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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sou porteiro mas pode me chamar de mãe

por Eli Halfoun
Ficou para trás o tempo em que porteiro era só uma espécie de recepcionista dos prédios residenciais. Agora, por conta da violência, foi transformado também em segurança (é preciso estar atento para evitar assaltos) e também “cuidador” de idosos – função imposta pelo aumento da expectativa de vida e, portanto, por um cada vez maior número de velhos morando sozinhos e muitas vezes esquecidos pelos próprios filhos. Há pouco mais de cinco anos, quando escrevi semanalmente na Tribuna da Imprensa uma página dedicada à terceira idade, já chamava atenção para a importância dos porteiros em relação aos idosos. Agora e finalmente já se fala em formação de porteiros para aprender a lidar com os idosos que moram sozinhos e que acabam por, de uma forma ou de outra, incluindo o porteiro na família como um amigo da maior importância. Fundamental até
Não são raros os casos em que os próprios filhos, que não moram mais com os velhos pais, pedem ao porteiro para que “fique de olho no meu velho”. O porteiro passou a ser uma verdadeira mãe para muitos idosos e cada vez mais será uma fundamental na atenção aos idosos: o Brasil já é um país de velhos. Em duas décadas, a expectativa de vida aumentou em 11 anos no Brasil. Projeções do IBGE mostram que até 2050 as pessoas com mais de 60 anos representarão 30% da população brasileira, o que mostra que porteiros e idosos se relacionarão por ainda muito tempo. Os números reforçam a importância de se estabelecer enfim programas que capacitem profissionais de todas as categorias (e todos os jovens) a lidar melhor com os idosos. As empresas privadas também, e finalmente, se organizam e oferecem cursos de aperfeiçoamento, caso de uma companhia de seguros que está promovendo o Programa de Aperfeiçoamento Profissional de Porteiros de Condomínios. Pesquisas revelam ainda – e não é de agora – que os idosos estão cada vez mais distantes dos filhos que mal os visitam, mas procuram notícias através dos porteiros, o que não deixa de ser uma maneira de “limpar a consciência”. O fato é que, revelam ainda as pesquisas, que é aos porteiros que os velhos moradores e hoje moradores velhos pedem socorro. Pedem e recebem, o contrário do que costuma acontecer nos chamados órgãos públicos nos quais velho não costuma ter vez porque “está com prazo de validade vencido”. Não, não está. Definitivamente não está.