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sábado, 4 de junho de 2016

Muhammad Ali: o homem que nocauteou o preconceito e encurralou um país...

O campeão "nocauteia" os Beatles em 1964. Foto de Charles L. Trainor/
Reproduzida do livro The Beatles, de Geoffrey Stokes
por José Esmeraldo Gonçalves
Cassius Marcellus Clay deixou os anos 60 para trás, mas os anos 60 jamais o deixaram.

O campeão tornou-se para sempre mito e símbolo de uma época. É célebre a sequência de fotos de Charles L. Trainor, fotógrafo do Miami News, onde Clay finge esmurrar os Beatles, outro ícone da década, em 1964.

Quem seguiu em frente rumo aos 70 em diante foi Muhammad Ali. Até ontem. O maior boxeador de todos os tempos, que sofria do Mal de Parkinson, morreu ao 74 anos em Phoenix, Arizona, após problemas respiratórios causados por choque séptico, segundo o seu porta-voz.

O primeiro nome, Cassius, a família lhe deu em homenagem ao abolicionista que libertou escravos. O segundo, Muhammad, ele assumiu quando se converteu ao Islã.  Ainda como Clay, ganhou a medalha olímpica, em Roma, em 1960, aos 18 anos. E a luta que lançou definitivamente sua carreira como fora de série no boxe profissional foi contra Sonny Liston, em 1964, de onde saiu como campeão mundial de boxe aos 22 anos.

A mudança de nome, em 1964, considerada uma ofensa contra a religião dominante no país (para ele, apenas a religião do homem branco que escravizou os negros), irritou tanto a mídia americana que, por uns tempos, muitos jornais só o chamavam de Clay ou de "Champ" e o acusavam de ter sofrido "lavagem cerebral". Por aqui no Brasil, também. A Manchete ainda chamava Ali de Cassius Clay pelo menos até o começo dos anos 70. Assim como a Fatos & Fotos, até meados da década.

Quando venceu Sonny Liston, um jornal publicou uma frase de outro boxeador, Floyd Patterson, negro como Ali: "a imagem de um muçulmano negro como um campeão mundial dos pesos pesados ​​envergonha o esporte e da nação". Ali, depois, humilhou Patterson no ringue.

Ao mesmo tempo em que se tornava ídolo em um país conservador e profundamente racista como os Estados Unidos, mais ainda na época, Ali trouxe a "America" para o ringue. A conversão ao Islã foi um golpe e a amizade com os líderes negros radicais Malcolm X e Elijah Muhammad, um soco no estômago dos brancos. Uma das suas frases - "eu não sou americano, sou um homem negro" -, ecoou como um cruzado no rosto de Tio Sam.
E a recusa em seguir para o Vietnã - ele afirmava "nada ter contra os vietcongs" - o levou aos tribunais e à prisão. Foi solto sob fiança, perdeu passaporte, o direito de lutar e o título mundial. Tornou-se um símbolo da resistência à guerra. Só três anos depois recomeçou a carreira. Voltou a ganhar o título mundial em 1974 e 1978, quando a história já lhe dava razão e a guerra do Vietnã, além da humilhação da derrota para Ho Chi Minh e Giap e do enorme custo em vidas, era reconhecida como um dos maiores desastres da política intervencionista americana:

Sua última luta - na verdade, um drama, já não tinha condições físicas e o Mal de Parkinson havia sido diagnosticado um ano antes - foi em 1981, quando Trevor Berbick o derrotou.

Muitas das suas batalhas no ringue entraram para a história do boxe, mas uma delas, contra George Foreman, em Khishasa, no Quênia, em 1974, é considerada a maior luta de todos os tempos.

Alguns jornais norte-americanos reproduzem hoje uma das suas últimas manifestações públicas: Ali enviou uma mensagem, por twitter, no dia 10 de maio, ao vocalista Bono, do U2. No texto, deseja feliz aniversário ao cantor, "um campeão dos direitos humanos e um amigo inspirador".

Dele, o presidente Barack Obama acaba de dizer: foi "um homem que lutou por todos nós".


Reprodução


Na capa da Manchete, em 1971, quando perdeu para Joe Frazier, a quem derrotou depois por duas vezes. Na chamada, "Cassius Clay". A Manchete, como parte da mídia norte-americana, demorou a aceitar o nome islâmico Muhammad Ali, religião que o lutador adotou em 1964. 


Nasce o mito; em 1964, reportagem da Manchete mostrava a luta com Sonny Liston. 

Com Pelé, nos anos 70, em Nova York

Nos anos 70, a Fatos & Fotos publicou em encarte especial a história de Muhammad Ali, que a revista ainda chamava de Cassius Clay,
 escrita por ele mesmo em parceria com  o escritor e ativista Richard Duham.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Morreu Giap, o general vietnamita que venceu a França e os Estados Unidos

Morreu hoje em Hanói, o general Vo Nguyen Giap. Considerado um dos maiores estrategistas militares do século passado, ele comandou os vietnamitas na vitória contra os franceses, na Guerra da Indochina, nos anos 50, e contra os americanos, nas décadas de 60 e 70. Giap tinha 101 anos, era professor de história até 1941 quando ingressou no movimento separatista do Vietnã do Norte e passou a liderar milícias armadas. A reputação de Giap se fortaleceu durante a luta contra os franceses, que durou nove anos. Suas táticas confundiram os generais adversários e levaram a França a uma derrota humilhante na batalha de Dien Bien Phu, em 1954. Os franceses, muito mais numerosos e bem armados, cercaram as tropas vietnamitas e tentaram atraí-las para uma guerra convencional com o objetivo de neutralizar as táticas da guerrilha. Giap mobilizou 250 mil pessoas, entre civis e militares que, a pé ou de bicicleta transportaram armas leves e até peças de artilharia e surpreenderam os franceses que viram-se cercados por todos os flancos. O general tinha a fama de virar o jogo em situações difíceis. Por isso, Ho Chi Minh o convocou para planejar a Ofensiva do Tet, na guerra contra os Estados Unidos, em 1968. Chocados, os generais americanos viram Giap levar a guerra até às ruas de Saigon, a capital do Vietnã do Sul, então fortemente protegida com divisões equipadas com os mais modernos armamentos da guerra. Pela segunda vez na sua carreira, ele  vencia e colocava de joelhos uma superpotência ocidental. Depois de Ho Chi Minh, Giap é a personalidade mais admirada pelos jovens vietamitas, segundo recentes pesquisas dos jornais de Hanói.