Mostrando postagens com marcador varig. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador varig. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de julho de 2021

Publimemória: quando a Varig era top, passageiro não passava fome e a Manchete pegava carona...

 


Anos 1960. O Boeing 707 da Varig voava absoluto para os principais destinos do mundo. O passageiro da empresa brasileira, que tinha à disposição o "diner a la carte", jamais imaginou que um dia empresas aéreas ofereceriam jejum a bordo ou amendoim ressecado como primeiro "prato" seguido de barra de cereal. 

No tempo das fotos analógicas em que o material dos fotógrafos era despachado por avião, a Varig era grande parceira da Manchete. Solícitos, pilotos e tripulantes traziam os envelopes com filmes para fechamento do material internacional das edições. Quando não era possível alcançar a tripulação antes do embarque, a solução era apelar para um passageiro. Com base na descrição que chegava por telex ou telefone - "homem alto, de óculos, cabelo reco" ou "mulher loura, magra, de blusa verde e minissaia", alguém da equipe dos Serviços Editoriais, da redação carioca, recebia o portador no velho Galeão. O jargão interno para despachar e receber fotos era "fazer um passageiro".

Hoje, com tanta segurança, seria bem difícil um passageiro abordado no aeroporto topar carregar um envelope entregue por um desconhecido. 

Outra resultante da parceria Manchete-Varig era a disponibilidade da edição semanal da revista para os passageiros de todos os voos da companhia. No anúncio reproduzido acima uma aeromoça - atualmente o correto é comissária de bordo - no seu beliche de descanso lê uma revista. 

A ilustração acima foi enviada ao blog pelo colega Nilton Muniz que trabalhou nos Serviços Editoriais da Bloch, precisamente o setor que durante décadas, até a chegada do digital, era encarregado de resgatar nos aeroportos filmes e fotos que a Varig transportava por cortesia e as redações das revistas aguardavam com ansiedade para fechar páginas abertas. Sem atrasar a happy hour no Novo Mundo. (José Esmeraldo Gonçalves)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Há 45 anos - Desastre em Paris levou a Varig a boicotar as revistas da Bloch

Reprodução

por José Esmeraldo Gonçalves
Há pouco mais de 45 anos - em 11 de julho de 1973 - um Boeing da Varig fez um pouso forçado nos arredores de Paris, a quatro quilômetros do aeroporto de Orly. Um incêndio a bordo, cujo foco foi provavelmente um cigarro em um dos banheiros, gerou um enorme volume de fumaça que asfixiou os passageiros antes mesmo que as chamas devorassem o avião. O desastre provocou 123 mortes. O site BBC Brasil publicou ontem uma excelente matéria com um dos poucos sobreviventes, o brasileiro Ricardo Trajano. A reportagem é de Thomas Pappon, da rádio Witness, da BBC World Service. 




De alguma forma, aquele acidente respingou na Manchete. A tragédia de Orly aconteceu em uma quarta-feira e chocou o Brasil. A bordo estavam o cantor Agostinho dos Santos e a bela socialite Regina Rosemburgo Léclery, a musa do Cinema Novo. Manchete e Fatos & Fotos mobilizaram a sucursal de Paris para uma grande cobertura e chegaram rapidamente às bancas com um amplo panorama do terrível acidente. 

As duas revistas praticamente se esgotaram, mas pagariam caro pelo destaque que deram à tragédia de Orly. 

Um parêntese: com a crise das revistas impressas e o encerramento de muitas delas, o fotojornalismo tem lamentado o fim das páginas duplas. Nas revistas ilustradas, era de lei selecionar a foto mais expressiva ou dramática para abrir as principais reportagens. O objetivo era causar impacto, emocionar, se fosse o caso, e atrair o leitor para a continuação da reportagem. O foto podia se destacar pela beleza ou pelo choque, mas devia ser obrigatoriamente irresistível. Nos veículos digitais que progressivamente tomam o lugar do impresso a tendência é verticalizar os layouts. Por uma simples razão: na internet, as revistas são acessada majoritariamente através dos celulares, cuja visualização horizontal é mais utilizada para a visualização de vídeos. A tecnologia está levando embora a plasticidade da página dupla.

Voltando à Manchete, foi uma dessas páginas duplas de grande impacto que provocou uma séria crise nas semanais da Bloch. 

Uma foto impressionante do jato da Varig desabado em um campo de cebolas perto de Orly, ainda com a fumaça mortal escapando dos escombros, abria a dramática reportagem. Via-se a fuselagem com rombos provocados pelas chamas. No seu relato, o sobrevivente Ricardo Trajano conta que não ouviu gritos nem sinais de pânico a bordo nos minutos que antecederam o pouso já com a fumaça invadindo o interior do Boeing. Ele foi o único que deixou seu assento nos fundos do avião e se refugiou próximo à cabine do piloto. Os demais passageiros pereceram asfixiados ainda nas poltronas. Na foto que a Manchete publicou era possível ver algumas silhuetas das vítimas nas janelas. Na empenagem do Boeing, em primeira plano da foto, destacava-se um imenso logotipo da Varig. 

A diretoria de publicidade da companhia aérea, uma das maiores anunciantes da época, não gostou de ver a rosa-dos-ventos, seu tradicional símbolo, dominando a cena. Não colou nem mesmo a Manchete argumentar que a chamada de capa - A Tragédia do Boeing - excluía o complemento da Varig

A retaliação veio rápida e foi duradoura; a Varig passou mais de dez anos sem anunciar nas revistas da Bloch.  A Manchete e a Fatos & Fotos sobreviveram, mas algumas cicatrizes restaram no caixa dos seus departamentos de publicidade. 

A seguir, Roberto Muggiati, que editou, ao lado de Justino Martins, aquela Manchete fatídica, conta os bastidores da redação em uma certa sexta-feira, 13 de 1973.  






1973: No fechamento da edição do desastre de Orly, muito humor negro e pão com ovo na redação da Manchete 

Reprodução

por Roberto Muggiati 

Na noite de sexta-feira 13 de julho de 1973 fomos convocados para fechar a edição antecipada da Manchete com a cobertura do desastre do avião da Varig num campo de cebolas a quatro quilômetros das pistas de aterrissagem do aeroporto de Orly. 

O repórter que cobriu o acidente era o polêmico Carlos Marques, então na sucursal de Paris. Não lembro o nome do(s) fotógrafo(s) – depois da crise traumática com a Varig a Manchete nunca mais voltou a publicar fotos do acidente.

Eu era o “segundo” do diretor da revista, Justino Martins, que tinha à sua disposição na mesa de editor, iluminada por baterias de lâmpadas fluorescentes, cromos impressionantes da tragédia: além de fotos da devastação causada pela queda do Boeing, imagens detalhadas dos corpos carbonizados. 

Nenhum Bloch compareceu àquele festim editorial; portanto, não houve autocensura, pensando na Varig como anunciante. Justino foi em frente, governado por seu instinto natural de editor de uma revista ilustrada: dar ao leitor o que sua curiosidade exigia. Particularmente chocante foi a foto do corpo carbonizado – inteiro, sentado – do ex-chefe da censura da ditadura Vargas, Felinto Müller.

Outra vítima ilustre, Regina Léclery, née Rozemburgo – amiga do Justino desde os tempos em que era aeromoça da Panair com Florinda Bolkan em Paris – visitou a Manchete para se despedir do Justino na véspera de embarcar no voo 820, acompanhada do seu chevalier galant, o jovem Christian Rühl, que também morreu no acidente. 

Na madrugada do fechamento, enquanto os taifeiros da cozinha serviam o tradicional pão-com-ovo para uma trupe faminta, outra notícia fúnebre chegou à redação. O cantor Ciro Monteiro, morto naquela noite no Rio, protagonizou, enquanto cadáver, um estranho episódio. O camburão que transportava seu corpo para o IML sofreu um acidente, a porta de trás abriu e o corpo do cantor saiu rodando sozinho no esquife pelas ruas cariocas. “O Formigão aprontou e quis fugir do caixão!” foi assim que a história nos chegou, já editada. 


Foi uma noite macabra, mas isso, de modo algum, impediu que nos entupíssemos de pão-com-ovo e guaraná ao longo do fechamento.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Corra que o míssil vem aí... Trapalhada faz arma de guerra americana ser despachada, por engano, em vôo para Cuba










por Niko Bolontrin
Um míssil Hellfire que foi enviado pelos Estados Unidos para a Europa acabou em Cuba. Segundo matéri do site da BBC, a arma destinava-se a treinamento militar na Alemanha, em 2014. O míssil, guiado a laser, equipa helicópteros ou drones pode ser utilizado para ataques ar-terra, especialmente contra blindados. O mais incrível da história é que o Hellfire havia sido despachado como bagagem comum em avião de passageiros e foi extraviado na volta da Europa. Em vez de ser embarcado para a Flórida, foi despachado no Charles De Gaulle em um vôo da Air France para Cuba. Desde 2014, os Estados Unidos pedem que Cuba devolva a arma. Os cubanos não se manifestaram ainda, já que consideraram "agressiva"  e "suspeita" a remessa de um míssil para o país. Segundo o governo americano, o míssil estava desarmado.
Saiba, então, que no seu vôo transcontinental em um avião civil você poderá estar sentado sobre mísseis enquanto toma um tinto servido pela tripulação.
Isso lembra uma história trágica. Em 1973, um Boeing, da Varig, que decolara do Rio, pegou fogo e caiu pouco antes de aterrissar no aeroporto de Orly, em Paris. Morreram 123 passageiros. Oficialmente, o incêndio em pleno vôo teria sido provocado por um cigarro aceso no banheiro. Desde então, as companhias aéreas instituíram a proibição de fumar a bordo. A maioria dos passageiros foi asfixiada pela fumaça. Entre os mortos estavam o canto Agostinho Neto, o presidente do Senado, Felinto Muller, a socialite Regina Lecléry e os jornalistas Julio Delamare e Antônio Carlos Scavone. Extraoficialmente, houve rumores, na época, de que o jato da Varig transportava no bagageiro alguns mísseis que eram levados para revisão na França. Essa versão, jamais confirmada, foi considerada fantasiosa. De qualquer forma, é espantoso saber, 43 anos depois, que vôos civis podem transportar armas de guerra.

sábado, 28 de maio de 2011

Um vôo de saudade com uma comissária da Varig

A capa do livro que revela histórias de bordo.

A autora tem a Varig tatuada no braço. Foto: Reprodução do blog A Estrela.

Claudia Vasconcelos: ex-comissária Foto: Reprodução do blog A Estrela.



Anúncio da Varig nos anos 60. Reprodução.
  por Eli Halfoun
Do jeito que anda confusa a aviação nacional, muita gente voltou a sentir saudades da Varig, que foi a maior e mais charmosa empresa brasileira de aviação e que deixou de funcionar de forma não ainda muito bem explicada. Quem quiser embarcar novamente nos vôos da Varig pode fazê-lo lendo livro “Estrela Brasileira” que está sedo lançado pela ex-comissária (30 anos de serviço) Claudia Vasconcellos. No livro, Claudia conta histórias curiosas (passageiros que mordiam as toalhinhas quentes pensando que eram pamonha, comissários obrigados a quebrar com machados de bordo os congelados kits de comida). O livro tem depoimentos de passageiros fiéis e ilustres, entre os quais Ivo Pitangy e Chico Buarque. Quem voou, voou, quem não voou que se contente com as porcarias aéreas que andam (quando andam) por aí. (Eli Halfoun)
Leia mais no blog http://aestrelabrasileira.blogspot.com/