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terça-feira, 26 de julho de 2022

Nessa jogada nem o VAR acusa impedimento. Flamengo quer construir o Estádio Jair Messias Bolsonaro, o Bozolão

por Niko Bolontrin

Historicamente, clubes de futebol, entidades privadas, mamam no caixa público favorecidos pela demagogia política. 

O caso mais recente é o do Flamengo que tem se aproveitado de ligações com Bolsonaro para conseguir patrocínio de banco público e emplacar leis que o beneficiam. No passado, o Flamengo ganhou de Getúlio Vargas um grande imovel no Morro da Viúva, na Zona Sul do Rio. 

O clube da Gávea não está sozinho nesse tipo de armação. O Botafogo acaba de confirmar a longa concessão do Engenhão a preço módico. Lembrando que o clube agora é SAF e pertence a um americano. O mais grave é o proprietário do Botafogo exigir que a prefeitura do Rio autorize a destruição da pista de atletismo do estádio que sediou um Panamericano em 2007 e a Olimpíada 2016. O empresário acha que a pista de atletismo prejudica o torcedor por deixar muito longe o campo. O prefeito Eduardo Paes estaria propenso a se render à exigência do americano, esquecendo que o poder público gastou bilhões para construir o Engenhão e a pista de atletismo é essencial para o desenvolvimento do esporte olímpico no Brasil. A privatização do Maracanã, aliás, já acarretou a destruição de uma das melhores pistas de atletismo do Brasil. O estádio do Corinthians deixou dívida imensa com a Caixa com prazo para pagamento de quase 20 anos.

O Cruzeiro, agora propriedade de Ronaldo Fenômeno também está à caça de uma doação de terreno para construir seu estádio em Minhas Gerais. 

Também recentemente, o Vasco, em vias de ser vendido para uma empresa americana, ganhou um mimo do ex- prefeito Crivella: o terreno do seu CT na Zona Oeste do Rio. 

A jogada atual do Flamengo é ainda mais descarada. O clube mobiliza Bolsonaro e o próprio Eduardo Paes, certamente impulsionados por interesses eleitoreiros, para levar a Caixa Econômica a doar um valorizado terreno na região do Porto para o Flamengo construir seu estádio. Por enquanto, a Caixa resiste a presentear o clube da Gávea, mas as pressões são visíveis. Curiosamente, a mídia não crítica o possível Estádio Jair Messias Bolsonaro, o Bozolão, talvez porque apoie esse tipo de negociata quando envolve clubes de futebol. Aparentemente acha normal o poder público presentear cartolas e empresários, desde que seja em nome do futebol. Nesses casos, a bola é o álibi que nem o VAR da moralidade declara impedimento.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Chelsea está à venda. Quem quer comprar? Aos interessados em visitar o clube: as chaves estão com o porteiro...


por Niko Bolontrin

O Flamengo sonha em abrir uma franquia na Europa. Antes ensaiou instalar uma filial na Flórida, um Fla-USA, mas aparentemente o projeto virou hamburguer queimado. A ofensiva, agora, é em Portugal. O rubro-negro carioca tenta adquirir o Tondela, um time lusitano de segunda divisão. Quer "internacionalizar' a marca, dizem. 

Um diretor do clube da Gávea revelou recentemente que pensa em comprar clubes em vários países. Podia começar pelo Chelsea. Pressionado pela repercussão da invasão da Ucrânia por Putin, o bilionário russo Roman Abramovich, dono do time inglês, resolveu vendê-lo a quem aparecer com grana na mão. Deve pedir até 3 bilhões de libras, algo que ultrapassa R$ 20 bilhões. Mas pode dar um desconto, desde que o comprador já venha com um contêiner de dinheiro e entregue a grana em algum banco a salvo das sanções americanas e europeias.

O Flamengo tem entre seus patrocinadores o rico bolsonarista conhecido como Véio da Havan, quem sabe ele se coça e banca essa transação? Também tem boas relações com Bolsonaro e pode descolar um empréstimo do BNDES, não custa tentar. Em último caso pode vender o estádio da Gávea quase nunca utilizado, a sede da Lagoa, Gabi Gol, Bruno Henrique, Felipe Luís, Arrascaeta... Pode também fazer um crowdfunding com a sua torcida tão apaixonada que poderá cair nessa. 

Maiores informações no site do Chelsea. 

Pede-se referências, nome limpo no Serasa, pagamento à vista. Moedas do Terceiro Mundo, como Real, nem pensar. PIX também não. Não serão aceitas trocas por terrenos, áreas do pré-sal, instrumentos da charanga rubro negra, títulos do Tesouro Direto ou cheques pré-datados. 

Se a compra for fechada, a chave do clube está com o porteiro, em horário comercial, no endereço Stamford Bridge - Fulham Road- SW6 1HS London-Inglaterra.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Superliga Europeia: cartel norte-americano tentou implodir futebol europeu. Torcida reagiu e o ataque foi neutralizado. Mas a cavalaria ianque vai voltar a atacar

Do Twitter
por Niko Bolontrin

Um cartel formado por empresários norte-americanos aliciou dirigentes de clubes e tentou sequestrar o futebol europeu. O grupo anunciou a criação de uma Superliga fora dos calendários da UEFA e FIFA e seduziu cartolas com a promessa de milhões de euros a mais de faturamento do que, por exemplo, na Champions. Alguns clubes recusaram a proposta, mas 12 dos principais times toparam participar da liga pirata: Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham. 

As torcidas, principalmente a dos times ingleses, reagiram com manifestações nas ruas e protestos nas redes sociais. O clamor foi tamanho que a Superliga ruiu. Impressionados com a forte rejeição ao projeto oito times desistiram da empreitada. Até essa manhã sobraram apenas Barcelona, Real Madrid, Juventus e Milan. 

Havia muito de estranho na tal Superliga. Como anomalia no lado esportivo, os doze "fundadores" teriam vagas cativas, ou seja, mesmo que perdessem todos os jogos não seriam desclassificados para o torneio do ano seguinte. Outros participantes seriam "convidados" para completar o grupo de 20 clubes, sendo que esses estariam sujeitos à desclassificação. Assim, a Superliga seria uma espécie de "camarote vip" do futebol europeu. 

Nitidamente, é uma jogada financeira. Não por acaso, um dos animadores da pirataria é ex-diretor do Morgan, um dos bancos envolvidos e fraudes e manobras ilícitas na venda de créditos hipotecários durante a crise  de 2008, que foi condenado em vários países. Pois a grana que foi o fator que deslumbrou  cartolas europeus vinha do Morgan. 

A Superliga desmoronou mas os aliciadores já avisaram que voltarão a atacar. 

O episódio deixa duas lições em uma elogiável constatação. Primeiro, o chamado "mercado" formado por especuladores quer abocanhar o futebol mesmo que implodam regras; segundo, para eles o esporte não interessa, mas o lucro que pode auferir dele, tanto que o regulamento despreza parâmetros esportivos, como classificação decidida em campo; terceiro, não por acaso, coube aos torcedores do país que criou o futebol e o transformou em paixão mundial defendê-lo do ataque do cartel norte-americano.  

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Tá russa! Ekaterina Dorozhko, namorada do atacante Luiz Adriano, é a nova musa da torcida do Palmeiras

Ekaterina Dorozhko, namorada do atacante Luiz Adriano é...

...a musa do Palmeiras. Fotos Reprodução Instagram
A russa fez sucesso no Allianz Parque.
Foto Reprodução Instagram


Luiz Adriano, o goleador do Palmeiras.
Foto Cesar Greco/
Ag. Palmeiras/Divulgação
por Niko Bolontrin

No jogo Palmeiras 3 x 0 Fluminense ninguém contesta que o atacante Luiz Adriano foi o grande destaque, deixando seu hat-trick nas redes tricolores.

Mas nas arquibancadas do Allianz Parque despontou uma atração à parte: a namorada do centroavante, que jogou no Spartak, de Moscou, a modelo russa Ekaterina Dorozhko, 23, chamava atenção.

E não era para menos.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Jogos Pan Americanos: acorda mídia, Lima é escala para Tóquio...

por Niko Bolontrin
Já com algumas competições em andamento acontece, hoje, às 20h30, a cerimônia de abertura dos Jogos Pan Americanos, em Lima, Peru.
Os direitos de transmissão para TV aberta são da Record. A emissora adquiriu o pacote há alguns anos mas, na verdade, nunca soube bem o que fazer com o evento esportivo. Esporte, aliás, não é o forte da rede do 'bispo".
A abertura não será transmitida ao vivo pela emissora dona dos direitos: só entrará no ar quatro horas depois e em versão editada.
Sorte que para aliviar o caixa, a Record cedeu para o Sportv 2 a transmissão em canal por assinatura (também estará disponível no a cabo Record News), o que dá uma opção ao vivo a um universo menor de telespectadores, mas evita que a abertura passe em branco, assim como favorece a cobertura de boa parte das modalidades para as quais a Record aberta não terá tempo.
A mídia em geral falou pouco do Pan até hoje. Provavelmente com o avanço das competições dará mais visibilidade aos Jogos. Embora um tanto esvaziado pelo calendário por coincidir com o Mundial de Esportes Aquáticos na Coréia do Sul e com a preparatório do Mundial de Atletismo em setembro, no Catar, o Pan de Lima tem grande importância para o Brasil por valer como classificação para as Olimpíadas de Tóquio no ano quem vem em pelo menos 22 modalidades. O caminho para Tóquio passa por Lima.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Livro conta como a Kodak popularizou a fotografia e criou, na primeira metade do século passado, uma figura empolgada que está aí até hoje: o fotógrafo amador. Agora, com a "selfie" na cabeça e o celular na mão...

Reprodução Pinterest

por Niko Bolontrin

Foi lançado em São Paulo, no último sábado, o livro "Picture Ahead: a Kodak e a Construção do Turista-Fotógrafo”, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia.

Baseada na tese de doutorado da pesquisadora Lívia Aquino, a obra focaliza a Kodak como impulsionadora de um personagem marcante do século passado: o amador que foi incentivado a não apenas viajar, mas registrar as imagens dos seus passos, escalas e, principalmente, paisagens.

A autora analisa peças fotográficas da Kodak, como anúncios e cartazes promocionais e mostra como os viajantes foram impelidos a incluir a câmera como item indispensável da bagagem. A Kodak popularizou a fotografia e construiu metodicamente e ao longo de décadas a figura do fotógrafo amador. Esse que, hoje, em tempo de celulares e selfies, registra tudo, todos e a si próprio.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Alô, jornalista, se liga! SBT faz feirão de pautas... Quem quer dinheiro?



por Niko Bolontrin

A transformação da mídia, as inovações tecnológicas e a crise levaram pro brejo muitas funções das antigas redações. O pauteiro foi uma delas. Alguns ainda resistem, mas estão em extinção, embora a web tenha trazido a figura do profissional que passa o dia vasculhando sites governamentais ou privados, blogs e redes sociais em busca de informações ou manifestações dos internautas que possam render matérias. No fundo, é o pauteiro high tech.

O pauteiro antigo, o analógico, era uma figura característica. Chegava cedo à redação, lia todos os jornais, ouvia noticiários de rádio e TV. Em alguns veículos, ele produzia uma espécie de clipping com os fatos que podiam render matérias de acordo com cada editoria. O telefone e uma grossa agenda de contatos eram ferramentas indispensáveis.

Antes da chegada do celular, o pauteiro, que às vezes acumulava a função com a de platonista,  andava com um "bip" ou "teletrim". Na maioria das vezes era portador de más notícias que se transformavam em assuntos bons de banca e de venda. Chacinas, grandes incêndios, mortes de celebridades, crimes com ingredientes para primeira página...

Quando em plantão, ele era encarregado de fazer a "ronda": telefonar para delegacias, Secretaria de Segurança, bombeiros etc. E nisso levava mais tempo 'esperando linha" - uma expressão que certamente as novas gerações jamais ouviram -  do que falando com as fontes nos jurássicos telefones fixos.

Pois o SBT abre um feirão no qual jornalistas de rádio, TV e jornais podem enviar casos jornalísticos que, se aproveitados, vão render aos neopauteiros um cachê de 10 mil reais.
VEJA A CONVOCAÇÃO NO SITE DO SBT NA WEB, CLIQUE AQUI



Em Los Angeles, a figura de um vendedor de reportagens sensacionalistas rendeu um filme

Os canais por assinatura exibem volta e meia um filme sobre um desempregado que descobre um jeito de ganhar a vida. Ele pega uma câmera amadora e vai em busca de acidentes, incêndios ou casos policiais que possam interessar a um programa sensacionalista da TV. Lou Bloom - é o nome do personagem interpretado pelo ator Jake Gyllenhaal - equipa-se com um scanner de rádio da polícia e se esforça para chegar ao  local da "ocorrência" antes da concorrência. Depois corre para vender as imagens.

O foco desse "jornalismo predatório"  - o nome do filme não por acaso é "O Abutre" - é o sangue.
Lou Bloom sobe na vida e na carreira de frila, ganha dinheiro e perde todos os escrúpulos.

Isso não significa que é o que vai acontecer no feirão do SBT.

Mas Rio e São Paulo, só para falar dos purgatórios da beleza e do caos, como canta Fernanda Abreu, têm tudo para gerar alguns Lou Bloom.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Uber testa carro sem motorista. Nos Estados Unidos...


por Niko Bolontrin
Segundo a revista Time, o primeiro carro do Uber, sem motorista, já está circulando em fase de testes nas ruas de Pittsburgh, no Estados Unidos. Com tecnologia própria do aplicativo, um Ford Fusion do aplicativo foi equipado com sensores, scanners a laser, radares e câmeras de alta resolução, além de dados de cartografia.

O Uber alerta que o carro com capacidade de autocondução ainda dá seus primeiros passos e só será levado à prática quando for absolutamente seguro para os usuários e terceiros.

O Centro de Tecnologia Avançada do Uber realiza experimentos com veículos autônomos há vários meses. Outras companhias testam há alguns anos carros de transporte e de passageiros e os especialistas não têm dúvidas de que os táxis com motoristas começarão a se tornar retrôs a partir de 2020. Veja o vídeo na página da Time, clique AQUI

terça-feira, 26 de abril de 2016

Milena Santos: fotos de mulher do ministro do Turismo viralizam na rede... Indignada com a repercussão, ela apaga o post

Milena Santos: o post que viralizou na rede e que ela retirou, em seguida. ..

E a resposta. Reproduções Facebook

por Niko Bolontrin
Brasília vai surpreender muitos nos próximos dias e meses. Uma nova era se anuncia. Com a política perdendo gás e as expectativas em ponto morto quanto ao tamanho do passo atrás que o Brasil dará, surgem alternativas ao noticiário modorrento. De um lado, belas e recatadas, de outro poderosas e provocantes. E foi assim que Milena Santos, ex-miss Bumbum Estados Unidos 2013, ocupou a mídia e a web. Mulher do novo ministro do Turismo Alessandro Teixeira, Milena divulgou fotos feitas no gabinete do marido. "Compartilhando com meus amigos meu primeiro dia de primeira dama do Ministério do Turismo do Brasil. Eu te amo, meu amor. Juntos somos mais fortes!", escreveu no Face. Diante da repercussão, ela apagou o post com a imagens que fez durante a visita nessa semana ao gabinete do marido e escreveu outro onde reclamou da falta de ética "das pessoas" e da mídia que publicou fotos suas antigas, de biquini, feitas em 2013 na Esplanada dos Ministérios, como se fossem novas. "Então não precisam pegar fotos e falas que fiz no meu passo (passado) e apresentar como se fossem algo atual porque não são!",

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

"Mais Médicos": livro do fotógrafo Araquém Alcântara mostra o Brasil que o "Brazil" não vê...

Foto Araquém Alcântara, do livro "Mais Médicos".

Foto: Araquém Alcântara, do livro "Mais Médicos".

Foto Araquém Alcântara, do livro "Mais Médicos".
por Niko Bolontrin
O fotógrafo Araquém Alcântara percorreu 19 estados para construir um painel de imagens de um programa social. Falei programa social. Mas, na atual irracionalidade da disputa política no Brasil, um jogo vulgar e predatório, o programa foi inicialmente tratado como se fosse um cartel de criminosos, uma "operação comunista" para abalar os "valores' da nação. Pura ignorância e má fé. Falo do programa "Mais Médicos". Agressões e racismo foram ingredientes corporativos deploráveis da campanha contra o "Mais Médicos". Pois é, o tempo passou, milhares de prefeitos de vários partidos reconhecem hoje os resultados do programa, mais do que eles, os pacientes, e, na última seleção de profissionais, os jovens médicos brasileiros compunham a totalidade dos inscritos, sem falar que foi mínima a desistência de estrangeiros em meio à temporada. O "perigo comunista" não se confirmou. Os milhões de pacientes pobres agradecem.
Araquém Alcântara/Reprodução Rede Social
É essa realidade que o fotógrafo Araquém Alcântara, com reportagens publicadas na Veja, National Geographic, Geo, Isto É, Icaro, Elle, Marie Claire e Super Interessante, traduz em imagens autênticas e isentas no seu livro "Mais Médicos" ao registrar a ação de cerca de 18 mil profissionais em locais inimagináveis para a turma do ar condicionado, da cadeira de praia, do Brazil elitista e do mau humor político.
Investir em saúde não é um programa de partido político mas um direito assegurado pela Constituição, que a população deve cobrar de presidentes, ministros, governadores, prefeitos e secretários de qualquer camiseta política. Passa longe de ser questão barata de "oposição" e "situação". Se tem defeitos, estes serão sempre menores do que a omissão.
O programa chegou a 15% dos municípios brasileiros que antes não tinham um só médico e se estendeu por outros que tinham apenas um médico para atender a 3 mil pacientes. As vagas abertas para profissionais, que eram menos de 10 mil há três anos, hoje chegam a quase 30 mil, a grande maioria preenchida por brasileiros atraídos pela iniciativa que os conselhos de medicina politizados queriam rejeitar.
O livro "Mais Médicos" é o 19° de Araquém Alcântara, fotógrafo que é um dos precursores na temática ecológica e segue a outras obras suas, como "Terra Brasil", 'Árvores mineiras", "Juréia, a luta pela vida", "Mar de Dentro e Brasil: Herança ambiental", "Estações Ecológicas do Brasil" e "Pantanal".
Araquém definiu, certa vez, a poesia e a crueza da sua arte: “Meu trabalho é a crônica da beleza e do extermínio. Retratos de uma país que breve não veremos mais. Coleciono rostos, paisagens, movimentos, brilhos com a esperança de que não estarão condenados a viver apenas na memória e no papel. Cada imagem que capturo conduz à fé de que a natureza e o homem humilde do sertão e das matas resistirão, apesar de tanta invasão, inconsciência, devastação e morte. O genocídio dos povos primitivos, a miséria, a violentação impune dos ecossistemas – de um lado, de outro a fertilização imensa deste país amazônico, verdadeira sinfonia de belezas. Meu canto é cumplicidade e reverência. Minha fotografia é oxigênio”.
Por sua vez, em texto escrito para o projeto 'Brasil, Memórias das Artes", da Funarte, o jornalista, fotógrafo e pesquisador Pedro Vásquez, ao biografar Araquém Araquém Alcântara, contou como nasceu no fotógrafo paixão pelo ofício:
 "Aos 14 anos de idade, tudo que Araquém queria era ser escritor. Fascinado pelos livros de J. D. Salinger, Lima Barreto, Machado de Assis e Guimarães Rosa, em 1970 prestou a Faculdade de Comunicação de Santos sem saber que, de jornalista, logo passaria à fotojornalista – mudança que só veio a acontecer depois de descobrir o filme A Ilha Nua, de Kaneto Shindo. Quase sem história, o filme retrata a história de um casal que vive em uma ilha, rodeado pela fauna e flora local. A força daquele primeiro encontro com a natureza foi tamanha que, no dia seguinte, quando a amiga Marinilda mostrava as fotos caseiras que havia tirado com a câmera Yachica, Araquém pediu a câmera emprestada (mesmo sem qualquer conhecimento técnico), comprou três filmes em preto e branco e saiu naquela noite mesmo para fotografar no porto de Santos.
“Passei a noite inteira com uma Yachica elétrica 35mm na zona portuária. Não consegui tirar foto nenhuma. De manhã, havia uma prostituta cansada no ponto de ônibus. Me aproximei, bem inibido, e perguntei: “Posso fotografá-la?” Ela levantou a saia e respondeu: ‘Fotografa aqui, seu filho-da-puta!’ e eu fiz a minha primeira foto“.
Depois do episódio, passou a fotografar tudo e todos buscando formas, experimentando técnicas..."

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bernie Sanders ganha espaço na corrida eleitoral americana. Ele não vai pintar a Casa Branca de vermelho mas é considerado de esquerda. Para os padrões ianques, claro

por Niko Bolontrin
O sistema eleitoral americano é cuidadosamente montado para impedir surpresas. A ideia é que mesmo mudando o presidente,  o sistema não mude muito, o Departamento de Estado não  se abale, a política externa dê apenas leves guinadas, a CIA prossiga autônoma, a capacidade de intervenção militar e de criação de conflitos permaneça ativa etc etc. Que o governo não perca sua face conservadora que resiste mesmo diante de um Obama, que ganhou algumas disputas e perdeu outras, tentou avançar aqui e rendeu-se ali.
Os filtros e etapas costumam derrubar pretensões de candidatos independentes e chegam à grande final dois sujeitos bem parecidos, um com a camisa do Democrata e ou sob as cores do Republicano. O que vale é a eleição indireta, mais do que o voto popular. Tanto que Bush foi eleito presidente porque embora tivesse menos votos populares obteve mais delegados.
A distribuição do número de delegados por estados é obscura e difícil de entender por adeptos da eleição direta. Talvez os votos de hispânicos e negros sejam ingrediente capaz de botar algum molho nesse tipo de salada insossa. Nesse cenário, a corrida presidencial na fase de indicação por partidos está agitada.
As primárias, por enquanto, tendem ao empate. Ted Cruz e Hillary ganharam uma etapa, Trump e Sanders outra. Difícil rotular os pré-candidatos: Ted é um latino conservador que quer restringir a imigração; Hillary é elitista, pouco afeita a política social e ficaria um pouco à direita do que o seu marido Clinton; Trump é o mais evidente ultradireitista do pacote; Bernie Sanders é a esquerda (para os padrões americanos).
Sanders é, de fato, a novidade na corrida, embora seja ele um político de 74 anos. Ele é o veterano que soube captar o descontentamento social entre jovens e parte da classe média e apoiar movimentos com o de Occupy Wall Street. Há entre a população americana um forte descontentamento contra o poder irrestrito do mercado financeiro - esse mesmo ao qual colunistas da mídia brasileira batem histéricas palmas sob qualquer circunstâncias - e Sanders tem criticado Wall Street e apontado ligações de concorrentes com o sistema financeiro especulador. Analistas afirmam que a ascensão de Sanders depende de ele mostrar que pode conquistar o voto de milhões de eleitores que não confiam no sistema eleitoral americano e que, por isso, não costumam comparecer às urnas. Há a constatação de que quando cresce o número de votantes, cresce o Partido Democrata. A pergunta que só será respondida em novembro é saber se Sandres, caso chegue lá, vencerá as amarras de um sistema eleitoral que até fraude grosseira registra; caso da lista de votos rasurada à mão na Flórida e que decidiu uma das eleições de Bush.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sean Penn fala pela primeira vez sobre a sua polêmica entrevista com o traficante El Chapo

Reprodução
por Niko Bolontrin
Sean Penn falou pela primeira vez sobre a sua controvertida entrevista com o megatraficante mexicano El Chapo. O ator, em declarações à CBS que irão ao ar neste domingo, defendeu sua matéria exclusiva mas admitiu que falhou no seu objetivo de provocar uma ampla discussão sobre a chamada guerra contra as drogas que claramente não tem alcançados seus objetivos. Como a entrevista acabou levantando apenas um debate pueril sobre a "ética no jornalismo", Penn avalia que o artigo não funcionou. O ator também desfaz o que chama de "mito": "Especulou-se que a visita que fizemos foi essencial para a captura de El Chapo. Nós o encontramos no dia 2 de outubro, muitas semanas antes da sua prisão e em um lugar muito diferente e distante do local onde ele foi capturado". O maior arrependimento, segundo ele, não tem nada a ver com a prisão de el Chapo. "Toda a discussão que o artigo provocou ignorou seu objetivo que era tentar contribuir para um debate sobre o fracasso da política internacional na guerra contra as drogas. Meu artigo falhou". disse Penn.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sean Penn sob ataque: entrevista do ator com El Chapo vira polêmica

por Niko Bolontrin
Era previsível a repercussão da entrevista do drug lord Joaquín "El Chapo" Guzman feita pelo ator Sean Penn. O impacto do material jornalístico é reconhecido, em geral, mas sobram críticas à "ética' da abordagem ao fugitivo e ao estilo do texto, com trechos considerados verborrágicos, e à qualidade de algumas perguntas. Fico com o teor jornalístico da entrevista e, especialmente, das informações contidas na longa abertura de Penn, que traça um perfil do traficante, contextualiza e descreve os encontros. O resto é besteira, um debate idiota com boa dose de corporativismo e falso moralismo. Um bom jornalista, um bom escritor, teria feito melhor? Sim.  Mas o bom jornalista e o bom escritor não chegaram lá. A ABC News informou ontem que Sean Penn está sob investigação por parte das autoridades mexicanas. Outra bobagem. As mesmas autoridades divulgaram que a movimentação da equipe para a realização da entrevista possibilitou às forças policiais o "estouro" do esconderijo do traficante, agora preso. Deduz que elas não estavam inteiramente ausentes.
Sabe o que pode haver de reprovável no procedimento da Rolling Stone? A informação não confirmada de que El Chapo teria condicionado a entrevista à sua leitura do texto final, embora não tenha feito qualquer alteração. Se for verdade, esta questão de "aprovação" é um comportamento condenado pelo jornalismo, embora aconteça com alguma frequência (e quando interessa politica, comercial ou ideologicamente).
A polícia mexicana quer saber porque Sean Penn não comunicou às autoridades que ficou em contato com El Chapo por vários meses. Deve ser piada ou o delegado que diz isso é um clone do Cantinflas ou do Chaves. Os primeiros contatos foram via internet: Penn enviou perguntas e recebeu respostas em vídeo. Mais tarde, aconteceram os encontros pessoais. O ator trabalhou na condição de jornalista, tem fontes protegidas, assim como Bob Woodward e Carl Bernstein, no Caso Watergate, se negaram a revelar o nome do informante Deep Throat e foram garantidos pela lei.
Na mídia americana, Sean Penn está sob ataque, assim com a Rolling Stone. O Boston Globe diz que um não passa de um Mr. Madonna e a outra é "fanzine' e não "magazine". O New York Post chama Penn de El Jerko (de "jerk", algo como "pobre rapaz", "tolo") e destaca que ele foi parceiro de um traficante em fuga.
Credite-se à reação da mídia americana um certo viés direitista: Sean Penn é considerado lá um esquerdista radical. Para entender a coreografia: hoje, o site da Veja repete tais refrões e diz que a entrevista prova que a esquerda está ligada ao crime em todo o mundo.
Resumindo: a Rolling Stone deu uma bola dentro. O resto é choro, vela e frustração de quem gostaria de ter publicado a entrevista ou de fazer, quem sabe, um selfie íntima ao lado do El Chapo, o criminoso mais procurado do mundo. Ainda: pelo menos três jornalistas, um deles o inglês Robert Fisk, entrevistaram Bin Laden em encontros "secretos". Fizeram boas matérias e não provocaram espasmos de falsa ética como no caso chefão mexicano.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Corra que o míssil vem aí... Trapalhada faz arma de guerra americana ser despachada, por engano, em vôo para Cuba










por Niko Bolontrin
Um míssil Hellfire que foi enviado pelos Estados Unidos para a Europa acabou em Cuba. Segundo matéri do site da BBC, a arma destinava-se a treinamento militar na Alemanha, em 2014. O míssil, guiado a laser, equipa helicópteros ou drones pode ser utilizado para ataques ar-terra, especialmente contra blindados. O mais incrível da história é que o Hellfire havia sido despachado como bagagem comum em avião de passageiros e foi extraviado na volta da Europa. Em vez de ser embarcado para a Flórida, foi despachado no Charles De Gaulle em um vôo da Air France para Cuba. Desde 2014, os Estados Unidos pedem que Cuba devolva a arma. Os cubanos não se manifestaram ainda, já que consideraram "agressiva"  e "suspeita" a remessa de um míssil para o país. Segundo o governo americano, o míssil estava desarmado.
Saiba, então, que no seu vôo transcontinental em um avião civil você poderá estar sentado sobre mísseis enquanto toma um tinto servido pela tripulação.
Isso lembra uma história trágica. Em 1973, um Boeing, da Varig, que decolara do Rio, pegou fogo e caiu pouco antes de aterrissar no aeroporto de Orly, em Paris. Morreram 123 passageiros. Oficialmente, o incêndio em pleno vôo teria sido provocado por um cigarro aceso no banheiro. Desde então, as companhias aéreas instituíram a proibição de fumar a bordo. A maioria dos passageiros foi asfixiada pela fumaça. Entre os mortos estavam o canto Agostinho Neto, o presidente do Senado, Felinto Muller, a socialite Regina Lecléry e os jornalistas Julio Delamare e Antônio Carlos Scavone. Extraoficialmente, houve rumores, na época, de que o jato da Varig transportava no bagageiro alguns mísseis que eram levados para revisão na França. Essa versão, jamais confirmada, foi considerada fantasiosa. De qualquer forma, é espantoso saber, 43 anos depois, que vôos civis podem transportar armas de guerra.