segunda-feira, 22 de março de 2010

Paulo José: uma lição de vida e de arte no cinema

por Eli Halfoun
A força do homem é que faz com que ele reaja contra todos os obstáculos que a vida tenta lhe impor. O ator Paulo José é um exemplo: lutou (e luta) contra o mal de Parkinson que embora tenha colocado alguns limites em sua trajetória artística não o impede de seguir em frente. Depois de ter participado de mais de 40 filmes (o primeiro foi “O padre e a moça” em 1965, Paulo realiza agora um velho sonho: interpretar um palhaço no filme de mesmo nome dirigido por Selton Mello. Vencendo até mesmo o descrédito de médicos, Paulo José submeteu-se a um tratamento que o deixou bem e até ensinou: “O Parkinson obriga a ser mais conseqüente, ensina a ficar mais concentrado. Passei a escrever melhor e ganhei habilidade musical, hoje ouço melhor uma melodia”. Se aprendeu com a doença, Paulo José também ensina com sua experiência artística: “No cinema você faz cara de nada e o espectador é que preenche os significados. Vi “O Cheiro do Ralo”, que eu ainda não tinha visto. O Selton (Mello) tem uma interpretação altamente cinematográfica, não faz cara de nada! Mas para isso é preciso ter talento, sentir muita coisa por dentro! Se não fica apenas um ponto vazio, você olha naqueles olhos e não vê nada”.

Um comentário:

debarros disse...

Não sou muito fã de cinema nacional. Se o Selton Mello e o Paulo José conseguem imprimir na expresão do rosto todo o drama do momento em que estão interpetando, para mim é um grande passo do artista brasileiro para chegar no nível dos melhores atores internacionais. Parece-me que essa interpretação obedece à escola Ghestaldiana de teatro.