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domingo, 26 de dezembro de 2010

JK: mistério em uma madrugada de agosto

No livro "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), Carlos Heitor Cony revela um estranho fato que marcou o velório de JK. A montagem acima inclui uma página da edição especial da Fatos & Fotos que mostra o hall lotado do edifício-sede da Manchete.
por José Esmeraldo Gonçalves
Há pouco dias, o jornalista Eli Halfoun comentou neste blog o lançamento do livro "Arquivo Aberto", do jornalista José Carlos Bittencourt sobre as mortes de Jango, JK, Ulysses Guimarães e Carlos Lacerda. Em 2003, Carlos Heitor Cony e Anna Lee publicaram "O Beijo da Morte", resultado de um criterioso trabalho de investigação sobre evidências e fatos ilógicos que cercam as mortes, em curto espaço de tempo, de Jango, JK e Carlos Lacerda. Entre ficção e reportagem, o protagonista de "O Beijo da Morte", o obcecado O Repórter, tenta desvendar o enigma das mortes de três figuras políticas que incomodavam a ditadura. Não li ainda o recém-lançado "Arquivo Aberto" mas vou ler, o tema é fascinante. O livro "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" - lançado em 2008, esgotado em livrarias mas possivelmente disponível em alguns sites de vendas pela internet - também especula em torno do assunto sob um ângulo curioso: uma suposta troca de caixões. JK, como se sabe, foi velado na Manchete, no prédio da editora na Rua do Russel, no Rio de Janeiro. Como todos os repórteres da Manchete e da Fatos & Fotos, virei a noite naquela cobertura. Estavam previstas edições especias de ambas as revistas. Já era madrugada quando, liberados pelo IML, chegaram ao Russell os caixões de JK e de Geraldo Ribeiro, seu motorista, também vítima do acidente na Dutra. Os caixões de pinho envernizado eram absolutamente idênticos, estavam fechados e assim permaneceram até o sepultamento. Um dos repórteres da Manchete, Tarlis Batista, vinha à frente e orientou a entrada do pequeno cortejo em direção aos cavaletes dispostos lado a lado. Ali mesmo foi feita a pergunta óbvia: quem era quem? Depois de uma breve hesitação, o cortejo se bifurcou, JK à esquerda, Geraldo à direita. Quem determinou a localização tinha certeza, embora não houvesse qualquer identificação, ou apenas convencionou? Ficou a dúvida que, nos anos seguintes, viraria mistério e já pautou reportagens em várias publicações. Em um dessas matérias, o jornalista Timóteo Lopes chegou a investigar a trajetória dos restos mortais de JK e Geraldo. Coincidentemente, ambos foram posteriormente exumados. JK foi enterrado no cemitério de Brasília e, anos mais tarde, transferido para o Memorial. Geraldo foi para o São João Batista, no Rio, e depois levado para um cemitério em Belo Horizonte. Em "Aconteceu na Manchete", Cony acrescenta mais um detalhe ao episódio. O dia já amanhecia, o velório em curso recebia amigos e parentes do ex-presidente e do seu motorista, uma fila já se formava em frente ao prédio, quando - Cony testemunhou o fato - um rabecão se aproximou lentamente da entrada da sede da Manchete. O que traria? Mais um corpo? Depois de um rápida olhada em direção ao hall, o motorista manobrou o rabecão e acelerou. Ficou o "mistério do rabecão sem rumo", segundo Cony.
Como polemiza e divaga o livro "Aconteceu na Manchete", JK poderia estar em Minas, de resto sua terra natal, e Geraldo repousaria no Memorial em Brasília. Uma questão a ser encaminhada ao laboratório de DNA mais próximo.