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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Bruno Barbey (1941-2020): "Foi no Brasil que descobri a cor". O fotógrafo da Magnum, que trabalhou para a Manchete nos anos 1970, morreu na última segunda-feira em Vincennes , onde morava, perto de Paris.


Reprodução de matéria de Bruno Barbey para a Manchete.

O rosto e as esperanças dos brasileiros que foram atraídos para a exploração da Amazônia. Sonhos desfeitos anos depois. Reprodução de foto de Bruno Barbey publicada em Manchete. 

Bruno Barbey captou para a Manchete as máquinas que chegavam na Amazônia como parte da ocupação promovida pela ditadura. Ali começava, na verdade, o processo de destruição da floresta, 
hoje brutalmente acelerado. 

O texto de apresentação da reportagem de Bruno Barbey e...


...a chamada de capa d matéria. 


Bruno Barbey em foto de 1967,  da Magnum, publicada hoje no site da agência.


Para quem cobria guerras e revoluções, o Carnaval carioca e a Amazônia devem ter sido uma explosão de cores para as lentes de Bruno Barbey. Fotógrafo da Magnum desde 1964, ele percorreu campos de batalha em Suez, no Vietnã, Bangladesh, Camboja, Nigéria, Irlanda do Norte, Kuwait e Iraque. Registrou como poucos as manifestações de Maio de 68, em Paris. No começo dos anos 1970, Barbey fez uma série de reportagens para a Manchete. Foi integrado à equipe que cobriu os desfiles das escolas de samba, em 1973. No mesmo ano, percorreu a Amazônia com o repórter Joel Silveira. foi à Bahia e fez Iemanjá em Copacabana. A parceria com a revista se repetiu nos anos seguintes. "Foi no Brasil que descobri a cor", é a frase que O Globo reproduz hoje. Bruno Barbey sofreu um enfarte ao 79 anos. Deixa inconclusos um livro e uma exposição sobre o Brasil.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Manchete no Carnaval 2018: escolas do Grupo A, momentos...

Unidos de Padre Miguel. Foto de Fernando Maia/Riotur

Acadêmicos da Rocinha. Foto de Raphael David/Riotur

Rocinha. Foto de Raphael David/Riotur
Acadêmicos de Santa Cruz. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur

Santa Cruz contra a intolerância. Foto de Raphael David/Riotur
Alegria da Zona Sul. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur
Alegria da ZS. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur
Estácio. Foto de Alexandre Macieira/Riotur
Estácio. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur
Unidos do Viradouro. Foto de Paulo Portilho/Riotur
Unidos de Bangu.  Foto de Gabriel Nascimento/Riotur
Bangu. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur
Renascer de Jacarepaguá. Foto de Gabriel Nascimento/Riotur


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Manchete no Carnaval 2018: a russa que é passista da Portela

A russa Juliana Titaeva na Portela. Foto: Instagram
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Homenageada no bloco "Imaginô? Agora amassa". Foto: Instagram


No morro. Foto Instagram
No asfalto. Foto Instagram

Na praia. Foto Instagram
por Niko Bolontrin

Juliana Titaeva, 27 anos, 1,73m de altura, é russa e empresária em Moscou. Mas só durante o ano. No verão brasileiro, inverno congelante lá, ela vira carioca e passista da Portela. E no Instagram, assume que é obcecada pelo samba.
Ao site Sputnik Brasil, Juliana contou que essa paixão começou há seis anos quando viu o desenho animado "Rio", de Carlos Saldanha, que tem cenas do carnaval carioca. A loura já está no Rio para desfilar na ala de Passistas da Portela, onde só entra quem tem samba no pé.


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Rio deprê: por essa nem Vinicius esperava, a melô do prefeito Crivella é a "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas". "Acabou nosso carnaval"...

Atitudes sempre revelam bem mais do que discursos. O prefeito do Rio deve sofrer de suores noturnos e alucinações fanáticas ao ouvir a palavra Carnaval. Só isso explica porque ele e sua equipe aparentam estar trabalhando intensamente para fazer do carnaval do Rio um desastre administrativo com data marcada.

Recentemente, a prefeitura anunciou com pompa e circunstância um calendário de eventos para 2018. Segundo a claque oficial, serão 104 realizações, entre shows, luau, festival de gastronomia, torneios esportivos etc. A maioria já existia. Alguns, como um espetáculo de fogos na Lagoa, serão novidades, isso se realmente acontecerem. Por enquanto, o cenário é duvidoso.

Notícias sobre a indefinição do tradicional Réveillon, por exemplo, há muito circulam na mídia. Um turista que pretende vir para Copacabana na virada no ano pode pensar duas vezes ao ler que a prefeitura, em outubro, ainda não tem patrocínio para a festa e não faz ideia do que organizará.

Os ensaios da escolas de samba, que atraiam milhares pessoas ao sambódromo durante todo o mês de janeiro, incluindo, é claro, muitos turistas, já foram cancelados. Para os desfiles propriamente ditos, em fevereiro, Crivella cortou verbas e mesmo o valor reduzido e acertado com as escolas ele ainda não pagou.

Os blocos, que se tornaram um atrativo a mais no verão carioca, também atraindo milhões de pessoas, nada sabem, por enquanto, sobre a infraestrutura essencial de segurança, banheiros etc, que terão para fazer seus desfiles. Essas notícias sobre a possível precariedade do carnaval de rua também há muito circulam.

Desde o primeiro carnaval, logo após a posse, Crivella já mostrou que não é o prefeito de todos os cariocas e acintosamente desprestigiou qualquer evento ligado a carnaval. Caso o prefeito, apesar da ojeriza, se colocasse no lugar de um turista que pretendesse passar o carnaval no Rio, ele poria fé numa festa que, nesse momento, parece um fiasco anunciado?

Se a prefeitura do Rio não consegue viabilizar manifestações cariocas tradicionais, como esperar que seu "calendário de eventos" não passe de uma fantasia do tipo banho-de-loja? E se o seu histórico, ao longo desse ano, foi o de cancelar eventos, o que é bem mais fácil e cômodo do que tentar viabilizá-los, qual a sua credibilidade no assunto ?

Dizem que no "calendário de eventos" de Crivella, cada acontecimento terá um "selo de qualidade".

Resta torcer para que não seja um selo de amadorismo qualificado.

Carlos Lyra compôs a "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas", em 1963. Vinicius de Moraes fez a bela letra. Poucos anos depois, a canção se encaixou no clima pesado do país e virou um hino de protesto contra a ditadura. O que Vinicius jamais imaginou foi que o carnaval do Rio de Janeiro teria pela frente um pesadelo chamado Crivella jogando contra os cariocas e que sua letra ganharia outro sentido, também de protesto contra o obscurantismo.

"Acabou nosso carnaval / Ninguém ouve cantar canções / Ninguém passa mais / Brincando feliz / E nos corações / Saudades e cinzas / Foi o que restou"...  

OUÇA VINICIUS E TOQUINHO CANTANDO "MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS"
CLIQUE AQUI

domingo, 11 de junho de 2017

Boni pede demissão de Conselho de Turismo e revela que Prefeitura do Rio ameaça atravessar o samba no Carnaval 2018...

Reprodução
O Carnaval é um dos principais produtos culturais e turísticos do Rio de Janeiro.

Entre blocos e Sambódromo - aí incluídos os dias de ensaios abertos - e quadras das escolas com shows a partir de outubro, a festa atrai milhões de pessoas (em 2016, apenas nos dias de carnaval propriamente dito, foram 5 milhões de foliões) e gera receitas com turismo em torno de R$ 3 bilhões.

Tudo isso está em risco.

Convidado pelo prefeito Crivella, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, participava de um Conselho de Turismo que pretende contribuir com projetos para melhor aproveitamento do potencial do setor, no Rio.

Na semana passada, Boni, decepcionado com o marasmo, se desligou do Conselho. "Queria fazer inovações, mas não acontece nada, ficará tudo como está ou pior", confessou o empresário à coluna Gente Boa, do Globo.

Boni conhece carnaval e foi o responsável pela parceria entre as escolas de samba, representadas pela Liesa, e a TV Globo, que, queiram ou não, foi acordo fundamental para o crescimento do evento a partir da década de 1970.

A Globo, no ritmo dos seus interesses comerciais e de entretenimento, claro, entrou com uma extraordinária divulgação dos desfiles; e as escolas profissionalizaram o evento embaladas pelo talento de nomes como Joãozinho Trinta, Fernando Pamplona, Rosa Magalhães, Laíla, Max Lopes, Arlindo Rodrigues, Renato Laje, Paulo Barros, Leandro Vieira e tantos outros.

As revistas Manchete e Fatos & Fotos também tiveram participação histórica na valorização do carnaval, isso desde anos 1950 e 1960, com amplas coberturas. Em 1984, inauguração do Sambódromo, a Globo, então fazendo violenta oposição ao governo Leonel Brizola, não quis transmitir os desfiles. A Rede Manchete agradeceu, pediu passagem, ficou com a exclusividade naquele ano, registrou grandes audiências e ainda mostrou a Mangueira campeã. No ano seguinte, Boni colocou a Globo de volta na avenida em parceria com a Rede Manchete. Esse acordo durou vários anos. As revistas Manchete, Fatos & Fotos, Amiga e a Rede Manchete dividiam uma área de conteiners de produção no Sambódromo com a Rede Globo e, certamente, muitos repórteres do grupo Bloch viram o Boni em campo, na pista e na concentração, comandando pessoalmente a cobertura global.

Além de uma reconhecida paixão pelo carnaval, o então todo-poderoso da Globo tinha entre seus amigos alguns dos mais famosos patronos das escolas de samba. Jamais escondeu isso. Com els, dividia mesas na Plataforma, uma espécie de templo carioca encravado no Leblon.

Por tudo isso, no Conselho de Turismo de Crivella, Boni era o PhD do carnaval.

Já estamos em junho e se Crivella não disse a que veio nem em relação à própria administração e parece indeciso entre ser prefeito e orar em missão religiosa no exterior, porque daria atenção ao Carnaval? O prefeito sequer recebeu os representantes das escolas. No momento, os trabalhos na Cidade do Samba estão paralisados, o sorteio da ordem dos desfiles pode ser suspenso, funcionários foram demitidos, e não se sabe quanto será investido em forma de subvenção (e esse investimentem torno de 60 milhões de reais é um dos motores dos cerca de 3 bilhões que a cidade fatura, com turismo, consumo e serviços, durante o Caraval). Os blocos, também protagonistas da festa, têm queixas, a Riotur promete mudanças, mas a indefinição é o enredo do momento  em todas as alas.

Foi esse quadro de falta de transparência, excesso de burocracia, influências políticas e amadorismo que Boni, sem fantasias, colocou na rua.


quarta-feira, 1 de março de 2017

Manchete no Carnaval 2017: PORTELA CAMPEÃ

Foto Agência Brasil

Foto Agência Brasil

Foto Agência Brasil

Foto Fernando Grilli/Riotur

Foto Cezar Loureiro/Riotur

Foto Cezar Loureiro/Riotur

Foto Fernando Grilli/Riotur
Com um enredo "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar…", que narra a relação histórica da humanidade com os rios, a Portela sagrou-se campeã 
do carnaval de 2017 do Rio de Janeiro. 
Em segundo lugar, a Mocidade Independente de Padre Miguel: em terceiro, Salgueiro. Três escolas tradicionais que disputaram o primeiro lugar até o fim. O carnavalesco Paulo Barros ganhou o seu quarto título do Sambódromo carioca. A última vitória da Portela foi em 1984, há 33 anos. Em função dos trágicos acidentes com os carros da Tuiuti e Unidos da Tijuca, que deixaram 32 pessoas feridas, afetaram o desfile e abalaram as demais escolas, a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) 
decidiu que não haverá rebaixamento em 2017. 
A campeã do Grupo A subirá para o Grupo Especial. Em 2018, desfilarão 13 escolas e as duas últimas serão rebaixadas. Com a ascensão da campeã do Grupo A em 2018, o carnaval de 2019 voltará a ter 12 escolas no Grupo Especial.    

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Rio é a cidade mais desejada por turistas no Carnaval. Salvador caiu de segundo para sétimo lugar. São Paulo assumiu a segunda posição.

Maior carnaval do Brasil desde que os blocos voltaram às ruas e se somaram ao megaespetáculo das escolas de samba, o Rio é, pelo segundo ano, a cidade que mais desejada pelos brasileiros durante o Carnaval. No ano passado, o Rio também liderou o ranking. A pesquisa acima foi realizada pela Booking. O mesmo fenômeno - a popularização dos blocos sem cordinhas e abadás - levou São Paulo à segunda posição. Natal e Florianópolis (que faz uma variedade de carnaval com música eletrônica) estão em ascensão na lista dos destinos desejados.
Já Salvador que em 2016 ficou em segundo lugar caiu para a sétima posição.

A força espontânea dos blocos no cenário carioca e...

... os ensaios técnicos da escolas que lotam o Sambódromo nos fins de semana anteriores ao
Carnaval propriamente dito destacam a preferência dos turistas pelo Rio
e prologam a permanência dos visitantes.
Fotos de Alexandre Macieira/Riotur

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Memória do carnaval carioca: como o Rio sambava e brincava em 1965

Um filme em Super 8 postado no You Tube e replicado em páginas do Facebook já foi visto por milhares de pessoas. São imagens raras feitas por amador, praticamente não editadas. 
O filme ganha mais importância diante do fato de os arquivos de televisões da época guardarem pouquíssimo material dos anos 60. 
Alguma coisa é possível rever nos acervos dos cinejornais. Mas a filmagem que você pode ver aqui (link abaixo) tem uma valiosa marca de autenticidade. 
Não é um "filme de diretor", mas de um apaixonado pela folia popular a focalizar os tipos e ritos do carnaval carioca em 1965, ano do Quarto Centenário da cidade, 
VEJA AQUI

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Somos todos Imperatriz ! Político ruralista quer censurar escola de samba carioca...



Com o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) à frente, o chamado agronegócio parte com suas alas virtuais de foices, enxadas, motosserras, tratores e agrotóxicos pra cima da Imperatriz Leopoldinense.

Como se fosse um seita, eles reúnem suas tropas para intimidar a tradicional escola carioca. O motivo da ira chega a ser inacreditável: ruralistas e suas bancadas e instituições dizem que o enredo da Imperatriz - "Xingu, o clamor que vem da floresta" - "ataca" o agronegócio brasileiro.

Os ruralistas costumam se colocar como um exército de patriotas que sustenta a economia brasileira. Não são. De fato, formam uma cadeia importante de produção. Mas atuam em um negócio como outro qualquer e o fazem para ganhar dinheiro e não por benemerência.

Além disso, o agronegócio é historicamente favorecido pelos cofres públicos em incentivos, empréstimos a juros subsidiados, perdão da dívidas etc, etc. E, sim, como a mídia independente noticia com alguma frequência, há empresas e proprietários de terras que são alvos de denúncias publicas e investigações sobre desmatamento, contaminação por uso inadequado de agrotóxicos que envenenam trabalhadores, rios e consumidores de frutas, hortaliças, arroz, feijão, milho etc, acusações de uso de trabalho escravo, queimadas, contrabando de madeira etc.

Se, claro, não são todos culpados, isso não significa que os crimes não existam.

O enredo da Imperatriz canta uma realidade - a usurpação das terras dos índios, a destruição dos seus habitats. E não diz que isso aconteceu apenas hoje de manhã e que Ronaldo Caiado e seus aliados são os culpados diretos pela ação histórica e continuada contra os primeiros habitantes do Brasil.

O samba-enredo sonha com um futuro em que o meio-ambiente seja preservado. E isso não é "atacar" o agronegócio, a não ser que o agronegócio queira assumir o papel de destruidor insaciável do meio-ambiente.

A Imperatriz não abomina o campo. Tanto que, no ano passado, no enredo que homenageou Zezé di Camargo e Luciano, cantou a viola, a porteira, o berrante, a colheita, a boiada e a cavalhada.

Mas Caiado está louco da vida e ameaça criar uma CPI para investigar a Imperatriz. Diz abertamente que quer descobrir os "financiadores". Ok, e se descobrir? Vai criminalizá-los, vai expulsá-los do país, vai exilá-los, vai obrigá-los a cancelar apoios, vai mandá-los para uma cadeia em Manaus, vai chamar os militares?

Se essa ala do autoritarismo não guardar seus adereços e fantasias, e suas ameaças, nos próximos dias, melhor a Imperatriz reviver na avenida o belo samba que lhe deu o título de campeã em 1989.

Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós...


Somos todos Imperatriz.


Conheça o samba de Moisés Santiago/ Adriano Ganso/ Jorge do Finge/Aldir Senna que fez a cúpula ruralista entrar em modo surto. Ouça AQUI: 

"Brilhou coroa na luz do luar
Nos troncos a eternidade, a reza e a magia do pajé
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
Na floresta, harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar
Jardim sagrado o caraíba descobriu
Sangra o coraçao do meu Brasil 
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos
Devora as matas e seca os rios tanta riqueza que a cobiça destruiu

Sou o filho esquecido do mundo
Minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte
Mas é hino de paz e amor


Sou o guerreiro imortal derradeiro
Deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira
Da pura alma brasileira

Jamais se curvar, lutar, aprender
Escuta menino, Raoni ensinou
Liberdade é o nosso destino
Memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou
Chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos
E outros herois guardiões
Aventura de fé e paixão
O sonho de integrar uma naçõa

Kararaô... kararaô... O índio luta pela sua terra
Da Imperatriz vem o seu grito de guerra
Salve o verde do Xingu, a esperança
A semente do amanhã, herança
O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar... preservar"

sábado, 12 de março de 2011

O balanço dos blocos...


Simpatia 2011: festa na Vieira Souto, Ipanema. Foto: Gonça
por Gonça
No fim do anos 80 e começo dos 90, no clima da redemocratização, começou a ressurgir o carnaval de rua do Rio. Claro que havia blocos de rua, uns poucos, que resistiam. Mas foi a partir dessa época que por iniciativa dos moradores, sem apoio de governos, surgiram blocos como Simpatia Quase Amor, Barbas, Imprensa que eu Gamo, Suvaco e outros. O carnaval popular tomou as ruas e não parou mais de crescer. As autoridades tentam agora organizar a folia, marcar horários, disciplinar o trânsito, fornecer banheiros, itens necessários. Muita coisa funcionou melhor nesta temporada. Só que no pacote entram na dança autorizações para alguns blocos nitidamente comerciais. Neste fim de semana, saem os últimos blocos. É hora de uma avaliação do que rolou. Primeiro, colocando as coisas no lugar, é bom aposentar a frase "o Brasil para no carnaval". Ao contrário, o país se mexe, literalmente, e abre espaço para a movimentação de uma fantástica indústria de turismo e lazer. Nas grandes cidades, hoteis lotados, restaurantes idem, aviões, ônibus e filas de navios do cais do porto. Tudo isso gera emprego e arrecadação, coisas que cidade alguma pode desprezar. O desafio é conciliar a festa com os direitos de quem não gosta ou não quer participar do carnaval ou de quem quer sair no blocos, levar os filhos, sem correr o risco de ser esmagado. Em Ipanema, por exemplo, o caos se instalou. Que a prefeitura, ano que vem, repense algumas coisas. Por exemplo, transferir trios elétricos, como o da Preta Gil, o Afroreggae etc, para o centro da cidade onde já desfilam com sucesso, para citar os grandes blocos, o tradicional Bola Preta e o Monobloco. O trio elétrico da Preta, nada contra, conseguiu uma surpreendente autorização para desfilar na Vieira Souto já há dois anos e atrai milhares de pessoas ligadas em redes sociais. É, na verdade, um show sobre rodas. Poderia ir para o Riocentro ou para a Sernambetiba e levaria para lá a mesma multidão convocada por facebook e twitter. Copacabana também recebeu um trio elétrico alienígena, cujo desfile resultou até em tragédia. O Simpatia é outra história. Bloco nascido e criado aqui, está no seu terreiro, assim como a Banda de Ipanema. Mas até os seus dirigentes admitem que cresceu demais. Uma solução talvez seja seguir o exemplo do Suvaco que tenta conter o gigantismo saindo de manhã. Se o Simpatia botar o bloco na rua às 9h da matina vai certamente fazer diferença.
Desfilando em locais afastados um do outro, os grandes blocos que não têm vínculos com os bairros poderiam até sair no mesmo dia e horário. Dividiram a freguesia. Alô, Eduardo Paes, foi bonita a festa, pá. Mas dá para melhorar sem transformar a orla carioca em um circuito Barra-Ondina.       

quarta-feira, 9 de março de 2011

Passarela do tempo...

Reprodução da coluna do Xexéo no Globo de hoje, onde ele cita a Manchete. 1976: Beija Flor Campeã, primeiro título da escola, entrevistei Joazinho Trinta, o fenômeno que surgia.



Recuerdos de coberturas para Manchete, Fatos & Fotos, Caras e Contigo e...
...as marcas do tempo no detalhe das duas credenciais acima.
por José Esmeraldo Gonçalves
A coluna de Arthur Xexéo, hoje, no Globo, comenta os desfiles das escolas de samba cariocas. Em um trecho, o cronista cita o carro King Kong, do Salgueiro, como uma alegoria que impressionou a avenida. “Se estivéssmos no tempo em que se conhecia o carnaval pela revista Manchete certamente o King Kong seria um dos maiores destaques da cobertura”. Xexéo tem razão. E a palavra Manchete, na crônica, acionou um link para a minha memória. Os cadernos especiais que o Globo lança na segunda e na terça de carnaval, muito bem feitos e chegando às bancas com impressionante agilidade, me lembram, de certa forma, a velha Manchete. Fotos abertas, sensualidade, panorâmicas, detalhes, estrelas nacionais e internacionais, está tudo ali. A extinta Bloch tinha um feeling excepcional para grandes eventos. Da morte de Getúlio aos enterros de Carmen Miranda e Chico Alves, das vitórias do Brasil nas Copas aos grandes crimes que eletrizavam o país e à visita do Papa João Paulo 2º, acontecimentos desse porte faziam girar ao limite as máquinas da gráfica de Parada de Lucas. Mas nenhum desses eventos alcançava a dimensão da cobertura do Carnaval. O livro Aconteceu na Manchete – as histórias que ninguém contou” (Desiderata), escrito por jornalistas que atuaram nas redações do Russell, conta como funcionava essa engrenagem editorial, que mobilizava centenas de profissionais. A propósito, o nome deste blog – Pão com Ovo – é inspirado nos sanduiches que eram servidos nos agitadíssimos fechamentos das edições de Carnaval. Carlos Heitor Cony, que dirigiu muitas dessas edições, traduziu a expressão para latim - Panis Cum Ovum - e deu-lhe o lema visto no logotipo na barra direita desta página: “Dementia Omnia Vincit” (“A Loucura Sempre Vence”, na verdade, uma brincadeira do Cony com um “lema” que criou para Adolpho Bloch. Segundo ele, Adolpho fazia as maiores “loucuras” – como pedir que a redação preparasse uma edição da Manchete em russo, feita do dia para a noite – e ganhava dinheiro com esses projetos geralmente desaconselhados pela racionalidade dos seus assessores). A Manchete foi lançada em abril de 1952 e já em 1953, o Carnaval ganhava cobertura especial e capa. A partir daí, não parou mais. Normalmente, a Bloch lançava três edições da Manchete: a pré, a do Carnaval propriamente dito e a pós-carnaval, com as campeãs do ano. Além disso, mandava para as bancas outras três edições da Fatos&Fotos e mais uma da Amiga. Bem planejadas, as publicações alcançavam públicos diferentes. Manchete trazia a grandiosidade e as cores do espetáculo; Fatos&Fotos a sensualidade da passarela e dos bailes; Amiga flagrava as celebridades no samba, blocos e bailes. Somadas, vendiam em torno de 1 milhão e meio de exemplares. Por formação, sou um jornalista-revisteiro, participei de muitas dessas coberturas. E lá vai tempo. Não vi D.João 6º sambar na Vizinha Faladeira mas vou à Avenida desde 1976, há exatos 35 anos. Uma passarela que já foi na Presidente Vargas, em dois pontos, próximo à Candelária e depois da Central; na Antonio Carlos; na Sapucaí sem Sambódromo; e, finalmente, no conjunto desenhado por Niemeyer. Estive lá, mais uma vez, este ano, trabalhando para a revista Contigo. Gosto de ver as escolas, torço pela Mangueira, é um trabalho que faço com prazer. Mas em meio à cadência das baterias, a saudade é uma alegoria que insiste em desfilar na minha memória por alguns instantes. Os bastidores dos desfiles se transformavam – ainda são assim – em um ponto de encontro de colegas jornalistas. É onde revemos amigos de outras redações. É aí que o samba atravessa. Vejo que sou um dos remanescentes. Cadê o fotógrafo Sérgio de Souza, o gordo mais ágil do passarela? E Gil Pinheiro, Tarlis Batista, Roberto Barreira, Ney Bianchi, Leo Borges, Luiz Carlos de Assis, Fábio Abrunhosa, Henrique Diniz e outros que se foram? E os companheiros de várias gerações que estão na ativa em outros setores mas fizeram parte das equipes que levavam para as revistas o agito do Sambódromo como Orlando Abrunhosa, Alberto Carvalho, Arnaldo Risemberg, Ateneia Feijó, José Carlos Jesus, Frederico Mendes, Pedro Porfírio, Marcelo Horn, Renato Sérgio, Janir de Hollanda, Deborah Berman, Maria Alice, Ruth de Aquino e Gervásio Batista? E os editores que ficavam na retaguarda mas davam um jeito de ir à avenida em algum momento como Zevi Ghivelder, Lincoln Martins, Eli Halfoun, Moises Fuks, Cony e Roberto Muggiati? Este ano, vi lá o fotógrafo Helio Motta, na pista, e soube que Nilton Ricardo estava na torre fazendo as panorâmicas das escolas para a revista Caras; das gerações mais novas, J.Egberto trabalhando para a Contigo, além da Wal Ribeiro no camarote da Brahma e Jussara Razzé que colaborava com a assessoria de imprensa da Liesa e fez a maioria das fotos dos desfiles que ilustram este blog. Os cinco participaram de incontáveis coberturas para a Manchete. Se havia alguma coisa que os fotógrafos não poupavam era filme. Assim milhares de cromos Kodak desaguavam nas mesas dos editores antes de chegar aos diagramadores Wilson Passos, Nelson Gonçalves, Ezio Speranza, Jarbas Costa, Luiz Carlos Pauluze e J.A. Barros, este na ativa e um dos autores do livro Aconteceu na Manchete.
A inesquecível ala do samba da Manchete daria uma lista imensa.
Por alguns momentos, andando no corredor à margem da passarela - a ‘grade” como a turma chama – senti a “alma deserta” para usar uma expressão do Cartola e do Elton Medeiros no samba “Peito Vazio”.
Vida que segue. Até a dispersão.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quer ver um curiosidade jornalística? Olha só o primeiro carnaval da Manchete, em 1953

A primeira capa de Carnaval da Manchete, fevereiro de 53
Escolas de samba na Praia do Flamengo
por Gonça
A Manchete foi lançada em abril de 1952. Dez meses depois, em fevereiro de 1953, a revista fazia a cobertura do seu primeiro carnaval. Era a edição número 44. As reportagens especiais de Carnaval foram uma especialidade da Bloch. Manchete, especialmente, Fatos&Fotos e Amiga batiam recordes de tiragens em sucessivas edições. Manchete chegava a triplicar a venda nessas ocasiões.
A vedete Angelita Martinez no Baile dos Artistas,no Hotel Glória

Mas em 1953 este know how carnavalesco que se tornaria uma referência no jornalismo brasileiro apenas engatinhava. Mas Manchete já dedicou uma edição especial à festa que até hoje mobiliza os principais jornais e revistas do país, além da TV, do rádio e, agora, dos grandes portais.
Ontem, como hoje, carnaval é tempo de beijo. A legenda diz que o Baile dos Artistas se tranformou em um "verdadeiro inferno".

Na época, as equipes da revista se desdobraram em vários eventos: Baile dos Artistas, Baile do Copacabana Palace, Desfiles das Grandes Sociedades. Desfiles das Escolas de Samba, concurso de Rainha do Carnaval, Baile do Tijuca Tênis Clube, Baile do Hotel Glória  etc. Outra época, outras imagens, outro Rio.

A beira da piscina do Glória, as candidatas a Rainha do Carnaval de 1953. A mascarada estava no Baile do Copa


Este ano, a revista Manchete, que lançou suas edições especiais até o carnaval de 2008, não estará na avenida. Quem sabe, ano que vem. Mas alguns dos seus profissionais, sim, ainda dão plantão na passarela do samba em outras publicações. E a festa carioca, uma das maiores do mundo, continua a mover as rotativas de publicações como Caras, Contigo, Quem, Istoé Gente, além de cadernos especiais dos grandes jornais do país. Somadas, as edições especiais das revistas aí citadas se aproximam do milhão de exemplares. Mais ou menos o que Manchete, Fatos & Fotos e Amiga atingiam até o começo dos anos 90. É isso. Vambora que o carnaval pede passagem. E como já disse uma faixa do Simpatia, passagem, vale-transporte, ticket-refeição, bilhete único e riocard.