Mostrando postagens com marcador Incêndio no MAM. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Incêndio no MAM. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de outubro de 2009

Fogo sobre Arte: uma triste composição (31 anos depois da tragédia do MAM, incêndio consome obras de Hélio Oiticica)



Esta dramática capa da Manchete (foto de Flávio Ferreira) é de 22 de julho de 1978. A revista trazia a emocionada cobertura do incêndio que destruiu o acervo do Museu de Arte Moderna, feita pelo saudoso jornalista e crítico de arte Flávio de Aquino. O fogo consumiu um acervo de mil quadros, entre os quais telas e esculturas de Picasso, Dali, Magritte, Max Ernst, Paul Klee, Matisse, Portinari, Segall e Guignard, além de 80 trabalhos do maior pintor uruguaio, Joaquim Torres Garcia. Na época, restaram as cinzas, nada aconteceu, a direção do MAM não foi responsabilizada, a lição não foi assimilada, e outros museus, no Brasil, permanecem como bombas-relógios sujeitos a destruições semelhantes ou a roubos frequentes de obras de arte. Agora, o drama se repete. Dessa vez, em uma residência particular, não em uma instituição, mas a perda cultural é igualmente incalculável. Na última sexta-feira, um incêndio destruiu parte da casa do arquiteto Cesar Oiticica, irmão do artista plástico Hélio Oiticica, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O fogo atingiu uma sala onde estavam guardadas instalações, pinturas e esculturas do artista plástico. O prejuízo material teria sido estimado em 200 milhões de dólares mas o que as chamas consumiram foi cultura brasileira de valor jamais mensurável. A Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro criou, em 1996, o Centro de Artes Hélio Oiticica, na Praça Tiradentes. Recentemente, os jornais registraram uma polêmica entre parentes do artista, responsáveis pela sua obra, e representantes da Secretaria Municipal. O desentendimento teria levado a família a retirar peças de Oiticica expostas no Centro. Segundo Cesar Oiticica, 90% das obras do irmão foram agora destruidas. A Secretaria teria proposto à família um comodato que permitisse que o acervo ficasse guardado no Centro de Artes mas, diz a secretária Jandira Feghali, a proposta não foi aceita. A sala que guardava o acervo na residência da família tinha, segundo Cesar declarou à imprensa, controle de umidade e temperatura mas não se sabe ainda o que provocou o fogo ou se havia dispositivos de segurança ou alarmes adequados. Após a morte do artista, em 1980, foi criado o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar sua importante obra. Nas ilustrações que acompanham este post, as reproduções da capa da Manchete com o incêndio do MAM e de Hélio Oiticica em uma página do livro Marginália - Arte & Cultura na Idade da Pedrada, de Marisa Alvarez Lima.