Mostrando postagens com marcador Renascer. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Renascer. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Memórias da redação: Aconteceu... na Amiga



por Eli Halfoun
(Encarte de “Renascer” virou revistas)
Na história das novelas brasileiras (o Brasil faz sem dúvida as melhores novelas do mundo) “Renascer”, de Benedito Rui Barbosa, o melhor e mais brasileiro de nossos autores, merece um capítulo especial. Não só por conta do sucesso, mas também porque foi a maneira que a Globo encontrou para compensar sua falta de sensibilidade ao recusar a sinopse de Pantanal ( êxito maior da breve e atribulada história da Rede Manchete). “Renascer” foi exibida de 8 de março a 13 de novembro de 1993 e na época não se falava em outra coisa em termos de televisão. Às vésperas da exibição do tão esperado último capítulo, tínhamos reunido na redação um farto material sobre a novela. Surgiu então a idéia de fazer um encarte especial, mas em primeiro lugar era preciso convencer a direção da empresa a também entusiasmar-se com o projeto. Sabia que seria difícil, mas mesmo assim resolvi tentar. Primeiro falei com o Jaquito, o superintendente, que foi, como sempre, prático: “O problema será você convencer o Adolpho.Vai lá e fala com ele que eu te dou uma força”. Lá fui eu sem muita esperança (sabia que ele viria com aquela velha história de “gastar o meu papel”, mas eu acreditava tanto na idéia aprovada por toda a redação que tinha de arriscar). Adolpho não resistiu tanto quarto eu esperava (nesse dia devia estar de bom humor) e apenas respondeu sorrindo com aquele gostoso sorriso de avô: “Você é quem sabe.Vai vender mesmo? Jurei de pés juntos que era venda garantida lá fui eu tratar de editar o encarte). A turma da redação estava entusiasmada e bastou distribuir a pauta para que todo mundo entrasse em ação).

De saída, fizemos uma minuciosa busca no completo arquivo fotográfico da Bloch e selecionar o material em ordem cronológica não foi tarefa das mais fáceis. O resto foi o de sempre: novas entrevistas com o elenco, resumo do que aconteceu nos bastidores durante os nove meses da novela) e por aí vai, que nessas horas não tem muito que inventar e além do mais o que interessava mesmo eram as belas fotos). Trabalhamos a noite inteira ( a redação da Amiga era guerreira).
O encarte teria 24 páginas em formato tipo álbum. Era para ler e guardar. Somente na manhã seguinte iniciei, cercado de material por todo lado (estava me sentindo uma ilha), a editar a revista. Ao meio dia o trabalho estava pronto para ser encaminhado à gráfica, onde se iniciaria uma outra etapa. O encarte tinha que estar pronto para ganhar o entusiasmo do público. Não dava tempo de fazer nenhuma promoção e a revista (com o encarte, é claro) foi para as bancas contando apenas com a empolgação do público. A reação dos leitores foi das melhores e Amiga vendeu quase toda a tiragem, além de ter feito escola: nasceram aí, depois do nosso encarte as revistas, algumas circulam até hoje, especializadas somente em novelas. A Bloch até sugeriu quem também fizéssemos uma revista nova, mas não concordei argumentando que as novelas eram uma espécie de carro-chefe da própria Amiga e se as abandonássemos perderíamos leitores para a outra revista, mesmo que fosse da mesma editora. O encarte de “Renascer” era apenas um algo a mais, um brinde especial da Amiga pelo qual o público não pagaria um centavo a mais. E de graça, como se diz popularmente, até injeção na veia. “Renascer” entrou para a história das novelas e o encarte especial que fizemos com entusiasmo para a história da Amiga.