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domingo, 24 de abril de 2011

Bomba do Riocentro: 30 anos, o terror da ditadura

A foto de Frederico Mendes publicada na Manchete. Reprodução.
O JB com as "conclusões" do falso inquérito.
O cartaz do show de 1° de Maio de 1981. 
O Globo de hoje publica matéria dos repórteres Chico Otávio e Alessandra Duarte que revela uma agenda com nomes e codinomes ligados a uma organização terrorista chamada "Grupo Secreto". A agenda com telefones estava no bolso do terrorista ferido e não foi investigada pelos responsáveis pela simulação de investigação. O grupo praticou outros atentados, um deles o que causou a morte de Lida Monteiro, secretária da OAB.
por Gonça
O atentado terrorista do Riocentro, praticado por militares que não se conformavam com os sinais de abertura política e a perspectiva do fim da ditadura, completa 30 anos. A bomba foi detonada no dia 1° de Maio de 1981. O objetivo era atingir a plateia de um show que acontecia no interior do pavilhão. Os autores esperavam assassinar algumas centenas de pessoas e, com isso, instalar um caos social que justificaria o reendurecimento do regime. Deu errado, uma bomba explodiu no colo de um dos terroristas, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, e feriu o outro, o então capitão Wilson Dias Machado. Niguém foi punido. O governo dirigiu as investigações, montou um relatório circense, alegou que os militares foram vítimas de uma "armadilha" e que a esquerda era responsável pelo atentado. O capitão-terrorista seguiu sua carreira normalmente, com as devidas promoções. A redação do Jornal Nacional chegou a ser ocupada por militares por ter mostrado em uma das edições que havia mais duas bombas no interior do Puma onde estavam os terroristas. A tropa que invadiu a TV Globo impôs o desmentido e as supostas "bombas" viraram, no dia seguinte, simples cilindros de gás lacrimogênio. A revista Manchete, assim como todos os veículos, estava no local para cobrir o show. O fotógrafo Frederico Mendes fez imagens do Puma nos primeiros momentos após a explosão. A ditadura ainda resistiria por quatro anos, formalmente,  mas teve forças para conduzir o processo eleitoral indireto que nomeou Tancredo Neves como presidente, em 1985. E, com a morte deste, exibiu poder de pressão suficiente para atropelar a lei e escalar um apoiador do regime militar, José Sarney, para o Planalto, em lugar do vice de Tancredo, Ulysses Guimarães, considerado menos confiável pelos generais. Os militares permaneceram mandando por muitos anos, as leis de exceção não foram alteradas imediatamente (muitas estão aí até hoje) e o ato terrorista foi arquivado, sem culpados. Na época, Carlos Drummond de Andrade ironizou: "Teria ocorrido o trágico engano de caçar passarinho no Riocentro no interior de um automóvel chapa-fria?"