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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Adesivo do golpe: as forças que querem derrubar Dilma Rousseff acabam de ganhar um símbolo. O logotipo da "gloriosa Revolução Coxinha" já está nas ruas.

por Flávio Sépia
Entre as chamadas classes mais endinheiradas, Dilma Rousseff nunca teve tanto apoio, mesmo quando a sua popularidade alcançou melhores índices. Quanto mais perto do topo da pirâmide, mais ódio a primeira mulher presidente despertava. A crise econômica, política, administrativa e as denúncias de corrupção sempre expostas quando miram o governo e sempre escondidas quando atingem partidos de oposição (casos do metrô de SP, mensalão mineiro, caso Cachoeira, esquemas de sonegação e, mais recentemente, o escândalo que envolve um governo do PSDB, o de Beto Richa, no Paraná), tudo isso junto e misturado acossa o governo Dilma. Por outro lado, a presidente também se distanciou das organizações da sociedade, dos movimentos populares, únicas forças capazes de oferecer apoio a um governo que não pretenda paralisar programas sociais e levar o país a abrir mão de conquistas importantes para a população. A razão principal desse afastamento é a opção que o governo fez por um arrocho que atinge exata e prioritariamente os não-privilegiados.
Recém-eleita democraticamente, é claro que Dilma deve ter seu mandato respeitado. As instituições estão ativas, o Congresso está aí, para o bem e para o mal derrotando o governo sob o comando de dois políticos antes execrados e que, ao confrontarem Dilma, ganharam o apoio súbito e entusiasmado da oposição e da mídia. Viraram paladinos da República. Os tribunais superiores estão funcionando, com algumas instâncias até empenhadas em apertar o cerco à presidente. Onde isso vai dar? Não se sabe. Mas há sinais de que os caminhos que se abrem são perigosos. Não é mais segredo e nem os "conspiradores" falam em voz baixa - ao contrário, a ala mais à direita ainda do PSDB já assume abertamente que trabalha para derrubar Dilma Rousseff - que a "Revolução Coxinha" avança e, para isso, "meios legislativos e judiciais" (tal como no Paraguai, Honduras e Ucrânia, países que sofreram golpes com aparência "legal") são acionados, enquanto a mídia de mercado cuida do trabalho junto à opinião pública. Já há um clima de caça a quem não concorda com o pensamento dominante de "Delenda Dilma".
Campanha financiada: o adesivo que simula "penetração"
estava à venda em um site de eComércio.
Opositores de Dilma criam
a marca do golpe: "Revolução Coxinha" já tem logotipo.
Foto: Reprodução
Que o digam, Jô Soares, pela entrevista com Dilma, e Marieta Severo, por ousar apontar ações positivas dos governos do PT e por não concordar com o golpe; o passageiro agredido em uma avião por estar lendo a Carta Capital;  o jovem ameaçado na rua por usar camisa vermelha, o ex-ministro Guido Mantega, que foi alvo de xingamentos, palavrões e, por pouco não sofreu agressão física em um hospital e em um restaurante; o envio de "agentes" provocadores a congressos ou eventos ligados ao PT com o claro intuito de criar situação crítica e potencialmente arriscada. Tais casos apontam para uma escalada. E cada vez fica mais claro que há uma coordenação de atos e uma visível demonstração de que, nos próximos meses, os limites do bom senso serão ultrapassados.
Se faltava um logotipo à campanha organizada para o golpe contra Dilma, não falta mais.
O adesivo da "Revolução Coxinha", talvez o que melhor retrata o nível dos conspiradores, já está nas ruas.  

A PROPÓSITO, LEIA NA CARTA MAIOR, ARTIGO DE LÉA AARÃO REIS, CLIQUE AQUI