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sábado, 18 de abril de 2020

Fotomemória da redação: Ivan Locci e os perigos que ressurgem. Por Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História

São tempos espantosos, estes, os da pandemia do novo Coronavírus, os da COVID-19. O certo é que nossa geração, em termo mundiais, simplesmente não viveu nada parecido.

O perigo é, objetivamente, mortal, posto que não há cura e nem vacina. Resta-nos apenas uma defesa parcial, uma quarentena indefinida, que teria um prazo final, mas é continuamente estendida enquanto a quantidade de vítimas cresce.

Ao perigo maior, o da contaminação com o vírus, vão se acrescentando outros, que vão de uma possível obesidade, forçada pela angústia que a imobilidade provoca, até os riscos dos acidentes caseiros, incluindo, aliás, as dificuldades de convivência entre parentes que nunca conviveram tanto... Riscos de acidentes que se exacerbaram até mesmo pela falta de prática de muitos no uso dos recursos que têm em suas próprias casas. Ainda bem que uma crise tão profunda trouxe à tona um impressionante movimento de solidariedade coletiva.

Ivan Locci - Rio de Janeiro, 1984 - Foto Guina Araújo Ramos

Daí, me lembrei da criança que, vítima de um desses acidentes caseiros, recebeu, no correr dos anos 1980, um apoio fundamental para a sua recuperação (e integração na sociedade), apesar dos traumas que sofreu: o italiano Ivan Locci, que continua grato ao Brasil.

À época, este era um acidente até corriqueiro: um jato de álcool lançado ao fogo, a partir de uma garrrafa plástica, que retornava ao corpo da pessoa e fazia nele um incêndio particular. As crianças eram as vítimas mais frequentes, a ponto de o álcool líquido ter sido substituído no comércio pelo álcool em gel. Muitos adultos, nos churrascos e nas fogueiras juninas, também sofreram destes males, ou foram responsabilizados pelos sofrimentos de seus filhos (e foi, aliás, o caso do pai de Ivan Locci).
Agora, como recurso na defesa contra a pandemia, o álcool 70° está de volta às lojas, e às casas, e seus riscos também. Diante do caos da saúde pública (que já existia, mas está sendo levada ao absurdo), dificilmente quem se queimar no uso do álcool terá tratamento de qualidade. Nem, muito menos, o tratamento especialíssimo que o garoto Ivan Locci teve, o de ser operado pelo mais importante cirurgião plástico brasileiro (talvez do mundo, à época), o médico, professor e até membro da Academia Brasileira de Letras, o Dr. Ivo Pitanguy.

Ivan Locci - Rio de Janeiro, 1984 - Foto Guina Araújo Ramos

Fotografei o menino Ivan Locci, para o Jornal do Brasil, no anos de 1984, em um pequeno hotel do bairro do Flamengo, durante um dos seus vários retornos ao Rio de Janeiro, para revisão das cirurgias que vinha fazendo desde 1981, as quais recuperaram minimamente as feições do seu rosto.
Fiquei feliz de encontrar agora, revendo o assunto em pesquisa na Internet, algumas imagens recentes de Ivan Locci, de um evento do ano de 2017, em Gênova, na sua Itália natal.

Fico feliz também por recuperar a figura de Ivo Pitanguy, com quem tenho a alegria adicional de dividir a data de nascimento, 5 de Julho, a quem também fotografei, em sua famosa clínica da Rua D. Mariana, mas lamento não ter em mãos estas fotos (creio que para Fatos & Fotos, por conta de alguma celebridade que ele “retocara”, como Marisa Berenson). E nem saber mais como encontrá-las.

domingo, 1 de novembro de 2009

Todo cuidado é pouco

por Eli Halfoun
É inacreditável e inconcebível, mas está na primeira página da edição do Jornal do Brasil de domingo 1/11: os acidentes domésticos já são a principal causa de morte entre as crianças e a mais constante é o afogamento, responsável pela maioria dos casos registrados na faixa de 0 a 4 anos. Acidentes são acidentes e embora aconteçam alheios à nossa vontade podem ser perfeitamente evitados, o que significa dizer que todo cuidado é pouco, especialmente com as indefesas crianças. A mortalidade na infância teve uma grande queda, o que permitirá ao Brasil alcançar (até que enfim) em quatro anos uma das metas do Milênio da ONU. Ainda assim as mortes provocadas pelas chamadas causas externas, entre as quais está a violência, cresceram (ta na cara) e afetam faixas etárias cada vez mais precoces. A morte de crianças não deve ser um recorde do qual o Brasil possa orgulhar-se, ainda mais quando muitas delas ocorrem por afogamentos em simples bacias domésticas, como ocorreu há dias com uma menina de 4 anos, em Ribeirão Preto, São Paulo. Fica claro e na superfície que é preciso estar mais atento com nossas crianças. E isso começa dentro de casa.