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Atualização em 20/3/2024 - O Jornalistas & Cia publicou a seguinte nota, que reproduzimos por solicitação de Roberto Muggiati:
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Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores
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Em fins de 1972 , a revista Screw publicou uma série de imagens da viúva de John Kennedy - então casada com o bilionário grego Aristóteles Onassis - peladíssima. A Screw usou a palavra "bush" (arbusto) para ressaltar o exuberante e plebeu ecossistema pubiano da sofisticada Jackie. Se o Messias descesse à terra naquela semana de fevereiro não teria provocado tanto alvoroço na mídia. As máquinas pararam no mundo como se recebessem um comando único. Todos os veículos queriam aquelas fotos. É possível que até a redação do Osservatore Romano tenha lamentado não poder entrar no leilão sob pena de tortura nas masmorras do Santo Ofício. A Fatos & Fotos deu capa logo em seguida. As imagens correram o mundo como um rastilho incendiário.
Imediatamente, o autor das fotos, o italiano Settimio Garritano, que teria feito o flagrante em setembro de 1972, tornou-se o fotógrafo mais admirado e invejado do mundo. Ao mesmo tempo, os paparazzi mais experientes lançaram suspeitas sobre os tantos ângulos e posições das imagens. Depois de duas ou três fotos de tanto valor de mercado, qualquer paparazzo teria caído fora da ilha cheia de seguranças para não correr o risco de ser capturado e perder o ouro já garantido.
Jackie posou, as fotos foram consentidas? Garritano nunca revelou a verdade sobre o que de fato aconteceu na Ilha de Skorpios. Nem explicou porque esperou três meses até que as fotos fossem vendidas e publicadas. Esperava autorização de quem as contratou?
Um jornalista norte-americano, Christopher Andersen afirmou que o próprio Onassis quis humilhar Jackie por considerar que ela o desprezava; o filho do bilionário, Alexander Onassis, movido por questões familiares, também figurou como suspeito.
Onassi morreu em 1975. O filho faleceu em janeiro de 1973, vítima de acidente aéreo, quase um mês depois da Screw publicar as fotos. Jackie Kennedy morreu em 1994 e, pelo menos publicamente, nunca se interessou em desvendar o "místério".
Em 1975, Garritano vendeu o material, incluindo sobras, para a revista masculina Hustler, que publicou imagens ainda mais frontais. Na mesma época os cinemas exibiam o filme Histoire d"O com a sensual Corinne Cléry. A mídia passou a chamar Jacqueline Kennedy Onassis de Jackie O.
Quanto a Renato Sérgio, que também trabalhou nas revistas Manchete, Fatos e Fotos e EleEla, onde fez muitas entrevistas com personalidades de todas as áreas, faleceu há 10 anos, em 2012. Quatro anos antes, em novembro de 2008, participou da coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou", onde contou parte da sua longa trajetória no jornaslismo cultural.
Os jornalistas Sergio Cabral, Geraldinho Carneiro e Renato Sérgio entrevistam Gonzagão. |
BAR ACADEMIA COM GONZAGÃO
https://www.youtube.com/watch?v=kO2YbyTlgUo
HISTÓRIAS DO GONZAGÃO (sobre Lampião)
Jeff Thomas e Lula no Gallery, em 1979. Foto de Ruy de Campos/Manchete |
Essa reportagem existiu e foi sugerida à Fatos & Fotos pelo jornalista Jeff Thomas. Ele pretendia convidar Lula para jantar no The Gallery e usar na matéria um título recorrente; "A Classe Operáia vai ao Paraíso", do filme dirigido por Eli Petri com Gian Matia Volontè, de 1971.
Pra variar, Lula foi criticado na época - embora não tivesse cargo público - por quem achava que um líder operário não poderia jamais botar os pés em uma casa da grãfinagem paulista.
A Fatos & Fotos era uma revista que teve fases excelentes, outras nem tanto, e era alvo de crises sanzonais. Semanal, como a Manchete, não podia fazer tanto sucesso a ponto de ameaçar a principal revista da casa. Não apenas muitas vezes anúncios originalmente destinados à FF eram desviados para a Manchete, como matérias inteiras estavam eventualmente sujeitas a seguir o mesmo caminho.
A reportagem com Lula no The Gallery foi um desses casos. Quando as fotos chegaram de São Paulo, permaneceram muito pouco tempo na mesa do editor da revista. Logo um emissário do oitavo andar veio recolher o material que a direção da casa havia decidido publicar na Manchete. Soube-se depois que desde que Jeff Thomas sugeriu "Lula no paraíso" a ideia foi considerada tão instigante pela direção da editora que a FF foi descartada antes mesmo da pauta se concretizar. No vídeo, Lula se refere a revista Manchete, tal como lhe foi proposto. A Fatos & Fotos foi a última a saber. Coisas da velha Bloch.
Lula no Roda Viva. Reprodução vídeo |
VEJA O VÍDEO COM LULA SE REFERINDO À MATÉRIA DA MANCHETE E RESPONDENDO A QUEM O CRITICOU POR IR JANTAR EM UM RESTAURANTE DE LUXO. CLIQUE AQUI
Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos
por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História)
Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.
Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.
Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).
É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.
Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.
A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.
Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos |
Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.
O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.
A foto de Orlando Abrunhosa na capa da Fatos & Fotos |
A foto histórica foi muitas vezes publicada ilegalmente em jornais, capas de fitas de vídeo, selo e cartazes. Orlandinho abriu processos e lutou até o fim pelos seus direitos, até fora do Brasil. Alguns dessas pendências ainda estão em andamento.
Ele, com certeza, se aqui estivesse, iria comemorar essa vitória merecida. Provavelmente, brindando com vodca e limão à sua maneira. Ele nunca deixava de recomendar ao garçom "Mas traz o limão pra eu espremer". Era um clássico do Abrunhosa nos bares cariocas. Martins, do bar do Novo Mundo, uma espécie de filial etílica da Manchete, deve ter ouvido essa frase centenas de vezes. O barman que serviu JK, Jango, Brizola, Garrincha e era capaz de fazer drinques e coqueteis complicados, ficava intrigado por não poder espremer um simples limão. Martins nunca entendeu e Orlandinho nunca explicou.
Orlando Abrunhosa na cobertura da Copa do México, em 1970, quando fez uma das fotos mais famosas do futebol |
De acordo com matéria publicada por Ancelmo Gois, no Globo, na última segunda-feira, e que repercutiu em vários sites, a célebre foto estampou um painel instalado no Museu da Maracanã, sem que o governo do Estado do Rio de Janeiro e o Complexo Maracanã Entretenimento tivessem, para isso, autorização do autor ou da família.
A capa do livro e o trecho que relaciona a revista com tocaia a Noratinho, o sargento que matou Lampião |
Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias. Foto de Antonio Trindade/Manchete |
Numa estratégia equivocada, o velho VeeCee, 61 anos, adotou a grade funcional da Time, copiando seu expediente, preenchendo centenas de empregos com os melhores jornalistas do Brasil. O êxodo das redações cariocas para a Pauliceia somava algumas dezenas de editores, redatores e repórteres. Acontece que a Time – iniciada com um punhado de bravos em 1923 – evoluiu palmo a palmo até sua configuração de 1968, ao longo de cinco décadas, num cenário sociocultural específico, atravessando os crazy twenties, o crack da Bolsa, a Depressão, a Segunda Guerra, o boom dos anos 50, a Guerra Fria e os swinging sixties, ou seja, um cenário tipicamente norte-americano.
Ainda: a campanha publicitária dava a impressão de que a Veja seria a Manchete da Abril. Esse erro foi bombasticamente reforçado na véspera do lançamento: transmitido pela TV em cadeia nacional às 20 horas de domingo 8 de setembro (a revista saía às segundas com a data de capa de quarta), um documentário de Jean Manzon mostrava a Veja cobrindo todas as frentes de guerra do mundo, que não eram poucas na época. A Abril se deu conta da imagem truncada ainda na fase dos “números zero” e – pior a emenda que o soneto – acrescentou ao veja do logotipo as palavras e leia. Fez ainda uma maciça distribuição de brindes para meio Brasil: uma lupa num estojo com a logomarca veja e leia.
A "Árvore" no topo da antiga sede da Abril, na Marginal Tietê |
Record acompanhando Gilberto Gil em Domingo no Parque; no ano seguinte fizeram história na final paulista do FIC, cantando sob vaias o polêmico É proibido proibir de Caetano Veloso.
O recente anúncio da doença de Rita Lee me fez voltar àqueles tempos e me sentir, de certa forma, culpado. Não havia nenhum espaço decente na Abril para receber celebridades. Tinham de comer no horroroso galpão de madeira comunal dos jornalistas e demais empregados, que ficava num anexo ao lado do prédio da editora – quando chovia, e amiúde chovia grosso, todo mundo se encharcava. Senti-me vexado ao receber os garotos – Rita e Arnaldo tinham 20 anos, Sérgio 18. Ainda não tinha aflorado ao sangue da ruivinha a rebeldia sulista de seus antepassados que lutaram na Guerra da Secessão – as irmãs, Mary Lee e Virginia Lee também foram nomeadas em homenagem ao general confederado Robert E. Lee – mas cheguei a recear, da parte de uma Rita Lee afrontada, algum protesto, como batucar numa panela, igual à matriarca dos filmes de faroeste, e chamar os caubóis para o rancho: “Come and get it!”
No ano e meio que passei na Veja em São Paulo só uma vez fui convocado por Seu Victor para receber um convidado VIP, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, recém-consagrado “Velho Guerreiro” por Gilberto Gil em Aquele abraço, o hino de despedida do baiano ao partir para o exílio em Londres. Foi um almocinho tacanho naquele pequeno anexo na cobertura do prédio encimado pela árvore da Abril. Um cardápio tão banal que não guardo a menor lembrança do que foi servido. Não podia haver maior disparidade de temperamento entre o Civita e o Chacrinha, o motivo do encontro era um negócio, os dois iam ganhar muito dinheiro à custa do outro. Chacrinha era tão genial que tinha resumido toda a teoria do Marshall McLuhan num bordão: “Quem não se comunica, se trumbica.”
Glauber Rocha na capa da Veja, 1969 |
Na Veja, em 1968. Foto Acervo Pessoal |
Pouco depois, eu voltava ao “balneário da república” para dirigir a Fatos&Fotos, na empresa que Adolpho Bloch definia como “um grande restaurante que, por acaso, imprimia revistas”. Em breve, aguardem no Panis Cum Ovum – até o título do nosso blog é uma referência culinária – um suculento relato sobre o Império Gastronômico da Manchete.
Reprodução Instagram |
Reprodução Instagram |
Nara Leão, mão no queixo, à direita, ouve João Gilberto no Arpoador, em 1959, em foto de uma sequência que Carlos Kerr fez para a Manchete, edição 398. Reprodução. |
por José Esmeraldo Gonçalves
A Manchete tem sido uma boa fonte de pesquisa para escritores, documentaristas e autores de teses universitárias. Faz todo o sentido. Sem abrir mão do jornalismo ilustrado, e até por isso, a revista cobria uma larga variedade temas. Movimentos como MPB, Tropicalismo, Cinema Novo e Bossa Nova, por exemplo, tiveram suas trajetórias amplamente registradas em centenas de entrevistas e fotos.
A foto da capa é de Frederico Mendes. |
De Nara Leão pode-se dizer que era famosa, mas não verdadeiramente conhecida. Era até hoje uma personagem a ser desvendada. Em dezenas de depoimentos, Tom Cardoso levanta os véus que a própria cantora interpôs entre suas vidas privada e pública.
Da Manchete, o autor recuperou trechos de entrevistas, bastidores de reportagens e pelo menos uma foto marcante. O livro conta um explosivo encontro de Nara e Elis, que não acabou bem, para uma seção da revista chamada "As Grandes Rivalidades", criada por Justino Martins. A intenção do repórter Carlos Marques era entrevistar para a rubrica as duas juntas, lado a lado.
A matéria as Grandes Rivalidades, por Carlos Marques |
Elis e Nara se desentenderam no estúdio da Manchete. A foto, de 1967, e que saiu sem crédito, é aparentemente uma montagem.. |
Em outros trechos do livro, há breves extratos de matérias de Carlinhos de Oliveira, para a Manchete, e de Ronaldo Bôscoli, para a Fatos & Fotos. O livro vem com um álbum de fotos pessoais de Nara Leão e um raro e exclusivo registro fotográfico da cantora com João Gilberto na Praia do Diabo, no Arpoador. A foto é 1959, de Carlos Kerr para a Manchete.
Publicá-la é, de certa forma, recuperar documentos fotográficos que faziam parte do acervo das revistas da Bloch, hoje desaparecido.
Quanto ao livro do Tom Cardoso, é uma excelente pedida.
Pelé |
Gérson |
Pelé sobe mais do que Bobby Moore |
O capitão abraça o rei |
Vibração |
Carlos Alberto comemora |
Pelé faz... |
...fila de uruguaios |
Rivelino dispara um foguete |
Os heróis do Tri |
E o trio da Manchete e Fatos & Fotos: os saudosos Jáder Neves, Orlando Abrunhosa e Ney Biachi |
Na capa da Fatos & Fotos, a famosa foto de Orlando Abrunhosa, eleita a melhor da Copa de 70. |
Na edição especial da Manchete, o compacto com os gols narrados por Waldir Amaral e Jorge Coury |
Elis Regina no ensaio do show Transversal do Tempo - Rio, 1978 - Foto Guina Araújo Ramos |