sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Carnaval: que o Rio resista à cordinha e aos blocos "pessoa jurídica". Dá para melhorar o que já está bom...

Salvador - Foto Max Haack/Agecom
por Omelete
A alegria e diversidade do Carnaval brasileiro merecem respeito. Não há registro em qualquer país de algo semelhante. Milhões de pessoas se divertindo nas ruas em cidades que mostram, cada uma, suas caraterísticas e maneiras de festejar. Salvador deve ter suas razões para implantar a tal cordinha. E a galera aí da foto está se divertindo de montão. No Rio, a cordinha tem sido usada apenas para limitar a área das baterias, o que dá para entender. Alguns blocos de DNA comercial até ensaiaram há alguns anos esticar a corda que separaria que adquiria camiseta do bloco dos foliões descamisados. Na verdade, o passo seguinte seria, vender abertamente o "abadá" acariocado. Um desses "ensaios" resultou em tragédia em Copacabana, com a morte de um menina em queda de um "trio" importado. Mas, vamos torcer para que a festa aberta e espontânea dos blocos nas ruas do Rio resista à comercialização. O sambódromo é o lugar do mega espetáculo das Escolas em que cerca de 70 mil pessoas pagam para ver e curtir outras 40 mil desfilarem e também se divertirem. É um belo e tradicional espetáculo, com raízes inegáveis e parte importante da cultura do Rio. Mas a liberdade dos blocos abertos que, somados reúnem cerca de seis milhões de cariocas e visitantes, é uma grande festa popular que não deve ser contaminada por marketing, promoters, curraizinhos de celebridades, isso de jeito nenhum, nem gigantescos caminhões de "trios", nem blocos promocionais com razão jurídica e não social. Há blocos com tradição e ligados à cidade e que cresceram demais, como Simpatia Quase Amor, que devia até reduzir o som, deixar os puxadores e a bateria um pouco menos amplificados. Menos é mais e se atrair uma multidão um pouco menor, a diversão estará garantida e as crianças que os pais, muitos fundadores, levam ao bloco, ainda mais seguras. A Prefeitura podia colaborar marcando desfiles dos grandes blocos em horários coincidentes e em regiões diferentes e mais afastadas. Em parte, já faz isso, mas com alguns ajustes, vai funcionar ainda melhor. Dividiria um pouco mais o público. Um bloco de sucesso como o da Preta mas sem ligação com bairros ou com regiões da cidade, já que não foi fundado por grupos de moradores ou comunidades, como a maioria dos blocos cariocas, poderia desfilar, por exemplo, na Barra. Seus seguidores a acompanhariam, a mídia também. Já houve quem criticasse a prefeitura por autorizar muitos blocos pequenos em bairros como Copacabana, Botafogo, Laranjeiras, Tijuca. Mas essa política se revelou correta. Com menos blocos de bairros,  aí e que os grandes, como Simpatia, o Bola Preta, a Banda de Ipanema, o trio da Preta e outros atraíram ainda mais gente. Quem já entrou no empurra-empurra dos blocos inchados sabe que tem hora que não é divertido. Só os brigões e os ladrões de celulares comemoram. Dá para melhorar o que já está bom.

3 comentários:

Guto disse...

Por ser um sucesso, os blocos do Rio estão na mira dos picaretas. Olho vivo, tem que deixar o povão fazer, a prefeitura cabe dar as condições de limpeza e segurança, e só. Mas é boa a ideia de mandar bloco pra Sernambetiba.

Wedner disse...

Em Salvador, é um indústria, os donos dos camarotes faturam milhões, dinheiro do governo e de empresas. Todo mundo lá tem prestígio pra faturar. Já patrocinaram um carnaval com dinheiro do povo para os playboys e madames que ficam na Praia do Forte. Pode? Concordo e espero que o meu Rio não deixa essa turma de aproveitadores virarem donos do carnaval do Rio.

Ebert disse...

O Simpatia com 150 mil pessoas no segundo desfile em Ipanema não dá. Tem que pôr um bloco grande no mesmo dia para dispersar. O Bloco da Preta, no Centro, não atrapalha mas a Barra seria uma opção. O certo é Simpatia e Banda não podem crescer mais em Ipanema.