Mostrando postagens com marcador jornal Última Hora. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jornal Última Hora. Mostrar todas as postagens

domingo, 21 de janeiro de 2024

Memória da mídia: no tempo em que jornal Ultima Hora era o "carioca perfeito"

 

O anúncio acima foi publicado na Manchete. Uma nova campanha do extinto Ultima Hora divulgava nos anos 1970 o posicionamento do jornal como "carioca" com o objetivo de se diferenciar do então forte Jornal do Brasil e o poderoso O Globo. O UH aninciava como colunistas nomes como Artur da Távola, Zuzu Vieira, Gilda Muller, Marisa Raja Gabaglia e Daniel Más. Foi uma das inúmeras tentativas de reerguer o jornal que, em 1991, pediu falência.  O Arquivo Público do Estado de São Paulo colocou na internet o acervo do Ultima Hora, edições de São Paulo e Rio de Janeiro. 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Memórias da redação: Aconteceu no...


Previsões: apenas uma maneira de fazer leitores ficarem otimistas
por Eli Halfoun
Acredita em previsões quem quer e geralmente crê porque é uma maneira de abastecer-se de otimismo e esperança em relação ao futuro e até ao presente. Nunca acreditei em previsões astrológicas, numerologia e outras crendices que ajudam a vender jornais e revistas e fazem muitos “adivinhões” rechearem as carteiras com “consultas” pagas a peso de ouro. Minha descrença não é apenas porque sou mais um dos muitos céticos que se espalham pelo mundo: não acredito porque sei como previsões de jornais e revistas são feitas. Durante muitos anos fui o “astrólogo” substituto do jornal Última Hora quando editava o segundo caderno e o astrólogo oficial não enviava as previsões.  Como o espaço precisava ser preenchido, lá ia eu preparar o horóscopo do dia seguinte sempre com a preocupação de copiar o estilo do astrólogo titular e de não carregar de pessimismo nas previsões dos signos dos amigos e colegas de redação. Nosso astrólogo oficial era o falecido professor Raji, um realmente estudioso (professor de verdade) da astrologia, mas que mesmo assim não tinha condições de prever o destino de milhares de leitores. Na revista Amiga, repeti a dose de adivinhações criando as previsões feitas por pais de santo (depois os jornais populares copiaram) sempre com a preocupação de não deixá-los falar demais prevendo situações desagradáveis. Fazíamos também previsões gerais tipo “vai morrer uma pessoa famosa” (sempre morre), “as chuvas castigarão alguns estados no verão (sempre castigam) e outras tantas previsões que na verdade são apenas repetições do cotidiano. Embora revistas especializadas em astrologia e previsões apareçam aos montes todo final de ano, quem se der ao trabalho de consultar o que disseram as revistas antigas perceberá que é sempre e tudo a mesma coisa. Talvez por isso mesmo a televisão esteja abrindo mão de fazer previsões em seus programas jornalísticos ou de variedades. Ninguém que não sejam os políticos que continuar enganando o povo. 
Sem crença mas com bom humor
Quem não acredita (não são poucos) precisa respeitar os que acreditam e levar tudo com bom humor. Foi o que fiz quando um amigo também jornalista insistiu em levar-me a um pai-de-santo que leria o meu destino nos búzios. Fui lá e quando entrei na sala em que as consultas eram realizadas, o pai-de-santo colocou a mão na testa (dele é claro) jogou os búzios e mandou essa:
“Não vejo você com nenhum problema”.
 Não resisti e mandei a minha:
“Não vê porque é cego. Eu entrei puxando a perna”
(sequela de um AVC que tive aos 26 anos e que carrego até hoje). (Eli Halfoun)

domingo, 9 de maio de 2010

Cadê a memória da imprensa?


por JJcomunic
Enquanto o leilão judicial não dá um destino ao Arquivo Fotográfico da Massa Falida da Bloch Editores, importantes acervos de outras publicações, de uma maneira ou de outra, vão chegando ao público. A grande coleção de fotos do O Cruzeiro pertence hoje ao jornal Estado de Minas, que a mantém mas não promove mostras que levem os grandes momentos do fotojornalismo ao conhecimento das novas gerações. Os arquivos do Correio da Manhã estão atualmente no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. A instituição já mostrou parte do acervo em exposição no ano passado e promete outras. Mas ainda há por aí valiosas coleções à espera de pesquisadores. Por onde anda, por exemplo, o acervo do Diário Carioca,um dos primeiros a dar destaque a fotos na primeira página. E os arquivos do Diário de Notícias? Do O Jornal? E, para não deixar a TV de fora, cadê o que restou dos tapes da TV Tupi? E os vídeos da Rede Manchete, jornalismo, show, programas de entrevistas, musicais, algumas novelas, coberturas de Copas e Olimpíada?
Diante dessa realidade, merece destaque a iniciativa da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Nova Central Sindical dos Trabalhadores no Estado de São Paulo (NCST) e da União Geral dos Trabalhadores (UGT) ao organizar a exposição "Futebol Majestade: Arquivo inédito do jornal Última Hora", que exibe fotos de Pelé e capas históricas do jornal. A mostra, que está no Parque da Independência, vai até o dia 25 de maio. Uma parte do acervo estava no Arquivo Público do Estado de São Paulo. E a outra, inédita, redescoberta há cerca de cinco anos, pertence ao acervo da família do jornalista Samuel Wainer, dono do Última Hora. A exposição tem apoio da Prefeitura da Cidade de São Paulo, Governo do Estado e Governo Federal. Segundo o curador, Fernando Costa Netto, a pesquisa das fotos consumiu meses de trabalho. O Última Hora também inovou na linguagem fotográfica. E foi Samuel Wainer que transformou fotógrafos em "mensalistas". Antes, os profissionais ganhavam por "chapa". (Reproduções: Arquivo Público do Estado de São Paulo).
Conheça o site do Arquivo Público do Estado de São Paulo, que tem links para acesso a importantes coleções de jornais e revistas. Clique AQUI

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Memórias alegres de um eterno repórter: Aconteceu... no jornal Última Hora

por Eli Halfoun
Todo jornalista espera sempre por uma grande cobertura, um furo de reportagem, uma matéria polêmica, mas não é exatamente isso o que acontece no dia a dia das redações que fazem (pelo menos faziam em outros tempos, antes de virarem verdadeiras lan houses) do corre-corre atrás de notícias com que essa não seja uma profissão que caia na rotina. Pelo contrário: mesmo que não aconteça a grande cobertura repórteres acabam sendo nas ruas e nas redações personagens diários de acontecimentos inusitados e na maioria das vezes engraçados. Na minha vida de repórter, iniciada cedo, fui um desses personagens e aqui nesse espaço reúno pequenas histórias que podem não ser grandes ensinamentos de jornalismo, mas de uma forma ou de outra serão, além de curiosas, pequenos exemplos com os quais sempre se pode aprender alguma coisa.

O Dia do Perdão que não me perdoou
Estava na redação da Ultima Hora quando o chefe de reportagem me convocou.
- “Tem uma pauta especial para você. Vá fazer a cobertura do Dia do Perdão na sinagoga da Rua Tenente Possolo (é a maior sinagoga do Rio)"
Não era a grande cobertura que esperava e só era “especial” porque eu era o único judeu disponível na redação e embora não soubesse muito sobre o assunto (não sou um judeu muito religioso e só sabia que o Dia do Perdão é comemorado dez dias após o Ano Novo judaico e que é a data mais importante do calendário) lá fui eu. Com o natural entusiasmo de um repórter novato decidi que não iria me limitar a contar o que presenciaria. Queria mais e como o Dia do Perdão é o dia em que os judeus fazem jejum das 6 horas da tarde de um dia até o mesmo horário do dia seguinte, achei que era legal saber se todos que estavam na sinagoga realmente praticavam o jejum. Minha primeira ação foi pesquisar nos botequins e lanchonetes (naquela época havia poucas lanchonetes) e muita gente saía da sinagoga, onde se deve passar o dia inteiro, para comer. Fiquei sabendo que nesse dia os botecos em torno da sinagoga vendiam mais sanduíches, salgadinhos e principalmente cafezinho do que em outras datas. Rodei por alguns botecos (também aproveitei para comer um sanduíche) e já tinha um bom material para uma reportagem diferente, mas queria mais. Fiquei na sinagoga um tempo ouvindo discretamente as conversas que rolavam nos grupinhos que se formavam na entrada. Ninguém falava de religião, mas sim de negócios: venda de jóias, de móveis e de imóveis. Finalmente, eu tinha mais um bom material e voltei para a redação cheio de entusiasmo. Escrevi um texto que quase nada falava sobre o Dia do Perdão, mas sim sobre o que eu tinha apurado nos botecos e na calçada. Entreguei o texto crente que tinha feito uma excelente reportagem. O editor gostou, mas preocupado decidiu enviar o texto para a aprovação do também judeu Samuel Wainer, o patrão, que vetou a publicação, me chamou em sua sala e me deu a maior bronca:
- “Você quer ser um bom repórter, mas esse texto só criará problemas. Nem parece que você é judeu”.

Exagero que não livrou a cara nem do pai

Foi meu pai quem me apresentou ao Samuel Wainer. Meu pai era “maitre” (eu o chamava de camelô de comida porque ele vendia o que queria) e conhecia o Samuel de servi-lo nos restaurantes. Anos depois, eu já era editor do segundo caderno da Ultima Hora e também assinava uma coluna diária que tinha a então movimentada noite carioca como tema. Meu pai era o dono do Chez Robert, restaurante que funcionou em Copacabana e que tinha também, no segundo andar, a boa La Cage (o nome fazia referência a pista da dança que era uma gaiola dourada). Todas as noites, eu ia filar a bóia no Chez Robert, onde também encontrava muita gente e, portanto, muitas notas para minha coluna. Certa noite fui lá e a coisa não estava legal: o ar condicionado tinha pifado e tanto no restaurante como na boate, o serviço não era dos melhores. Não tive dúvidas e escrevi uma nota esculhambando a casa. Achei que estava cumprindo o meu dever de repórter, mas não foi bem assim: quando a nota foi publicada, o Samuel me chamou e perguntou ao mesmo tempo em que grifava o nome do restaurante na minha coluna.
- “Esse não é o restaurante do seu pai?” – perguntou. Respondi apenas com um sim, balançando a cabeça, e o Samuel completou:
- “Você é louco Como pode fazer isso com seu pai?”
Não me dei por vencido:
- “Não fiz nada, além do que o senhor me ensinou, que é publicar apenas a verdade e aí não tem nenhuma mentira”.
Samuel não disse nada e fui saindo, mas enquanto me encaminhava até a porta deu para ouvi-lo dizendo baixinho:
- “É doido. Doido”.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pararam as máquinas



Chega às livrarias essa semana o livro A rotativa parou! - Os últimos dias da Última Hora de Samuel Wainer (Editora Civilização Brasileira), do jornalista Benício Medeiros, que foi repórter e crítico literário da revista Veja, redator da  Istoé, editor do Jornal da Globo, editorialista do Jornal do Brasil e editor da revista Manchete. Com depoimentos, pesquisas, fotos e material da memória, Benício relata situações dramáticas e também cômicas vividas na reta final do histórico jornal. Um trecho:
A paciência da redação ia-se esgotando. E decidiu-se por uma paralisação, no horário do fechamento, em sinal de protesto contra uma situação que se revelava insustentável. Coisa inédita em quase vinte anos de contínua atividade: a redação da UH, nesse dia, parou por um interminável minuto. Samuel trabalhava normalmente no seu aquário, subindo e descendo os seus óculos como sempre, quando percebeu uma estranha calmaria. Levantou-se e viu a cena chocante. Estavam todos de pé, num silêncio lutuoso, pois nada, na verdade, precisava ser dito. Samuel parecia não acreditar no que via, disfarçava, não sabia onde pôr as mãos, o que dizer ou fazer. Me deu pena ver o seu olhar atônito, por trás do vidro do aquário. Não era o olhar do patrão nem do jornalista, mas o olhar de um homem comum diante da própria ruína, diante do fim da sua grande aventura.”

domingo, 27 de setembro de 2009

Benício Medeiros lança livro sobre o jornal Última Hora

A editora Civilização Brasileira lança em outubro o livro A Rotativa Parou - Os últimos dias da Ultima Hora de Samuel Wainer, do jornalista Benício Medeiros. É mais uma obra a abrir luz sobre a história de um importante veículo. Quem nos passa a dica é Roberto Mugiatti, que enviou o link com o seguinte recado: "Esta matéria pode interessar ao Panis Cum Ovum, tem a ver com nossa história, nesta profissão incerta... E o Benício esteve presente também aos últimos dias da Manchete. Foi meu chefe de redação de 1998 até maio de 1999, quando o Janir assumiu e fomos transferidos para o EleEla. Ele pediu o boné e não foi trabalhar no EE" (RM)
Leia a matéria sobre o livro de Benício no link A Rotativa Parou