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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Jango em Brasília: em dia simbólico, o Brasil se reconcilia com a História.

A urna com os restos mortais de Jango chega a Brasília. Reprodução imagem Globo News

Foto histórica e rara. A revista Manchete foi o único órgão de imprensa a fotografar o Presidente em 1964 no exato momento em que Jango se encaminhava para o avião que o levaria ao exílio. Esta foto - feita no aeroporto Santos Dumont -, e suas circunstâncias estão  reproduzidas no livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou "(Editora Desiderata). Foto: Reprodução Manchete

As lágrimas da ex-primeira dama, Maria Teresa Goulart, ao ver a chegada da urna a Brasília. Foto: Reprodução da TV (Globo News)

Lula e Maria Teresa

A presidente Dilma, Maria Teresa e Lula (Reprodução Globo News)

Dilma abraça Maria Teresa (Reprodução Globo News)
(Postado pela redação da JJcomunic com informações do Blog do Planalto))
Um dia simbólico. O Presidente João Goulart volta a Brasília e recebe honras de chefe de Estado. 
“Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico”, disse.
Eleito duas vezes vice-presidente da República, em 1955 e 1960 - na época, o vice era votado individualmente e não apenas participava da chapa do presidente -  João Goulart tornou-se Presidente da República em agosto de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros. Em sua posse, em 7 de setembro de 1961, Jango afirmou que todo o país deveria se mobilizar na luta pela emancipação econômica, contra a pobreza e contra o subdesenvolvimento.
Leia trechos dos discursos de Jango. Suas palavras ajudam a entender o complô que o derrubou.  
“Reclamamos a união do povo brasileiro e por ela lutaremos com toda a energia, para, sob a inspiração da lei e dos direitos democráticos, mobilizar todo o País para a única luta interna em que nos devemos empenhar, que é a luta pela nossa emancipação econômica, que é a luta contra o pauperismo, a luta contra o subdesenvolvimento”, afirmou. Já em 13 de março de 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, o presidente discursou na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para um público estimado de 150 mil pessoas. Na ocasião, Jango anunciou as reformas agrária, tributária e eleitoral. Ele ainda afirmou contar com a “compreensão e o patriotismo” das Forças Armadas. “Reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”, disse. 
Foram essas metas que levaram militares a dar o golpe que fez o Brasil mergulhar em anos de sangue e sombra. 
O corpo de Jango permanece na capital federal até 6 de dezembro. A exumação dos restos mortais do ex-presidente, que teve início nesta quarta-feira (13), no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja (RS), foi concluída com êxito após pouco mais de 18 horas de trabalho. Concluída às 2h desta quinta, a exumação envolveu 12 profissionais do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai. O médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente, teve participação efetiva em todo o procedimento.
Exilado pela ditadura militar na década de 60, Jango morou no Uruguai e depois na Argentina, onde veio a falecer em 6 de dezembro de 1976. A causa oficial da morte, um ataque cardíaco, nunca convenceu a família, que acusa o governo militar da época, de Ernesto Geisel, de ter envenenando o ex-presidente. Com a análise pericial dos restos mortais de Jango, a expectativa é de que os laudos periciais sejam somados às demais investigações, incluindo as documentais e testemunhais, na busca de um esclarecimento sobre as causas que levaram ao óbito do ex-presidente.
Presidente João Goulart na capa da Manchete: a revista registrou visita oficial ao Estados Unidos em 1962. Na foto John Kennedy ouve o discurso do colega brasileiro. 
Deposto no golpe militar de 1964, Jango morreu em 6 de dezembro de 1976 em sua fazenda em Mercedes, na Argentina. Oficialmente, ele teria sofrido um infarto, mas a autópsia jamais foi realizada. Em depoimento, o ex-espião uruguaio Mario Neira Barreiro contou ao filho de Jango, João Vicente Goulart, em 2006, que espionava Jango e que teria participado de um complô para trocar os remédios do ex-presidente por uma substância mortal.
Em 2007, a família de Jango solicitou ao Ministério Público Federal a reabertura das investigações. O pedido de exumação foi aceito em maio deste ano pela Comissão Nacional da Verdade. Tanto o governo federal quanto membros da família Goulart acreditam que há indícios de que o ex-presidente possa ter sido assassinado. Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade, em maio de 2012, foi criado um grupo de trabalho que vem coordenando as investigações em torno da morte de João Goulart. O trabalho é feito, de forma conjunta, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e pela CNV com a presença de peritos internacionais e acompanhamento de instituições multilaterais. 
Em "O Beijo da Morte", Carlos Heitor Cony e Anna Lee investigam o suposto assassinato de Jango. No livro, uma mistura de ficção e fatos reais, lançado em 2003, os autores (Anna Lee foi repórter da Manchete e Cony diretor de várias revistas da Bloch) focalizam também as circunstâncias suspeitas em que morreram Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, além de Jango, no curto espaço de tempo de nove meses, entre agosto de 1976 e maio de 1977, em plena ditadura. Um pouco antes, Jango estaria estudando a possibilidade de voltar ao Brasil mas foi alertado de que o general Silvio Frota pretendia prendê-lo assim que desembarcasse. A Comissão da Verdade investiga o morte de JK em acidente que teria sido forjado pelo governo militar. Nesse caso também há testemunhas que relatam sumiço e adulteração de provas. 


VEJA O DISCURSO DE POSSE DE JOÃO GOULART - CLIQUE AQUI

VEJA CENAS DO COMÍCIO DA CENTRAL DO BRASIL EM 13 DE MARÇO DE 1964. CLIQUE AQUI