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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Leia no Blog Nocaute: Fernando Morais entrevista com exclusividade o cyber ativista Julian Assange


O jornalista e escritor Fernando Morais publica no seu blog (Nocaute) os bastidores e a íntegra da entrevista exclusiva que fez com o cyber ativista e fundador do Wikileaks Julian Assange, que há quatro anos está exilado na Embaixada do Equador, em Londres.
Alguns tópicos: 

Fernando Morais: Que evidências o WikiLeaks tem do envolvimento internacional na derrubada da presidente Dilma Rousseff no Brasil?

Assange: Não publicamos nada diretamente a respeito, mas muita coisa sobre as partes envolvidas, como eles agiram historicamente – incluindo o presidente Temer e outras pessoas do seu gabinete. A maioria trata de contatos com a embaixada americana. Vindo à embaixada americana, trazendo briefings e tentando fazer lobby para que ela apoie um partido ou outro.

Assange e Fernando Morais. Foto/Blog Nocaute
Fernando Morais: Na sua opinião o que aconteceu no Brasil foi um processo de impeachment ou um golpe de estado no estilo Século 21?

Assange: Algo entre as duas coisas, um golpe constitucional. Um golpe político, como pode ser chamado.

(...)

Fernando Morais: : Voltando ao Brasil, ao Michel Temer, na página dele do Wikileaks ele se dirige a alguém não identificado, isso foi uma conversa privada com um informante americano ? Quantas vezes isso aconteceu e o que isso sugere?

Assange: Sim, Michel Temer teve reuniões privadas na embaixada americana para passar a eles questões de inteligência política, a que não muitos tiveram acesso, e discussões das dinâmicas políticas no Brasil.

Isso não é pra dizer que ele é um espião pago pelo governo americano. Eu não sei, mas não existem evidencias que ele seja um espião pago em dinheiro. Estamos falando de algo mais, falando de construir um boa relação de forma a ter trocas de informação de parte a parte. E apoio político.

(...)

Fernando Morais: Você identificou alguma evidência da influência americana nos protestos do Brasil?

Assange: O que eu vi é que havia um grande numero de robôs online operando pra estimular esses protestos. E pensando em como são os programas americanos, vemos que essas coisas não acontecem na América Latina sem apoio americano. Financeiramente, com logística e inteligência, tanto no exato momento que acontece ou meramente juntando as partes envolvidas. Se ler nossas publicações você verá que acontece repetidamente isso e o Brasil é um país que atrai muito interesse.

Na verdade ao olhar a espionagem militar em diferentes países da América Latina, o Brasil é o país latino-americano mais espionado. Isso é muito interessante porque alguém imaginará ingenuamente que deve ser Venezuela ou Cuba que tenham mais espiões, porque historicamente foram os adversários com os quais os EUA mais se envolveram em hostilidades, e não o Brasil. Então por que o Brasil? É que o Brasil tem uma economia maior, o Brasil é simplesmente mais importante economicamente.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA O VÍDEO NO BLOG NOCAUTE, 
CLIQUE AQUI

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Ato Unitário em Defesa da Democracia: segunda-feira, dia 11 de abril, na Fundição Progresso, Lapa, Rio de Janeiro

Leonardo Boff, Chico Buarque de Hollanda, Wagner Moura, Fernando Morais e Eric Nepomuceno assinam manifesto que convida os cariocas para ato público contra o golpe.

*************


"COM ESTE MANIFESTO ESTAMOS CONVOCANDO A TODOS PARA UM ATO UNITÁRIO EM DEFESA DA DEMOCRACIA. SERÁ NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA, DIA 11 DE ABRIL, ÀS CINCO DA TARDE, NA FUNDIÇÃO PROGRESSO, NA LAPA, RIO DE JANEIRO."

"O que vivemos hoje no Brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. Uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre.

Nós, trabalhadores das artes e da cultura em seus mais diversos segmentos de expressão, estamos unidos na defesa dessa democracia.

Da mesma forma que as artes e a cultura do nosso país se expressam em sua plena - e rica, e enriquecedora - diversidade, nós também integramos as mais diversas opções ideológicas, políticas, eleitorais.

Mas nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. O respeito à vontade da maioria. O respeito à diversidade de opiniões.

Entendemos claramente que o recurso que permite a instauração do impedimento presidencial - isso que em português castiço é chamado de 'impeachment' - integra a Constituição Cidadã de 1988.

E é precisamente por isso, pelo respeito à Constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. Quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de Estado.

Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia.

Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia.

Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo - a este e a qualquer outro.

Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. Uma democracia, vale reiterar, que precisa avançar, e muito. Que não seja apenas o direito de votar, mas de participar, abranger, enfim, uma democracia completa, sem fim. Em que cada um possa reivindicar o direito à terra, ao meio-ambiente, à vida. À dignidade.
Ela custou muita luta, sacrifício e vidas. Custou esperanças e desesperanças.

Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre não custe o futuro dos nossos filhos e netos.
Estamos reunidos para defender o presente. Para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver."

Leonardo Boff
Chico Buarque de Hollanda
Wagner Moura
Fernando Morais
Eric Nepomuceno

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Memórias da redação: o censor que avisou "vou ali e volto já"...

(do livro "Aconteceu na Manchete: as histórias que ninguém contou")
Na sua crônica na Manchete n°2.258, em 1995, o jornalistas Fernando Morais conta o "causo" do "Fantasma do Ataliba". Para os velhos jornalistas, a historia não é nova, mas é bom que a rapaziada da mídia atual conheça a outra metade da missa: "Em 1945, o apurado olfato de Assis Chateaubriand farejou que a ditadura do Estado Novo estava nos estertores. Um belo dia, ele acordou e, sem consultar ninguém, deu a ordem a todos os jornais da sua rede para enxotar das redações os censores do DIP. Secretário do "Estado de Minas", em Belo Horizonte, Carlos Castelo Branco chegou ao jornal e transmitiu a ordem do chefe a Ataliba, o censor que por oito anos decidiu o que o jornal podia ou não publicar: 'Ataliba, hoje você não vai ler o jornal na redação. Se quiser ler o "Estado de Minas" vai ter que comprá-lo na banca amanhã de manhã'. No que o censor respondeu: 'Não tem importância, seu Castelo. Eu vou embora mas qualquer dia eu volto'".

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Revista Repórter, 1978, um sonho em dois tempos

Repórter, número 2, o texto-denúncia do historiador Hélio Silva
A capa do número 2: estudantes


No número 1: a seleção ainda militarizada às vésperas da Copa da Argentina.


No número 1: Fernando Morais na guerrilha sandinista.




Na "conversa com o leitor": Paulo Patarra dá a régua e o compasso da "revista de repórteres".


Especial para a seção memória jornalística do paniscumovum. O time era respeitável. A idéia, vejam, mais louvável ainda. "Uma revista de repórteres, os jornalistas da linha de frente, do encontro direto com os fatos". Assim nascia a Repórter. O sonho de Paulo Patarra (diretor de redação), Hamilton Almeida Filho, Lourenço Diaféria, José Hamilton Ribeiro, Caco Barcelos, Joel Rufino dos Santos, Elifas Andreato, Narciso Kalili, Luiz Carlos Cabral, Zeka Araújo, Fernando Morais e tantos outro nomes, muitos egressos da Realidade, publicação que marcara época cerca de um década antes, chegou às bancas em maio de 1978, lançado pela Editora Três. A periodicidade era mensal. O primeiro número tinha 162 páginas, com 40 de anúncios, entre as quais mensagens de estatais, bancos, automóveis, cigarros etc. A capa (ao lado) era um cartão de visitas: o repórter Narciso Kalili investigava o Esquadrão da Morte e o réu Sérgio Fleury. No miolo, Caco Barcelos, que ficou 4 dias clandestino no canteiro de obras da usina atômica de Angra, área de segurança da ditadura, publicava o relato e fotos da "espionagem". Fernando Morais e o fotógrafo Geraldo Guimaráes infiltravam-se na guerrilha sandinista da Nicarágua. José Trajano assinava a matéria "Ordinário, chute" e mostrava que oito anos depois da Copa de 70, o capitão Claudio Coutinho treinava a seleção como um pelotão de soldados. No manual dos jogadores, escrito pelo Exército, o time que se preparava para a Copa da Argentina aprendia que era proibido "barba por fazer, cabelo despenteado, comentário sobre assunto interno da seleção, reivindicações, provocar desentendimento ou desagregação" e por aí vai. No segundo número, o sonho dos repórteres começou a desfocar. A revista saiu com apenas 88 páginas. Os anunciantes foram embora, somente dez marcas se arriscaram a figurar na edição em que a capa mostrava a volta da UNE, o historiador Hélio Silva revelava o Caso Stuart, a Anistia era tema, a morte dos trabalhadores vitimados pelas péssimas condições da indústris do cimento também. Com pautas incômodas ao regime, vieram as pressões, o boicote e o fechamento da Repórter. Foram duas edições, tempo de chegar, o diretor de redação explicar o que seria a revista, e logo entregar o boné e o sonho sem maiores explicações. Ficou a história.