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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

O golpe é retórica? Coronel afirma ao Fórum 21 que "cúpulas já estão no poder".




Entrevista à jornalista Leneide Duarte-Plon para o Fórum 21 (link abaixo)

O coronel da reserva Marcelo Pimentel tornou-se uma figura midiática por suas críticas à participação de membros das Forças Armadas na política, que ele designa como o « partido militar », fato que despertou nos brasileiros todos os fantasmas que povoam a História do Brasil. Voz militar dissidente, Pimentel nada contra a corrente também quanto ao golpismo do “partido militar”. 

 Em entrevista exclusiva, Marcelo Pimenta desconstrói o discurso golpista : « O "golpe", além de desnecessário (as cúpulas já estão no poder), é meramente retórico e tem a finalidade de manter a sociedade temerosa e em estado de "anomia", o que facilita o controle das percepções da opinião pública de acordo com os interesses daquelas cúpulas para seus projeto de poder hegemônico, como, por exemplo, aparecer no momento oportuno para « evitar » ou « impedir » o "golpe" do "capitão golpista". »

Na entrevista, ele admite que a Funai foi aparelhada pelos militares para servir à visão desenvolvimentista dos fardados.

 Pimentel pensa que o 'partido militar' em torno do presidente está isolado na instituição e que não oferecerá grandes problemas para um terceiro governo Lula.

 Fórum21: Mais de 2,3 mil militares ocupam postos no governo de forma irregular, aponta auditoria da CGU.  Segundo relatório, irregularidades vão da ocupação simultânea de cargos militares e civis ao recebimento de salários acima do teto. Exército e ministérios da Defesa e Economia dizem apurar os casos apontados pela controladoria. O Brasil se tornou uma república militar?

 Marcelo Pimentel: O Brasil, infelizmente, regrediu em vários aspectos institucionais e político-institucionais. A politização das Forças Armadas/dos militares e a militarização da política e da sociedade, processos dinamizados pela atuação quase partidária dos militares, ao estilo de um Partido Militar, demonstra muito bem essa regressão. A imagem das Forças Armadas – que era muito positiva até 2018 desde que se empreendeu o afastamento recíproco das FA e dos militares da política e de governos – vem sendo deteriorada pela ambição política de boa parte das cúpulas hierárquicas das Forças Armadas. Como um integrante dessas cúpulas, isso me contraria intelectualmente. Considero o fenômeno do protagonismo político das cúpulas hierárquicas das Forças Armadas, em sua atual versão, anacrônico, impróprio, indevido, insensato, anti-histórico e, às vezes, ilegal, como no caso de generais e coronéis que, contrariando a Lei 6.880/80 (o Estatuto dos Militares), usam designações hierárquicas em atividades político-partidárias e quando ocupam cargos civis (Art. 28, XVII e XVIII), o que demonstra, pela impunidade, a leniência das autoridades militares e civis e da própria sociedade, especialmente do jornalismo sempre tão atento em descumprimentos de normas por agentes públicos. Sim, pode-se dizer que este é um governo militar.

 Fórum21: Há quem diga que afastar as Forças Armadas do poder político seria preservá-las do papel vergonhoso a que estão sendo expostas. O que você pensa?

 Marcelo Pimentel:  Penso que o Brasil - sua sociedade civil - foi e continua muito leniente com o protagonismo político das cúpulas hierárquicas das Forças Armadas, que, num país de História como a nossa em que as Forças Armadas, por intermédio de suas lideranças, sequer reconhecem o Golpe de 64 e a Ditadura, é muito preocupante.

Fórum21:  Para que são formados os militares brasileiros hoje?

Marcelo Pimentel : Para lutar uma guerra e vencer batalhas. Infelizmente, como a palavra convence, e o exemplo arrasta, os militares brasileiros hoje estão se comportando como militantes políticos de acordo com a visão de mundo e a postura das atuais cúpulas hierárquicas das Forças Armadas. Isto é muito perigoso e precisa ser urgentemente diagnosticado pela sociedade civil para que seja reerguida a "muralha" que deve separar Forças Armadas e militares da luta política e de governos - quaisquer governos. Essa muralha é constituída de neutralidade política, imparcialidade ideológica, apartidarismo no sentido amplo, isenção funcional, profissionalismo essencial e estrita constitucionalidade, princípios que devem fundamentar palavra e ação das cúpulas hierárquicas das Forças Armadas das democracias liberais (sentido político).


LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO FÓRUM 21 AQUI

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Mídia: palavras mutantes...

Fatos & Fotos, 1982

por José Esmeraldo Gonçalves

Estão falando alto pelos botecos... Delta, a cepa. Voto, o impresso.

Delta é a nova cepa da Covid-19, capaz de impulsionar novo ciclo de contaminação. Segundo os infectologistas, a lentidão da vacinação pode deixar o país exposto à Delta. O risco só diminuirá quando a imunização alcançar 80% da população. 

Voto impresso é o golpe que o governo prepara contra as eleições de 2022. Poderá ser usado, se aprovado, como uma espécie de comprovante do voto vendido. Algo a ser mostrado a quem pagou pela "mercadoria" entregue, como se fosse um boleto quitado e carimbado.   

Quase 40 anos depois, as duas palavras, Voto e Delta, voltam a se encontrar no noticiário, agora nas circunstâncias descritas acima. Mas em 1982 Delta era o elemento-chave do escândalo Proconsult, um complô contra a eleição de Leonel Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro. A palavra estava em todos os jornais e revistas. E o voto (impresso) era o alvo daquela enorme tentativa de fraude eleitoral.  

Em 1982, o voto era analógico, não havia a maquininha do "confirma". O eleitor preenchia a cédula e depositava na urna. Era comum políticos donos de currais eleitorais entregaram ao eleitor "de cabresto" a cédula já preenchida com o "x" e os nomes do candidatos indicados. Se a cédula era o "impresso" da época, a totalização dos votos após a apuração manual dos mesários era feita por computadores. Grupos de mídia, políticos e empresários insatisfeitos com a liderança de Brizola nas pesquisas viram nesse sistema uma brecha para a fraude eleitoral. Os fraudadores ligados ao regime militar montaram um programa que transferia votos nulos e brancos para Moreira Franco, adversário de Brizola e o nome preferido pela ditadura. A variável que levava à fraude para a totalização foi chamada de Diferencial Delta. A maracutaia foi denunciada pelo jornalista Procópio Mineiro, da Rádio Jornal do Brasil. Em seguida, Brizola denunciou o golpe à imprensa internacional, abortou o crime e teve confirmada sua vitória por larga margem.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

New York Times inclui o documentário de Petra Costa, "Democracia em Vertigem", na lista do melhores do ano



por Ed Sá 

O New YorkTimes incluiu na seleção dos melhores filmes do semestre "Edge of Democracy", de Petra Costa, o documentário que revisa com indignação o Brasil imediatamente antes e depois do golpe parlamentar-midiático-jurídico que derrubou a presidente eleita Dilma Rousseff. A ascensão de Michel Temer, a condenação sem provas do ex-presidente Lula e a volta da política autoritária de direita caracterizada no governo de Jair Bolsonaro completam a visão crítica dos acontecimentos que levara o país ao retrocesso atual .

"The Edge of Democracy”, ("Democracia em Vertigem) documentário novo e esclarecedor de Petra Costa, conta a história de triunfo político da esquerda a partir da perspectiva de suas consequências. (...) O atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é um admirador da antiga ditadura e parte de uma tendência global em direção ao populismo autoritário e antiliberal que floresce atualmente nas Filipinas, na Hungria e em muitos outros países.O que aconteceu? A questão assombra esse filme e provavelmente assombrará muitos de seus espectadores, onde quer que estejam assistindo. Embora seja uma investigadora escrupulosa e obstinada de fatos ocultos e uma intérprete ponderada de eventos públicos, Costa não produziu um trabalho de jornalismo objetivo ou estudos acadêmicos destacados, mas sim uma avaliação pessoal do passado e do presente de sua nação. “The Edge of Democracy” é narrado em primeira pessoa, pela própria cineasta (em inglês na versão em análise, que está sendo transmitida pela Netflix) em uma voz que é, por sua vez, incrédula, indignada e auto-questionadora. É uma crônica da traição cívica e do abuso de poder, e também de desgosto", analisa o NYT.

Em entrevista recente, a diretora Petra Costa lamentou que o documentário não inclua - obviamente porque foi finalizado bem antes - o escândalo da VazaJato, a série de mensagens reveladas pelo Intercept Brasil onde o então juiz Sergio Moro, embora responsável pelos julgamentos na  Lava Jato, em Curitiba, se mostra uma espécie de coordenador das investigações junto ao MPF, orientando ações e até indicando testemunhas, o que, segundo muitos juristas, configura uma flagrante ilegalidade processual.

A conclusão é que as elites brasileiras sempre surpreendem: quando se pensa que já praticaram toda espécie de embustes, elas levantam a barra e mostram que podem mais.

domingo, 3 de junho de 2018

Jornalismo - O personagem da semana - Dr. Sigmund Jung leva ao divã o colunista neoliberal de economia...

Affiche The Dollar Domain, V.Briskin. 1954.
Reprodução Sergo Grigorian Collection/Contact Culture

por O.V.Pochê

Eles se engajaram no século passado, ainda timidamente. Ganharam força na virada do século, se transformaram em ativistas da grande mídia e foram influentes entre as forças conservadoras que se mobilizaram contra Lula a partir dos anos 1990 e, finalmente, se voluntariaram para a conspiração que levou à queda de Dilma.

Obviamente, conduziram ao poder Temer e o PMDB. Se carregam a culpa de apoiar um governo de investigados, denunciados e indiciados por corrupção, eles apoiam com entusiasmo a política econômica aplicada e até exageram nos elogios aos resultados. Falam, por exemplo, no fim da recessão, o que a realidade das ruas, o desemprego, a falta de investimentos e o caos social não mostram.

Levamos ao divã do Dr.Sigmund Jung  o colunista neoliberal de economia, importante personagem  presente na facção hegemônica da mídia brasileira. É a nossa modesta contribuição à formulação do perfil desse personagem assemelhado a um jornalista-operador do Mercado, que hoje, em um país com um Brasil, é a entidade que se tornou o Primeiro Poder, reclassificando tudo o que vem depois, o Executivo, Legislativo, Judiciário e outros não votados.

Veja um resumo do que foi encontrado nos porões das mentes quase impenetráveis dos espécimes analisados. 

* Colunista neoliberal de economia não compra presente pra mãe. Teme que a irmandade o acuse de dar subsídio.

* Colunista neoliberal mantém fundo em dólar para financiar mesada do filho em real. Assim, ganha algum com a alta da moeda americana.

* Colunista neoliberal faz sexo, ao contrário do que dizem as fofocas dos heterodoxos. Mas estipula a frequência semanal, se duas, três ou quatro vezes, de acordo com a tendência do mercado. Para isso, ele consulta agências de risco.

* Colunista neoliberal prefere que a presidência da República seja exercida por um Banco Central autônomo. Eleição é um tipo de populismo que inibe os investidores.

* Colunista neoliberal acha que voto popular atrapalha o mercado e cria insegurança jurídica para investimentos.

* Colunista neoliberal é contra saúde pública, educação pública, transporte público, empresa pública, praça pública, praia pública e banheiro público.

* Colunista neoliberal mantém altar em casa onde reza todos os dias pedindo ajuste fiscal para a humanidade. As entidades adoradas são, pela ordem, Mercado, FED, Agências de Risco, Milton Friedman, Plano Real, Privatização e Pedro Parente.

* Colunista neoliberal tem uma foto de Fernando Henrique na mesinha de cabeceira inspirando o quarto de casal sempre que falta Viagra.

* Colunista neoliberal sonha com o dia em que o último brasileiro doente contratará o último plano de saúde privado e assim permitirá o fechamento do último SUS.

* Colunista neoliberal tem um método infalível para enquadrar filho desobediente. Fala que "o sem-teto vai ocupar", "o sem-terra vai pegar'.

* Colunista neoliberal não gosta de Justiça do Trabalho. Acha que judicializa relações e acredita que os patrões sabem o que e melhor par seus empregados.

* Colunista neoliberal também não gosta de sindicatos. Representação coletiva é coisa de soviete.

* Colunista neoliberal sofre de gastrite ao ouvir falar em idoso, para ele, o grande vilão da Previdência Social. E, como elefantes moribundos, velhos devem saber sair do sistema quando chegada a hora. Se não a conta não fecha.

* Colunista neoliberal bota Lexotan no caviar quando ouve falar de Previdência Social e aposentadorias.  Para ele, idoso, além de rimar com ocioso, é inimigo do ajuste fiscal.

* Colunista neoliberal não gosta de politicas sociais. Acha que são incentivo fiscal aos pobres. É pobres são ativos populacionais obsoletos e prejudicam a competitividade, além de feios.

* Colunista  neoliberal não gosta de salário mínimo, Para ele, é o máximo da interferência do Estado na vida das empresas.

* Colunista neoliberal não gosta de fake news, só de fake opinion

* Colunista neoliberal não casa, faz fusão ou joint ventures depois de escolher o parceiro ou parceira em empresa de headhunters.

* Colunista neoliberal não gosta do politicamente correto. É patrulha cultural sobre o pensamento individual.

* Colunista neoliberal não descansa no fim de semana. Ele é contratado por instituições neoliberais para fazer palestras neoliberais para plateias neoliberais sobre as vantagens do neoliberalismo e
dos cachês das empresas estatais que patrocinam esses seminários privados neoliberais.

* Colunista neoliberal acha que preservar o meio ambiente, instituir cota raciais, de gênero, impedir que mulheres grávidas trabalhem em ambiente insalubre, fazer reforma agrária, criar reservas indígenas, impor códigos de posturas urbanas são medidas anacrônicas. Mas o colunista neoliberal defende o que resta de imagem própria "apoiando" a preservação do meio ambiente, as cotas, as reservas indígenas...

* Colunista neoliberal até ouve Chico Buarque, mas só A Banda. Atualmente, baixa apenas Roger e Lobão.

* Colunista neoliberal ia ver o filme Aquarius. Desistiu quando soube que o mercado imobiliário se sentiu ofendido com a trama vivida por Sonia Braga...

* Colunista neoliberal viu 20 vezes o filme Plano Real. Chorou de emoção todas as vezes.

* Colunista neoliberal não gosta de ciclovia. Tira vaga de estacionamento para carros, além de eliminar faixas de avenidas.

* Colunista neoliberal não gosta de vacinação de graça. Acha que é concorrência desleal do Estado com a as clínicas privadas.

* Colunista neoliberal acha que governo tem que fazer grandes obras de infraestrutura e depois privatizar baratinho com financiamento do BNDES.

* Colunista neoliberal divulga sempre o Impostômetro. Do Sonegômetro ele não quer ouvir falar.

* Colunista neoliberal evita criticar Bolsonaro.  Não acredita no potencial de Henrique Meireles, mas, e se o Mercado apoiar o mascote da direita? "Vamos nessa", decretarão.

* Colunista neoliberal venderia até a mãe se ela tivesse valor de mercado. Isso é injusto. Ele apenas a colocaria em um aplicativo de locação temporária.

* Colunista neoliberal acha que palavras como cotações da Bolsa, do câmbio, as notas das agências de risco, a privatização da Petrobras, da Eletrobras, o ajuste fiscal, os cortes no orçamento da Saúde e Educação, a venda da Embraer,  o fim da Previdência Social, o sucateamento do SUS, o fim dos programas populares de habitação são dirty talk afrodisíaco se ditas na alcova ao pé do ouvido. 

* Colunista neoliberal não reclama do Refis, o programa de parcelamento por até 100 anos de dívidas fiscais ou sonegadas. Colunista neoliberal é ativista mas não é bobo: as empresas que pagam seus salários estão no Refis.

* Colunista neoliberal não gosta de redes sociais. Elas fazem pensar que eles não são amados e publicam "campanha de ódio" como a desse post.

terça-feira, 2 de maio de 2017

10 situações em que a reforma trabalhista vai afetar a vida dos jornalistas


1 – O combinado que sai caro

O Projeto de Lei 6.787/2016 prevê que os acordos negociados diretamente entre trabalhador e patrão terão força maior que a legislação trabalhista. Hoje, essa prevalência já existe, mas é aplicada somente em acordos que sejam benéficos para o empregado. Com a reforma, passam a valer também acordos que reduzem direitos do trabalhador.



2 – Jornadas de trabalho a perder de vista

Sabe aquela interminável sexta-feira de pescoção, em que sua jornada é estendida para muitas horas além do permitido? Mais dias poderão ser assim, no que depender da reforma trabalhista. Ela legaliza as jornadas de 12 horas de trabalho alternadas por 36 horas de descanso, em comum acordo entre patrão e empregado.



3 – Mais funções, menos salário

Se o texto relatado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) virar lei, as empresas poderão reduzir os salários de funcionários para continuarem exercendo as mesmas funções, ou até acumulando mais trabalho. Isso porque o projeto de lei permite aos empresários demitir e recontratar o mesmo funcionário em regime de terceirização ou por acordo fechado diretamente com o trabalhador, e nem mesmo a Justiça poderá impedir.



4 – Tchau, férias!

A reforma trabalhista introduz um novo tipo de contrato, o de trabalho intermitente, em que o empresário contrata o trabalhador por um período específico e, ao término do serviço, são pagos proporcionais de férias, 13º salário e demais direitos. Para as centrais sindicais, essa modalidade extinguirá, na prática, o direito a férias de 30 dias – já que o direito será diluído em pagamentos sazonais, reduzindo as chances que esse trabalhador goze o período de férias, já que precisará estar à disposição do empregador para ter trabalho.



5 – Legalização do ‘frila fixo’

A modalidade de trabalho intermitente também legaliza uma prática que tem se disseminado nas redações do país nos últimos anos: o frila fixo, aquele profissional contratado temporariamente e que não conta com os mesmos direitos do trabalhador com carteira assinada. A tendência é que esta medida faça avançar ainda mais a precarização do trabalho dos jornalistas.



6 – Notícias terceirizadas

A reforma trabalhista também aprofunda o modelo de terceirizações em atividades-fim, tema de legislação aprovada no Congresso Nacional e sancionada por Michel Temer recentemente. Com a reforma, na prática, as empresas de comunicação poderão até terceirizar suas editorias – deixando a cargo de outras empresas, com empregos de menor qualidade, a produção de conteúdo que hoje é feito por profissionais da casa.



7 – De volta à Revolução Industrial

Imagine uma jornalista grávida sendo enviada para cobrir uma epidemia de Zika vírus? Parece absurdo hoje, mas será uma possibilidade caso o projeto de reforma trabalhista seja aprovado. Ele permite que trabalhadoras gestantes ou lactantes desempenhem funções em ambientes insalubres, desde que em acordo com o patrão e apresentando atestado médico – cuja origem não é especificada na lei. A medida abre alas para grande retrocesso no direito das mulheres trabalhadoras.



8 – Exterminador de sindicatos

Além de oferecer todas as garantias ao empresariado, a reforma trabalhista em discussão no Congresso Nacional deseja acabar com sindicatos e centrais sindicais. Desta forma, no futuro, será ainda mais difícil para que os trabalhadores se organizem para reivindicar seus direitos e lutar contra abusos. A proposta reduz o papel de intermediação dos sindicatos nas negociações entre patrão e empregado, enfraquece a representação sindical nos locais de trabalho, revoga a obrigatoriedade das homologações serem feitas nos sindicatos e acaba, sem qualquer compensação provisória, com a Contribuição Sindical obrigatória.



9 – Devo, não nego, mas também não pago

O projeto de reforma trabalhista flexibiliza a rescisão do contrato de trabalho, que poderá ser feito sem qualquer assistência sindical. O contrato poderá ser rescindido por acerto direto entre empregado e empresa, que ficará livre para propor acordos desvantajosos ao trabalhador – como o pagamento de somente a metade do aviso prévio e da multa de FGTS. Essa situação é observada hoje em diversas empresas de comunicação, mas o trabalhador ainda pode recusar o acordo indecente e recorrer à Justiça.



10 – E nem adianta ir à Justiça…

A reforma trabalhista está recheada de medidas para dificultar e impedir o acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho: imposição de preparo recursal para o trabalhador sucumbente, fim do impulso de ofício, pelo juiz, na execução, limitação do papel interpretativo do TST. Se, hoje, já é longo e demorado o percurso do trabalhador em busca de seus direitos, ficará praticamente impossível se a reforma virar lei.



Fontes: CUT, Câmara dos Deputados, Congresso em Foco, Exame.com, Nexo Jornal, Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Saul Leblon: "Trump, Temer e o parto de uma nova esperança"

O golpe destruiu tudo ao mesmo tempo: ficou sem chão. 
E Trump o deixou sem pernas.


por: Saul Leblon (para a Carta Maior)

 O anúncio de um fim de ciclo histórico nem sempre assume a forma de um alvorecer virtuoso.

É mais comum o oposto.

Até que uma nova ordem se imponha, a desordem é senhora.

A passagem da era colonial para a primeira crise capitalista do início do século XX  foi marcada pela carnificina da Guerra de 1914-1918, cujo término completa 96 anos neste mês de novembro.

Dez milhões de pessoas morreram; 20 milhões ficaram feridas.

Assim se desenhou o mundo das novas potências.

Ao acerto de contas colonial sobreveio um ciclo de brutal rivalidade capitalista.

A paz nascida dessa transição tumultuada  impôs à Alemanha custos e reparações a tal ponto extorsivos que permitiram aos partidários de Adolf Hitler fazer campanha eleitoral apenas lendo o Tratado de Versalhes no rádio.

A instabilidade foi suficiente para alçar Hitler ao posto de chanceler em 1933, mesmo com frágil maioria parlamentar.

O resto é sabido.

A Segunda Guerra mundial matou 50 milhões de pessoas.

Desse cemitério brotaria a ordem negociada em Bretton Woods.

O chamado período de ouro do capitalismo, feito de crescimento e ampliação de direitos, estendeu-se até meados dos anos 70, quando a revanche neoliberal começou a tomar de volta tudo o que havia alicerçado o edifício da democracia social.

A eleição de Trump, oito anos após o colapso sistêmico de 2008, demarca um novo recorte sísmico

O acerto de contas com a desordem neoliberal irrompe de dentro de suas próprias fileiras, a partir de uma visão fascista da sociedade e do desenvolvimento.

Como foi a dos nacional-socialistas nos anos 30.

A diferença no Brasil é que o terremoto então abriu espaço à ascensão de Vargas e à consolidação do Estado nacional brasileiro.

Hoje, em meio a uma crise sistêmica como a de 1929, o golpe se empenha na tentativa anacrônica de engatar o país à ordem econômica que se despede.

A desmentida ilusão de que, derrubando Dilma, as 'expectativas revigoradas dos livres mercados' fariam o resto, mostra a inconsistência dessa escolha.

‘Fosse assim, a virada já teria ocorrido’, admitiu em entrevista lúgubre ao Estadão, o ex-presidente do Banco central de FHC, Armínio Fraga.

Sem o endosso da realidade, o que era difícil ficou definitivamente para trás após a eleição de Trump.

Por variadas razões.

O republicano pretende, por exemplo,  gastar US$ 1 trilhão em infraestrutura esfarelando duplamente o chão do golpe.

O gasto pressionará a taxa de juro nos EUA dificultando o corte da Selic aqui, um requisito à retomada do investimento e à redução do aperto fiscal.

O que sobra?

O país gasta hoje cerca de 8% do PIB com juros da dívida pública.

Um despautério imexível pela coalizão golpista, que evidencia assim seu deslocamento num mundo em que cerca de US$ 13 trilhões estão ancorados em títulos a juros negativos...

Segundo o economista Amir Khair, da FGV, o serviço dessa dívida indexada às maiores taxas de juros do planeta consome em 45 dias toda a tributação adicional (R$50,9 bilhões) obtida com a repatriação do dinheiro mantido no exterior.

É um garrote maiúsculo, mas o golpe e seus jornalistas privilegiam o peso do salário mínimo no rombo da previdência, que tem na aposentadoria integral dos militares 50% de sua raiz.

Não para aí.

Dos anos 30 aos anos 50, Getúlio fez do Brasil um canteiro de obras e de instituições de desenvolvimento.

Hoje o golpe se abala no desmonte das ferramentas de preservação do investimento público e privado.

O que sobra?

Com a fartura de recursos e obras no governo Trump, quem vai se interessar por concessões num Brasil institucionalmente instável, sem financiamento público, com mercado interno minguante e juros siderais?

Pior que isso.

A participação privada na infraestrutura brasileira já capturou o filé mignon em quase todos os setores.

Isso a torna muito mais seletiva e arredia a partir de agora.

Sem a participação ativa do Estado, nada se fará.

Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) mostra que no setor de transportes, por exemplo, 50% de todo o investimento registrado entre 2003 e 2015, foi feito pelo capital privado –o mesmo que a mídia dizia arredio pela desconfiança nas regras dos governos petistas.

Nos EUA esse fatia não chega a 9%; nos BRICS  (exceto África) a média é de 3%.

Nos EUA, apenas 0,3% dos 6,5 milhões de kms de rodovias do país estão sob controle privado.

No Brasil são 15,5% de uma malha total de 64 mil kms...

O caso dos aeroportos é ainda mais expressivo.

Com as quatro unidades a serem concedidas em 2017, quase 70% do fluxo de passageiros do país estará sob gestão privada.

Restará apenas o aeroporto de Curitiba com escala atraente ao interesse privado, avisa o estudo do Ipea.

A revoada de investidores prevista pelo golpismo, num cálculo muito mais ideológico  do que realista, não ocorrerá.

Desse descompasso entre a propaganda da mídia e a realidade dos tempos emerge a radiografia de uma assustadora bancarrota.

As novas referências geopolíticas trazidas pelo vento protecionista dos EUA só farão agravar a agonia da agenda golpista.

A ilusória intenção de engatar o destino do país a tratados de livre comércio, por exemplo.

Dotados de tribunais de exceção com soberania jurídica e legislativa para punir Estados e governos em defesa das corporações, eles compunham o corolário ideológico do neoliberalismo tardio brasileiro.

Com Trump trancando a maçaneta do maior mercado mundial, essa porta se fechou.

Sobra a dura realidade de indicadores descendo a ladeira sem freio.

As projeções apontam um tombo do PIB  entre 3,6% a 4% este ano.

Para 2017 previa-se  uma expansão medíocre de  1% e mesmo ela, feita pré-eleição americana, tornou-se irreal.

O desemprego continuará  a crescer para atingir 13% da PEA, com fechamento médio de 100 mil vagas mensais.

O poder de compra das famílias brasileiras, depois de crescer continuamente de 2003 a 2014 , acumulará um mergulho de 10% no biênio 2015/2016.

Com a massa de famílias assalariadas sem renda e sem crédito o horizonte aqui também é estreito.

A boutade golpista –‘sem consumo, é hora de crescer pelo investimento’—   soa como aquele estágio no deserto em que o comprometimento biológico desencadeia alucinações.

Com juros de 14,25%, sem investimento público, sem crédito do BNDES e com elevada capacidade ociosa no setor produtivo, quem vai investir no Brasil?

Um olhar mais detido enxergará obstáculos de complexidade adicional.

O colapso econômico brasileiro encerra desafios históricos inéditos.

O principal deles remete à perda de dinamismo industrial na estrutura de crescimento do país.

Não é uma questão técnica.

O esgarçamento das cadeias industriais corrói o núcleo duro de produtividade em uma sociedade.

Reduz seu ‘budget’ para investir em obras, direitos e cidadania.

O setor capaz de bombear saltos de eficiência e de receita --e de ampliar a oferta  de empregos de qualidade, por conta de seu poder irradiador--- é o manufatureiro.

Segundo o IBGE , a fatia da industrial no valor adicionado ao PIB brasileiro era de 17,4% em 2005.

Recuou para 10,9% este ano.

Fruto em grande medida da sistemática valorização do Real desde os anos 90 –e consequente vazamento de demanda interna para importações chinesas.

A reversão desse processo em nosso tempo tornou-se bem mais complexa do que imagina o próprio Trump.

Como já disse a professora Maria da Conceição à Carta Maior, o que os chineses tonaram não tem volta.

O que está em disputa agora é a 4ª revolução industrial.

Ela inclui a digitalização dos processos, a robotização de linhas, a precisão e a integração de etapas, cadeias e áreas de conhecimento aplicados à manufatura.

O Brasil tem dois trunfos com escala e densidade suficientes para ocupar um espaço nesse ciclo: a ecoagricultura e o impulso industrializante contido na cadeia do pre-sal.

O requisito capaz de interligar esse potencial a um novo ciclo de desenvolvimento é a soberania na sua condução.

Sem ela, o leme cai nas mãos das grandes corporações

Como está caindo, graças ao projeto de  liberação de terras aos estrangeiros e do desmonte do modelo soberano de partilha do pre-sal.

Retomar os espaços de soberania e planejamento democrático constitui, assim, o requisito de vida ou morte para o futuro da industrialização e do país no século XXI.

Subestimar a envergadura das respostas c0bradas pelo esgotamento neoliberal não é, infelizmente, um apanágio golpista.

Isso explica também os erros e omissões cometidos por governos petistas, que apostaram em uma regeneração das condições de mercado anteriores à crise de 2008, como se vivêssemos um evento transitório, e não um colapso terminal.

O erro de cálculo histórico levou a dois outros, interligados.

Insistir apenas na prorrogação de estímulos ao consumo, quando medidas estruturais de autoproteção do desenvolvimento –controle da conta de capitais, por exemplo, indispensável à redução dos juros, sem fuga de dólares-- deveriam ter sido tomadas, é um deles.

O outro, render-se ao ‘consenso do ajuste ortodoxo’ no momento em que os desequilíbrios explodiam e uma repactuação política do desenvolvimento figurava como a única alternativa real ao descontrole.

Na verdade, ainda figura. Esse é o ponto.

Há quem considere ilusório o resgate dessa bandeira nas mãos de uma frente ampla

Mais ilusório é supor que a roda da democracia social poderá girar de novo no país sem esse repto.

É certo que o corredor histórico se estreitou.

Alargá-lo, porém, não é uma questão de fé.

Quem pode desobstruí-lo  é a  aglutinação pactuada dos inúmeros interesses, setores sociais e produtivos atingidos pelo arrocho neoliberal.

Na história das lutas sociais o indispensável só é impossível até ganhar nervos e musculatura das forças que dependem dele para respirar e progredir.

O golpe destruiu tudo ao mesmo tempo: as bases da economia, as da política e as do diálogo democrático.

Dissolveu o chão firme da nação e não dispõe de liderança, nem de projeto, tampouco de legitimidade para reconstruí-lo.

Num tempo que estrebucha e ameaça levar de roldão as nações há duas alternativas.

Tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la a uma repactuação democrática do desenvolvimento – a opção de uma frente ampla progressista.

Ou aguardar a chegada de um correlato fascistóide à moda ‘Trump’

O jogo é pesado.

A roleta gira nervosamente.

Entre a escuridão e o parto de uma nova esperança define-se o destino do Brasil.

LEIA NA CARTA MAIOR, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Filme "Aquarius" passa a fazer parte do catálogo mundial do Netflix

Com uma trajetória de reconhecimento em festivais internacionais, o filme "Aquarius" acaba de entrar na programação do portal de streaming Netflix. Isso significa que alcançará uma audiência de milhões de espectadores em todo o mundo.

Muito além do que talvez esperassem obscuros críticos convocados para indicar o filme brasileiro que concorre à indicação para disputar o Oscar na categoria filme estrangeiro. Não que essa indicação ou a participação na festa de Hollywood seja um indicador de valor cultural supremo e incontestável. O próprio "Aquarius" já acumula boas críticas no meios cinematográficos de vários países mesmo sem chegar a Hollywood e foi convidado pelko Canadá para participar do Festival de Cinema de Toronto.

Desde que a equipe de "Aquarius" fez uma protesto em Cannes contra o golpe que levou Temer ao poder, o filme entrou no foco de uma batalha política.
Colunistas apressaram-se em alardear um suposto fracasso do filme nas bilheterias, que números oficiais favoráveis desmentiram em seguida.

O governo ensaiou uma espécie de retaliação ao tentar restringir a audiência através da um "classificação etária" rigorosa, em um tipo de censura que o STF condena. O tal juri que apontaria o representante brasileiro ao Oscar foi contestado porque um dos jurados criticou publicamente o protesto em Cannes, assumindo a defesa do governo, o que poderia contaminar o seu voto.

Ao confirmar a inclusão de "Aquarius" no seu catálogo internacional, o vice-presidente de Marketing do Netflix Vinicius Losacco, declarou que não foi levado em conta o teor político do filme. "Nós só queremos contar histórias que interessam para o Brasil e que possam ter significado para nossos usuários.”

Em tempo: o filme "Pequeno Segredo", indicado pelo juri governamental, ainda não foi exibido em salas comerciais, uma exigência para poder concorrer ao Oscar. Deverá ser providenciada com urgência pelo menos uma exibição de um dia que seja para "legalizá-lo" às normas da premiação.

Como pouca gente viu "Pequeno Segredo", as matérias que repercutiram a escolha não entraram no mérito da qualidade do longa que agradou ao Ministério da Cultura de Temer. Mas o crítico Alcino Leite Neto, da Folha de São Paulo, foi demolidor. Em sua avaliação, sob o título "Clichê, 'Pequeno Segredo' é um dos piores filmes brasileiros recentes", ele diz que "a narrativa é piegas, as imagens são piegas, a banda sonora é piegas, a direção é de uma platitude sem fim".
"Um oceano de clichês", resumiu.



terça-feira, 26 de julho de 2016

Pesquisa revela: brasileiros querem antecipação das eleições presidenciais.

Uma semana depois da divulgação de controvertida pesquisa na Folha de São Paulo, o Instituto Ipsos divulga novos números: 52% querem novas eleições; 20% querem a volta de Dilma Rousseff para concluir o mandato; 16% preferem que Michel Temer permaneça; 14% pedem que Dilma volte apenas para convocar novas eleições.

A pesquisa registra também aumento na reprovação ao interino: 48% acham o governo pós-golpe ruim ou péssimo.

Outros institutos têm apurado nas últimas semanas um crescente desejo dos brasileiros por novas eleições presidenciais.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Congresso mundial de jornalistas condena golpe de Estado no Brasil


(do site da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ)

Mais de 300 delegados representando organizações sindicais de jornalistas de todo o mundo participaram, de 7 a 10 de junho, em Angers, na França, do 29º Congresso Mundial da Federação Internacional de Jornalistas.  No evento, além da eleição da nova direção da FIJ para os próximos 3 anos, foram aprovadas resoluções sobre a segurança dos jornalistas a liberdade de imprensa, o acesso à informação, ética, direitos autorais, direitos no trabalho e igualdade de gênero. Ao final do congresso foi aprovada uma moção de solidariedade aos jornalistas e ao povo brasileiros e contra o golpe de Estado no Brasil.

Comemorativo ao 90º aniversário da FIJ, que foi fundada na França, em 1926, o 29º Congresso Mundial da FIJ elegeu o jornalista belga e sindicalista Philippe Leruth como presidente da organização para o próximo triênio. Membro da Associação Geral de Jornalistas Profissionais da Bélgica (AGJPB), Leruth trabalha no jornal belga “L’Avenir” e foi vice-presidente da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), entre 2004 e 2013 e presidente do AGJPB de 1995 a 2005.

Durante o Congresso, questões como o papel dos jovens nos sindicatos, a segurança dos jornalistas no mundo, os desafios da profissão, o papel dos sindicatos na defesa da liberdade de imprensa, a eliminação do trabalho precário e exploração, luta por empregos de qualidade e ampliação da participação das mulheres no movimento sindical da categoria foram alvo de deliberações para ampliar a organização internacional da categoria.

A moção contra o golpe no Brasil foi apresentada após relatos da delegação brasileira referentes à situação política no país.  O documento foi aprovado por unanimidade.

Fonte: Fenaj

Elio Gaspari falou: É golpe!

Em artigo publicado no Globo e na Folha, hoje, Elio Gaspari analisa os podres poderes dos golpistas.

Torna-se claro que os fichas-sujas que governam o país deixam de lado os escrúpulos, como pregou o cinismo de um ministro da ditadura, e aceleram o assalto ao planalto.

Há poucos dias, foi revelado um encontro entre o presidente interino e o ex-presidente da Câmara. Seria inacreditável, a essa altura, se não fosse rotineiro. Eles se "consultam" normalmente. Não se sabe se governam a uma cabeça e quatro mãos ou se a duas cabeças e duas mãos.

Provavelmente tinham muito o que conversar: ambos sofrem pesadelos e suores noturnos com o ectoplasma de gravadores fantasmagóricos.

Gaspari comenta a perícia que desmoralizou a tese das "pedaladas" e conclui o óbvio: a simulação do "julgamento" para depor Dilma Rousseff. Ou seja: o golpe.

A propósito, leia um trecho da entrevista que a presidente afastada concedeu à Pública (Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo). Dilma Rousseff reponde a uma pergunta da repórter Natália Viana.

Natalia Viana: Presidente, como a senhora avalia que seu impeachment, se for confirmado, vai afetar outros países latino-americanos e a política latino-americana?

Dilma: Eu acho que já começou a afetar antes, primeiro pela importância do Brasil na região. Mas acho que você tem hoje, no mundo latino-americano, essa variante do golpe parlamentar já feito antes de nós. Isso ocorreu com Paraguai, com Honduras. [O impeachment de Fernando Lugo, no Paraguai] foi durante a Rio+20. Eu sei porque a gente mandou os chanceleres lá para tentar evitar, e não conseguimos. O que está ocorrendo? Eu acho que é uma nova forma de retirar governos que criam descontentamento [em relação] à oligarquia econômica, ou política, ou um grupo de interesses, que se considera descontente em relação a alguma das características do governo em exercício. Aí o que eles fazem? Dão um golpe parlamentar. Em que consiste um golpe parlamentar? Ele não é igual a um golpe militar. Um golpe militar não só extingue o governo em questão, mas acaba também com o regime democrático. Tem uma característica: você tira o governo e mantém o regime democrático. Agora, tem um preço para se fazer isso. Você compromete suas instituições, você cria cicatriz na sociedade. Você, muitas vezes, impede a recomposição do tecido democrático. Então tem uma consequência grave. E acho que criará, na América Latina, uma instabilidade.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Glenn Greenwald, do Intercept: Enquanto a corrupção assombra o Temer, caem as máscaras dos movimentos pró-impeachment



por Glenn Greenwald (do Intercept)

O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE do Brasil democraticamente eleita, Dilma Rousseff, foi inicialmente conduzido por grandes protestos de cidadãos que demandavam seu afastamento. Embora a mídia dominante do país glorificasse incessantemente (e incitasse) estes protestos de figurino verde-e-amarelo como um movimento orgânico de cidadania, surgiram, recentemente, evidências de que os líderes dos protestos foram secretamente pagos e financiados por partidos da oposição. Ainda assim, não há dúvidas de que milhões de brasileiros participaram nas marchas que reivindicavam a saída de Dilma, afirmando que eram motivados pela indignação com a presidente e com a corrupção de seu partido.

Mas desde o início, havia inúmeras razões para duvidar desta história e perceber que estes manifestantes, na verdade, não eram (em sua maioria) opositores da corrupção, mas simplesmente dedicados a retirar do poder o partido de centro-esquerda que ganhou quatro eleições consecutivas.

Como reportado pelos meios de mídia internacionais, pesquisas mostraram que os manifestantes não eram representativos da sociedade brasileira mas, ao invés disso, eram desproporcionalmente brancos e ricos: em outras palavras, as mesmas pessoas que sempre odiaram e votaram contra o PT. Como dito pelo The Guardian, sobre o maior protesto no Rio: “a multidão era predominantemente branca, de classe média e predisposta a apoiar a oposição”. Certamente, muitos dos antigos apoiadores do PT se viraram contra Dilma – com boas razões – e o próprio PT tem estado, de fato, cheio de corrupção. Mas os protestos eram majoritariamente compostos pelos mesmos grupos que sempre se opuseram ao PT.

É esse o motivo pelo qual uma foto – de uma família rica e branca num protesto anti-Dilma seguida por sua babá de fim de semana negra, vestida com o uniforme branco que muitos ricos  no Brasil fazem seus empregados usarem – se tornou viral: porque ela captura o que foram estes protestos. E enquanto esses manifestantes corretamente denunciavam os escândalos de corrupção no interior do PT – e há muitos deles – ignoravam amplamente os políticos de direita que se afogavam em escândalos muitos piores que as acusações contra Dilma.


Claramente, essas marchas não eram contra a corrupção, mas contra a democracia: conduzidas por pessoas cujas visões políticas são minoritárias e cujos políticos preferidos perdem quando as eleições determinam quem comanda o Brasil. E, como pretendido, o novo governo tenta agora impor uma agenda de austeridade e privatização que jamais seria ratificado se a população tivesse sua voz ouvida (a própria Dilma impôs medidas de austeridade depois de sua reeleição em 2014, após ter concorrido contra eles).

Depois das enormes notícias de ontem sobre o Brasil, as evidências de que estes protestos foram uma farsa são agora irrefutáveis. Um executivo do petróleo e ex-senador do partido conservador de oposição, o PSDB, Sérgio Machado, declarou em seu acordo de delação premiada que Michel Temer – presidente interino do Brasil que conspirou para remover Dilma – exigiu R$1,5 milhões em propinas para a campanha do candidato de seu partido à prefeitura de São Paulo (Temer nega a informação). Isso vem se somar a vários outros escândalos de corrupção nos quais Temer está envolvido, bem como sua inelegibilidade se candidatar a qualquer cargo (incluindo o que por ora ocupa) por 8 anos, imposta pelo TRE por conta de violações da lei sobre os gastos de campanha.

E tudo isso independentemente de como dois dos novos ministros de Temer foram forçados a renunciar depois que gravações revelaram que eles estavam conspirando para barrar a investigação na qual eram alvos, incluindo o que era seu ministro anticorrupção e outro – Romero Jucá, um de seus aliados mais próximos em Brasília – que agora foi acusado por Machado de receber milhões em subornos. Em suma, a pessoa cujas elites brasileiras – em nome da “anticorrupção” – instalaram para substituir a presidente democraticamente eleita está sufocando entre diversos e esmagadores escândalos de corrupção.

Mas os efeitos da notícia bombástica de ontem foram muito além de Temer, envolvendo inúmeros outros políticos que estiveram liderando a luta pelo impeachment contra Dilma. Talvez o mais significante seja Aécio Neves, o candidato de centro-direita do PSDB derrotado por Dilma em 2014 e quem, como Senador, é um dos líderes entre os defensores do impeachment. Machado alegou que Aécio – que também já havia estado envolvido em escândalos de corrupção – recebeu e controlou R$ 1 milhão em doações ilegais de campanha. Descrever Aécio como figura central para a visão política dos manifestantes é subestimar sua importância. Por cerca de um ano, eles popularizaram a frase “Não é minha culpa: eu votei no Aécio”; chegaram a fazer camisetas e adesivos que orgulhosamente proclamavam isso:


Evidências de corrupção generalizada entre a classe política brasileira – não só no PT mas muito além dele – continuam a surgir, agora envolvendo aqueles que antidemocraticamente tomaram o poder em nome do combate a ela. Mas desde o impeachment de Dilma, o movimento de protestos desapareceu. Por alguma razão, o pessoal do “Vem Pra Rua” não está mais nas ruas exigindo o impeachment de Temer, ou a remoção de Aécio, ou a prisão de Jucá. Porque será? Para onde eles foram?

Podemos procurar, em vão, em seu website e sua página no Facebook por qualquer denúncia, ou ainda organização de protestos, voltados para a profunda e generalizada corrupção do governo “interino” ou qualquer dos inúmeros políticos que não sejam da esquerda. Eles ainda estão promovendo o que esperam que seja uma marcha massiva no dia 31 de julho, mas que é focada no impeachment de Dilma, e não no de Temer ou de qualquer líder da oposição cuja profunda corrupção já tenha sido provada. Sua suposta indignação com a corrupção parece começar – e terminar – com a Dilma e o PT.

Neste sentido, esse movimento é de fato representativo do próprio impeachment: usou a corrupção como pretexto para os fins antidemocráticos que logrou atingir. Para além de outras questões, qualquer processo que resulte no empoderamento de alguém como Michel Temer, Romero Jucá e Aécio Neves tem muitos objetivos: a luta contra a corrupção nunca foi um deles.

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Na capa da revista Piauí, retrato para a posteridade: a impoluta corte reunida da Versalhes do Planalto Central

Na capa da Piauí, a corte reunida da nova república pós-golpe.

A capa do LP "Panis et Circensis", de 1968.  

por Ed Sá
A capa da revista Piauí que chega ás bancas é brilhante. Um perfeito retrato da república pós-golpe e uma irônica referência a um movimento cultural tão marcante quanto crítico, o Tropicalismo, liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil.  As patéticas figuras do novo regime sob o dístico "Ordem e Progresso" retirado do vetusto  Positivismo, mas que agora remete a algo como o slogan  "Segurança e Desenvolvimento", da ditadura, reencenam a histórica capa do disco "Panis et Circensis" ou "Tropicália", um marco da música em 1968.

A capa do LP, acima, foi fotografada por Oliver Perroy e o disco reunia faixas como "Geleia Geral", de Gil e Torquato Neto, "Parque Industrial", de Tom Zé, "Lindoneia", de Caetano, "Bat Macumba", de Gil e Caetano, "Coração Materno", de Vicente Celestino (clássico gravado com tiros de canhão), "Panis et Circense", de Gil e Caetano, "Baby", de Caetano, entre outras músicas que entraram para a história da MPB. Na capa do Panis, Sergio Dias, Caetano (com a foto de Nara Leão), Arnaldo Batista, Tom Zé, Rogério Duprat,  Gal Costa, Torquato Neto e Gil (com a foto de Capinam) mostram no figurino, nos adereços e nos utensílios, como o penico que Duprat segura, uma imitação dos padrões e da moral vigente. do conservadorismo e da repressão vigentes.

Quase 50 anos depois, como zumbis, voltam os padrões mortos-vivos perfeitamente simbolizados pelas figuras que agora habitam a Versalhes do Planalto Central do país. No alto, a reprodução da capa da Piauí, onde desponta a corte golpista representada por Geddel Viana, José Serra (com o penico), Gilberto Kassab, Romero Jucá, Alexandre Padilha, Moreira Franco (com o pato da Fiesp, representando a ditadura militar da qual é egresso), Henrique Meireles, a boneca inflável do tipo recatada, e Michel Temer segurando respeitosamente a foto do seu patrono, Eduardo Cunha.

Como canta a letra de "Geleia Geral", "assiste a tudo e se cala, quem não dança, não fala" e aí estão 'no meio da sala", as "relíquias" (para não dizer outro nome) do Brasil.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Conversa marginal: o som ao redor do golpe...

Temer, o interino pós-golpe, é vaiado ao chegar ao Congresso após a divulgação do grampo Jucá-Machado. Nos cartazes, "Temer e Jucá; golpe revelado". e... 

"Delcídio = Jucá - Prisão e Conselho de Ética Já". Fotos de Lula Marques/Agência PT


A repercussão internacional da baixaria política do governo pós golpe

O golpe foi encaminhado pela oposição e desmascarado imediatamente no segundo dia do segundo governo de Dilma Rousseff. Nos meses seguintes, apenas se acelerou, testou "justificativas" jurídicas e contábeis, até forçar a versão que chegou à Câmara, fundamentada na ficção e na virada de mesa. O diálogo divulgado pela Folha de São Paulo entre o breve ministro Romero Jucá e Sergio Machado, ex-senador e líder do PSDB, nos anos 90 e filiado ao PMDB desde 2001, desmoraliza de vez o complô e expõe os verdadeiros motivos do golpe. As gravações já seriam conhecidas desde antes da votação do golpe na Câmara e no Senado. Políticos conhecidos perdem o sono com o possível aparecimento de outras conversas gravadas.
Esses grampos deveriam ser a trilha sonora dos trios elétricos e dos panelaços do pessoal que vestiu nas ruas a camisa da CBF para cantar Prá frente Brasil.

Agora, foi patético ouvir ontem e ler hoje certos comentaristas e articulistas apoiados simbolicamente nas próprias mãos e joelhos a tentar justificar as revelações e a defender interpretações extremamente criativas do baixo diálogo nos porões golpistas. Sinistro.

OUÇA TRECHOS DA "SINFONIA" DE ROMERO JUCÁ E SERGIO MACHADO. CLIQUE AQUI

Leia alguns trechos de um diálogo "edificante" e sem asteriscos no lugar dos palavrões:

Sérgio Machado 
Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez (autorizou prisões logo após decisão de segunda instância), vai todo mundo delatar.

Romero Jucá
Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo (Odebrecht), e a Odebrecht, vão fazer.

Machado
Odebrecht vai fazer.

Jucá
Seletiva, mas vai fazer.

Machado
A Camargo (Correa) vai fazer ou não. Estou muito preocupado porque acho que... O (procurador-geral, Rodrigo) Janot está a fim de pegar vocês. E acha que sou o caminho.

Jucá
(inaudível)

Machado
Hum?

Jucá
Mas como é que está sua situação?

Machado
Minha situação não tem nada, não pegou nada, mas ele quer jogar tudo pro (juiz Sergio) Moro. Como não tem nada e como estou desligado...

Jucá
É, não tem conexão né...

Machado
Não tem conexão, aí joga pro Moro. Aí fudeu. Aí fudeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu "desça"? Se eu descer...

Jucá
O que que você acha? Como é que você...

Machado
Queria discutir com vocês. Cheguei a essa conclusão nesta semana. Ele acha que sou o caixa de vocês, o Janot. Janot não vale cibazol (algo sem valor). Quem esperar que ele vai ser amigo, não vai... (...) E ele está visando o Renan (Calheiros) e vocês. E acha que sou o canal. Não encontrou nada, não tem nada.

Jucá
Nem vai encontrar, né, Sérgio.

Machado
Não encontrou nada, não tem nada, mas acha... O que é que faz? Como tem aquela delação do Paulo Roberto dos 500 mil (reais) e tem a delação do Ricardo (Pessoa), que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas coisas. Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo (Curitiba). Tem que encontrar uma maneira...

Jucá
Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. (...) Tem que ser política, advogado não encontra (inaudível). Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria.

Machado
Tem de ser uma coisa política e rápida. Acho que ele está querendo... o PMDB. Prende, e bota lá embaixo. Imaginou?

Jucá
Você conversou com o Renan?

Machado
Não, quis primeiro conversar contigo porque tu é o mais sensato de todos.

Jucá
Acho que a gente precisa articular uma ação política.

Machado
Quis conversar primeiro contigo, que tenho maior intimidade. Depois quero conversar com (José ) Sarney e o Renan, com vocês três. (...) Estou convencido, com essa sinalização que conseguiu do Eduardo (incompreensível). Desvincula do Renan.

Jucá
Mas esse negócio do Eduardo está atacando (incompreensível).

Machado
Mas ele (Janot) está querendo pegar vocês, tenho certeza absoluta.

Jucá 
Não tenha dúvidas.

Machado 
Não, tenho certeza absoluta. E ele não vale um cibazol. É um cara raivoso, rancoroso e etc. Então como é que ele age? Como não encontrou nada nem vai encontrar. (inaudível)

Jucá
O Moro virou uma Torre de Londres.

Machado
Torre de Londres?

Jucá
Mandava o coitado pra lá para o cara confessar.

Machado
Para o cara confessar. Então a gente tem que agir como (incompreensível) e pensar numa fórmula para encontrar uma solução para isso.

Jucá 
Converse com ele (Renan), converse com o Sarney, ouça eles, e vamos sentar pra gente...

Machado 
Isso, Romero, o que eu acho primeiro: que é bom para a gente.

Jucá
Acho que você deveria procurar o Sarney, devia procurar o Renan, e a gente voltar a conversar depois. [incompreensível] Como é que é...

(...)

Machado
É porque... Se descer, Romero, não dá.

Jucá
Não é um desastre porque não tem nada a ver. Mas é um desgaste, porque você, pô, vai ficar exposto de uma forma sem necessidade.

Machado
O Marcelo (Odebrecht), o dono do Brasil, está preso há um ano. Sacanagem com Marcelo, rapaz, nunca vi coisa igual. Sacanagem com aquele André Esteves, nunca vi coisa igual.

Jucá
Rapaz... (concordando)

(...)

Machado
Outra coisa. A frouxidão de vocês em prender o Delcídio foi um negócio inacreditável. (O Senado concordou com prisão decretada pelo STF)

Jucá
Sim, pô, não adianta soltar o Delcídio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dessa dentro do plenário

Machado
Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei, a lei diz clara...

Jucá
Pô, pois então. Ali não teve jeito, não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui (Falcão, presidente do PT), a imprensa toda, os caras não seguraram, não.

Machado
Eu sei disso, foi uma cagada.

Jucá
Foi uma cagada geral.

Machado
Foi uma cagada geral. Foi uma cagada o Supremo fazer o que fez com o negócio de prender em segunda instância, isso é absurdo total que não dá para interpretar, e ninguém fez nada. Ninguém fez Adin, ninguém se questionou. Isso aí é para precipitar as delações. Romero, esquentou as delações, não escapa pedra...

Jucá
(incompreensível) no Brasil.

Machado
Não escapa pedra sobre pedra.(incompreensível)(...)Estou com todos os certificados do TCU, agora me deram, não devo nada, zero. E isso adianta alguma coisa? Então estou preocupado.

Jucá
Não, tem que cuidar mesmo.

Machado
Estou preocupado porque estou vendo que esse negócio da filha do Eduardo (Cunha), da mulher, foi uma advertência para mim. E das histórias que estou sabendo, o interesse é pegar vocês. Nós. E o Renan, sobretudo.

Jucá
Não, o alvo na fila é o Renan. Depois do Eduardo Cunha... É o Eduardo Cunha, a Dilma, e depois é o Renan.

Machado
E ele (Janot) não tem nada. Se ele tivesse alguma coisa, ele ia me manter aqui em cima, para poder me forçar aqui em cima, porque ele não vai dar esse troféu pro Moro. Como não tem nada, quer ver se o Moro arranca...

Jucá
 ... para subir de novo.

Machado
...para poder subir de novo. É esse o esquema. Agora, como fazer? Porque arranjar uma imunidade não tem como, não tem como. A gente tem que ter a saída porque é um perigo. E essa porra. A solução institucional demora ainda algum tempo, não acha?

Jucá
Tem que demorar três ou quatro meses no máximo. O país não aguenta mais do que isso, não.

(...)

Machado
Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel (Temer).

Jucá
(concordando) Só o Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

Machado
É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

Jucá
Com o Supremo, com tudo.

Machado 
Com tudo, aí parava tudo.

Jucá 
É. Delimitava onde está, pronto.

Machado
Parava tudo. Ou faz isso... Você viu a pesquisa de ontem que deu o Moro com 18% para a Presidência da República?

Jucá
Não vi, não. O Moro?

(Sobre Aécio)

Machado
É aquilo que você diz, o Aécio (Neves) não ganha porra nenhuma...

Jucá
Não, esquece. Nenhum político desses tradicionais não ganha eleição, não.

Machado
O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...

Jucá
É, a gente viu tudo...

Machado
O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

Jucá
Todos, porra. E vão pegando e vão...

Machado
(Sussurrando) O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? (Mudando de assunto) Amigo, eu preciso da sua inteligência.

(Sobre STF e impeachment)

(...)

Machado
Mas viu, Romero, então acho a situação gravíssima.

Jucá
Ontem fui muito claro. (...) Só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?

Machado
Agora, ele acordou a militância do PT.

Jucá
Sim.

Machado
Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.
(...)

Jucá
(Em voz baixa) Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de (inaudível) sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.

Machado
Acho o seguinte, a saída (para Dilma) é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito. (Possível referência ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava-Jato)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Começa o governo dos cidadãos acima de qualquer suspeita...

O filme rebobinado de 1954 e 1964 entrou em cartaz. Dilma não caiu por ser Dilma, nem o governo foi derrubado por envolvimento em esquemas de corrupção que, aliás, citam a maioria dos partidos que sustentarão o novo governo.

Como o processo é golpista em todas as instâncias, não é crível que a presidente eleita volte, embora prometa lutar até o fim, após o afastamento de 180 dias.

A era que se encerrou ontem não chegou ao fim pelos seus defeitos e erros, muitos deles cometidos em consequência da falta de critério na busca de alianças em nome da "governabilidade".

Historicamente, as milícias oligárquicas atuam e movem suas tropas sempre que o Brasil tenta avançar alguns metros rumo a uma configuração social mais justa. Foi assim há 60 anos, há 50, foi assim 1937, após o sopro renovador da Revolução de 1930. Foi assim até mesmo em episódios pontuais, como o da brutal campanha midiática contra os Cieps, de Brizola e Darcy Ribeiro.

Nos últimos anos, programas e políticas como Bolsa Família, Prouni, Fies, cotas racias, atuação diplomática independente e pragmática, demarcação de terras indígenas, saúde pública, de habitação, de renda interna, de emprego e de alguma distribuição de renda foram combatidos e fustigados como graves "ameaças".

É famoso e tristemente simbólico o caso da colunista socialite que confessou já não ter vontade de ir a Paris porque até o porteiro dela já tinha dado um rolé na Torre Eiffel. A madame deve estar feliz.

Para a felicidade dos passageiros da "nova era" Temer-Moreira Franco-Roberto Jefferson etc, esses incômodos não se repetirão tão cedo.

Dilma distanciou-se dos movimentos sociais, continuou teimosamente abraçada ao PMDB, estendeu tapete para a fantasiosa "base aliada" e, quando tentou olhar para as ruas, já era tarde. Não apenas ela mas o país paga um preço alto por esses erros. A queda da presidente eleita é uma parte do desastre político.

Michel Temer, do PMDB, toma posse amanhã. Mas o seu partido, conduzido por Eduardo Cunha e sua base multipartidária, essa sim, aliada, governa desde o começo de 2015, quando teve início a intensa campanha para inviabilizar o segundo mandato de Dilma. Na época, o mote foi "fraude" na eleição, mas era tão fantasioso que não foi para a frente. Outros pretextos foram montados até o momento em que, como ontem, não foi mais necessário pretexto algum.

Enquanto parte do país vestia a camisa da CBF e aplaudia a conspiração em curso desde o dia 2 de janeiro do ano passado, um bonde conservador chamado BBB (que reúne bancadas de deputados e senadores do Boi, da Bala e da Bíblia) atropelava o Congresso. O bloco BBB chega agora, efetivamente, ao poder, mas, somado a setores do PSDB e DEM, já "governava" de fato há muitos meses, desde que, com apoio fortemente conservador e então festejado pela mídia, Cunha chegou à presidência da Câmara e passou a ditar ou paralisar a pauta. Alguns exemplos da bliztkrieg política que levou a propostas que apontam para um brutal retrocesso são os projetos que dificultam casos de abortos previstos em leis, que ampliam o poder das igrejas (como a permissão para contestar diretamente o STF), dispositivos homofóbicos, desconstrução da CLT, conceito religioso fundamentalista de família, projeto que derruba a política de demarcação de terras indígenas, projeto que reduz o alcance da legislação ambiental, diminuição da maioridade penal, ocultação do símbolo de transgênicos, desmonte do estatuto do desarmamento, desmonte do Marco Civil da Internet, etc. Alguma dessas propostas já se efetivaram, outras estão na fila que agora andará ainda mais rápido.

Os apoiadores do golpe sabem que não favoreceram apenas a derrubada de Dilma, mas levaram ao poder o combo político descrito acima e todas as suas consequências sociais e econômicas. Tanto sabem que, muitos, principalmente certos articulistas e "formadores de opinião", passaram a inserir nas suas análises alguns conceitos preventivos, como uma espécie de "hábeas corpus" diante da história, tentando aparentar  suposta e insustentável "imparcialidade", isso após meses de desenfreada militância golpista. Dá para entender. Tais figuras dividem o vagão com as reputações "ilibadas" da nova era. Não tem como desembarcar. O trem dos cidadãos acima de qualquer suspeita golpe já partiu e a maioria dos passageiros nem precisou mostrar a passagem. A xerox da folha corrida já dava direito à primeira classe.  

JORNAL DO BRASIL PUBLICA O LISTÃO DOS APOIADORES DO GOLPE. LEIAM, ABAIXO, MAS ANTES TIREM AS CRIANÇAS DA SALA.


65% dos senadores favoráveis ao impeachment respondem ou responderam a processos judiciais

Dos 34 que já enfrentaram problemas na Justiça, 11 foram condenados

Transcrito do Jornal do Brasil

Nesta quarta-feira (11), o Brasil parou para acompanhar a votação do Senado Federal sobre a admissão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, 80 parlamentares tiveram direito a voto, destes, 55 se declararam favoráveis à abertura das investigações, e consequentemente ao afastamento de Dilma. Um levantamento feito pelo Jornal do Brasil mostra que, dos 55 senadores que declararam seus votos favoráveis ao processo, 34 respondem ou já responderam algum tipo de problemas judiciais.
Dos 55 senadores que votaram em prol do impeachment, 11 já tiveram seus casos encerrados e foram condenados nos processos. São eles: Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), Ciro Nogueira (PP-PI), Dario Berger (PMDB-SC), Eduardo Amorim (PSC-CE), Ivo Cassol (PP-RO), Marta Suplicy (PMDB-SP), Paulo Bauer (PSDB-SC), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO), Zezé Perrella (PDT-MG).

Acir Gurgacz (PDT-RO) - É réu em ação penal por falsificação de documentos, "lavagem" ou ocultação de bens e crimes de estelionato, obtenção de financiamento mediante fraude e aplicação de recursos oriundos de financiamento de instituição financeira para finalidades diferentes do que previa o contrato ou lei correspondente. O processo corre sob segredo de justiça.
Aécio Neves (PSDB-MG) – Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) - O parlamentar foi réu em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal por ter recebido da União remuneração acima do teto constitucional. Foi condenado a devolver à União o montante indevidamente recebido, decorrente de cumulação do subsídio pago a congressistas com a pensão especial paga pelo Estado de Sergipe ao parlamentar na qualidade de ex-governador.
Ataídes Oliveira (PSDB-TO) - Nas eleições de 2010, a construtora que pertence ao senador realizou doação acima do limite permitido para a campanha do ex-governador Siqueira Campos (PSDB). O parlamentar foi condenado em primeira e segunda instâncias e recorre no TSE, onde conseguiu efeito suspensivo em ação cautelar.
Benedito de Lira (PP-AL)  - É alvo de inquéritos abertos com a Operação Lava Jato da Policia Federal, que investigam esquema de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras.
Blairo Maggi (PR-MT) - Como governador de Mato Grosso foi apontado por ambientalistas como um dos maiores promotores do desmatamento da Amazonia mas recuperou sua imagem através de programas de regularização fundiária e licenciamento ambiental que tinham o intuito de preservar matas ciliares e nascentes. É alvo de ação de improbidade administrativa (dano ao erário) movida pelo MPF.
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) - Teve o mandato de governador cassado em ação de investigação judicial por abusos de poder econômico e político, captação ilícita de sufrágio e conduta vedada a agente público. Foi também condenado a pagamento de multa. Recorreu, mas decisão foi mantida. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Ciro Nogueira (PP-PI) - O senador e sua mulher, a deputada federal Iracema Portella (PP-PI), são alvos de inquérito que apura crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, tráfico de influência e formação de quadrilha ou bando. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Dalirio Beber (PSDB-SC) - Foi responsabilizado e multado por diversas irregularidades constatadas durante sua gestão na Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (BADESC).
Davi Alcolumbre (DEM-AP) - É alvo de investigação referente a abuso de poder econômico, político e de autoridade, bem como captação ilícita de sufrágio. O esquema envolvia a celebração de convênios milionários entre o Estado do Amapá e a Prefeitura de Macapá, para a realização de obras de asfaltamento, usadas para propaganda durante a campanha de candidatos, além do uso de veículos de comunicação custeados com recursos públicos. Também teria envolvido o constrangimento de servidores comissionados da prefeitura a apoiarem e votarem no parlamentar, sob pena de serem demitidos, e do Batalhão de Operações Especiais da PM/AP e o Corpo de Bombeiros Militar, que deveriam fazer o mesmo sob pena de transferência para outra unidade ou represálias. Em decisão liminar, a justiça determinou a retirada das menções aos acusados dos sítios oficiais do governo do Estado do Amapá e da Prefeitura de Macapá.
Dário Berger (PMDB-SC) - Condenado, em primeira instância, ao pagamento de multa por improbidade administrativa em contratação irregular, conseguiu reverter a condenação por improbidade, pois não foram comprovados má-fé e dolo. O Tribunal entendeu que o senador foi responsável apenas por irregularidades administrativas, mantendo assim a multa imputada.
Edison Lobão (PMDB-MA) - O Tribunal detectou irregularidades na aplicação dos recursos de um convênio entre o estado do Maranhão e a União, que visava melhorar condições de assistência básica de saúde na região. Parte dos recursos foram utilizados para pagar exame, consulta e tratamento médico domiciliar do senador, então governador do estado. É alvo de inquéritos abertos com a Operação Lava Jato da Policia Federal, que investigam esquema de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras.
Eduardo Amorim (PSC-SE) - Foi condenado ao pagamento de multa de R$ 30 mil por se beneficiar ilegalmente de bem público usado para promover sua candidatura ao Governo de Sergipe em 2014. O prefeito de Itabaiana, Valmir dos Santos Costa (PR-SE), contratou empresa de publicidade para promover aliados às custas da Prefeitura.
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - É alvo de inquérito aberto com a Operação Lava Jato da Policia Federal, que investiga esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras. Por decisão do STF, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do parlamentar. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Fernando Collor (PRTB-AL)  - Foi alvo de inúmeras denúncias de corrupção durante sua inteira carreira política. Único presidente da história do Brasil a sofrer um processo de impeachment, em 1992. Teve indeferido o registro de candidatura a prefeito de São Paulo nas eleições de 2000. Seu nome também aparece na Lava Jato.
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - É alvo de inquérito que apura a prática de crimes contra a administração pública. De acordo com a acusação, o parlamentar participou de esquema de fraude em contratos entre o Governo do Estado do Pará e empresas para realização de obras, construção e serviços de engenharia, que desviou dinheiro público a fim de financiar campanhas eleitorais.
Gladson Cameli (PP-AC) - É alvo de inquérito aberto com a Operação Lava Jato da Policia Federal, que investiga esquema de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras.
Ivo Cassol (PP-RO) - Foi condenado, por unanimidade no STF, em ação penal movida pelo Ministério Público Federal por prática do crime de fraude a licitação. Ivo Cassol foi condenado a 4 anos de detenção em regime semiaberto e ao pagamento de multa. Caberá ao Congresso decidir sobre a perda de seu mandato. O TCU já havia condenado o parlamentar ao pagamento de multa e à inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança por cinco anos. Foi condenado por improbidade administrativa (violações aos princípios administrativos) a perda de cargo público. Condenado em ações civis de improbidade administrativa a ressarcir o erário e a pagamento de multa por fraudes em procedimentos licitatórios abertos para a realização de obras e serviços de engenharia pelo município de Rolim Moura (RO), quando era gestor do município. As empresas vencedoras dos certames pertenciam ao parlamentar. Foi condenado junto com o deputado federal Lindomar Garçom (PMDB) por abusos de poder político e econômico por utilização indevida de entidade de classe estudantil para participação em comício. A Justiça determinou sua inelegibilidade para as eleições subsequentes ao pleito de 2010 por três anos. Condenado em ação de investigação de abusos de poder político e econômico e uso indevido de meio de comunicação social. A Justiça determinou sua inelegibilidade para as eleições subsequentes ao pleito de 2010 por três anos. Recorre da decisão no TSE. Teve reprovada a prestação de contas referente às eleições de 2010. É réu em ação penal por captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral. É alvo de inquérito que apura oferecimento de propina a deputados estaduais. É alvo de inquérito que apura peculato e improbidade administrativa. De acordo com a denúncia, o parlamentar coagiu servidores públicos estaduais a depositar 3% da remuneração em favor do PP, do qual era presidente regional à época. É alvo de inquérito que apura crimes contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica e corrupção ativa. É alvo de inquérito que apura crime contra a administração em geral e crime de lavagem de dinheiro. É alvo de inquérito que apura crimes contra a flora. É alvo de inquérito que apura peculato e lavagem de dinheiro. É réu e alvo de ações civis públicas, inclusive de improbidade administrativa, movidas pelo Ministério Público. É alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual por ato de improbidade relacionado ao descumprimento das normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente no interior da unidade de internação para jovens. É alvo de investigação por abuso de poder político e econômico.
José Agripino (DEM-RN) - Responde em inquérito aberto pelo STF para apurar o recebimento de propina da empreiteira OAS nas obras de construção do estádio Arena das Dunas, em Natal, para a Copa do Mundo de 2014. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
José Maranhão (PMDB-PB) - É alvo de ação civil pública de improbidade administrativa com dano ao erário, movida pelo Ministério Público Estadual.
José Serra (PSDB-SP) - É alvo de ação civil pública de improbidade administrativa com violação aos princípios administrativos, ajuizada pelo Ministério Público Federal. O senador responde por envolvimento em irregularidades no uso de recursos do PROER em favor do Banco Econômico, quando exercia o cargo de ministro do Planejamento. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Lúcia Vania (PSB-GO) - Teve reprovada a prestação de contas referente às eleições de 2000.
Magno Malta (PR-ES) - Foram desaprovadas as contas anuais do diretório regional do PR-ES, relativas ao exercício de 2011, quando o parlamentar era o seu presidente. A Justiça Eleitoral determinou que não fossem repassadas ao diretório as cotas do fundo partidário pelo prazo de doze meses.
Marta Suplicy (PMDB-SP) - Foi condenada juntamente com José Américo (PT-SP) em ação civil pública por improbidade administrativa com dano ao erário a pagamento de multa. A Justiça considerou desproporcional os gastos de R$ 5,4 milhões com a divulgação dos CEUs pela Prefeitura de São Paulo durante a sua gestão. É alvo de ações civis de improbidade administrativa movidas pelo Ministério Público Estadual.
Omar Aziz (PSD-AM) - É alvo de ações civis de improbidade administrativa, ajuizadas pelo Ministério Público do Estado do Amazonas.
Paulo Bauer (PSDB-SC) - Foi mantida a condenação por improbidade administrativa de ressarcimento de despesas efetuadas com verbas públicas em decorrência de gastos realizados com campanha publicitária contratada pela Secretaria Estadual das Educação, quando era o secretário responsável, a qual atribuíram escopo de promoção pessoal do administrador público.
Reguffe (Sem partido-DF) - Teve rejeitada prestação de contas referente às eleições de 2002.
Romero Jucá (PMDB-RR) - É alvo de inquérito que apura crimes de responsabilidade. Faz parte da lista divulgada pela empreiteira Odebrecht que contém 300 nomes mencionados nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato.
Sergio Petecão (PSD-AC) - É réu em ação penal movida pelo Ministério Público Federal por crimes eleitorais.
Simone Tebet (PMDB-MS) - É alvo de ação civil de improbidade administrativa com dano ao erário, ajuizada pelo Ministério Público Federal.
Valdir Raupp (PMDB-RO) - Foi condenado por improbidade administrativa em ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual e pelo estado de Rondônia. A Justiça determinou o ressarcimento ao erário, vedação de recebimento de benefícios fiscais ou creditícios e pagamento de multa.
Vicentinho Alves (PR-TO) - É alvo de inquérito que apura crimes na Lei de Licitações.
Wellington Fagundes (PR-MT) - É alvo de inquérito que apura peculato.
Zezé Perrella (PTB-MG) - O parlamentar foi condenado em ação de improbidade administrativa movida pelo MPF à suspensão dos direitos políticos por três anos e a pagamento de multa por ocupação ilegal de apartamentos funcionais, de propriedade da Câmara dos Deputados, na época em que era deputado federal. O senador recorreu da decisão na mesma instância, mas a decisão foi mantida. O parlamentar recorre em segunda instância.