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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Mídia - Vandalismo jornalístico - O que a Folha pretende sugerir?


Folha de São Paulo, 19/1/2023

por José Esmeraldo Gonçalves

A foto de capa da Folha de São Paulo, hoje, foi feita pela fotógrafa Gabriela Biló em modo de múltipla exposição, que consiste em fotografar separadamente vários elementos e fundi-los em uma única imagem. O editor do jornalão deve ter delirado ao vê-la.  O carnaval não começou mas a Folha já vestiu uma fantasia digna do bloco dos sujos.

A imagem de Lula simplesmente ajeitando a gravata ganha nova e intencional leitura ao ser montada ao lado do ponto estilhaçado, qual marca de tiro, do vidro do Palácio do Planalto. Na leitura da foto publicada, um Lula de cabeça baixa, mão esquerda acima do peito, parece reagir ao impacto de uma bala no coração. 

Para os bolsonaristas radicais que se exibem armados nas redes sociais e prometem atirar no Lula é a cenografia do sonho acalentado. A Folha pode argumentar, em vão, que é apenas uma imagem que simboliza Lula acuado pelo terrorismo bolsonarista ou alvejado pela "presença militar" recorde no Planalto. Haverá um monte de versões.  O melhor para a Folha é assumir que tem assento no "gabinete do ódio".   

A foto que repercute nas redes sociais segue o estilo que o "jornalismo de guerra" da direita consagrou em 2016, quando a Veja fez uma capa com a cabeça do Lula decapitada, pingando sangue. Naquela ocasião, os editores da Veja devem ter corrido para o banheiro espalmando a capa como se fosse um pôster da Playboy. A Veja nem precisou pensar para criar a ilustração: copiou a Newsweek, que fez capa semelhante com Khadaffi; e a Time, que fez o mesmo com Donald Trump.
As primeiras páginas de jornais geralmente são discutidas pela cúpula das redações.
Imagino a turma em torno de uma mesa. "Do caralho", "Vai arrebentar, véio", "Vai quebrar a banca em Orlando";  "Manda aumentar o reparte da Papuda', "Carlos Bolsonaro vai amar"; "Vou avisar ao general Heleno, ele vai curtir"; "Liguei por Braga Neto, ele pediu um print", "Lacrou".      
   


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Mídia: ira federal contra a Folha de São Paulo

Bolsonaro ataca a Folha desde a campanha eleitoral. O jornal paulistano não é o único alvo, junta-se a outros veículos e jornalistas frequentemente agredidos, mas é agora o foco principal da ira federal. O capitão inativo proibiu o governo de assinar a Folha e declarou boicote às empresas que anunciam no jornal.  Significa pouco para o jornal que tem mais de 300 mil assinantes e mais de cinco mil anunciantes. O arroubo autoritário e o incômodo com matéria sobre Marielle Franco, o caso Queiroz, as rachadinhas, o desvio de recursos do partido, o PSL, pelo qual foi eleito, o levam, contudo, a ferir princípios democráticos.

Leia o Editorial da Folha de São Paulo (30-11-2019)

"FANTASIA DE IMPERADOR" 

"Jair Bolsonaro não entende nem nunca entenderá os limites que a República impõe ao exercício da Presidência. Trata-se de uma personalidade que combina leviandade e autoritarismo.

Será preciso então que as regras do Estado democrático de Direito lhe sejam impingidas de fora para dentro, como os limites que se dão a uma criança. Porque ele não se contém, terá de ser contido —pelas instituições da República, pelo sistema de freios e contrapesos que, até agora, tem funcionado na jovem democracia brasileira.

O Palácio do Planalto não é uma extensão da casa na Barra da Tijuca que o presidente mantém no Rio de Janeiro. Nem os seus vizinhos na praça dos Três Poderes são os daquele condomínio.

A sua caneta não pode tudo. Ela não impede que seus filhos sejam investigados por deslavada confusão entre o que é público e o que é privado. Não transforma o filho, arauto da ditadura, em embaixador nos Estados Unidos.

Sua caneta não tem o dom de transmitir aos cidadãos os caprichos da sua vontade e de seus desejos primitivos. O império dos sentidos não preside a vida republicana.

Quando a Constituição afirma que a legalidade, a impessoalidade e a moralidade governam a administração pública, não se trata de palavras lançadas ao vento numa “live” de rede social.

A Carta equivale a uma ordem do general à sua tropa. Quem não cumpre deve ser punido. Descumpri-la é, por exemplo, afastar o fiscal que lhe aplicou uma multa. Retaliar a imprensa crítica por meio de medidas provisórias.

Ou consignar em ato de ofício da Presidência a discriminação a um meio de comunicação, como na licitação que tirou a Folha das compras de serviços do governo federal publicada na última quinta (28).

Igualmente, incitar um boicote contra anunciantes deste jornal, como sugeriu Bolsonaro nesta sexta-feira (29), escancara abuso de poder político.

A questão não é pecuniária, mas de princípios. O governo planeja cancelar dezenas de assinaturas de uma publicação com 327.959 delas, segundo os últimos dados auditados. Anunciam na Folha cerca de 5.000 empresas, e o jornal terá terminado o ano de 2019 com quase todos os setores da economia representados em suas plataformas.

Prestes a completar cem anos, este jornal tem de lidar, mais uma vez, com um presidente fantasiado de imperador. Encara a tarefa com um misto de lamento e otimismo.

Lamento pelo amesquinhamento dos valores da República que esse ocupante circunstancial da Presidência patrocina. Otimismo pela convicção de que o futuro do Brasil é maior do que a figura que neste momento o governa."

domingo, 14 de julho de 2019

Lava Jato Ltda: mensagens do Telegram revelam o plano de negócios milionários por baixo do tapete da força tarefa...




Em parceria com Intercept Brasil, a Folha de São Paulo divulga novas mensagens do escândalo que revela a face secreta da Lava Jato. Dessa vez, o tema é dinheiro e de como faturar com a operação. O vazamento mostra que sob a aparência de legalidade, a Lava Jato é um iceberg cuja porção submersa  escondia negócios. Eventos, palestras e aulas patrocinados, a partir do conteúdo jurídico da Lava Jato, eram a base da "indústria" detalhada no grupo de procuradores no Telegram. O Procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, imaginou um plano de negócios para lucrar na esteira da fama e dos contatos conseguidos durante a operação. Empresas com sócios secretos e em nome de "esposas laranjas",  criação de instituto "sem fins lucrativos" e parcerias com promotores de eventos são elementos do plano dignos de um power point de faturamento que o C.E.O do esquema planejou. O material, que é espantoso, poderia render vários capítulos da série "promocional" da Lava Jato, "O Mecanismo", exibida pela Netflix. É o que mostram as mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas em conjunto com a equipe da Folha de S.Paulo.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM THE INTERCEPT BRASIL
 AQUI

sábado, 4 de maio de 2019

Mídia - Dr. Pangloss e Hardy Har Har - um jornal sonha com trilhões de reais e o outro avisa que a indústria está despencando...

A EXPECTATIVA...


Carlos Heitor Cony escreveu na Folha de São Paulo, muitas vezes, que o otimista é apenas um sujeito mal informado. Parece ser  caso do Globo. Desde a ascensão de Michel Temer, o jornal se embriaga de otimismo. Compraram o discurso da reforma trabalhista como aceleradora - praticamente um Lewis Hamilton - da volta do crescimento. Não rolou. Agora estão fissurados na cifra de 1 trilhão de reais da reforma da Previdência, uma das razões explícitas da adesão do jornal à política econômica de Bolsonaro. Sonham que  a reforma trará piscinas cheias do dinheiro com que Paulo Guedes, o Tio Patinhas da "nova era", promete irrigar os bolsos já nutridos da turma do topo da pirâmide.

Na primeira página de hoje, o onírico 1 trilhão de reais, quase um fetiche, volta a inebriar os editores. Só que, aparentemente, cansado do otimismo que anuncia e que teima em não se realizar, O Globo toma a precaução de avisar que o novo 1 trilhão, dessa vez da área que o Brasil está passando o ponto, a do pré-sal, levará 30 anos para se materializar.

A Folha, embora vista a mesma camisa ideológica do concorrente, ou pensa como Cony - que dizia não abrir mão do pessimismo - ou respeita um pouco mais a inteligência de uma parcela, que seja, dos seus leitores. De qualquer forma, o jornal não esconde que a indústria recua mais 1,3% e avisa que "o pessimismo dos investidores desaquece o mercado".

Um parece a expectativa, outro a realidade. Ideologias e interesse à parte, digamos que a primeira página do Globo foi editada pelo Dr. Pangloss, o personagem "tudo beleza" de Voltaire, e a Folha por Hardy Har Har, a sábia hiena da Hanna Barbera, que tinha dois bordões imbatíveis: "eu sei que não vai dar certo" e "miséria, não sairemos vivos daqui".



... E A REALIDADE.


terça-feira, 30 de abril de 2019

Mídia: deu "lagarta" na Folha




por Luis Nassif (do GGN)

O impeachment foi o fator de coesão de grupos dos mais diversos, que tinham em comum o antilulismo. Completado o golpe, com a eleição do inacreditável Jair Bolsonaro, há uma perda de rumo total dos diversos grupos de oposição.

O momento seria de fortalecimento de um centro democrático, tendo como bandeira unificadora a volta da democracia. Em vez disso, cada grupo tratar de juntar forças em torno dele próprio, cada qual apostando em um pós-Bolsonaro e sem conseguir curar as feridas das batalhas anteriores.

É por aí que se entende as movimentações da Folha de S.Paulo, agora sob o comando de Luiz Frias.

O fim da coluna de André Singer, da coluna de 5ª feira de Jânio de Freitas e, ao mesmo tempo, o convite para que Hélio Beltrão Filho e Armínio Fraga sejam colunistas do jornal, é uma volta atrás na ideia de um jornalismo mais plural, como o dos anos 80 e 90. Demonstra o alinhamento total com o ultraliberalismo reunido em torno do Instituto Millenium e da Casa das Garças.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO GGN, AQUI

sexta-feira, 22 de março de 2019

Disputa de herdeiros abala a Folha de São Paulo. Passaralho à vista...

O racha na Família Frias, com a destituição de Maria Cristina Frias pelo irmão Luiz Frias, expõe uma séria disputa de poder na Folha de São Paulo.

A morte recente de Otávio Frias Filho foi o gatilho para mudanças que afetam especialmente a edição impressa do jornal.

Luiz Frias, executivo com origem no meios digitais do Grupo Folha (UOL e Pagseguro), não teria muitas expectativas quanto ao futuro da mídia fora da internet. Nem boa vontade com papel. O clima na redação é de voo rasante de passaralhos nas próximas semanas, com redução de pessoal e muitas mudanças no corpo de colunistas e colaboradores.

Em jogo também a linha editorial e a integridade do chamado Projeto Folha, que prega jornalismo crítico frente a governos e grupos políticos.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Deu na Folha de São Paulo: Globo Livros compra direitos de obra sobre escândalo no futebol, mas 'esquece' de lançar o livro





Reprodução
Folha de São Paulo
A Folha de São Paulo publica hoje uma matéria sobre o livro “Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World’s Biggest Sports Scandal” – “Cartão Vermelho: Como os EUA revelaram o maior escândalo esportivo mundial”).

Segundo o autor, o jornalista Kim Bensinger, a Globo Livros adquiriu, os direitos para publicação no Brasil mas não lançou o livro. A reportagem da Folha informa que a Rede Globo, que há décadas é dona dos direitos de TV nos torneios da Fifa, é citada quatro vezes. A Folha registra que procurou a Globo Livros para comentar a matéria, mas a editora não se manifestou.

Livros sobre grandes escândalos do futebol não parecem dar muita sorte no Brasil. Em 1998, a Editora Record lançou "Como Eles Roubaram o Jogo", de David Yallop. Boa parte do que foi objeto da investigação aberta nos Estados Unidos já estava em campo. O brasileiro João Havelange, ex- presidente da Fifa, era apontado como um centro-avante responsável por polêmicas jogadas, bem antes das recentes investigações das autoridades suíças e do FBI.

Yallop mostrou como os interesses financeiros da Fifa se confundiram, várias vezes, com placares suspeitos ou, no mínimo, duvidosos em campo.

Coincidência ou não, com Havelange e outros citados ainda poderosos na época, o livro de David Yallop passou quase despercebido na mídia brasileira e não sensibilizou debates nas mesas-redondas esportivas. Mas estava quase tudo lá: ISL, Traffic, contratos suspeitos com patrocinadores, como pressões políticas e corporativas contaminaram torneios e um forte relato das circunstâncias da inacreditável escalação de Ronaldo Fenômeno para o jogo contra a França na final da Copa de 1998, com o jogador brasileiro tendo saído do hospital apenas 75 minutos antes de jogo.

São discutíveis algumas opiniões de Yallop, mas não há qualquer dúvida que ele foi o primeiro a abrir os subterrâneos de Fifa e suas ramificações no futebol brasileiro e mundial.

A quem interessar:

* "Red Card: How the U.S Blew the World's Biggest Sports Scandal" está à venda na Amazon, edição em inglês. Segundo a Folha, circula em Portugal uma versão em português..

* "Como Eles Roubaram o Jogo", edição em português, pode ser encontrado na internet em sites especializados como o Estante Virtual.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Folha de São Paulo e Bolsonaro: deu match? ..

Por falar em Bolsonaro, as chamadas do site da Folha, hoje, são praticamente links para o programa de governo do capitão aposentado e seu general a reboque.

Confiram a afinidade nos destaques entre aspas:

* Condenando as cotas raciais "Bolsonaro acerta sobre África, mas erra sobre cotas. História da escravidão na África é inconveniente, mas há argumentos melhores contra cotas sociais" 

(N.R. Observe que a Folha, como uma velha dama vitoriana,  considera a história da escravidão apenas "inconveniente". A palavra também significa "embaraço", "desagradável", "inesperado", "impertinente", "inoportuno", "impróprio" ou, para o jornalão, um mero "acidente de percurso")

* Ainda relativizando o racismo - "Brasil não é o país mais racista do mundo"

* Detonando ecologia"Reacionários verdes precisam fazer as pazes com a modernidade"

* Orgasmo hater  -  "País seria melhor se Dilma integrasse o elenco de Zorra Total"

* Defendendo venenos "Bela Gil, Marcos Palmeira e Greepeace contra o meio ambiente. Burocracia para registro de agrotóxicos impede a entrada de produtos mais modernos e seguros no Brasil"

* Calando vozes - "O ativista que sabota a própria causa. Tudo que negros, liberais e feministas não precisam é de malucos criando polêmicas imbecis"

* Revivendo a teoria fake da ditadura de que o bolo deve crescer antes de ser distribuido - "Distribuição e crescimento são dois lados da mesma moeda, todo o resto é enganação"




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Como Bozó, Neymar tinha crachá da Globo. As redes sociais já criticaram "excesso" da presença de Neymar em programas da emissora. A Folha descobre agora que ele era celebridade contratada


por Niko Bolontrin

A Rede Globo é líder de audiência, tem uma numerosa equipe de jornalismo, controla os canais SportTV e adquire os direitos das principais competições esportivas. Tudo isso seria insuficiente para conquistar entrevistas exclusivas.

É o que parece, após a Folha de São Paulo revelar que o Grupo Globo manteve um contrato com Neymar para obter preferência em relação aos demais veículos,

Bozó/Divulgação TV Globo
Isso mesmo, como Bozó, o personagem criado por Chico Anysio, o do bordão "eu trabalho na Globo, tá legal?", Neymar foi "funcionário" da emissora . Segundo a Folha, o compromisso não impedia expressamente que o contratado atendesse à concorrência, mas obrigava o jogador a dar informações à Globo, antes de todos, e a conceder entrevistas exclusivas aos repórteres da emissora. Um trecho da matéria da Folha cita pelo menos um episódio em que Neymar participaria do programa da Xuxa, na Record, o que levou seu hoje ex-assessor (Eduardo Musa) a ligar para o pai do jogador fazendo um alerta: "estamos infringindo o contrato com a Globo".

A relação contratual durou até 2015 e incluía a cessão de vídeos feitos pelo atleta. Como se sabe, Neymar é atuante em redes sociais. Videozinhos feitos na concentração e nos treinos não seriam, então, apenas diversão: Neymar estaria "trabalhando" embora os demais jogadores não soubessem. O jogador também fez "participações" nos programas Domingão do Faustão, Caldeirão do Huck e Fantástico.

A Globo raramente libera seus contratados para entrevistas ou participações em atrações de TV da concorrência. Há poucas semanas, Roberto Carlos deu entrevista a Amaury Jr, que estreava seu programa na Band, mas isso é raro. Artistas de novela não são cedidos para jornalísticos ou programas de entretenimento de outras emissoras. Os participantes do BBB Brasil também ficam sob contrato de exclusividade durante um determinado prazo. Já a contratação de um personagem que não tem vínculo trabalhista com o Grupo é, aparentemente, inédita ou é só o primeiro caso a vir a público.

A Globo confirmou a existência do acordo depois que os repórteres da Folha descobriram um documento em meio a processo movido contra empresas do pai de Neymar.

Reprodução/Jornal O Tempo/ 07/72014

Curiosamente, o jornal mineiro O Tempo fez em 2014, época do tal contrato, matéria em que registrou críticas de internautas nas redes sociais ao que consideravam "excesso" da participação de Neymar em programas da emissora. Um deles chamou a Globo de TV Neymarzinho.

ATUALIZAÇÃO EM 20/1/2018 - MATÉRIA DO PORTAL UOL REVELA PORQUE NEYMAR SE AFASTOU DA REDE GLOBO AO FIM DO CONTRATO DE EXCLUSIVIDADE. 


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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A entrevista que não houve

por Ruy Castro (para a Folha de São Paulo)

RIO DE JANEIRO - Por esses dias de novembro de 1967, há inacreditáveis 50 anos, eu estava telefonando para Guimarães Rosa em nome da revista "Manchete", pedindo uma entrevista.

Naquela semana, Rosa finalmente tomaria posse de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito por unanimidade em 1963. Ainda não a assumira porque, médico e cardíaco, temia não sobreviver à cerimônia. Mas agora era a hora.

Nunca entendi por que Justino Martins, diretor da "Manchete", me confiou a tarefa. A revista estava cheia de repórteres experientes —dois deles os poetas Lêdo Ivo e Homero Homem, certamente amigos de Rosa. Eu tinha, se tanto, seis meses de profissão e acabara de chegar à "Manchete". Mas foi assim. Justino convocou-me à sua mesa, deu-me o número do telefone de Rosa e só me recomendou que chamasse o homem de embaixador —o que Rosa também era.

Naquele mesmo dia, telefonei. O próprio Rosa atendeu e, muito amável, se desculpou, alegando que estava escrevendo seu discurso de posse e não podia parar para dar entrevistas, mesmo que fosse para "Manchete". Eu insisti, "Mas, embaixador...". E ele, firme. Talvez tocado pela evidente juventude do repórter, sugeriu que eu telefonasse no dia seguinte —quem sabe já teria terminado o discurso. Fiz isto, mas, não, ele não havia terminado. Como consolação, disse que, se eu fosse à cerimônia, me daria uma cópia do texto.

Rosa tomou posse na quinta-feira, 16. Ao fim do discurso e sob a chuva de aplausos, saiu pelo salão apertando mãos, como se levitasse. Parecia encantado, não via ninguém –só a mim cumprimentou duas vezes, sem saber quem eu era. E o coração resistiu bem, não o traiu.

Deixou para traí-lo três dias depois, na noite de domingo, 19, no seu apartamento, em Copacabana.

E eu me esquecera de pedir-lhe o discurso.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Depois de sete anos de batalha jurídica, site de humor Falha de S. Paulo vence a censura que a Folha de São Paulo queria perpétua




O Superior Tribunal de Justiça deu ganho de causa ao site de humor Falha de S. Paulo, criado pelos irmãos Lino e Mario Bochini, que satirizava o noticiário da Folha de S. Paulo. O tribunal caracterizou a proibição do site pedida pela Folha como um tentativa de censura.

A informação foi publicada pelo jornalista Laura Jardim, do Globo.

Incomodada com a sátira, a Folha de São Paulo reagiu, em 2010, com uma liminar para tirar do ar a Falha de São Paulo e pedir indenização aos autores, alegando suposto uso da marca. O argumento que tentava disfarçar a censura, foi afinal negado pelo STJ. Foram sete anos de luta por parte dos irmãos Bochini, que não tinham dinheiro para mandar os seus advogados acompanharem todas as sessões da disputa contra o poderoso jornalão.

O Falha de São Paulo é uma sátira, uma claríssima paródia.  O maior risco, caso a Justiça não houvesse reconhecido isso, seria a jurisprudência firmada a partir da censura. A Folha de São Paulo não estaria atingindo apenas o Falha mas diretamente golpeando a liberdade de expressão.

Tardou mas valeu a pena a batalha que durou sete anos contra a recaída obscurantista da Folha, que, a propósito, tem no seu DNA íntima e histórica colaboração com a ditadura militar.

Fica a dúvida: ao reivindicar a volta da tesoura, a Folha de S. Paulo estava tentando concorrer com o satírico Falha de S. Paulo ?

É que não deixa ser irônico um meio de comunicação pedir censura.

domingo, 13 de março de 2016

Aos 90, Carlos Heitor Cony rejeita festejos e trabalha em 2 novos livros

por Alvaro Costa e Silva (para a Folha de Sâo Paulo)

Na próxima segunda (14), quando completa 90 anos, Carlos Heitor Cony vai fugir do mundo. Não permitiu que os confrades da Academia Brasileira de Letras lhe prestassem homenagem com uma exposição; e não gostou nada de ver uma caixa comemorativa com seus livros que estampava em grandes letras e números a data redonda –a ser lançada pela Ediouro, ainda sem preço definido.

"Jamais comemorei meu aniversário. E, nas poucas vezes em que cantei parabéns, nunca disse o último verso: 'Muitos anos de vida'. Não desejo isso para ninguém", afirma o escritor, que planeja viajar para uma cidade pequena: "Quem sabe Iguaba Grande?".

Cony está com o rosto corado de cigano e demonstra disposição. Desde que levou um tombo na Feira de Frankfurt, em 2014, não se sente tão bem. A queda fez um coágulo na cabeça, "do tamanho de uma maçã", e aumentou os cuidados com a saúde: ele está superando um câncer linfático que o obrigou a fazer tratamento quimioterápico e enfraqueceu movimentos de braços e pernas.

Anda de cadeiras de rodas. A mão direita ainda está meio presa. "Quando me pedem para sentar ao piano, só consigo tocar uma peça: 'Concerto para a Mão Esquerda', de Ravel", brinca.

"Meu apartamento virou uma UTI, vivo entupido de remédios, um deles ainda em experiência nos Estados Unidos, que custa R$ 18 mil a dose. Com exceção da família e alguns poucos amigos, só converso com médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Passo horas na máquina de drenagem linfática. Mas o pior já passou. A vida é muito estranha, mas eu continuo nela."

A cabeça está tinindo; a fala característica, meio atropelada, esforçando-se para acompanhar a velocidade do pensamento a mil. A motivação é tanta que Cony –que afirmara já ter pendurado as chuteiras depois de publicar mais de 80 livros, entre romances, contos, crônicas, ensaios, crônicas, adaptações de clássicos –está às voltas com dois novos romances.

Retomou o projeto de "Messa pro Papa Marcello", espécie de continuação de "Informação ao Crucificado" (1961), que tenta escrever desde o século passado. Tem 100 páginas prontas.

"Será minha biografia espiritual. A ideia central é que dobrar uma esquina errada é fatal. Dobrei duas: quando entrei no seminário e quando saí dele, aos 20 anos, sem saber nem pegar um bonde, para entrar na vida de pecado que tenho levado até hoje".

Cony conta que, em seus conflitos com Deus, chegou a um acordo: "A única maneira de justificar Deus é não acreditando nele. Mas às vezes me pergunto: por que um ser tão poderoso iria criar um ser tão repugnante como o Aedes aegypti? Aí sinto a presença dele".

Com mais tempo livre e menos trabalho –continua a assinar uma coluna da Folha, mas agora só aos domingos"", aproveita para reler Santo Agostinho, autor das "Confissões", que considera um dos dez livros mais importantes da literatura universal: "Cada vez mais estou com Santo Agostinho quando diz que a vida não é mortal; a morte é que é vital".

"Cinco Prudentes Virgens" –que o autor quer começar logo a escrever – será o 20º romance. É inspirado na história bíblica contada segundo Mateus: 10 mulheres estão à espera do noivo; cinco delas levam a candeia acesa, enquanto as outras cinco não têm óleo para manter a chama e acabam preteridas.

"É claramente uma parábola sobre se preparar para a morte", diz Cony. "Além de modernizar a história, quero misturá-la com a do Barba Azul e de sua mulher curiosa que descobre os quatro cadáveres das mulheres anteriores trancados no quarto. Barba Azul tem mais a minha cara."

Algumas das opiniões literárias do escritor cristalizaram-se ao longo do tempo: Machado de Assis é o maior escritor brasileiro, e seu melhor romance é "Quincas Borba". Curiosamente, não aponta Machado como o melhor romancista, e sim Lima Barreto, que foi "mais fiel ao gênero".

"O maior contista da língua é Guimarães Rosa. E seu melhor conto, 'Os Chapéus Transeuntes', da antologia 'Os Sete Pecados Capitais'. O tema, bem roseano, é a soberba".

No campo das influências, nem Flaubert nem Sartre ocupam o primeiro lugar. A escolha recai em uma figura insuspeitada: o padre Tapajós, seu antigo professor de direito canônico: "Ele me convidou a ser uma espécie de cronista das atividades no seminário e incentivou a leitura de clássicos proibidos. De alguma maneira, é ele o culpado por ter me tornado um escritor".

Na lista de suas obras, bate na mesma tecla: prefere "Pilatos" (1974): "Atingi meu zênite. É antiliteratura, antimoral, antifamília, anti-homem. Não à toa, o personagem principal inicia o livro castrado".

Com "Quase Memória" (1995), seu livro de maior sucesso –mais de 600 mil exemplares vendidos, segundo ele–, chega a ser desdenhoso: "É um romance circunstancial. Se não tivesse ganhado um computador da minha filha, gostado da brincadeira e começado a escrever um sonho que tivera na véspera, jamais o teria escrito".

Cony não pretende assistir à adaptação de "Quase Memória" para o cinema, feita por Ruy Guerra, com previsão de estreia este ano. "Na época em que negociamos os direitos, disse ao Ruy que não entendia por que ele queria fazer um filme do livro. Continuo sem entender. Minha história não tem enredo, nem conflito. Nem mesmo uma mulher bonita".

Com a experiência de ter acompanhado algumas das principais crises políticas do Brasil –o suicídio de Getúlio, o golpe de 1964, a renúncia de Collor– o escritor se confessa perplexo diante do cenário atual: "As acusações contra Eduardo Cunha, de ter recebido U$ 5 milhões numa conta da Suíça, são espantosas: esse dinheiro dá para comprar o Kremlin, não um simples deputado. Dilma está perdida. Aliás, nem deveria ter entrado na Presidência. Sua única saída é pedir para sair".

"Lula é um aproveitador, um espertalhão, e mesmo assim continua o nome de maior relevo em nossa política, simplesmente porque do outro lado não há nem sequer um 'cara'. Aguardo o dia em que Dilma fará uma delação premiada contra Lula, e Lula fará uma delação premiada contra Dilma."

Aos 90 anos, Cony ainda se pergunta onde estão os ossos de Dana de Teffé, referindo-se a um escandaloso caso da crônica policial carioca dos anos 1960:

"De origem judia, Dana foi bailarina clássica, e teria sido espiã de alemães e russos. Casou com diplomata brasileiro e depois teve um caso com advogado esperto, Leopoldo Heitor, quase meu xará. Um belo dia ela desapareceu. A polícia suspeitava de assassinato, mas o corpo jamais foi encontrado. Enquanto não acharmos seus ossos, seremos sempre essa bagunça. É um símbolo da nossa estranheza".

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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Neymar sob pressão: na véspera de jogo decisivo, Folha de São Paulo entra de sola na canela do principal jogador da seleção brasileira. O jornal citou o pai do jogador como envolvido em esquema de venda de ingressos. Agora há pouco, publicou um "Erramos". Leia abaixo sobre a lambança e sua repercussão



por BQVManchete
O bom andamento da Copa deve estar incomodando profundamente a Folha de São Paulo. O jornalão, que passou meses fazendo previsões de que o caos, o fracasso e o vexame diluviano entrariam em campo na Copa, agora partiu pra cima do Neymar às vésperas do jogo contra a Colômbia. Em trabalho oportuno - que não foi feito nas últimas quatro Copas onde uma quadrilha de desvio e venda de ingressos atuou - a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu estrangeiros supostamente responsáveis pelo esquema milionário. Para "trabalhar" nesta Copa, a gangue teria estabelecido conexões com brasileiros. As investigações estão em andamento. Há suspeitas de envolvimento de funcionários da Fifa. A CBF também teria sido citada. Mas essas conexões não foram claramente identificadas. Há nomes incompletos e a polícia continua trabalhando no caso. A Folha entrou no assunto com uma matéria do tipo diz-mas-não-diz, afirma-mas-não-confirma. Não esclareceu nada mas atingiu Neymar, que está indignado. Pelo jeito, o atacante terá que driblar esse stress e dar um lençol na pisada de bola da Folha antes de ultrapassar a defesa da Colômbia. 
Na sua conta no Instagram, o jogador critica a Folha, revoltado com o jornal que cita seu pai e empresário, Neymar da Silva, como um dos envolvidos na quadrilha de mega cambistas internacionais. "Jornalista mal informado e irresponsável .... Até quando vai ? Chega né .. Mostra seu potencial e vende jornal de outra forma ou melhor , falando verdades!", disse o jogador. Segundo o Portal Imprensa, logo depois da reclamação de Neymar a informação foi retirada do site e postada outra sobre o mesmo assunto com título diferente. Sumiu o título "Polícia apura elo entre ex-atleta e máfia de ingressos. Dunga e Júnior Baiano devem ser ouvidos; pai de Neymar também é investigado". E entrou "Funcionário da Fifa é suspeito de participar de máfia de ingressos. Polícia ainda não confirmou envolvimento". 



O TEXTO ABAIXO, EM DESTAQUE, É PARTE DO QUE ESTÁ PUBLICADO NO PORTAL IMPRENSA. VOCÊ PODE LER A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO AQUI 
Em nota, a assessoria de imprensa  da NR Sports informou que foi procurada na última quarta (2/7) pelo jornalista Eduardo Ohata, da Folha, solicitando esclarecimentos sobre uma suposta participação do Neymar pai e Neymar Jr em esquema de compra e venda irregular de ingressos para jogos da Copa do Mundo. Entretanto, a empresa diz que os e-mails enviados pelo jornalista eram confusos. Inicialmente, Ohata dizia que "eles estavam sendo acusados de participação nessa história", mas em outra mensagem o repórter teria mudado a versão, afirmando que o jogador e seu pai "seriam 'convocados' pelo delegado do inquérito como testemunhas em razão dos nomes deles terem sido supostamente citados por alguém que nós desconhecemos". A assessoria rechaçou, ainda, a possível acusação contra ambos, pois não considera que "o simples fato de receber um e-mail de um jornalista levantando tal hipótese merece todo o nosso repúdio, principalmente pela ausência de informações importantíssimas para a credibilidade do assunto, questões básicas como: Qual o nome do delegado? Qual foi a real citação do nome do Neymar Jr e Neymar pai?". A equipe de Neymar diz que não teve acesso à coletiva de imprensa na íntegra e questiona "por que em vários outros veículos onde essa coletiva foi divulgada os nomes não aparecem?". O comunicado termina dizendo que eles se sentem "no direito de pensar que nos procuraram apenas com a intenção de nos incluir, por razões que desconhecemos, nessa história apenas para nos atingir".

sábado, 9 de março de 2013

Deu na Folha: Ruy Castro cita Moyses Fuks como o jornalista que deu nome à Bossa Nova

Na Folha de hoje, Ruy Castro faz uma justa citação. Diz que foi Moyses Fuks, nosso caro amigo e colega da extinta Manchete,  quem deu o nome à Bossa Nova. Há cerca de dois anos, o jornalista foi homenageado na Toca do Vinicius, em Ipanema. Gravou as mãos em uma placa comemorativa da Calçada da Fama e assinou em seguida. De fato, Fuks teve importante participação na Bossa Nova: organizou um dos shows pioneiros, em 1957, com Silvinha Telles, Nara Leão, Carlinhos Lira e Roberto Menescal e batizou o movimento que consagrou a música brasileira no mundo. 

Ruy Castro

Quem falou primeiro?


RIO DE JANEIRO - Há tempos, por causa do "gol de placa" inventado por Joelmir Beting, perguntaram-me quem havia criado outras expressões do futebol, como "gol de bicicleta", "dar carrinho" ou "meter entre as canetas". Embatuquei --como foi que nunca procurei levantar isso? Para não perder pontos, perguntei se valia saber que o autor da palavra "robô" era o escritor tcheco Karel Capek; de "cibernética", o matemático americano Norbert Wiener; e de "fluxo da consciência", o filósofo idem William James.
De "surrealismo", o poeta Guillaume Apollinaire; de "contracultura", o historiador Theodore Roszak; de "radical chic", o jornalista Tom Wolfe; de "a era do jazz", o escritor F. Scott Fitzgerald; e de "bebop", o baterista Kenny Clarke.
E a expressão "bossa nova"? Já existia nos anos 50, significando novidade. Mas foi o repórter Moyses Fuks quem a aplicou à nova música que surgia --e só então Tom, Vinicius e João Gilberto foram informados de que haviam criado a "bossa nova".
Quem chamou os filmes de Glauber Rocha e outros de "cinema novo"? O crítico Ely Azeredo. Quem falou primeiro em "filme noir"? Outro crítico, o francês Nino Frank. E em "nouvelle vague"? A jornalista Françoise Giroud. E quem apelidou de "Oscar" o famigerado boneco? O repórter Sidney Skolsky.
Quantos saberão quem batizou o Rio e quando? Foi o navegador florentino Américo Vespúcio, quando passou por aqui, em 1° de janeiro de 1502, a bordo da expedição do português Gonçalo Coelho. Vespúcio viu a baía de Guanabara e sapecou: "Rio de Janeiro". Que adoramos e logo simplificamos para "Rio".
Pergunte-me agora quem criou os famosos "geraldino" (torcedor da geral), "arquibaldo" (da arquibancada), "macário" (carregador de maca) e "onde a coruja dorme" (interseção entre o travessão e a trave). Fácil: o radialista Washington Rodrigues.

(Da Folha de São Paulo)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Folha de São Paulo: Ruy Castro reforça denúncia sobre o sumiço do Arquivo Fotográfico da Manchete

Em artigo publicado ontem na Folha de São Paulo, o jornalista e escritor Ruy Castro escreve sobre a importância do acervo fotográfico que pertenceu às revistas da extinta Bloch Editores. Tema de várias matérias em grandes jornais e revistas, o sumiço de cerca de 12 milhões de fotos, negativos, cromos e reproduções mostra como o Brasil e suas instituições de preservação de documentos tratam a memória nacional. Há alguns anos, a Comissão dos Ex-Funcionários da Bloch Editores encaminhou correspondência ao Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Prefeitura do Rio de Janeiro, entre outros órgãos públicos, e a fundações culturais privadas (privadas mas muitas mantidas com verbas de renúncia fiscal, ou seja, dinheiro da sociedade, o que deveria levá-las a incluir o interesse público entre suas metas). O Ministério da Cultura respondeu vagamente que o assunto seria encaminhado. Como Ruy Castro destaca acima, o acervo foi a leilão por duas vezes, pelo menos um grande jornal e uma editora de revistas demonstraram interesse inicial, mas na fria análise de custo-benefício seus representantes não foram capazes de avaliar o conteúdo do arquivo àquela altura ainda relativamente preservado e com o tipo de catalogação possível. Um dos entraves teria sido o alto custo de digitalização do material. Com os compradores ausentes, e as instituições culturais omissas,  o acervo - cujo lance inicial chegou a ser estipulado em cerca de 2 milhões de reais - foi arrematado por um advogado por apenas 300 mil reais. Desde então, está desaparecido. O Globo publicou matéria sobre o assunto, chegou a falar com o proprietário, mas  não foi bem-sucedido na tentativa de localizar, investigar e fotografar o local onde supostamente estão guardadas as fotos, se é que ainda existem. Estimulado pela Comissão dos Ex-Funcionários, um grupo de fotógrafos entrou com uma ação na Justiça, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação dos Repórteres Fotográficos. Exigem que o proprietário pague direitos autorais das fotos eventualmente vendidas e que dê provas de que estão bem acondicionadas, climatizadas etc. Conseguiram uma pequena vitória, que mesmo assim deu em nada. Até que o mérito da questão seja julgado, o proprietário não pode comercializar o material, deve preservá-lo. Pelo que se sabe, até hoje, quase dois anos depois, não foi localizado para receber a citação. Ou seja, a medida é inócua e inútil como uma nota de três reais. Como o apelo às instituições não foi ouvido, as editoras jornalísticas não estão nem aí e a Justiça, cega, como dizem, não consegue encontrar as fotos, resta apelar a... Eike Batista. Tudo a ver. O empresário, na sua biografia, conta que sua rota de sucesso começou quando ainda na Alemanha viu na Manchete uma reportagem sobre Serra Pelada. Foi ali que decidiu entrar na corrida do ouro, a base do sua fortuna.  Então é isso: Eike, em homenagem à revista que lhe deu o pulo do gato, compra o arquivo e preserva uma fabulosa memória jornalística. 
Nem isso vai ser fácil. Como diz Ruy Castro no seu artigo, o arquivo está guardado "sabe-se lá onde e em que condições". 
"Nele jaz a história do Brasil", finaliza o escritor.     

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Site da CBF desmente Folha de São Paulo

Deu no site da CBF:
"Folha de S.Paulo insiste, e se repete, com informação que não é verdadeira"

"A Folha de S.Paulo está se tornando repetitiva na maneira como insiste em publicar informações relativas à Seleção Brasileira que não condizem com a verdade. Da mesma forma, a CBF lamenta, mais uma vez, ter de repetir um desmentido a informação equivocada. Ratificando: o presidente da CBF jamais ”sondou” Luiz Felipe Scolari para ser técnico da Seleção Brasileira após o Mundial da África do Sul, conforme está na matéria publicada na edição desta sexta-feira, dia 25 de junho, com o título “Fantasma” de Scolari ronda rivais de hoje.A Folha, portanto, e para encerrar, publica uma informação que não é verdadeira."

domingo, 15 de novembro de 2009

Bomba H, ou FH, na Folha de hoje, em reportagem de Monica Bergamo

por Gonça
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu oficializar o reconhecimento do seu filho com a jornalista Mirian Dutra, da TV Globo, com quem teve uma relacionamento amoroso nos anos 90.
Na verdade, essa história circula nas redações há muitos anos. Quando FHC virou presidenciável, em 1993, a jornalista foi imediatamente transferida para a Europa. O temor, então, era que a mídia publicasse a história assim como aconteceu na campanha de 1989 a propósito de Lurian, a filha do Lula. Mas, nessa caso, a imprensa silenciou ou foi silenciada. Apenas a revista Caros Amigos, no número 37, em abril de 2000, abordou claramente o tema proibido.
Diz Monica Bergamo, na Folha de São Paulo, hoje: "Tomas Dutra Schmidt tem hoje 18 anos. O tucano já consultou advogados e viajou na semana passada a Madri,onde vive a jornalista, para cuidar da papelada. A Folha falou com FHC no hotel Palace, na Espanha, onde ele estava hospedado. O ex-presidente negou a informação e não quis se alongar sobre o assunto. Disse que estava na cidade para a reunião do Clube de Madri. Mirian também foi procurada Pela Folha, que a consultou a respeito do reconhecimento oficial de Tomas por FHC. “Quem deve falar sobre este assunto é ele e a família dele. Não sou uma pessoa pública”, afirmou a jornalista.
Segundo a reportagem, Tomas nasceu em 1991. FHC e Mirian decidiram, em comum acordo, manter a história no âmbito privado, já que o ex-presidente era casado com Ruth Cardoso, com quem teve os filhos Luciana, Paulo Henrique e Beatriz.