terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Enquanto o arquivo fotográfico permanece desaparecido, coleções de Manchete, Fatos&Fotos, Amiga e outras revistas da Bloch estão disponíveis para consulta na Hemeroteca do Estadão. Pelo menos essa parte é boa notícia.


Coleções das revistas da Bloch, incluindo Manchete, na Hemeroteca do Estadão. Reprodução Instagram
Exemplar da Manchete na
Hemeroteca do Estadão. Reprodução Instagram
Para professores, pesquisadores, jornalistas, escritores, fotógrafos e alunos de universidades, as coleções das revistas Manchete, Fatos & Fotos, Desfile, ElaEla, Amiga, Geográfica e outras publicações da editora Bloch são atualmente valiosas fontes de pesquisa sobre fatos, personalidades comportamento, eventos esportivos, políticos, culturais, ecológicos, desenvolvimento urbano etc, de várias épocas da vida brasileira e do mundo em mais de meio século. A busca é por textos e referências jornalísticas, entrevistas marcantes, reportagens históricas, publicidade e fotos. Não é fácil a tarefa para quem precisa levantar tais informações e imagens para livros, teses universitárias e documentários. No ano passado, uma pesquisadora de Pernambuco recorreu a entrevistas com jornalistas que atuaram na Bloch, obteve microfilmes da Biblioteca Nacional e percorreu sebos cariocas. Pelo menos dois fotógrafos ainda tentam localizar negativos de suas fotos para a produção de livros sobre suas vidas e trajetórias. Há alguns anos, jornalistas que lançaram o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) tiveram que usar reproduções e acervos pessoais para ilustrar aquela coletânea. O arquivo de fotos da Manchete e demais revistas da Bloch está, pelo que se sabe, desaparecido após ter sido leiloado pela Massa Falida. Junto com o acervo de fotos, o comprador teria levado também coleções encadernadas e preservadas de todas as revistas da extinta editora. Também não se sabe que fim levou, se ele vendeu as tais coleções. Não são conhecidas igualmente as condições em que estão armazenados milhões de cromos, negativos, e ampliações. Também não se sabe se a pessoa que adquiriu o arquivo em leilão já o vendeu, fatiado ou não, e, se vendeu, onde está. Há alguns meses circulou entre fotógrafos um rumor não confirmado de que um grupo de comunicação teria adquirido o arquivo. A fonte seria um curador que tentou viabilizar uma exposição. Pelo que se sabe, ou não se sabe, não passou de boato. Ou não, como diria Caetano. Diante dessa situação crítica que coloca em risco uma importante memória do jornalismo e da própria história do Brasil, é uma boa notícia saber que o Estadão passou a disponibilizar em sua Hemeroteca coleções encadernadas das revistas da Bloch. Assim, nem tudo se perde. Com exceção da Biblioteca Nacional, que, por lei, recebia exemplares de cada periódico e tem coleções em arquivo, é espantosa, no caso, a omissão, especialmente em relação ao Arquivo Fotográfico, de órgãos como o Ministério da Cultura, Arquivo Nacional, Museu da  Imagem e do Som do Rio de Janeiro (cidade que era a sede da Manchete), de instituições como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), mesmo a Academia Brasileira de Letras, à qual não faltariam recursos para ajudar a preservar um acervo de importância cultural e até literária (grandes escritores brasileiros colaboraram com as revistas da Bloch, alguns publicaram na Manchete crônicas que hoje são clássicos do gênero), ou fundações privadas que tanto recebem recursos públicos e bem poderiam prestar esse serviço à memória nacional, no que seria uma oportuna contrapartida.
Como nada disso aconteceu, a Hemeroteca do Estadão é uma ótima notícia e sua abertura ao público uma demonstração de cidadania.
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Um comentário:

Aldir disse...

Governo do Estado e Prefeitura deviam ter comprado esse arquivo para não deixar sair do Rio