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domingo, 22 de novembro de 2009

A dolorosa realidade da aposentadoria

por Eli Halfoun
Agora que a aposentadoria está outra vez no foco das discussões (discute-se muito, mas nunca se resolve nada) e com a possibilidade de o governo vetar os índices reais de aumento que os nossos ex-trabalhadores precisam é bom relembrar que é uma dolorosa ilusão acreditar que quando a aposentadoria chegar depois de muitos anos de labuta intensa o trabalhador poderá descansar e usufruir merecido descanso. Nada disso: a baixa remuneração das aposentadorias e o alto custo de vida obrigam aposentados a voltar ao mercado de trabalho para complementar a renda. Descansar pra que?
Essa é uma das conclusões do Relatório Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho. Aposentados entre 50 e 64 anos são os que mais retornam ao serviço e só em 2006 foram 4.196.286 (aumento de 9,77% em relação à 2005). Uma prova concreta de que o que a Previdência paga não dá nem para a saída. Agora nem se fala. Especialistas avaliam que a necessidade de rendimento extra é a principal razão, mas destacam também o fato das empresas estarem buscando funcionários com experiência”. Estudos mostram que a única faixa com maior retração de emprego é a entre 16 e 17 anos. Portanto, olhemos para nossos velhos e também para nossos jovens.
A aposentadoria é um fenômeno historicamente recente, instituído na sociedade industrial como um direito adquirido pelos trabalhadores. Mas não dá para negar que a passagem do trabalho ao repouso é acompanhada de modificações que marcam profundamente a vida dos indivíduos. Associações de defesa do aposentado atribuem a obrigatoriedade de voltar ao trabalho ao achatamento das aposentadorias e pensões, resultado de uma política e um comportamento social que estigmatiza e excluiu os direitos de cidadania dos idosos e, portanto, dos aposentados.
Estudos mostram que entre 1991 e 2000 o número de aposentados no Brasil cresceu em média 35%. Calcula-se que só no Rio estejam cerca de 1,5 milhões de idosos aposentados, quase todos obrigados a abrir mão da justa sombra e água fresca para retornar, por absoluta necessidade financeira, ao mercado de trabalho, que não lhes oferece muito e nem os trata com respeito. Parece que voltamos ao passado aos períodos históricos quando idosos eram encarados, na maioria das vezes, como sendo “inúteis” ou “sobrantes” por estarem fora do processo produtivo.
Os aposentados estão isso sim é recebendo pouco - cada vez menos - e pagando caro por conta de uma política que nunca os tratou com atenção. É preciso - e já - olhar para o presente e o futuro e retribuir aos aposentados o que com trabalho conquistaram: uma real aposentadoria.