Mostrando postagens com marcador críticas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador críticas. Mostrar todas as postagens

sábado, 10 de dezembro de 2022

O falso jornalista

Neymar superou lesão e lutou até o fim. Foto de Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação

por J.A.Barros 

Trabalhei mais de 50 anos em redações de revistas e jornais, no Rio de Janeiro. Fui  diagramador e chefe de Arte de várias publicações e lidei com um número imenso de jornalistas. 

De todos os jornalistas que conheci e com quem trabalhei tornei-me um admirador da consciência profissional daqueles homens e das suas lutas nas reportagens, críticas e crônicas, sempre ao lado e na defesa da moralidade, da ética, da verdade. Nunca vi nem assisti um jornalista, através de sua matéria, procurar atingir a profissão de quem quer que fosse. O erro sim, se os havia, procuravam denunciar quando atitudes ou atos desonestos atingiam a idoneidade de terceiros. 

Entendo que o jornalista, no regime democrático, deve atuar como guardião da honestidade, da igualdade e na defesa de que todos são iguais diante da lei.  Na minha opinião, o jornalista é um herói da sociedade. Ele deve ser o "paladino", o defensor da lei, da ordem, dos valores, um vigilante em favor da sociedadee e que, através de suas apurações, entrevistas, pesquisas e reportagens assim construídas leva ao grande público leitor a verdade dos fatos. 

E o que é um mau jornalista?

Na televisão, o ex-jogador Casagrande, que se tornou, ou o tornaram, comentarista de futebol, passou a atacar gratuitamente o jogador de futebol Neymar que, sem direito de defesa, assiste seu nome e sua profissão serem enlameados por esse pretensioso jornalista, que nunca foi jornalista, mas se veste como tal 

Agora mesmo, nos jogos da Copa do Mundo, ele critiæcou fortemente os jogadores brasileiros Kaká, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo Fenômeno por estarem na arquibancadas dos estádios, assistindo aos jogos da seleção, vestinto ternos pretos, gravata e paletó. É natural que um comentarista de futebol critique campeões mundias por achar que não estavam vestidos de bermudas ou shorts? Não é querer chamar para si a atenção do público que o assiste? 

Talvez Casagrande não saiba, mas a FIFA instituiu o programa Lendas do Futebol através do qual convida craques campeões, de vários países, que marcaram época nos gramados da Copa do Mundo. Casagrande não faz parte desse grupo. Ele foi convocado para a seleção uma única vez, por Telê, em 1986, viajou para o México, mas não entrou em campo: ficou no banco, era reserva de Careca e Muller. E o Brasil perdeu aquela Copa. 

O Brasil foi eliminado da Copa do Mundo pela Croácia. Empatou de 1X1 no jogo e perdeu de 4X2 nos pênaltis. O gol do Brasil feito na prorrogação foi de Neymar, aliás um belo gol, driblando o goleiro. Mas, mesmo diante desse único gol feito pelo Neymar, Casagrande foi  buscar razões para culpá-lo pela eliminação da Copa. Por decisão do treinador, que o colocou com o quinto jogador brasileiro a cobrar a penalidade, Neymar nem sequer teve a sua vez: a Croácia fechou a conta antes. 

Críticas são válidas, torná-las pessoais, não. Tite, o técnico da seleção, não conseguiu, na minha opinião, formar um time de futebol. Não vamos procurar culpados pela eliminação do Brasil. Se erros aconteceram, vamos procurar na origem na formação desta Seleção. E vamos encontrar muito erros e tentar não repeti-los na próxima seleção a ser formada.O treinador Tite já se colocava como demissionário da função, a seu pedido, ganhando ou não a Copa do Mundo. Outro ciclo vai começar.

Mais uma vez perdemos uma Copa do Mundo por erros e interpretações equivocadas do  comando da seleção brasileira.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mídia - Vale tudo por dinheiro? Até fake news de bolsomédicos? Jornais recebem críticas por veicular matéria paga mentirosa sobre "tratamento precoce" contra a Covid-19.


por José Esmeraldo Gonçalves

O Brasil assistiu ontem a um derrame de fake news, provavelmente um dos maiores já registrados na grande mídia. A mentira foi levada aos leitores em forma de matéria paga. Os jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Povo, Jornal do Commércio (PE), Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio (BA), e Zero Hora (RS) publicaram o anúncio assinado por bolsomédicos de Pernambuco, que provavelmente seguem os ensinamentos do "Dr. Bolsonaro", representados por uma certa "Associação Médicos Pela Vida", pregando o uso de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no combate à Covid-19. 

A ineficácia desses medicamentos para o combate à Covid-19 está exaustiva e cientificamente comprovada por cientistas e institutos de pesquisa em níveis nacional e mundial, além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). 

O estranho anúncio tem muito de ideologia e nada de ciência.  

A publicação do material comprovadamente mentiroso levantou uma questão; se os jornais apregoam "código de conduta" para o conteúdo jornalístico, como não exigir ética e honestidade das matérias pagas? Basta pagar que o jornal veicula? 

A repercussão foi péssima e hoje alguns jornais, como a Folha e O Globo, caíram na real é publicam matérias demonstrando a falsidade das alegações dos bolsomédicos. Melhor que essa contestação tivesse sido publicada na mesma edição da fake news paga. O material circulou por 24 horas e certamente ajudou a disseminar perigosas "informações" sobre a pandemia. 

De qualquer, forma, mesmo tardia, desmascara a informação falsa. Agências de checagem também desmentiram o tosco e suspeito "manifesto".


ATUALIZAÇÃO EM 25/02/2021 - O Centro Knight de Jornalismo, ligado à Universidade do Texas, fez matéria em português e nas versões internacionais do site sobre a repercussão da polêmica matéria paga publicada em jornais brasileiros. A reportagem é assinada por Julio Lubianco, Leia a seguir: 


"Pelo menos oito jornais brasileiros publicaram na terça-feira, dia 23, um informe publicitário em que uma obscura associação de médicos defende a adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da COVID-19, cujo benefício não é cientificamente comprovado. A decisão das empresas jornalísticas de abrir espaço, ainda que publicitário, para a veiculação de informações falsas sobre a pandemia gerou críticas.

“Folha de S. Paulo e O Globo erraram feio em aceitar anúncio de tratamento precoce no caderno principal. Não dá para criticar as mídias sociais por difundirem desinformação e fazerem igual num meio com controle editorial. Às vezes os princípios precisam valer mais do que o dinheiro,” escreveu Pablo Ortellado, coordenador do laboratório interdisciplinar Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), no Twitter.

Além de Folha e Globo, os dois maiores do Brasil, outros seis jornais estamparam o informe publicitário: Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio, O Povo e Zero Hora. A organização que assina o anúncio é a Associação de Médicos pela Vida, cujo site esteve indisponível ao longo de terça e em parte de quarta-feira. "

A matéria completa está no link AQUI

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Diretora da Vogue faz festa na Bahia e rede social vê racismo em noite temática de sinhás e mucamas

Donata Meireles, diretora da Vogue Brasil, em modelito sinhá&mucamas. Reprodução Instagram
Repercute nas redes sociais uma bizarra festa de aniversário de Donata Meireles, que acumula o ofício de socialite com o de diretora da Revista Vogue Brasil.

Tão logo começaram a circular na web, as fotos da festa dos 50 anos da Meireles provocaram reações. O regabofe parecia ter o Brasil Colônia como "conceito", como costumam rotular os marqueteiros. Se Debret fosse convidado para a festa, realizada no Palácio da Aclamação, em Salvador, teria se sentido à vontade entre suas fontes de inspiração: só faltou o pelourinho, havia "mucamas", "sinhás", tronos e abanadores.

Como lembrancinha da volta ao passado, convidados posavam em tronos ao lado de "escravas". Aniversariante e convivas talvez esperassem likes e carinhas alegres a enfeitar as postagens rede social afora. Foi aí que entrou areia no coco e o acarajé passou do ponto. O bombardeio foi de críticas que assinalaram teor "racista' da badalação. A aniversariante pediu desculpas. se "causamos uma impressão diferente". Taoquei, mas entre mucamas, abanadores e tronos, que impressão deveria ser passada?

Houve quem gostasse. Segundo a colunista Paula Saldanha, do site GPSLifetime, "a brasilidade vibrou" na noite e "quem embalou os convidados foi o nativo Caetano Veloso". A coluna não informa se Caetano cantou "eu sou neguinha".


domingo, 27 de janeiro de 2019

A caça a Neymar...

Reprodução L'Equipe 
por Niko Bolontrin 

A habilidade de Neymar parece incomodar parte da mídia esportiva europeia.

A mesma crítica às vezes ecoa em mesas-redondas da TV brasileira.

O jogador já sofreu graves contusões, como a gravíssima joelhada na coluna que o tirou da Copa de 2014, a fratura no pé direito que comprometeu seu rendimento na Copa de 2018, faltas violentas por trás e o pisão no tornozelo em jogos do mesmo mundial. Quase sempre, ele não é considerado vítima, mas culpado por um suposto cai-cai e acusado de "prender demais a bola".

Na última quarta-feira, no jogo do PSG contra o Strasbourg, Neymar foi caçado em campo e sofreu mais uma contusão, no mesmo pé direito fraturado há um ano. Os médicos vão aguardar alguns dias antes de avaliar a gravidade e se será necessária nova cirurgia. Se for esse o caso, Neymar deverá ficar afastado dos gramados por três meses. O jornalista Leo Escudeiro postou no twitter cenas que mostram Neymar levando três chutes em um mesmo lance. O brasileiro se irrita e logo depois dá sua resposta ao agressor: uma carretilha genial que deixa o adversário pereba humilhado no chão.

A técnica e a criatividade de Neymar encantam estádios, mas diante da omissão dos árbitros têm lhe custado caro. Não há dúvida de que as críticas ao alegado cai-cai são um incentivo aos adversários que batem contando com a complacência provocada pela difusão do "Neymar está fingindo".

Se for operado, o brasileiro não participará dos próximos jogos da Liga dos Campeões e poderá ficar de fora da Copa América ou, no mínimo, entrar em campo fora das suas condições ideais. 

segunda-feira, 26 de março de 2018

Leia no Meio & Mensagem: sobrou pra Netflix...


(do Meio & Mensagem)

Há pouco mais de 15 dias, Reed Hastings, CEO da Netflix, esteve no Brasil para a festa de estreia da série “O Mecanismo”. A presença de Reed e outros executivos do alto escalão do serviço de streaming mostrava a importância que a empresa dava à produção dirigida por José Padilha, que já havia trabalhado com a Netflix em Narcos.

Após sua estreia, no entanto, na última sexta-feira, 23, a série está gerando o primeiro boicote à plataforma que se tem notícia e sendo considerada por alguns internautas como “maniqueísta”.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI

terça-feira, 6 de março de 2018

Editor de Arte do novo JB deixa o jornal. Carlos Negreiros, que trabalhou na Amiga e Mulher de Hoje, aponta equipe insuficiente e "falta de expertise" como fatores de falhas


A volta do Jornal do Brasil impresso foi celebrada pelos cariocas. A cidade tem uma inegável ligação afetiva com o JB.

Isso não quer dizer que a tarefa de reerguer a marca seja fácil.

Duas semanas após o relançamento, a redação sofre um importante baixa. O editor de Arte Carlos Negreiros deixa o jornal.

As primeiras edições do JB mostraram falhas compreensíveis para um começo de trabalho, mas além do aceitável. Alguns subtítulos, legendas e créditos de foto não foram preenchidos e acabaram publicados com os códigos técnicos indicativos de formato. Faltou revisão mais caprichada também. Em texto na sua página do Facebook, Negreiros relata a crise interna e opina sobre os motivos das falhas. "Infelizmente, o resultado de todas as mazelas foi atribuído à Editoria de Arte. Diante desse quadro, minha situação como Editor de Arte do nosso querido JB ficou muito desconfortável culminando com a minha saída".

Carlos Negreiros trabalhou no JB nos anos 1980 e no começo da década de 1990. Entre outros veículos, foi diretor de Arte das revistas Amiga e Mulher de Hoje, da extinta Bloch.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Noite de horror no STF. Foi punk

por Flávio Sépia 
O STF comemorou ontem, antecipadamente, o Halloween. Foi terror na veia dos brasileiros que se ligaram na Globo News ou na TV Justiça. Os ministros passaram o dia discutindo se o tribunal poderia punir parlamentares sem consultar o Congresso. Em tese, debatiam a Constituição. Na prática, o voto seria contra ou a favor de Aécio Neves, atualmente investigado por corrupção.

A disputa acabou em 5X5 e coube à presidente do STF desempatar. Visivelmente hesitante, Carmen Lúcia embolou o meio de campo, deu a entender que não captou a essência dos votos lidos, foi salva por uma redação de Celso de Mello e, no fim, deu jogou o destino de Aécio nas mãos dos seus pares do Congresso.

O Globo, por exemplo, dedica uma página à votação de ontem, mas a matéria asséptica, acrítica, em tom oficialesco, não consegue passar quase nada do que o STF viveu.

Acredite, foi punk.

Com a votação transmitida ao vivo (ainda bem), milhares de brasileiros assistiram ao bizarro reality show da dona Lei. Se Aécio venceu ou não, o STF, em sua confusa e seletiva decisão, foi o grande perdedor.

Melhor curtir o feriado e ver um pouco das reações dos internautas nas redes sociais. São mais divertidas e verdadeiras.






sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A Veja caça o Coelho...



Paulo Coelho completou 70 anos, ontem. Hoje deve ter acordado com uma ressaca mística. Ou sonhou que era um coelho que passava pela Marginal Pinheiros, em São Paulo, e um caçador o alvejou a partir de uma janela, como um Lee Oswald virtual. Deve estar preocupadíssimo com o texto que um escritor catarinense, ex-seminarista, escreveu na Veja. Foi seu "presente" de aniversário. O cara demoliu Paulo Coelho, a quem chama de "carioca mitômano".

O texto-hater é assinado por Maicon Tenfen, cujo perfil na Wikipedia fala mais sobre sua vida, de como ia de bicicleta para a escola, do que sobre sua obra. Mas Tenfen já escreveu 11 romances e tem dois prêmios: Concurso Nacional de Contos de Araçatuba (SP) e Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, em Campos de Toledo (PR), cidade que é conhecida pela sua maior festa, a do "Porco no Rolete".

"Pode ser um escritor de estilo frouxo, mas pintou e bordou no mundinho miúdo da literatura brasileira. Sua principal contribuição já está dada, e é preciosa num cenário carente de autocrítica. Escancarou a extraordinária grandeza da nossa mediocridade". Com essa última frase, Teffen finalizou sua pensata na Veja.

Nem sempre foi assim. Em 2008, Maicon Tenfen foi entrevistado pelo blog "Sarau Eletrônico" e comentou que sua tese de mestrado era o best-seller e Paulo Coelho, a quem chamou de "fenômeno", seu objeto de estudo. Na época, admitiu que existem narrativas de best-seller "que realmente são muito boas, que têm novidade".

Mais adiante, resumiu sua opinião: "Quanto ao Paulo Coelho, por exemplo, digo que não gosto do tipo de livro que ele faz, vejo alguns problemas sérios na elaboração do texto, na trama, mas para mim é inegável que ele tem uma autenticidade. Principalmente nos primeiros livros ele veio com uma proposta “verdadeira”, na qual ele mesmo acreditava. E fez aquilo com naturalidade. Depois, claro, vêm as imitações, e às vezes o próprio autor vira um plágio de si mesmo"

No artigo para a Veja, Maicon Tenfen não chega a ser original na ferocidade. Paulo Coelho foi admitido na Academia Brasileira de Letras, mas nunca deixou de ser alvo dos críticos, especialmente os brasileiros. Tem legiões de seguidores e também de "haters" na internet.

Talvez seja apenas um escritor que aplica uma receita descomplicada, um "mago" que não faz grandes mágicas na linguagem, não cria personagens de grande profundidade, mas consegue oferecer aos leitores das mais diversas culturas um dial para sintonizar didática e parábolas aplicadas às vidas de cada um. Compra quem quer. Nas letras que fez para Raul Seixas já havia ingredientes dessa fórmula.

Não é nenhum Prêmio Nobel, mas nem críticas, nem teses de doutorado foram capazes de explicar Paulo Coelho e seus 210 milhões de exemplares vendidos no mundo, publicados em mais de 170 países e em 81 idiomas.

Nem a Veja ou Maicon Tenfen e seus sei lá quantos livros vendidos.

O Salgueiro tem, há décadas, o lema "Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente.

Vai ver, o carioca Paulo Coelho é Salgueiro.

domingo, 11 de junho de 2017

Boni pede demissão de Conselho de Turismo e revela que Prefeitura do Rio ameaça atravessar o samba no Carnaval 2018...

Reprodução
O Carnaval é um dos principais produtos culturais e turísticos do Rio de Janeiro.

Entre blocos e Sambódromo - aí incluídos os dias de ensaios abertos - e quadras das escolas com shows a partir de outubro, a festa atrai milhões de pessoas (em 2016, apenas nos dias de carnaval propriamente dito, foram 5 milhões de foliões) e gera receitas com turismo em torno de R$ 3 bilhões.

Tudo isso está em risco.

Convidado pelo prefeito Crivella, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, participava de um Conselho de Turismo que pretende contribuir com projetos para melhor aproveitamento do potencial do setor, no Rio.

Na semana passada, Boni, decepcionado com o marasmo, se desligou do Conselho. "Queria fazer inovações, mas não acontece nada, ficará tudo como está ou pior", confessou o empresário à coluna Gente Boa, do Globo.

Boni conhece carnaval e foi o responsável pela parceria entre as escolas de samba, representadas pela Liesa, e a TV Globo, que, queiram ou não, foi acordo fundamental para o crescimento do evento a partir da década de 1970.

A Globo, no ritmo dos seus interesses comerciais e de entretenimento, claro, entrou com uma extraordinária divulgação dos desfiles; e as escolas profissionalizaram o evento embaladas pelo talento de nomes como Joãozinho Trinta, Fernando Pamplona, Rosa Magalhães, Laíla, Max Lopes, Arlindo Rodrigues, Renato Laje, Paulo Barros, Leandro Vieira e tantos outros.

As revistas Manchete e Fatos & Fotos também tiveram participação histórica na valorização do carnaval, isso desde anos 1950 e 1960, com amplas coberturas. Em 1984, inauguração do Sambódromo, a Globo, então fazendo violenta oposição ao governo Leonel Brizola, não quis transmitir os desfiles. A Rede Manchete agradeceu, pediu passagem, ficou com a exclusividade naquele ano, registrou grandes audiências e ainda mostrou a Mangueira campeã. No ano seguinte, Boni colocou a Globo de volta na avenida em parceria com a Rede Manchete. Esse acordo durou vários anos. As revistas Manchete, Fatos & Fotos, Amiga e a Rede Manchete dividiam uma área de conteiners de produção no Sambódromo com a Rede Globo e, certamente, muitos repórteres do grupo Bloch viram o Boni em campo, na pista e na concentração, comandando pessoalmente a cobertura global.

Além de uma reconhecida paixão pelo carnaval, o então todo-poderoso da Globo tinha entre seus amigos alguns dos mais famosos patronos das escolas de samba. Jamais escondeu isso. Com els, dividia mesas na Plataforma, uma espécie de templo carioca encravado no Leblon.

Por tudo isso, no Conselho de Turismo de Crivella, Boni era o PhD do carnaval.

Já estamos em junho e se Crivella não disse a que veio nem em relação à própria administração e parece indeciso entre ser prefeito e orar em missão religiosa no exterior, porque daria atenção ao Carnaval? O prefeito sequer recebeu os representantes das escolas. No momento, os trabalhos na Cidade do Samba estão paralisados, o sorteio da ordem dos desfiles pode ser suspenso, funcionários foram demitidos, e não se sabe quanto será investido em forma de subvenção (e esse investimentem torno de 60 milhões de reais é um dos motores dos cerca de 3 bilhões que a cidade fatura, com turismo, consumo e serviços, durante o Caraval). Os blocos, também protagonistas da festa, têm queixas, a Riotur promete mudanças, mas a indefinição é o enredo do momento  em todas as alas.

Foi esse quadro de falta de transparência, excesso de burocracia, influências políticas e amadorismo que Boni, sem fantasias, colocou na rua.


quinta-feira, 2 de março de 2017

Carnaval, Portela, acidentes, blocos, polêmicas...

Comemoração na quadra da Portela; legítima campeã. Foto Agência Brasil. 

* Esse carnaval deveria ser lembrado apenas pela merecida vitória da Portela. Madureira vibrou, chorou, cantou, após 33 anos de espera. Um título que fazia falta ao Rio. A Portela é a maior vencedora dos desfiles das escolas de samba, mas amargava um penoso jejum. Infelizmente, o Sambódromo não foi só a avenida da festa. Os acidentes com os carros da Tuiuti e Unidos da Tijuca são o ponto cinza no show de cores. Devem ser rigorosamente apurados e identificados os responsáveis. A perícia determinará se foi falha estrutural, mecânica ou erro humano. No caso do carro da Tuiuti, o motorista, segundo seu depoimento, teria recebido ordens desencontradas de várias pessoas ao fazer a manobra, além disso, tinha pouca visibilidade e estreava na função. Mas a polícia ainda examina outros componentes e acessórios do veículo e colhe depoimentos. A conclusão da investigação deve demorar alguns dias. No caso da alegoria da Unidos da Tijuca, várias hipóteses são especuladas; excesso de peso, falha estrutural e o suposto não travamento, por falçha humana, de um pistão etc. Aguarde-se o relatório oficial.

* A Liesa (Ligadas Escolas de Samba do Rio de Janeiro) se reuniu com os presidentes de todas as escolas e decidiu que, em função do acidente que deixou mais de 30 feridos e afetou o espetáculo, nenhuma agremiação seria rebaixada. A medida tem provocado críticas, embora não seja inédita. Em uma ocasião, pelo menos, quando houve um incêndio na Cidade do Samba, com destruição de alegorias de várias escolas, o rebaixamento também foi cancelado. De qualquer forma, há quem interprete que a ausência de punição para as escolas envolvidas, sem que os inquéritos tenham sido concluídos e as responsabilidades claramente apuradas, é um precedente arriscado e pode levar a uma insegurança em termos de regulamentos dos desfiles.

Reprodução FSP
* Dizem que uma das características dos jornalistas é tirar conclusões muito rápidas. Eles sacam um fato e com a rapidez de um pistoleiro do Velho Oeste determinam o que aquilo significa para o destino da humanidade. Um articulista da Folha decretou que "o carnaval do Rio é "arcaico e indulgente com a segurança". Esses dois acidentes são os piores da história dos desfiles que, ao longo de décadas, registraram imprevistos bem menos graves. Na maioria, carros quebrados, sem vítimas, e dois acidentes mais perigosos: um incêndio que poderia ter consequências graves mas foi debelado a tempo, e um destaque que se desequilibrou com o movimento da alegoria e se feriu com gravidade na queda. O caso do desfilante acidentado resultou no aperfeiçoamento das barras protetoras e no uso de cabos de segurança para os destaques em posição mais crítica. O incêndio reforçou medidas como extintores e novos parâmetros materiais e de instalações elétricas. Não dá para condenar precipitadamente toda uma festa que não tem um histórico de acidentes graves. Seria o mesmo que banir jornais das bancas por causa do famoso caso da Escola Base. E é preciso definir o 'arcaico" lançado assim com uma comissão de frente genérica. A chamada do artigo se refere ao "Carnaval do Rio de Janeiro". A infraestrutura, a cultura, as alegorias, o Sambódromo, o samba, o povão, a Serrinha, Madureira, Oswaldo Cruz, o Rio? Os acidentes desse ano precisam ser levados a sério e devem provocar novas medidas de segurança. Principalmente, em respeito ao público e aos integrantes das escolas. Os desfiles das escolas lotam o sambódromo há semanas, desde os ensaios técnicos às datas oficiais. Atraem mais gente do que a Folha assinantes. Cariocas, turistas e desfilantes não pensam em abrir mão da festa "arcaica", mas merecem segurança total.

* Mais um detalhe que impõe precauções extras: há dois anos, foi retirada a "ponte" ou "torre", como os jornalistas a apelidavam, a plataforma para fotógrafos e TV, no fim da pista, pouco antes da Praça da Apoteose. Foi substituída por uma plataforma lateral provisória. A estrutura fica era um limite natural para a altura dos carros alegóricos, embora, mesmo com a "ponte", alguns carnavalesco tenham recorrido a mecanismos hidráulicos que recolhiam o topo das alegorias para poder passar sobre a estrutura. Os carros são tradicionalmente mais altos desde que a era Sambódromo começou, mas a "ponte" era o último obstáculo para que eles crescessem ainda mais.

* A Liesa costuma fazer um reunião de avaliação dos desfiles. O que se espera é que 2017 deixe lições e gerem medidas de segurança mais rigorosas por parte dos presidentes das escolas, inicialmente e uma fiscalização mais completa por parte das instituições públicas.

* O prefeito do Rio, Marcelo Crivela, foi eleito pelos cariocas de todos os credos, os sem credos, os descrentes e os incrédulos. Certo? Aparentemente, não é o que ele pensa. Ele preferiu ser o vexame da temporada. Primeiro, era esperado na tradicional e simbólica cerimônia de entrega das chaves, deixou carnavalescos aguardando por horas e não compareceu. Preferiu humilhá-los. No mínimo, falta de educação. Depois, não foi ao Sambódromo, nem mesmo para o gesto formal de saudar as escolas e abrir os desfiles. Tornou-se primeiro prefeito do Rio a desprestigiar, no caso, rejeitar, uma das maiores festas da cidade, aquela que atrai mais turistas, gera empregos formais e informais e mais se reflete na arrecadação municipal. A decisão do prefeito foi por motivos religiosos. Só que, como prefeito, ele não representa apenas os fiéis da sua sigla. E mesmo que sua posição fundamentalista fosse o lamentável entrave bem que poderia ter avisado antes e não apenas ficar enrolando. Teria sido uma atitude mais honesta. Não justificaria o desrespeito ao cargo, que não representa uma igreja, mas, como se diz no samba, teria sido um "papo reto" de homem.

Reprodução FSP
* No Irã, a censura do fundamentalismo islâmico mandou cobrir o decote que a atriz Charlize Theron exibiu durante a entrega do Oscar. Espera-se que o prefeito do Rio não chegue a esse extremo como condição dar ao Sambódromo a honra da sua presença no ano que vem.

* As escolas precisam de patrocínio. Algumas já exageraram nos merchandising adotando enredos artificiais e que não funcionaram, a grande maioria, na avenida. Esse ano, em função da crise, foram poucos os patrocínios. Mas foi bom ver desfiles e enredos sem aquelas referências quase explícitas aos patrocinadores.

* Foi bonito ver a Beija Flor encerrar o desfile de domingo e arrastar um multidão. Era o bloco do Sambódromo brincando o carnaval.

* Os blocos fizeram o Rio cantar e dançar. Impressionante é a palavra. Sons e ritmos para todos os gostos, muitas cores e fantasias. E milhões de foliões. Se a infraestrutura (segurança, transporte e banheiros) não acompanha o extraordinário crescimento, os problemas aumentam. Sujeira, roubos, metrô superlotado foram alguns dos problemas. Blocos da Liga Sebastiana, principalmente, estão reivindicando mudanças. Com razão. Os blocos de bairro, que provocaram o renascimento do carnaval de rua e cresceram exatamente em função desse renascimento vitorioso, bancam músicos e segurança privada, por exemplo. A Prefeitura do Rio tem adotado a fórmula de um patrocinador único. Fundadores de blocos tradicionais acham que é hora de rever a exclusividade. Os blocos precisam ter maior participação nos recursos arrecadados. Para alguns, se não houver mudança, será impossível botar o bloco na rua no carnaval de 2018. Melhor ouvi-los.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Show de abertura das Olimpíadas terá cena em que um "menino de rua" "assalta" Gisele Bundchen no ritmo de funk carioca. É sério? É trolagem? Ou é provocação preconceituosa de coxinha da Avenida Paulista?

por Omelete
Difícil de acreditar que isso realmente vá acontecer.   Mas a mídia está repercutindo uma bola fora que está para rolar na Rio 2016.

A modelo Gisele Bundchen foi convocada para participar da cerimônia de abertura das Olimpíadas, protagonizando uma "vítima de assalto". A cena prevista no roteiro não foi bem recebida pelo público presente ao ensaio, ontem, e nem por participantes do espetáculo. Há vários preconceitos embutidos na ideia, seja lá quem tenha sido o seu autor. O "assalto" acontece no momento em que o funk carioca é "homenageado". Isso quer dizer que o funk é trilha sonora de meliante? E, de quebra, estigmatiza meninos de rua. Um pivete "'ataca" Gisele enquanto ela caminha por um "calçadão". Diria que vai pegar mal até para a bela Bundchen. É fria. Pode sobrar uma vaia olímpica para ela.

O mundo está careca de saber que o Rio é um cidade, infelizmente, com altos índices de roubos e assaltos. O que não se sabe é qual a intenção dos criadores do show de abertura: fazer uma denuncia social? Não seria melhor organizar um seminário em São Paulo, na USP, para discutir o assunto?

De qualquer forma, os "geniais" criadores do quadro do "assalto" podem oferecer seu estilo engraçadinho de festejar uma abertura olímpica a outros países. Por exemplo, no Japão, fazer uma coreografia retratando o acidente nuclear de Fukushima. Nos Estados Unidos, lembrar os massacres em escolas e universidades; Em Roma, celebrar a comilança de cristãos por leões no Coliseu e bolar uma quadro sobre os assassinatos da máfia. Vai ver eles emplacam isso no exterior. Ou alguém vai botá-los pra correr rapidinho. Não se sabe se também haverá quadros no Maracanã sobre "saidinha" de banco, estupro coletivo, arrastão em túnel e explosão pirotécnica de caixa forte. E vai ficar faltando fantasiar Gisele de vítima de zika.

Melhor pensar que isso foi apenas uma trolagem no ensaio e que não fará parte do show.

E a perguntinha que não quer calar: terá sido um carioca traíra que bolou isso ou um gênio importado pelo Comitê Olímpico do Brasil?

ATUALIZAÇÃO em 2/8/2016 - Diante das reações negativas e das manifestações indignadas dos cariocas nas redes sociais, o tal quadro teria sido cancelado pelos organizadores. O italiano Andrea Vanier, da empresa ironicamente chamada de "Cerimônias Cariocas", responsável pelo evento, não comentou a polêmica. O cineasta Fernando Meireles, um dos diretores do show, criticou quem divulgou a suposta cena do assalto e, na opinião dele, estragou a festa.
Circulou na internet uma argumentação de quem defende a cena. Diz-de que o "assaltante" não é "assaltante", mas um "ambulante" que é perseguido pela polícia e protegido por Gisele Bundchen.
Se for isso, a cena é também meio repetitiva. Em 2002, em Londres, no show de encerramento dos jogos e na apresentação do Brasil como a sede de 2016, o gari Renato Sorriso entra no palco sambando em câmara lenta e é repreendido por um segurança que tenta tirá-lo de cena. A modelo da vez era a Alessandra Ambrósio. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Gisele Bundchen: aposentada mas na pista a modelo é capa da Vogue Brasil de maio

Aposentada das passarelas mas na ativa em estúdios, Gisele Bundchen é capa da edição comemorativa dos 40 anos da Vogue Brasil. A modelo foi fotografada por uma tropa de elite de fotógrafos. Inez Van Lamsweerde e Vinoodh Matadin fizeram a capa; no miolo, fotos de Henrique Gendre, Zee Nunes, Gui Paganini, Paulo Vainer, Verônica Casetta e Bob Wolfenson. Tudo isso em 80 páginas dedicadas à gaúcha. Mas a capa divulgada na rede está sob bombardeio dos internautas.  "Ficou feia. Muito magra e torta", "Ela é linda mas essa pose ficou horrível", "Está parecendo campanha contra anorexia". "Tábua", "Não está disposta", "Magra demais" são os comentários disparados na nuvem. E alguém viu na foto abaixo, na banheira, um toque de "Jack The Stripper".
Vogue Brasil/Divulgação/Reprodução Instagram