sexta-feira, 28 de março de 2014

Ônibus precisa ser o transporte de todos para melhorar a cidade

por Eli Halfoun
“Ônibus é condução de pobre” - só esse tipo absurdo de pensamento explica a repercussão da foto em que a atriz Lucélia Santos está utilizando o transporte que deveria ser utilizado por todas as pessoas para evitar o excessivo número de carros nas ruas e em consequência engarrafamentos monstruosos e desgastantes em todos os aspectos. Se o transporte público brasileiro tivesse o mínimo de qualidade não haveria tanta surpresa com o fato de uma atriz popular utilizar o transporte que é do povo. Lucélia Santos não é a primeira atriz a deslocar-se usando ônibus: Leia Diniz usava a condução com frequência e não foram poucas vezes que me desloquei com ela de Ipanema, onde morava para o centro ou um subúrbio de ônibus.
A repercussão em torno de Lucélia Santos parece preconceituosa ao dizer que gente famosa não pode andar de ônibus, como se o transporte ruim do jeito que seja mais um castigo aplicado ao pobre (nos dois sentidos) trabalhador. Lucélia Santos mostrou que transporte público é para todos e seria utilizado por todos se oferecesse o mínimo de conforto e segurança. A intenção inicial de Lucélia Santos certamente não era chamar atenção, mas ela aproveitou a repercussão para comprar mais essa briga em nome de uma classe que é massacrada diariamente pela falta de respeito de quem comanda o transporte público que por ser público não precisa ser necessariamente ruim.
A atriz aproveitou para entrar em uma importante briga e falar em nome de quem quase não é ouvido e quando é o que diz entra por um ouvido e sai pelo outro.
Lucélia enumerou dez sugestões (publicadas por Mônica Bergamo na “Folha”) que sem dúvida podem mudar a situação do transporte público no Brasil:
1- Mudança da frota para circulação de ônibus novos. Fora com a sucata;
2- Se quiserem manter os velhos que seja feita uma revisão geral nos veículos;
3 - Em um país quente como o nosso o razoável seria ar-condicionado em todos os ônibus. Questão de saúde;
4 - Aumento da frota em número de ônibus suficientes para que toda a população possa viajar sentada. Que se crie uma logística inteligente das linhas;
5 - Mapeamento das zonas de maior demanda e planejamento para atender a todos;
6 - Pontualidade. Que os horários dos ônibus sejam estampados nos postes dois pontos de parada;
7 - Iluminação adequada nos locais de parada para maior segurança. Evitará assaltos e ataques sexuais às mulheres;
8 – Revisão dos salários e da carga horária dos motoristas para evitar estresse. Dar atendimento psicológico e treinamento, gerando cordialidade e respeito;
9 – Criar uma inteligência para melhorar o trânsito, definindo lugares para cada veículo. Proibir táxis de pararem em qualquer lugar;
10 – Os ônibus devem ter rampa de acesso para cadeirantes.

Quase tudo isso já existe só que não funciona na prática. Só no papel. (Eli Halfoun)

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Na Europa e EUA, ônibus sem aquecer nem trafega nas ruas das cidades. Imagina um ônibus sem aquecedor no Canadá?