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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

IZA na capa da Glamour de dezembro, hoje nas bancas, com ensaio de Gui Paganini...



Estreando na capa da Glamour, IZA foi entrevistada pela repórter Luanda Vieira. Ela fala sobre a carreira, racismo e fama. Trechos da matéria estão no site da Glamour.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Mídia: revolução digital e democracia


Em entrevista para a GaúchaZH, o jornalista Rosental Calmon Alves fala sobre democracia e revolução digital, o chamado jornalismo declaratório e a consequências do jornalismo neutro. Seguem-se dois trechos da entrevista que você pode acessar no link abaixo.
GaúchaZH - Estamos na era da pós-verdade: o compromisso em discutir com base em fatos não é mais um pressuposto. O terreno é fértil para fake news. O que fazer?
Rosental Calmon Alves - Não gosto muito da expressão "era da pós-verdade", porque é como se a "era da verdade" tivesse sido encerrada. Na realidade, estamos na era dos ataques à verdade ou de assalto à verdade, que ocorre graças a um dos aspectos mais importantes da revolução digital: a democratização da informação. Um dos privilégios que os meios de comunicação tinha era deter quase que o monopólio da distribuição de informações. Isso foi rompido, o que empoderou as pessoas e organizações da sociedade civil a terem algumas dessas habilidades. Para nós, veteranos na revolução digital, essa mudança nos dava um grande otimismo sobre o futuro. Sonhávamos que isso fortaleceria a democracia, que as pessoas seriam mais bem informadas. Mas o sonho virou pesadelo. Não pensávamos que os maus seriam mais eficientes e rápidos do que os bons em aproveitar as características desse novo ecossistema. Chamo de maus aqueles que têm usado a tecnologia para manipular informação, influenciar as eleições e o pensamento político, levando a essa polarização que vemos ao redor do globo.

GaúchaZH - Por definição, o que governantes dizem é notícia ou tem potencial de ser. Mas como lidar com a profusão de declarações de políticos sem base em fatos e na ciência? A imprensa deveria deixar de reportar?

Rosental Calmon Alves - A imprensa não pode usar a mesma metodologia de avaliação do que é notícia que usava no mundo anterior. De maneira geral, na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, vemos que a maior parte da imprensa continua usando esse critério. Em uma situação de assalto à verdade como vemos hoje, o jornalismo feito simplesmente com a mesma neutralidade anterior torna-se um amplificador das mentiras, falsidades que os news makers (pessoas que a imprensa acompanha) tentam levar à população. Sabe-se que muitos leitores não passam da manchete e do primeiro parágrafo da notícia. Se você simplesmente dá uma manchete que reproduz uma falsidade que um poderoso disse, não importa que, no quinto parágrafo, você diga que ele se contradiz. Você já ajudou a espalhar a mentira. O jornalismo é dinâmico e precisa mudar com a criação desse novo ambiente midiático. Deve tomar medidas de precaução para não ser só uma correia de transmissão de mentiras.
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NO SITE DA GAÚCHAZH, CLIQUE AQUI


terça-feira, 30 de abril de 2019

Entrevista - Guina Araújo Ramos - "Sem a experiência do jornal e da revista, lá dentro, você nunca será um fotojornalista":


por Guina Araújo Ramos 
Há alguns meses, em meados de 2018, tive o prazer (e a honra) de ser entrevistado sobre minha experiência como fotojornalista no Rio de Janeiro, do final da década de 1970, na Bloch Editores (Manchete, Fatos & Fotos, Amiga etc), no correr dos anos 80 (no Jornal do Brasil e sucursais de Estadão, Folha, Veja, IstoÉ, Visão), durante a década de 1990 e até após o ano 2000 (empresas, como Shell, Furnas, Petros etc),  à época, assinando as fotos como Aguinaldo Ramos.

Falei também sobre o projeto de pesquisa A Foto Histórica (e suas histórias) no Brasil,
Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2010. E ainda sobre os livros, baseados no meu acervo fotográfico, que publiquei por Guina&dita (A outra face das fotos, Personagem cabal, Bonecos e Pretinhas) e sobre o blog [Os] Bonecos da [minha] História [no Fotojornalismo. 

Uma das imagens comentadas pelo autor. Leonel Brizola, 1982. Foto de Guina Araújo Ramos

A entrevista foi realizada por Thais Rizzo e colegas do curso de Jornalismo da FACHA como trabalho da disciplina do professor Geraldo Mainenti,  que, não por acaso, foi meu colega repórter na Manchete Esportiva e um tanto pelas ruas do Rio. Mestre em Comunicação Social pela PUC-RJ, Geraldo Mainenti é "Professor de Redação e Edição em TV, Projetos em TV,  Práticas em Mídias, 
Legislação em Comunicação,  Antropologia do Consumo e Orientação de TCC"  na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso. A entrevista se deu no Espaço de Exposições do Buriti Sebo Literário.

VEJA AQUI

sábado, 27 de abril de 2019

Mídia - a repercussão da entrevista de Lula, quem fez jornalismo e quem ficou emburrado e fingiu que não viu...

A hastag #FalaLula chegou aos trending topics mundiais do Twitter. Foi imediata a repercussão das entrevistas exclusivas que o presidente concedeu à Folha de São Paulo e ao El Pais.
Do ponto de vista da mídia brasileira, houve particularidades. O Jornal Nacional ignorou o maior acontecimento político do dia. O Globo de hoje, idem. O Estadão passou ao largo.
Pela transcendência do fato, que foi abordado pelas mídias internacionais, não vale o argumento de que o assunto era da concorrência. O Dia não escondeu. Alguns jornais regionais, como Estado de Minas e Correio do Povo registraram a entrevista nas primeiras páginas, discretos, mas registraram. O Globo preferiu destacar o caso da propaganda da Petrobras e uma matéria sobre os milhões de brasileiros que apenas ganham para sobreviver.  O Estadão bateu o bumbo da reforma da Previdência e deu maior espaço para os patinetes elétricos da polícia paulistana. Não repercutiram, não criticaram, não elogiaram e sequer foram saber a opinião de Bolsonaro e do governo sobre o assunto. Apenas, simbolicamente, acomodaram os glúteos sobre a notícia. Esses veículos deliberadamente abriram mão do jornalismo. Se essa decisão editorial caipira fizesse algum sentido, os jornais americanos teriam ignorado o Caso Watergate, que resultou de uma investigação exclusiva do Washington Post. 











sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Alô, Manchete: Gervásio Baptista na Band...

Mensagem do fotojornalista ex-Manchete Hermínio Oliveira. O horário de exibição da matéria
será confirmado oportunamente.


terça-feira, 21 de agosto de 2018

O mago em transe... Paulo Coelho dá entrevista, mas se estressa e pede que repórter apague tudo...


Como parte da divulgação do seu novo livro, "Hippie", Paulo Coelho concordou em dar uma entrevista para a revista XLSemanal, do jornal espanhol ABC. A repórter Virginia Drake parecia desconfiar que a tarde à margem do Lehman, em Genebra, na Suíça, poderia não acabar bem. "Sempre paguei um preço por tudo o que fiz. Por exemplo, esta entrevista", disse o mago, como que abrindo os trabalhos. O escritor se irritou com perguntas sobre sua fortuna, não gostou que a repórter duvidasse quando afirmou "sigo siendo hippie", nem quando disse que "dinheiro é uma abstração",
Veja em XLSemanal a conversa que o mago preferia que não tivesse acontecido.
CLIQUE AQUI 

sábado, 6 de janeiro de 2018

Carlos Heitor Cony - O homem que inventou a si mesmo

Em 2008, anos depois da falência da Bloch, Cony, flagrado pelo celular de Jussara Razzé, olha do lado de fora a muralha
do império da Manchete, onde foi "amigo do Rei". Cony soit qui mal y pense... 


Na mesma ocasião, era o mês de novembro daquele ano, o prédio da velha Bloch
fechado e silenciado, Cony posa para o fotógrafo José Egberto. 

por ROBERTO MUGGIATI 
(texto especial para a revista Contigo, publicado na seção Gente & Histórias em 2013)

Aos 85 anos, completados em 14 de março, Carlos Heitor Cony — depois de uma “parada técnica” — continua escrevendo sem parar, como sempre fez. Jornalista, cronista, escritor, pintor bissexto, pianista idem e “imortal” (embora prefira chamar-se “terminal”), Cony voltou a falar de tudo e de todos. Não passa um dia sem que o leitor, ouvinte ou telespectador tope com uma opinião sua na mídia. Com 40 livros publicados, contador de histórias compulsivo, o próprio Cony é a melhor matéria da sua memória. Com uma vantagem sobre os competidores: das mil e uma coisas que conta, garante: “É tudo verdade!”

• O Cony salvou a minha vida. Ou, pelo menos, minha carreira. Em 1970, incorri na ira do Adolpho Bloch porque deixei passar um texto do Magalhães Jr que dava JK como nascido em 1900. O ex-presidente — amigo do peito do dono da Manchete — se dizia nascido em 1902.

Roberto Muggiati com uma camiseta especial para celebrar mais
de 50 anos de amizade com Carlos Heitor Cony.
O encontro para marcar a data não chegou a acontecer. 
Adolpho queria demitir sumariamente a mim e ao Magalhães. Cony, que eu mal conhecia, veio em meu socorro: “Muggiati, mude sua mesa, esconda-se atrás de uma coluna.” As pilastras de mármore da redação da Manchete ofereciam amplo refúgio. Escapei assim do olho do Adolpho (e da rua) e continuei no prédio do Russell para me tornar o mais duradouro diretor da revista Manchete. E, ironicamente, para me tornar o “chefe” do Cony. Antes disso, fui chefiado por ele na redação de EleEla, revista mensal “masculina” — um oásis de paz em meio às outras redações, sempre à beira de um ataque de nervos. Não tínhamos nem a angústia de procurar mulheres nuas maravilhosas para esgotar cada edição: a censura só deixava publicar mulheres em biquínis largos. Vivíamos uma bela rotina: às cinco e meia Cony fechava as cortinas da redação e lotava seu carro de caronas para Copacabana, com direito a uma parada no Chuvisco do Leme para comer doces. Foi nos intervalos de ócio da EleEla que Cony escreveu seu romance mais transgressor, Pilatos. Foi lá que comecei meu Rock: o grito e o mito, cujo título ecoava O ato e o fato, o livro de Cony que foi o primeiro berro de protesto contra a ditadura.
Aquela dolce vita não podia durar. E voltamos à rotina das crises e demissões. Cony logo se tornou a Madre Teresa dos demitidos. As demissões na Bloch vinham em ondas, como os pogroms dos cossacos na Rússia, pogroms que a família Bloch sofreu, antes de escapar para o Brasil. O alerta geral nas redações era: “O passaralho está voando!” Cony conseguiu salvar 90% dos demitidos. Uma bela ação humanitária para quem se professa desencantado do mundo. Em seu último livro, Eu, aos pedaços, ele reitera: “Sou contra a exata compreensão dos meus direitos de cidadão e contra o impostergável dever de solidariedade.” No fundo, Cony se envergonha de ser um homem bom.
Volto a ficar cara a cara com Carlos Heitor quarenta anos depois que nos conhecemos. Apesar de insistir nos últimos vinte anos em se dizer “terminal”, continua com a saúde firme. Só foi levemente prejudicado recentemente por um desgaste na cabeça do fêmur. Implantaram-lhe um pino de titânio e hoje nos aeroportos e em outros locais com detetores de metais o Cony é uma festa, BIP! BIP! BIP! sem parar. Aliás, a palavra “aeroporto” lembra a Cony outra deficiência sua, que moldou muitos aspectos de sua vida:
— Não sei se você reparou, eu falo areoporto, nunca consegui pronunciar corretamente a palavra. Esta e outras.
Como o monarca de O discurso do rei, procurou até um terapeuta, o fonoaudiólogo Pedro Bloch, primo do Adolpho. Cony explica:
— Fui mudo até os cinco anos, Não dizia nada. Também, não tinha nada para dizer. Era uma criança que vivia debaixo da mesa, vendo o mundo como o Tom e o Jerry, vendo os personagens humanos de desenhos animados só da cintura para baixo. Não tinha vontade nem necessidade de falar.

Dois dias depois, vou com Cony ao chá das quintas-feiras na Academia Brasileira de Letras. (ele é “imortal” desde 2000.)  Falante e cordial, oferece um belo contraste ao menino calado foi outrora.
Nos primeiros tempos de escola, com seu mutismo e as palavras tartamudeadas, Cony sofreu a perseguição dos colegas, aquilo que hoje se cataloga como “bullying”. E aí estaria a explicação para outro comportamento seu. Todo jornalista que se preza odeia o patrão. Cony foi quase sempre “o amigo do Rei”. Particularmente com Paulo Bittencourt no Correio da Manhã e com Adolpho Bloch na Manchete. Ele me diz que sua intimidade com o poder foi uma compensação pelos traumas e perseguições dos tempos escolares.

Mas Cony precisaria buscar compensações bem maiores pelo fato de não ser o verdadeiro Carlos Heitor Cony. Trata-se de uma fantasia que ele alimenta há muitos anos, mas que, desta vez, me garante, é um fato incontestável. Aos dois meses de idade, aconchegado no berço na casa de Lins de Vasconcelos — bairro carioca onde nasceu — ele vive a sua experiência transcendental: é levado por uma cigana. Sua mãe saiu de casa e deixou a irmã para cuidar do bebê. Duas ciganas batem à porta, querem ler a sorte da tia solteira de Cony, ela se recusa, quando pedem um copo de água a tia não recusa. As ciganas entram na casa, uma distrai a tia, a outra faz a troca dos bebês. Quando a mãe volta e vai ver o bebê, grita espantada: ‘Mas esse não é o meu filho!’ O pai é chamado às pressas, o desespero é geral, mas não há nada a fazer. Sequer foi registrado boletim de ocorrência. Muito sério, ele me garante que “é tudo verdade.” Não é difícil perceber traços de cigano no rosto de Cony, descendente de franceses de origem marroquina.

Outra decepção traumatiza o menino aos doze anos. Seminarista no convento de São José, no Rio Comprido, é um dos doze meninos escolhidos para a cerimônia de lava-pés na Semana Santa. Seu pai é redator do Jornal do Brasil e manda o fotógrafo do jornal, Ibrahim Sued, fotografar a cerimônia. A foto do pé de Cony beijado pelo cardeal sai na primeira página do Jornal do Brasil, mas com a legenda totalmente equivocada, chamando-o de “um pequeno órfão do Asilo de São José.”
Todo santo sofre seu martírio. Ainda nos tempos de batina, passando por um botequim a caminho da igreja num domingo de manhã, Cony topa com um bando de boêmios que prolongavam ruidosamente a noite em Vila Isabel “De repente, um cara sem queixo, tuberculoso notório, larga o violão, pega uma chapinha de cerveja e joga na minha direção. A chapinha raspa com força pela minha orelha, passo a mão e sinto o sangue escorrendo. Corri até a sacristia. Ao chegar, sem fôlego, exibi aquele sangue ao vigário. Era o testemunho da minha fé. O vigário confirma: eu era um mártir.” O nome do agressor: Noel Rosa.

O caso do lava-pés provou a Cony que o jornalismo é uma mentira. Mas isso não o impede de ingressar nas ditas lides, aos 19 anos, depois de largar a batina. Ciente de que é muito tênue a fronteira entre fato e ficção, ele parte para o jornalismo. Sem grandes ilusões. Na adolescência, apaixonara-se pelos romances de Eça, Machado, Flaubert e Zola. Publica em 1958 o primeiro romance, o único escrito a mão, O ventre.
— Por que resolveu escrever romances, Cony?
— Por nada. Excesso de imaginação e falta do que fazer.

A partir daí escreve outros romances, batucados nas teclas de uma Remington portátil. Em 1975 dá uma parada e fica vinte anos sem publicar qualquer livro. Em 1995, volta triunfalmente com Quase memória, o primeiro romance escrito ao computador e dedicado à cachorra “Mila, a mais que amada.” Enquanto Cony digitava suas lembranças, Mila morria a seus pés.
Também não lhe faltaram romances na vida real, muitos deles transformados em casamentos. Filhos (porque qui-los?): Regina Celi e Verônica do primeiro casamento; André, de um relacionamento alternativo no início dos anos 70. Em meados dessa mesma década, Cony aquietou-se no departamento conjugal: casou-se com Beatriz, até hoje sua mulher eleita e companheira de todas as horas.

Insisto em cobrar dele um romance longamente anunciado, mas que não escreveu até hoje: Messa pro Papa Marcello. Arredio, Cony diz que não tem mais energia para escrever romances. Vai continuar publicando outros livros, mas não romances. Por falar em Papa, pergunto a Cony se já alimentou a ambição de reinar no Vaticano.
— Quando era seminarista, sim. Eu era do ramo, por que não almejar o topo? Mas, quando viajei no avião do Papa, em sua primeira visita ao Brasil, vi que não gostaria daquilo. Você deve ter reparado no meu sorriso sarcástico, na foto em que estou conversando com João Paulo II...

A certa altura, cansado da literatura, Cony resolveu pintar. Pinceladas abstratas de acrílico sobre papel. O único óleo sobre tela é um pequeno auto-retrato que mostra Cony como Raskolnikov — o estudante de Crime e castigo que mata duas velhinhas a machadadas.
— Por que Raskolnikov?
— Nunca cometi um grande crime, apenas pequenos delitos sem importância. Aspirava a um grande crime como o de Raskolnikov para poder expiar todas as angústias que sempre me perseguiram.
Cony apega-se à vida, sem motivo justo. E não tem ilusões em relação ao mundo. Sintetiza esta sua visão no final do romance maldito Pilatos. Um grupo de jovens canta e dança na praia diante do sol carioca que nasce. Um passante comenta com o narrador:
— Estão felizes, hein?
— Estão mal informados — respondi. E afastei-me.

Humanista que se renega, Cony é brilhante no labirinto de suas contradições e, apesar de tudo, insiste em escrever. Como ele mesmo diz: “Um gesto tão infantil como o de escovar os dentes, sentir na boca o gosto da espuma crescendo. Um rito infantil que talvez nunca tenha mudado, é sempre o mesmo.”

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Piquet na ESPN sobre comparação com Senna; "Eu estou vivo. O que é melhor que isso?"


Tricampeão mundial de Fórmula 1 em 1981, 1983, 1987, Nelson Piquet é um dos maiores pilotos da história da categoria. Foi tão rápido e agressivo nas pistas quanto foi fera na briga de foice dos bastidores e certeiro em entrevistas e declarações. Para o competitivo Piquet, a imagem que interessava era a dele no pódio. Relações-públicas, marketing de bom moço, diplomacia, fair play, nada disso era com ele.

Piquet e Ayrton Senna polarizam até hoje os torcedores e até parte da mídia especializada. Ambos são tri, tinham estilos diferentes ao volante e comportamentos opostos. Senna era uma espécie de genro que as mães sonhavam. Piquet era o bad boy, mas curiosamente um bad boy superligado à família. Hoje, é o patriarca que se orgulha de reunir à mesa sete filhos, cada um deles ainda com quarto próprio na sua casa.

No último fim de semana, a mídia marcou os 30 anos da conquista do tri por Nelson Piquet. Mas a melhor entrevista foi a da ESPN (o que não surpreende, na polarização entre Piquet e Senna, a Globo sempre teve um lado), com Piquet sem autocensura acelerando mais do que nunca, ouvido por Gustavo Faldon e Vladimir Bianchini com ESPN UK.

Confira alguns trechos.

* Sobre os adversários mais difíceis: "No começo tinha Alan Jones e Carlos Reutemman na Williams, tinha a briga com a Brabham. Depois veio (Gilles) Villeneuve na Ferrari, (René) Arnoux e Prost na Renault."

* Sobre conflitos com engenheiros das equipes: "Tem uma história engraçada da minha primeira corrida no Rio de Janeiro pela Williams. Depois do primeiro treino, eu falei para meu engenheiro o que precisava fazer, mostrei o que estava errado. E no treino seguinte estava igual. Eu perguntei 'Qual o seu problema?'. Ele disse 'Eu não acho que você estava certo'. Eu disse 'Estou cagando para o que você acha, eu quero desse jeito'. E disse ao Patrick (Head) que não precisava de engenheiro, que eu e meus mecânicos faríamos as mudanças. Eu era assim. Eu sabia o que tinha que fazer. "

* Sobre imagem, gerenciamento da carreira e comparação com Senna; "Eu nunca tive um assessor, um advogado para fazer contrato, eu mesmo fazia. Eu estou cagando para o que falam de mim ou não, não leio revistas. Eu gosto de dirigir e é isso. E me divertia. Eu não me preocupo com o que pensam. Me perguntam se acho eu ou Ayrton Senna melhor e eu falo 'Eu estou vivo'. O que é melhor que isso? Eu não me importo. Eu tive essa vida e hoje tenho uma vida muito melhor. Ganho mais dinheiro agora do que há 20, 30 anos atrás na F-1. Eu tenho sucesso, tenho uma vida boa e relacionamentos. Tenho sete filhos, todos juntos, todos têm um quarto na minha casa. Todos juntos no Natal. O que é melhor do que isso?"

* Sobre Felipe Massa, Rubens Barrichello e Brasil sem piloto na F1: "A Fórmula 1 se tornou popular no Brasil por causa do Emerson (Fittipaldi). Emerson veio aqui e ganhou a Fórmula 3, chegou na F-1, ganhou o título e depois disso milhares de brasileiros vieram atrás, eu, o Senna. Barrichello estava num caminho bom e teve o acidente em Ímola e depois disso virou um segundo piloto. Massa vinha num bom caminho e depois disso teve o acidente, bateu a cabeça e eu fui o primeiro a dizer que ele estaria acabado. Ele continuou, mas perdeu aqueles 0,2s, 0,3s que precisava para ser competitivo. Eu sei porque aconteceu comigo também. Sem um brasileiro na F-1 certamente, com as crises e os governos não colocando dinheiro. Porque a F-1 não é baseada numa promotora para ter o dinheiro e pagar...a F-1 é paga pelos governos, cidades, que querem ter seu nome porque a F-1 é uma grande publicidade. E se o governo não está preparado, não acho que teremos Fórmula 1 no Brasil."

VEJA O VÍDEO DA ENTREVISTA NA ESPN, CLIQUE AQUI

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sputnik Brasil entrevista com exclusividade o americano roubado pelo falso fotógrafo de guerra brasileiro



(do Sputnik Brasil) 

O americano Daniel C. Britt já teve trabalhos estampados na Playboy, TIME, The Washington Post e The New York Times. Cobriu a passagem do furacão Katrina, conflitos no Iraque, Síria, Afeganistão. O trabalho no campo só não lhe preparou para um detalhe: ter seu material roubado por Eduardo Martins, o fotógrafo de guerra brasileiro que nunca existiu.
Atualmente morando em Istambul, na Turquia, Daniel não poderia prever que seria personagem e uma trama que de tão absurda parece cinematográfica. Como mostrou a Sputnik Brasil há dois dias, o trabalho do americano foi plagiado por um perfil falso no Instagram que se apresentava como "Eduardo Martins" e dizia cobrir a batalha contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria enquanto se revezava em um trabalho como voluntário em um campo de refugiados na Faixa de Gaza.




A história de Eduardo ruiu quando ele já ostentava mais de 120 mil seguidores no Instagram e estrelava perfis em publicações famosas, como a BBC e Vice. Seu perfil, bem como todas as formas de contato que possuía, desapareceram logo depois. Os questionamentos, porém, ficaram. Quem era o loiro das fotos que "Eduardo" usava nas redes sociais? Como as fotos plagiadas foram parar em bancos famosos de imagem? E os fotógrafos originalmente autores dos trabalhos roubados, não perceberam a farsa?
Daniel só tem resposta para a última pergunta. Após contato da Sputnik Brasil na sexta-feira (1), ele concedeu por e-mail uma entrevista detalhando a sua reação ao caso.

Sputnik Brasil: Os fotógrafos profissionais acompanham frequentemente as repercussões do seu trabalho on-line, incluindo casos de plágio ou uso indevido. Você não viu nenhuma dessas fotos tiradas por você na web pelo nome de Eduardo?

Daniel C. Britt: Eu não faço isso nunca. Do momento em que começo a trabalhar em uma reportagem até a sua conclusão, mantenho as pessoas à minha volta, é meu trabalho. Quando termino, estou partindo para outra. Não sou de rastrear nada nas redes sociais. Eu tenho tentado fazer esse tipo de coisa parte do meu fluxo de trabalho, mas odeio sentar na frente de uma tela de computador tanto quanto eu odeio ler pessoas chatas publicarem lixo online. Mas isso foi um alerta. A partir de agora, eu tenho que abraçar o SEO [método de posicionamento de conteúdo em serviços de busca], mídias sociais e começar a monitorar meu conteúdo ou algum outro idiota estará vendendo meu trabalho.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SPUTNIK BRASIL, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Leia no Blog Nocaute: Fernando Morais entrevista com exclusividade o cyber ativista Julian Assange


O jornalista e escritor Fernando Morais publica no seu blog (Nocaute) os bastidores e a íntegra da entrevista exclusiva que fez com o cyber ativista e fundador do Wikileaks Julian Assange, que há quatro anos está exilado na Embaixada do Equador, em Londres.
Alguns tópicos: 

Fernando Morais: Que evidências o WikiLeaks tem do envolvimento internacional na derrubada da presidente Dilma Rousseff no Brasil?

Assange: Não publicamos nada diretamente a respeito, mas muita coisa sobre as partes envolvidas, como eles agiram historicamente – incluindo o presidente Temer e outras pessoas do seu gabinete. A maioria trata de contatos com a embaixada americana. Vindo à embaixada americana, trazendo briefings e tentando fazer lobby para que ela apoie um partido ou outro.

Assange e Fernando Morais. Foto/Blog Nocaute
Fernando Morais: Na sua opinião o que aconteceu no Brasil foi um processo de impeachment ou um golpe de estado no estilo Século 21?

Assange: Algo entre as duas coisas, um golpe constitucional. Um golpe político, como pode ser chamado.

(...)

Fernando Morais: : Voltando ao Brasil, ao Michel Temer, na página dele do Wikileaks ele se dirige a alguém não identificado, isso foi uma conversa privada com um informante americano ? Quantas vezes isso aconteceu e o que isso sugere?

Assange: Sim, Michel Temer teve reuniões privadas na embaixada americana para passar a eles questões de inteligência política, a que não muitos tiveram acesso, e discussões das dinâmicas políticas no Brasil.

Isso não é pra dizer que ele é um espião pago pelo governo americano. Eu não sei, mas não existem evidencias que ele seja um espião pago em dinheiro. Estamos falando de algo mais, falando de construir um boa relação de forma a ter trocas de informação de parte a parte. E apoio político.

(...)

Fernando Morais: Você identificou alguma evidência da influência americana nos protestos do Brasil?

Assange: O que eu vi é que havia um grande numero de robôs online operando pra estimular esses protestos. E pensando em como são os programas americanos, vemos que essas coisas não acontecem na América Latina sem apoio americano. Financeiramente, com logística e inteligência, tanto no exato momento que acontece ou meramente juntando as partes envolvidas. Se ler nossas publicações você verá que acontece repetidamente isso e o Brasil é um país que atrai muito interesse.

Na verdade ao olhar a espionagem militar em diferentes países da América Latina, o Brasil é o país latino-americano mais espionado. Isso é muito interessante porque alguém imaginará ingenuamente que deve ser Venezuela ou Cuba que tenham mais espiões, porque historicamente foram os adversários com os quais os EUA mais se envolveram em hostilidades, e não o Brasil. Então por que o Brasil? É que o Brasil tem uma economia maior, o Brasil é simplesmente mais importante economicamente.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA O VÍDEO NO BLOG NOCAUTE, 
CLIQUE AQUI

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Assédio veloz e furioso: youtuber brasileira mal consegue entrevistar o ator Vin Diesel. O cara estava carente e a perigo...









por Ed Sá

Apresentadora do canal Warner, onde mostra um bom trabalho, com naturalidade e objetividade em matérias sobre bastidores de filmes e estúdios, além de ser uma youtuber de sucesso, Carol Moreira viveu uma situação desconfortável ao entrevistar Vin Diesel, na Comi Con Experience, em São Paulo.

O vídeo da entrevista e uma explicação sobre o constrangimento que o ator impôs ao interromper várias vezes a conversa para cantar a jornalista, "muito sexy", segundo disse, e chamá-la para sair, viralizam na internet. 

"Eu não sabia o que fazer, eu só ria. Só ria porque eu estava numa situação delicada, mas a verdade é que eu não gostei disso. Na hora eu não soube reagir, mas vocês vão ver que eu estava desconfortável. Ele interrompeu meu trabalho", disse Carol, no vídeo. 

A entrevista agora divulgada aconteceu há duas semanas. Vin Diesel veio ao Brasil para promover o filme "Triple X". Por insistência da entrevistadora, ele respondia às peguntas, mas não sem antes cortar a conversa, como se dissesse "esquece isso, vamos sair, você é muito bonita".  E, na verdade, disse ("Vamos sair daqui para almoçar").

A jornalista recebeu muito apoio em comentários na rede e o caso repercutiu nos Estados Unidos.. 

Mas também foi criticada. Um site (//www.ilisp.org/noticias/farsa-do-assedio-carol-moreira-e-seu-aproveitamento-pelas-feministas/) colocou no ar um vídeo onde Carol Moreira, no mesmo evento, senta no colo de um entrevistado: o ator Jason Mornoa.

O mesmo site pergunta se Carol ficou mesmo incomodada já que postou fotos com Vin Diesel nas redes sociais.

Polêmicas à parte, mesmo sem surtos "feministas" ou reações "politicamente corretas", basta ver o vídeo para perceber que Vin Diesel demonstrou uma falta de educação veloz e furiosa. E a jovem youtuber, que, na hora, não esconde seu desconforto com a situação, talvez tenha sido vítima da sua inexperiência. Os haters da internet estão, como sempre, pegando pesado.


PARA VER CAROL MOREIRA EXPLICANDO O "CLIMÃO" 
E ENTREVISTANDO
 VIN DIESEL, CLIQUE AQUI

ATUALIZAÇÃO EM 25/12 - Por meio da sua página no Facebook, o ator Vin Diesel pediu desculpas a youtuber Carol Moreira. “Como todos sabem, tento manter as minhas entrevistas mais brincalhonas e divertidas, especialmente quando estou na zona Xander (/Vin Diesel se refere ao personagem que interpreta no filme Triplo X Reativado) mas, se ofendi alguém, peço desculpas pois nunca foi minha intenção". 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Aos 90 anos, o ator Jerry Lewis não tem mais saco para receber jornalista. Veja o vídeo de uma entrevista recente dele

Reprodução do blog do Maurício Stycer

As perguntas do repórter também foram criticadas. "Jerry Lewis não tem tempo para besteiras"
 Reprodução A.V Club. 

por Niko Bolontrin 
A nota é do blog de Maurício Stycer, no UOL. “The Hollywood Reporter” quis fazer uma série especial sobre atores e diretores que ainda estão trabalhando mesmo tendo ultrapassado a barreira dos 90 anos. Um dos entrevistados foi Jerry Lewis. Foi a melhor pior entrevista, como bem definiu Stycer. A página do A.V. Club criticou o nível simplório de perguntas do repórter. O agente do ator, que ainda faz espetáculos em Las Vegas, deve ter topado a divulgação, mas, pelo jeito, o veterano não estava a fim de conversar. Ele reclamou que a equipe era muito numerosa, equipamento demais, ironizou e, por fim, levantou-se e declarou encerrada a sessão. O tempo é precioso para quem noventinha e já deu um milhão de entrevista. O saco encheu. Em tempo: em 2009, Lewis fez o filme "Max Rose" e, em 2013, fez uma participação no filme brasileiro "Até que a sorte nos separe 2", com Leandro Hassum e Camila Morgado.
VEJA O VÍDEO DO HOLLYWOOD REPORTER, 
CLIQUE AQUI.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Repórter que acusa o cantor Biel de assédio sexual dá entrevista exclusiva ao programa do Gugu, na Record, que vai ao ar hoje

A repórter Giulia Pereira se emociona durante a entrevista.
Foto; Reprodução/Rede Record
Hoje, o programa Gugu entrevista com exclusividade a jornalista Giulia Pereira, 21 anos, que acusa o cantor Biel de assédio durante uma entrevista para o IG.
Giulia fez queixa à polícia e dias depois foi demitida pelo portal.
O áudio da entrevista com evidências do suposto assédio foi anexado ao inquérito
A jornalista dá detalhes da "cantada" e responde a críticas que recebeu na web sobre sua postura durante a entrevista que gerou a acusação ao cantor. O programa Gugu via ao ar hoje logo depois do Jornal da Record.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Conexão Jornalismo: a dor e a coragem da jovem vítima de estupro


LEIA NO CONEXÃO JORNALISMO E VEJA O VÍDEO DA ENTREVISTA, CLIQUE AQUI

LEIA SOBRE O BRASILEIRO COXINHA QUE FOI DEMITIDO DE UMA EMPRESA AMERICANA, NOS ESTADOS UNIDOS, POR IRONIZAR O CASO DE ESTUPRO COLETIVO.
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terça-feira, 22 de março de 2016

Apresentadora Monica Iozzi publica no Face íntegra de entrevista que deu à Folha e que, segundo ela, não ficou clara na edição do jornal

Reprodução
"A Folha de São Paulo publicou hoje em seu site uma entrevista feita comigo há alguns dias. Acredito que a edição feita pela repórter não deixou minha opinião clara o suficiente. Por isso, segue abaixo o conteúdo da entrevista feita por e-mail na íntegra.
1) Você é praticamente uma unanimidade entre os telespectadores da Globo e os usuários das redes sociais. Teme que demonstrar seu posicionamento político - ainda que não partidário - possa te prejudicar?
Não. Me sentiria prejudicada se não pudesse expor o que penso. Não posso deixar de me pronunciar só porque trabalho na TV. Sei que muitas vezes serei mal interpretada, principalmente num momento como este, em que o país parece estar dividido apenas entre "coxinhas" e "petralhas". Precisamos parar de nos comportar como torcidas organizadas de futebol e aprofundar a discussão política no Brasil. Participei do vídeo convidando as pessoas para as manifestações deste dia 18 com este intuito. Mas é preciso deixar claro que a ideia não é abonar as ações do PT. A ideia é cobrar que TODOS OS PARTIDOS sejam investigados e julgados de maneira clara, imparcial e justa. E que a imprensa divulgue da mesma maneira as acusações sofridas pelo PT, PSDB, PMDB, etc. O que não vem ocorrendo. Não sou petista, mas não sou cega.
2) Já recebeu alguma advertência ou conselho por parte da Globo a respeito dos comentários que tem feito na internet, sobretudo o que citava o Jornal Nacional?
Não. Minhas redes sociais expõem o que eu penso, de maneira completamente desvinculada da empresa em que trabalho. Usei o Jornal Nacional como exemplo por ser o telejornal de maior audiência do país. Minha intenção ao escrever aquele post foi de questionar como as pessoas vêm se informando. Não sejamos ingênuos. Não existe imparcialidade na imprensa. Todo veículo pertence a alguém ou a um grupo. E estas pessoas tem seus ideais, princípios e interesses. Por isso precisamos nos cercar de toda informação possível. Acompanho Veja, Carta Capital, IstoÉ, Piauí, Folha, Estadão, O Globo, JN, Jornal da Cultura, Jornal da Band, Mídia Ninja, Globo News, Revista Fórum, blogs, etc. Não podemos ser um povo que consome apenas as manchetes. Este debate raso e tendencioso é que vem alimentando a atual atmosfera de ódio, preconceito e intolerância na qual nos encontramos."
Monica Iozzi tem se posicionado na rede social sobre o atual clima político do país.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sean Penn sob ataque: entrevista do ator com El Chapo vira polêmica

por Niko Bolontrin
Era previsível a repercussão da entrevista do drug lord Joaquín "El Chapo" Guzman feita pelo ator Sean Penn. O impacto do material jornalístico é reconhecido, em geral, mas sobram críticas à "ética' da abordagem ao fugitivo e ao estilo do texto, com trechos considerados verborrágicos, e à qualidade de algumas perguntas. Fico com o teor jornalístico da entrevista e, especialmente, das informações contidas na longa abertura de Penn, que traça um perfil do traficante, contextualiza e descreve os encontros. O resto é besteira, um debate idiota com boa dose de corporativismo e falso moralismo. Um bom jornalista, um bom escritor, teria feito melhor? Sim.  Mas o bom jornalista e o bom escritor não chegaram lá. A ABC News informou ontem que Sean Penn está sob investigação por parte das autoridades mexicanas. Outra bobagem. As mesmas autoridades divulgaram que a movimentação da equipe para a realização da entrevista possibilitou às forças policiais o "estouro" do esconderijo do traficante, agora preso. Deduz que elas não estavam inteiramente ausentes.
Sabe o que pode haver de reprovável no procedimento da Rolling Stone? A informação não confirmada de que El Chapo teria condicionado a entrevista à sua leitura do texto final, embora não tenha feito qualquer alteração. Se for verdade, esta questão de "aprovação" é um comportamento condenado pelo jornalismo, embora aconteça com alguma frequência (e quando interessa politica, comercial ou ideologicamente).
A polícia mexicana quer saber porque Sean Penn não comunicou às autoridades que ficou em contato com El Chapo por vários meses. Deve ser piada ou o delegado que diz isso é um clone do Cantinflas ou do Chaves. Os primeiros contatos foram via internet: Penn enviou perguntas e recebeu respostas em vídeo. Mais tarde, aconteceram os encontros pessoais. O ator trabalhou na condição de jornalista, tem fontes protegidas, assim como Bob Woodward e Carl Bernstein, no Caso Watergate, se negaram a revelar o nome do informante Deep Throat e foram garantidos pela lei.
Na mídia americana, Sean Penn está sob ataque, assim com a Rolling Stone. O Boston Globe diz que um não passa de um Mr. Madonna e a outra é "fanzine' e não "magazine". O New York Post chama Penn de El Jerko (de "jerk", algo como "pobre rapaz", "tolo") e destaca que ele foi parceiro de um traficante em fuga.
Credite-se à reação da mídia americana um certo viés direitista: Sean Penn é considerado lá um esquerdista radical. Para entender a coreografia: hoje, o site da Veja repete tais refrões e diz que a entrevista prova que a esquerda está ligada ao crime em todo o mundo.
Resumindo: a Rolling Stone deu uma bola dentro. O resto é choro, vela e frustração de quem gostaria de ter publicado a entrevista ou de fazer, quem sabe, um selfie íntima ao lado do El Chapo, o criminoso mais procurado do mundo. Ainda: pelo menos três jornalistas, um deles o inglês Robert Fisk, entrevistaram Bin Laden em encontros "secretos". Fizeram boas matérias e não provocaram espasmos de falsa ética como no caso chefão mexicano.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Repórter da Band humilha entrevistado e juiz condena a emissora a pagar 60 mil reais de multa por dano moral coletivo


Ao entrevistar um preso que negava uma acusação de estupro, a repórter Mirella Cunha extrapolou na atuação e o Ministério Público Federal junto com o Ministério Público da Bahia condenaram a Band a pagar uma multa de 60 mil reais por violação de direitos humanos. As autoridades criticaram a atitude da repórter que humilhou o acusado ao deixar a notícia de lado e exibir o detido de forma irônica, expondo insistentemente o seu desconhecimento de uma determinada palavra. Veja o vídeo, clique AQUI