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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Jesus de volta à manjedoura. . .


Por Roberto Muggiati

... e com um coração de bambino. Sofrendo 90% de comprometimento do tronco cardíaco, nosso companheiro José Carlos Jesus finalmente conseguiu atendimento no Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras. Ficou 25 dias internado, mas finalmente está de volta a casa. Passou por uma bem sucedida cirurgia de revascularização de miocárdio – que durou oito horas – sob o comando do Dr. Oscar Brito e da equipe da 9ª Enfermaria. Recebeu três pontes de safena e uma mamária e está de coração novo. Verificou que, neste momento em que a infraestrutura da saúde pública brasileira chegou ao pior nível de degradação, o INC é uma exceção e referência de qualidade no atendimento médico e cirúrgico de ponta.
José Carlos na redação da Manchete, anos 1980. 

Em fase de franca recuperação, José Carlos Jesus prepara-se reassumir a liderança do movimento pelo pagamento dos créditos trabalhistas aos ex-funcionários de Bloch Editores, uma comunidade que abrange cerca de dez mil pessoas. Recapitulando: em 1º de agosto de 2000, o império gráfico-editorial de Bloch Editores, que tinha como carro-chefe a revista Manchete (lançada em abril de 1952), pediu falência. O imponente palácio de mármore na praia do Flamengo, desenhado por Oscar Niemeyer, teve suas portas lacradas pela justiça. Nós, ex-funcionários que ficamos fieis à empresa até o fim, entramos em estado de choque. Foram precisos alguns anos para que começássemos a destrinchar as artes e manhas de uma massa falida. Tínhamos investido grande parte de nossas vidas – e das vidas de nossas famílias – naquela empreitada por tantas décadas vitoriosa. O falso brilhante de uma cadeia nacional de televisão – a Rede Manchete foi ao ar em 1983 – acabaria relegando a editora a um papel secundário e, depois de uma longa agonia, ao naufrágio. Sem know-how (e até physique du rôle) para a aventura televisiva, a família Bloch – tendo perdido seu comandante supremo, Adolpho, em 1995 – se viu forçada a passar para outras mãos a cobiçada rede de TV. Por uma destas ironias da sorte, o que decretou o fim de Bloch Editores foi ter avalizado um “papagaio” de míseros mil dólares para a TV, que, com o correr dos anos, se transformaria numa bola de neve financeira incontrolável.
Durante uma cobertura do Carnaval.
É nos momentos de derrota total que costumam surgir os heróis. O de Bloch Editores tem até o “Filho do Homem” no sobrenome: José Carlos Jesus. Em depoimento no livro Aconteceu na Manchete (Desiderata, 2008), coordenador de reportagem na época da falência, ele lembrou aquela terça-feira sombria:

Quando o telefone da minha mesa tocou, me veio um estranho pressentimento. Tive a certeza de que aquela ligação estava me trazendo alguma coisa de muito grave. Do outro lado da linha, a voz, um tanto autoritária, logo confirmou. A ordem era que juntássemos todos os nossos pertences e nos retirássemos da sala e deixássemos o prédio o mais rápido possível. Só nos restava obedecer. Foi o que fizemos. A Bloch acabava ali. Para aqueles profissionais, uns, como eu, com trinta anos de trabalho, outros com quarenta, era o ponto final de um longo tempo de dedicação a uma empresa que já fazia parte da nossa vida, do nosso corpo e da nossa alma. Levei algum tempo para administrar o choque. ‘E agora? ’, perguntávamos a nós mesmos, entre lágrimas e perplexidade.”

O choque levou alguns anos para ser absorvido. E foi o mesmo José Carlos Jesus o primeiro a sair do estado de catatonia e inércia – e a propor ações concretas que garantissem os direitos dos ex-funcionários e os levassem a receber o que lhes era licitamente devido como credores da Massa Falida de Bloch Editores.
No Sindicato dos Jornalistas, com colegas da Manchete em uma etapa da
longa luta que lidera pelos direitos dos ex-funcionários.
Foi uma longa luta, iniciada em 2004, durante a qual José Carlos sacrificou sua vida pessoal em função do trabalho pela causa comum. Designado presidente da Comissão dos Ex-Empregados de Bloch Editores, ele enfrentou as piores vicissitudes, entre elas o afastamento de sua família, que foi para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida. Aos poucos, com sua inteligência e espírito de solidariedade, familiarizou-se com os meandros do labirinto jurídico e, com rara diplomacia, costurou todas as alianças possíveis (entre Justiça, Ministério Público e Massa Falida) que pudessem beneficiar a causa dos ex-funcionários e de suas famílias – uma comunidade de dez mil pessoas que passou por terríveis momentos de crise, com casos de doença, morte e até fome e suicídio.
A liderança de José Carlos resultou em vitórias: o recebimento do valor “principal” da dívida, em 2009, três rateios da correção monetária, em 2012, 2013 e 2014, e a batalha agora por um novo rateio.
Bem-vindo de volta à luta, Jesus! Conte com o nosso apoio.

Atualização em 3/5/2015: Além de agradecer as palavras de Roberto Muggiati e a carinhosa manifestação dos amigos, José Carlos Jesus enviou ao blog a seguinte mensagem em justo reconhecimento à instituição e à equipe que o atendeu: "Eu e a minha família só temos a agradecer ao Instituto Nacional do Coração, sob o comando do Dr. Oscar Rise Brito e equipe, bem como à equipe do Centro Cirúrgico e CTI, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem da 9ª Enfermaria e todo o staff. Com tratamento humanizado, o referido hospital é um orgulho para a saúde pública do Brasil. Se, infelizmente, muitas instituições de medicina pública do Brasil estão na UTI, é importante que a população saiba que existe saúde pública de qualidade em um centro de excelência que se chama Instituto Nacional do Coração. Eu quero deixar meus agradecimentos aos médicos Bernardo Turra e Marcio Lassance, da pesquisa do INC, e aos doutores Fernando e Clarissa Thiers, da parte clínica do hospital. Muito grato. Fiquem com Deus." (José Carlos Jesus)



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ex-Empregados da extinta Bloch Editores obtêm vitória na Justiça

Do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
Sexta-feira, 30 de novembro. O auditório do Sindicato dos Jornalistas está superlotado, na última reunião do ano da Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores. São mais de 150 trabalhadores. A expectativa é de que, em janeiro, aqueles que receberam a primeira parte da correção monetária sejam avisados pela massa falida sobre novo pagamento.
Enquanto isso, 1.800 ex-funcionários da Bloch Editores obtiveram vitórias na Justiça em busca de salários e benefícios não pagos pela empresa, que foi responsável por importantes revistas, como Manchete e Fatos e Fotos. A Comissão de Ex-empregados divulgou duas listas durante a reunião. Numa delas constam 79 nomes de trabalhadores que têm pagamento do valor principal dos processos já liberados pela massa falida, mas que ainda não providenciaram a retirada desses pagamentos. Eles devem ir ao cartório da 5ª Vara Empresarial (no sétimo andar da Av. Erasmo Braga, 115) em busca do mandado para os valores devidos. Em outra relação estão 43 nomes. São ex-funcionários que receberam o crédito principal depois de 30 de abril deste ano, e que começam a ter parte da correção monetária depositada a partir de fevereiro. Segundo a Comissão de Ex-empregados, eles devem ser comunicados pela massa falida sobre estas movimentações em janeiro. "Além disso, há ainda cerca de 700 trabalhadores que devem comparecer à agência do Banco do Brasil, na Avenida Graça Aranha 170, para receber parte da correção monetária até o dia 21 de dezembro", lembra José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-empregados. Depois desta data, o valor deve ser retirado via cartório da 5ª Vara Empresarial. Após o recesso da Justiça, em janeiro, uma lista será divulgada com os nomes no site do Sindicato dos Jornalistas. Durante a assembleia também foram discutidos os resultados de uma reunião de representantes dos ex-empregados com a síndica da massa falida, Luciana Trindade Pessoa da Silva, e com o contador, João Corrêa de Alkmim, quando foi feito balanço financeiro do espólio da Bloch Editores. Segue ainda em discussão, no Superior Tribunal de Justiça sob julgamento da ministra Isabel Gallotti, o direito de herdeiros de Adolpho Bloch terem acesso a valiosas obras de arte antes de irem a leilão. A massa falida não concordou com esta decisão inicial, da Justiça carioca. A venda de esculturas e pinturas que ornavam as dependências da empresa deve ser destinada a pagamento de direitos trabalhistas dos profissionais que fizeram parte da história da imprensa brasileira nas revistas da Bloch Editores.
Leia mais e acesse links com informações importantes. Clique AQUI
Atualização - Nota da Redação: Segundo dirigentes da Comissão dos Ex-Empregados da  Bloch Editores cabe à ministra Isabel Galotti decidir quando as obras de arte irão a leilão. O valor recolhido é essencial para os prosseguimento do justo pagamento dos direitos trabalhistas dos profissionais que ajudaram a construir o patrimônio da extinta empresa e estão na expectativa da decisão da ministra. 

Atualização em 04/12 - Nota da Redação: a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores recebeu informações oficiais sobre o andamento do processo movido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro para localização do Acervo Fotográfico que pertenceu às revistas Manchete, Fatos & Fotos, Amiga, Desfile e dezenas de títulos da extinta empresa. Os advogados que estão à frente da demanda adiantam que "o Juiz determinou a intimação pessoal do arrematante para informar o local onde se encontra o material. Pelo o que consta do site do TJRJ, a carta precatória de intimação já foi cumprida. Agora temos que aguardar sua juntada aos autos para sabermos se foi positiva a intimação.
Em tendo sido positiva, a partir da data da intimação terá o arrematante o prazo de 10 dias para cumprir ou recorrer dessa decisão. Paralelo a isto , o processo está no seu trâmite normal.  Será dado início a fase de produção de provas que antecede a prolação da sentença.