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sábado, 11 de janeiro de 2014

Memória: Globo Esporte homenageia craques que foram lendas e que de titulares passaram a reservas na Copa de 1958

Joel e Castilho na Manchete Esportiva

Nilton Santos e Dida

Mazzola
por Alberto Carvalho
O Globo Esporte, que vem diariamente após o RJ-TV, prestou uma bela homenagem a ídolos  do passado que deram muitas alegrias ao futebol brasileiro: Castilho, goleiro do Fluminense, Quarentinha, atacante do Botafogo e Dida, do Flamengo. Castilho foi brilhante mas não deu sorte quando convocado para a seleção. Foi reserva do Barbosa na Copa de 50 e titular em 54. Somente como reserva de Gilmar em 58 e 62 sagrou-se bicampeão mundial. Quarentinha foi convocado algumas vezes para amistosos da seleção, mas foi no Fogão que ele se destacou. Dida, o segundo maior artilheiro do Flamengo, depois do Zico, foi convocado para a seleção de 58  junto com seus companheiros de ataque Joel, Moacir e Zagallo. Apenas o centroavante Henrique não foi convocado. O Brasil estreou nessa Copa com uma vitória  fácil sobre a Áustria por 3XO.  A linha era formada por Joel, Didi, Mazolla, Dida e Zagallo.  Dida não comprometeu. Foi duramente marcado por conta de sua fama de goleador. No segundo jogo, no empate de 0X0 contra a Inglaterra, não entrou em campo.  Foi substituído inexplicavelmente pelo Vavá. Dizia o ditado que "time que está ganhando não se mexe". Ele não se contundiu, então por que apenas ele foi substituído?  Esse empate preocupou a comissão técnica liderada por Vicente Feola, e alguns jogadores mais experientes, como Didi e Nilton Santos resolveram fazer uma revolução na escalação. Tiraram Dino Sani, Joel e Mazzola. Apostaram em Zito, Garrincha e Pelé. Zito era um desconhecido. Pelé uma promessa e Garrincha uma incógnita. Deu certo!   Dida teve o gostinho da estreia mas foi compensado pelo primeiro título mundial na Suécia, onde  o Brasil deu início ao pentacampeonato.  

Nota da redação - Um registro: a Manchete Esportiva, que era semanal, foi nos anos 50 a revista que mais fotografou o futebol daquela época, acumulando um valioso arquivo de fotos de uma geração brilhante de ídolos e craques. Não custa lembrar que esse acervo único está virtualmente desaparecido. Desde que foi leiloado pela Massa Falida da Bloch Editores, o arquivo que pertenceu à Manchete e a mais duas dezenas de publicações da extinta editora foi levado para lugar incerto e não sabido. Fotógrafos que trabalharam na Bloch entraram com ação para tentar informações sobre o estado de conservação de cerca de 10 milhões de cromos, negativos e cópias. A ação não obteve sucesso até agora. As principais instituições culturais públicas e privadas que deveriam existir para cuidar da memória nacional foram procuradas pela Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores mas não se interessaram em pelo menos tentar um contato com o atual proprietário para buscar uma solução que pudesse preservar um patrimônio de valor incalculável.   

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Folha de São Paulo: Ruy Castro reforça denúncia sobre o sumiço do Arquivo Fotográfico da Manchete

Em artigo publicado ontem na Folha de São Paulo, o jornalista e escritor Ruy Castro escreve sobre a importância do acervo fotográfico que pertenceu às revistas da extinta Bloch Editores. Tema de várias matérias em grandes jornais e revistas, o sumiço de cerca de 12 milhões de fotos, negativos, cromos e reproduções mostra como o Brasil e suas instituições de preservação de documentos tratam a memória nacional. Há alguns anos, a Comissão dos Ex-Funcionários da Bloch Editores encaminhou correspondência ao Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Prefeitura do Rio de Janeiro, entre outros órgãos públicos, e a fundações culturais privadas (privadas mas muitas mantidas com verbas de renúncia fiscal, ou seja, dinheiro da sociedade, o que deveria levá-las a incluir o interesse público entre suas metas). O Ministério da Cultura respondeu vagamente que o assunto seria encaminhado. Como Ruy Castro destaca acima, o acervo foi a leilão por duas vezes, pelo menos um grande jornal e uma editora de revistas demonstraram interesse inicial, mas na fria análise de custo-benefício seus representantes não foram capazes de avaliar o conteúdo do arquivo àquela altura ainda relativamente preservado e com o tipo de catalogação possível. Um dos entraves teria sido o alto custo de digitalização do material. Com os compradores ausentes, e as instituições culturais omissas,  o acervo - cujo lance inicial chegou a ser estipulado em cerca de 2 milhões de reais - foi arrematado por um advogado por apenas 300 mil reais. Desde então, está desaparecido. O Globo publicou matéria sobre o assunto, chegou a falar com o proprietário, mas  não foi bem-sucedido na tentativa de localizar, investigar e fotografar o local onde supostamente estão guardadas as fotos, se é que ainda existem. Estimulado pela Comissão dos Ex-Funcionários, um grupo de fotógrafos entrou com uma ação na Justiça, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação dos Repórteres Fotográficos. Exigem que o proprietário pague direitos autorais das fotos eventualmente vendidas e que dê provas de que estão bem acondicionadas, climatizadas etc. Conseguiram uma pequena vitória, que mesmo assim deu em nada. Até que o mérito da questão seja julgado, o proprietário não pode comercializar o material, deve preservá-lo. Pelo que se sabe, até hoje, quase dois anos depois, não foi localizado para receber a citação. Ou seja, a medida é inócua e inútil como uma nota de três reais. Como o apelo às instituições não foi ouvido, as editoras jornalísticas não estão nem aí e a Justiça, cega, como dizem, não consegue encontrar as fotos, resta apelar a... Eike Batista. Tudo a ver. O empresário, na sua biografia, conta que sua rota de sucesso começou quando ainda na Alemanha viu na Manchete uma reportagem sobre Serra Pelada. Foi ali que decidiu entrar na corrida do ouro, a base do sua fortuna.  Então é isso: Eike, em homenagem à revista que lhe deu o pulo do gato, compra o arquivo e preserva uma fabulosa memória jornalística. 
Nem isso vai ser fácil. Como diz Ruy Castro no seu artigo, o arquivo está guardado "sabe-se lá onde e em que condições". 
"Nele jaz a história do Brasil", finaliza o escritor.     

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Livro-reportagem "Memória Leiloada, bastidores da Bloch Editores"

No começo do ano, as jornalistas paulistas Gleissieli Souza e Daniela Arbex estivem no Rio entrevistando fotógrafos e editores que trabalharam nas revistas da Bloch. O objetivo da dupla foi reunir material para um livro-reportagem intitulado "Memória Leiloada, bastidores da Bloch Editores". Missão cumprida, elas acabam de enviar a seguinte mensagem: 
"Olá! Agradecemos a ajuda que nos deram para a realização do nosso  trabalho  de conclusão de curso da faculdade (livro-reportagem). Apresentamos para a  banca e fomos aprovadas, com louvor, e esse sucesso foi fruto do apoio e paciência que vocês tiveram conosco. No momento, estamos analisando a melhor forma de imprimir novos exemplares  para entregar uma cópia a cada um de vocês. O nome do livro é "Memória Leiloada: Bastidores da Bloch Editores". Nele reunimos as histórias contadas nas entrevistas e temos como pano de fundo o sumiço do acervo. Esperamos entregá-los no primeiro semestre do ano que vem. Mais uma vez obrigada por tudo. Boas Festas".
É bom saber que novas gerações de jornalistas demonstram preocupação com o desaparecimento de cerca de 12 milhões de imagens que compunham o valioso acervo da extinta Bloch. Mas é preocupante constatar que, ao mesmo tempo, instituições públicas que deveriam cuidar da memória nacional se omitem em relação a essa grave situação. No momento, apenas um grupo de ex-empregados da Bloch, o SJPMRJ (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a ARFOC (Associação dos Repórteres Fotográficos), que movem ação judicial para tentar localizar o arquivo (ação até agora sem qualquer resultado prático), demonstram preocupação com a possível perda e deterioração de milhares de fotos de valor histórico e jornalístico. Orgãos como o Ministério da Cultura, Arquivo Nacional, Associação Brasileira de Imprensa, Museu da Imagem e do Som, Biblioteca Nacional e outras instituições receberam, em vão, apelos dos jornalistas que ajudaram, ao longo de décadas, a construir o acervo. Até agora, a burocracia assiste inerte ao desaparecimento de parte da memória nacional. 
    

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A magia do Carnaval


por José Esmeraldo Gonçalves
A história do Carnaval carioca é rica e fascinante. Do entrudo às Grandes Sociedades, dos Clóvis aos bailes e aos banhos de mar à fantasia, dos blocos às Escolas de Samba, todas as autênticas manifestações de alegria na data ganharam forte cobertura das revistas movidas pelo apelo popular e interesse dos leitores. O Cruzeiro e, especialmente, a Manchete foram insuperáveis nesse quesito. Estava tudo lá: a grandiosidade das Escolas, a alegria dos blocos, a sofisticação dos bailes e a beleza incomum das cariocas. Quem, um dia, quiser ver a completa história visual do Carnaval do Rio de Janeiro nos últimos 58 anos pode ir ao arquivo fotográfico da extinta Bloch Editores. Ninguém cobriu com tanta precisão a evolução e as mudanças da maior festa popular do mundo (Alô, governador Sérgio Cabral, por falar nisso, que tal tentar adquirir em próximo leilão o extraordinário arquivo fotográfico da Bloch para o novo Museu da Imagem e do Som? E ainda leva o acervo do antigo Departamento de Pesquisa das revistas. A cidade agradece. Mas tem que ser logo, antes que cromos e negativos valiosíssimos para a história do Rio e do Brasil sejam corroídos pela umidade. Um alerta: nada contra, mas o acervo corre o risco de ir parar em São Paulo)..
Mas o recado deste post é outro: estão excelentes os dois cadernos especiais publicados ontem e hoje pelo O Globo, com a cobertura dos desfiles das Escolas. Ótimos textos, fotos expressivas, boas sacadas e análises precisas. Até os anos 70 e começo dos 80, coberturas de Carnaval como essas, assim com tanto espaço e mobilização de grandes equipes era coisa de revistas. Os jornais meio que torciam o nariz para a festa e reservavam ao tema uma edição quase formal. Havia até um certo preconceito contra as revistas, que vendiam milhares de exemplares e se esgotavam rapidamente nas bancas mas eram consideradas "apelativas" por "intelectuais" e editores de jornais "sérios". Mas esse tempo passou. Os jornalões há muito deixaram de remar contra a maré do povo e caíram no samba. Reproduzo aqui as duas páginas finais dos cadernos do Globo. Já viu tudo isso em algum lugar? Provavelmente, sim. A Fatos & Fotos era especialista nessas eternas e imbatíveis curvas das cariocas.