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quinta-feira, 3 de março de 2016

Fotografia - Exposição em São Paulo resgata a arte do fotojornalista cearense Luciano Carneiro, um dos lendários "caçadores de imagens" da revista O Cruzeiro

Piloto com treinamento de paraquedista, Luciano Carneiro saltou sobre a Coreia
ao lado das tropas americanas, em 1951. Do solo, registrou a segunda leva do ataque.
Foto de Luciano Carneiro/Acervo do Instituto Moreira Salles. 

Fidel Castro discursa em Havana, em 1959, após a vitória da Revolução
que derrubou o ditador Fulgêncio Batista.
Foto de Luciano Carneiro/Acervo Instituto Moreira Salles
São 150 fotografias que revelam uma época e celebram a arte de um dos maiores fotojornalistas brasileiros. Luciano Carneiro, um dos célebres "caçadores de imagens' do lendário time da revista O Cruzeiro, é o tema da exposição “Do arquivo de um correspondente estrangeiro” em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
Luciano Carneiro, na Suiça,
durante a cobertura da Copa do Mundo de 1954.
Foto Acervo Instituto Moreira Salles
O cearense Luciano Carneiro chegou ao O Cruzeiro em 1948.  Começou como repórter em meio ao butatã de cobras que era a redação da então maior revista brasileira, mas logo se firmou como fotojornalista. Tornou-se, para usar um termo que se popularizava no pós-guerra, um globe-trotter. Foi correspondente internacional, cobriu guerras - uma delas, a da Coreia. Era piloto e paraquedista e foi nessa condição que saltou, em 1951, de um avião-transporte americano sobre as linhas inimigas, em Munsan. Cobriu a Copa do Mundo de 1954, na Suiça, e testemunhou a recuperação do Japão após as perdas dramáticas da Segunda Guerra. Foi capaz de ultrapassar os obstáculos burocráticos e ideológicos impostos pela Guerra Fria e desvendar em imagens as então quase impenetráveis Iugoslávia, de Tito, e União Soviética, de Nikita Khruschov. Fora da cobertura dos grandes acontecimentos, Carneiro era um imbatível farejador de flagrantes da "vida íntima" das grandes cidades e dos seus personagens. Na guerra ou nas ruas, suas lentes buscavam e encontravam um foco humanista. Seu trabalho guarda muita afinidade com a arte de um Robert Capa ou um Cartier-Bresson, a quem entrevistou em 1954, em Paris.
Sua última grande cobertura internacional foi a entrada de Fidel Castro em Havana e o comício da vitória dos guerrilheiros cubanos em 1959. No mesmo ano, no dia 22 de dezembro, Luciano Carneiro voltava da cobertura do primeiro baile de debutantes de Brasília, no Palácio da Alvorada, quando o Viscount (VASP) em que viajava com mais 31 passageiros e tripulantes chocou-se com uma aeronave Focker, da FAB, pouco antes de aterrissar no Galeão, no Rio de Janeiro. Ninguém sobreviveu. O fotojornalista tinha apenas 33 anos. Na semana seguinte, O Cruzeiro publicou suas últimas fotos. Sem título, sem textos, a matéria mostrava em uma das imagens, no reflexo de um espelho, como assinatura da sua última missão, o próprio fotógrafo.

* A exposição está em cartaz no Instituto Moreira Salles, Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis, São Paulo. Pode ser visitada até o dia 19 de junho, de terça a sexta, das 13h às 19h; e aos sábados, domingos e feriados (exceto segunda), das 13h às 18h. Tel.: (11) 3825-2560


A ÚLTIMA MATÉRIA DE LUCIANO CARNEIRO
O Cruzeiro recuperou nos destroços do Viscount duas câmeras fotográficas com as últimas fotos feitas por Luciano Carneiro. O material parcialmente danificado foi publicado pela revista. Na foto acima, no Palácio da Alvorada, o reflexo de um espelho mostra, ao fundo, em meio às primeiras debutantes de Brasília, o fotógrafo em ação. Reprodução
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