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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Caso Daniela Perez: o direito de uma mãe de tentar sofrer menos


por Eli Halfoun
Leio na imprensa que a Rede Record está proibida de reprisar a recente entrevista que o excelente repórter-apresentador Marcelo Rezende fez com Guilherme de Pádua, o assassino da jovem, bela e talentosa atriz Daniela Perez, morta há 20 anos. Nem a Record pode reprisar a entrevista e nem qualquer outra emissora pode focalizar o assunto com novas entrevistas e exibindo imagens da jovem Daniela. A determinação é da Justiça atendendo a um pedido da mãe de Dani, a autora Glória Perez. Glória está coberta de razão: já sofreu muito para vira e mexe ver imagens e o nome de sua filha relembrando o terrível episódio que ela, Glória, tem todo o direito de tentar esquecer. Ou pelo menos de não querer relembrar com tanta angustia. Guilherme de Pádua foi condenado, cumpriu pena e hipoteticamente está em dia com a Justiça, mas jamais estará em dia com sua consciência e com a dor que causou em uma mãe que perdeu brutalmente a doce filha.
Não se trata, como querem alguns, de cercear a liberdade de imprensa, mas sim e apenas de reivindicar respeito emocional, que a já tão sofrida Glória sem dúvida merece. A desnecessária exposição de um caso julgado me faz lembrar episódio que aconteceu na revista Amiga quando eu a dirigia. Depois de muitas tentativas a repórter Claudia Lopes conseguiu uma entrevista exclusiva com Pádua (ainda não julgado e condenado) na cadeia. Não tive dúvidas e publiquei na íntegra (na época o caso era ainda muito importante como notícia) e lembro que Glória achou que eu a havia desrespeitado ao dar voz para um assassino. Não era caso de desrespeito. A admiração que sempre tive por Glória jamais me deixaria desrespeitá-la, mas na época tentei fazer apenas um bom trabalho jornalístico. Pádua foi capa da Amiga, esgotou a edição nas bancas e mesmo assim imediatamente após a publicação da entrevista Raul Gazola, a pedido da então sogra Glória Perez esteve na Manchete para falar com Adolpho Bloch. Fui chamado pelo Adolpho que em nenhum momento criticou o trabalho, ou seja, a publicação da entrevista, mas exigiu que eu entregasse para Gazola as fitas com a entrevista. As fitas foram entregues.  Até hoje não sei bem o que foi feito delas, mas estou convencido que a revista Amiga em nenhum momento desrespeitou os envolvidos no caso. O fato é que entreguei as fitas com tranquilidade porque o conteúdo estava impresso. E na imprensa como no jogo do bicho vale o que está escrito. (Eli Halfoun)