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terça-feira, 15 de outubro de 2019

Benício Medeiros, amigo, colega e vizinho • Por Roberto Muggiati

Benício Medeiros (1948-2019). Foto: Acervo Pessoal
Outro que se foi no suave silêncio da noite, Benício Medeiros. Trabalhamos juntos algumas vezes, a última já nos estertores da Manchete.

Quando a troika paulista (Tão, Octávio e Nunzio) saltou da melancia no Halloween de 1997, Jaquito me convocou de novo para “salvar” a revista. Escolhi Benício como chefe de redação. Era uma causa perdida, sabíamos todos. Ainda assim, consegui me segurar no cargo até maio de 1999 quando, na mesma manhã de terça-feira, recebi três notícias alvissareiras: Um convite da prefeitura de Catania, na Sicília, para visitar a cidade à sombra do Etna; um telefonema da Luciana Villas Boas, da Record, confirmando que ia publicar meu romance A contorcionista mongol; e, last and least, a dispensa da chefia da Manchete, após conversa de meio minuto com o Jaquito, sacramentada pelo grande manobrista dos veículos da Bloch, Janir de Holanda, outro que deixou o barco recentemente. Detentor do recorde de permanência à frente da Manchete – não sei se devo encarar isso como um mérito – fui despachado para a direção do EleEla. Desta vez, Benício não me acompanhou, tinha coisa melhor a fazer e se mandou.

Veterano batizado no fogo dos fechamentos em jornais como O Globo e Jornal do Brasil e revistas como Veja e IstoÉ, Benício publicou também livros importantes como a biografia de Otto Lara Resende (A poeira da glória, 1998),  na coleção Perfis do Rio, da Relume Dumará) e A rotativa parou (Record, 2010), sobre os últimos dias da Última Hora de Samuel Wainer (*).

Colegas de redação e vizinhos de bairro, costumávamos ficar horas nas esquinas de Botafogo trocando figurinhas. Um detalhe curioso que me contou certa vez me veio à cabeça agora.  Todo santo dia, Benício costumava padecer de dores de cabeça terríveis. A partir do momento em que sua mãe morreu, nunca mais sofreu a menor cefaleia. Benício morreu aos 71 anos de complicações de uma metástase cerebral. Telefonei para ele há cerca de duas semanas para saber se tinha um número antigo da revista Drinque, que ele editava e da qual eu era colaborador. Achei-o meio ríspido, a voz estranha, alegou que estava se recuperando de uma cirurgia de catarata...

A última vez que estive em sua casa na Martins Ferreira foi na festa dos seus 70 anos. Cheguei fazendo blague desculpando-me pelo atraso, que atribuí aos engarrafamentos de Botafogo – moro a duas quadras desertas do Benício. Ele não perdeu a oportunidade para me fazer recitar, diante de uma plateia seleta (a mestra Helena Godoy; Cecília Costa, a escritora; Lygia Marina, a musa; Chico Alvim o poeta) uma das minhas histórias de Paris, que adorava. Era sobre o dia em que, na missa de corpo presente da atriz Vera Amado Clouzot – à qual eu comparecera como sórdido voyeur só para respirar o mesmo ar de Brigitte Bardot e Françoise Arnoul – me vi empurrado na direção do viúvo, o diretor de Les diaboliques, que me abraçou com os olhos marejados e me obrigou a aspergir água benta sobre a defunta, num esquife elevado a três metros acima de nós num catafalco.

O Benício sabia me tirar do sério. Já está fazendo falta...

* Leia a matéria sobre o livro de Benício no link A Rotativa Parou

domingo, 6 de dezembro de 2009

Os últimos dias da Última Hora


por Roberto Muggiati
Jornalista relata em livro os lances mais dramáticos da “grande aventura” de Samuel Wainer
Judeu nascido na Bessarábia (região histórica que se localiza na Europa Oriental e seu território se distribui entre a Moldávia e a Ucrâ­­nia), naturalizado brasileiro, Sa­­muel Wainer foi um nome capital da nossa imprensa. Durante 20 anos – de 12 de junho de 1951 a 25 de abril de 1971 –, ele comandou um império jornalístico singular. Fugiu à imagem do patrão au­­tocrata, exemplificado por Assis Chateaubriand, Roberto Marinho, Adolpho Bloch e outros “capitães” da mídia. Por sua origem de repórter, ficou sempre próximo das bases, um colega mais do que um empresário distanciado. É o que mostra o livro A Ro­­tativa Parou! Os Últimos Dias da Última Hora de Samuel Wainer(Civilização Brasileira), do jornalista Benicio Medeiros, que viveu na redação do jornal o dramático fim do que o próprio Wainer batizou de “sua grande aventura”.
Leia a matéria completa no jornal Gazeta do Povo neste link: Os últimos dias da Última Hora

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pararam as máquinas



Chega às livrarias essa semana o livro A rotativa parou! - Os últimos dias da Última Hora de Samuel Wainer (Editora Civilização Brasileira), do jornalista Benício Medeiros, que foi repórter e crítico literário da revista Veja, redator da  Istoé, editor do Jornal da Globo, editorialista do Jornal do Brasil e editor da revista Manchete. Com depoimentos, pesquisas, fotos e material da memória, Benício relata situações dramáticas e também cômicas vividas na reta final do histórico jornal. Um trecho:
A paciência da redação ia-se esgotando. E decidiu-se por uma paralisação, no horário do fechamento, em sinal de protesto contra uma situação que se revelava insustentável. Coisa inédita em quase vinte anos de contínua atividade: a redação da UH, nesse dia, parou por um interminável minuto. Samuel trabalhava normalmente no seu aquário, subindo e descendo os seus óculos como sempre, quando percebeu uma estranha calmaria. Levantou-se e viu a cena chocante. Estavam todos de pé, num silêncio lutuoso, pois nada, na verdade, precisava ser dito. Samuel parecia não acreditar no que via, disfarçava, não sabia onde pôr as mãos, o que dizer ou fazer. Me deu pena ver o seu olhar atônito, por trás do vidro do aquário. Não era o olhar do patrão nem do jornalista, mas o olhar de um homem comum diante da própria ruína, diante do fim da sua grande aventura.”

domingo, 27 de setembro de 2009

Benício Medeiros lança livro sobre o jornal Última Hora

A editora Civilização Brasileira lança em outubro o livro A Rotativa Parou - Os últimos dias da Ultima Hora de Samuel Wainer, do jornalista Benício Medeiros. É mais uma obra a abrir luz sobre a história de um importante veículo. Quem nos passa a dica é Roberto Mugiatti, que enviou o link com o seguinte recado: "Esta matéria pode interessar ao Panis Cum Ovum, tem a ver com nossa história, nesta profissão incerta... E o Benício esteve presente também aos últimos dias da Manchete. Foi meu chefe de redação de 1998 até maio de 1999, quando o Janir assumiu e fomos transferidos para o EleEla. Ele pediu o boné e não foi trabalhar no EE" (RM)
Leia a matéria sobre o livro de Benício no link A Rotativa Parou