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terça-feira, 15 de março de 2016

Há 70 anos, o jogo era proibido no Brasil. O Congresso deve votar em breve projeto que legaliza cassinos. Curiosamente, em um país que costuma demolir a memória, antigos prédios que abrigaram roletas, mesas de dados e cartas, além de grandes shows, sobreviveram à especulação imobiliária...

No dia 30 de abril de 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra mandou fechar todos os cassinos do Brasil. Foi há 70 anos. Na verdade, o decreto de Dutra, inspirado pela Igreja Católica e setores conservadores, proibia todos os jogos de azar.

Mas apenas os grandes cassinos legalizados sumiram do mapa. Loterias, jogo do bicho, bingo (sob o rótulo de "beneficente", esse tipo de jogo de azar continuou a ser realizado em quermesses promovidas pela própria Igreja Católica) não saíram da cultura popular.

Mesmo a roleta continuou a girar, embora clandestina, em mansões alugadas, sem os grandes shows que animavam os jogadores, em bairros mais remotos das grandes capitais. Muitos clubes elegantes, onde a polícia pensava duas vezes antes de entrar, fizeram de salões discretos um cassino para figuras ilustres e selecionadas. Diz-se que essa prática resiste até hoje.

O Brasil tinha perto de 100 cassinos, na época, que empregavam mais de 40 mil trabalhadores fixos, além de cantores e bailarinos contratados para shows.

Há vários projetos no Congresso pela legalização dos cassinos. Pelo menos um deles está em fase final de tramitação e deve ser votado em breve.

Assim como há um lobby pela aprovação, há setores que ainda se apegam ao moralismo hipócrita da década de 1940 e atuam para barrar a iniciativa. É uma discussão ultrapassada, já resolvida nos países desenvolvidos ou naqueles que vivem do turismo. A ilha do atraso é o Brasil.

O país perde significativa soma de recursos e exporta empregos já que muitos brasileiros viajam ao países vizinhos, como Uruguai, ou embarcam em cruzeiros que oferecem roletas, dados, bacará e afins. Isso, sem falar nos cassinos on line sediados lá fora e acessado por milhares de internautas brasileiros.

Proibir o jogo no Brasil, hoje, é burrice ou pressão corporativista de quem acha que poderá ter interesses eventualmente contrariados na área de entretenimento. A esses grupos se juntam alguns pastores e padres que acham que o pixuleco sagrado dos fiéis que os sustentam pode ir parar no pano verde.

Durante muitos anos, empresários que administravam cassinos no Brasil fizeram manutenção nos equipamentos e preservaram móveis e imóveis por julgarem que, em pouco tempo, o decreto seria suspenso. Governos se sucederam mas a proibição não foi levantada.

Talvez esteja nessa expectativa que jamais se realizou a explicação para um curioso fenômeno arquitetônico.

Em um país que não costuma respeitar muito a memória e demole facilmente prédios que contam a história das cidades, é surpreendente constatar que muitos edifícios que abrigaram o jogo permanecem em pé e sobreviveram à especulação imobiliária. Há vários desses antigos cassinos em capitais ou no interior, como no circuito das águas, em Minas, e cidades paulistas, incluindo Santos. Veja nas reproduções abaixo alguns desses prédios que abrigam atualmente instituições públicas ou privadas mas que durante décadas aguardaram, em vão, a roleta voltar a girar.

Cassino da Urca hoje abriga uma escola de desenho industrial

Cassino Icaraí, atualmente da Universidade Federal Fluminense.

Hotel Copacabana Palace operava um luxuoso cassino. Hoje, o Golden Room
e o salão principal onde ficavam as roletas recebem eventos. 

Hotel-Cassino Quitandinha, em Petrópolis, é, atualmente, um condomínio.

Cassino do Lago, em Lambarí, MG

Cassino da Pampulha, em BH, hoje é um museu.

Cassino Americano, Recife. Hoje é uma churrascaria.

Como exemplo de que os cassino não eram atrações apenas nos grandes centros,
 este é o Cassino Sul-Americano, em Crato, interior do Ceará. O prédio é até hoje preservado.