles os grandes vilões que encharcavam os muros, árvores e postes com seus líquidos e dejetos nojentos empestiando a cidade com seus cheiros acres e os narizes dos carnavalescos.
Há algumas décadas atrás isso não acontecia. E por que não acontecia? Na década de cincoenta para lembrar uma, em cada esquina no centro da cidade e em cada bairro tinha um bar ou um botequim e em cada um desses estabelecimentos sempre tinha um banheiro. Logicamente, diante disso, não existiam esses tão famosos mijões e mijonas e as cidades não fediam.
Ora, o que aconteceu nas nossas cidades, para que de repente surgisse essa figura, hoje cantada em verso e prosa, do mijão ou da mijona? O que aconteceu foi que os botequins e bares, tão abundantes em outras épocas foram deixando de existir para surgir, com uma velocidade incrível, um novo comércio de pastéis e sucos. Hoje, cada esquina do centro da cidade e cada esquina dos bairros foram tomadas pela pastelarias e casas de sucos e vitaminas. Até aí tudo bem. Mas o problema é que essas casas muito bem montadas e até elegantes simplesmente não têm banheiros. E por que não tem banheiros? Acho que essa pergunta deveria ser feita aos prefeitos, que permitiram conceder alvarás para esses novos estabelecimentos sem que o banheiro fosse obrigatório. Que vá um dos mijões ou mijonas a uma dessas pastelarias ou casas de sucos e peça permisão para ir ao banheiro? O coreano nem vai levantar a cabeça para lhe responder com muita má vontade que a casa não tem banheiro. E a gente, na época dos botequins, achava o português grosseiro e mal educado. Diante disso, o que que o mijão ou mijona tem que fazer?
Alguma coisa em que ser feita sim mas não achar que os grandes culpados sejam aqueles que precisam se desapertar e fazer as suas necessidade em lugares públicos, porque, na verdade, não tiveram outra alternativa. As campanhas deveriam ser feitas contra essas pastelarias e casas de suco obrigando-as a instalarem banheiros em suas lojas. Se essa resolução não acabasse de vez com os mijões e mijonas diminuiria consideravelmente o número de desperados por um banheiro ou, no jargão popular, o mictório.

Nenhum comentário: