sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Entrudo de palavras... o tarado dos cachorros, STF e trabalho escravo, o pendura da milionária, "teste da farinha" para deputados, tudo some no Rio, viciado em delação, orelhão X, o "volume morto" da Lei Rouanet, movimento dos sem-água, catinga no metrô, provas de canoas com rodinhas nas olimpíadas do Rio, gata molhadinha do poço artesiano, cacique Cobra Coral pra fazer chover...

por Omelete
Lá pelo século 18, o entrudo era a grande onda do Carnaval. Mas era um vale-tudo na folia,  uma autêntica guerra de sacolés de mijo e merda. Que tal, exercitar um entrudo simbólico e rasgar a fantasia dos poderosos que o sejam por cargos públicos, por influência na mídia, por dinheiro, fama etc.
- A leitura dos jornais nos últimos três meses revela um novo paladino do conservadorismo e da ética: o presidente da Câmara. Vá lá que seja. Mas a mesma leitura em passado recente revelava em reportagens e colunas que o mesmo sujeito parecia outra pessoa. Era então denunciado e matérias e notas como participantes de operações ilegais, revelava-se que respondia a numerosos processos. Um colunista até criou para ele um apelido pejorativo agora cautelosamente aposentado dos seus textos. Ganha até sucessivos editoriais elogiosos. Vai ver era injustiçado pela imprensa. Coisas da política. Ou o que é a natureza...
- E o cara que torturou cachorros. Um vídeo chocante mostra o elemento em sua ação tarada. Quer apostar? Embora tenha cometido um crime, não irá para a cadeia. Racismo, maus-tratos contra animais, desmatamento, violência contra homossexuais, agressões e destruição de patrimônio movido por intolerância religiosa insuflada por líderes de seitas, uso de trabalho escravo, caras que provocam mortes no trânsito, integrantes de torcidas organizadas que fuzilam adversários, tudo isso é crime. Mas vai você procurar um meliante que esteja na cadeia por infringir qualquer uma dessas leis. Para as autoridades, são cláusulas de brincadeirinha, fazem parte do código da ficção penal.
- Circula na internet um álbum de fotos de uma figura que faz programas de culinária na TV. É uma especialista natureba que, parece, leva famosos para descolar um rango ao vivo de abobrinha com giló e picanha de soja. Precisa ver no álbum a cara dos vips ao provar os tais pratos criativos. Dizem que como castigo aos futuros condenados pelo escândalo da Petrobras, a chef vai fornecer a quentinha da rapaziada.
O PENDURA DA MILIONÁRIA
- E a presidente? Nomeou para a Petrobras o ex-chefão do Banco do Brasil. Noticiou-se que ele teve que resolver pendências na Receita Federal. Parece que o individuo, apesar de ser executivo da área financeira, não sabe fazer conta: sua matemática é objeto de apuração por ter liberado um empréstimo fora dos padrões para uma amiga. O detalhe é que a amiga é tida como "milionária", supostamente dona de jatinhos, mansões, carrões etc. Parece então, que a fortuna é de araque já que a sujeita precisou se pendurar em fontes de recursos públicos.
- Como dito acima, empresários e ruralistas que exploram trabalho escravo sacaneiam, acham engraçadas as operações policiais para combater o crime, vão passear um pouco em Miami e voltam para remontar as lucrativas senzalas. Dá em nada. Uma punição simbólica era ter seus nomes e de suas empresas publicados em uma lista sempre atualizada. Com os nomes na lista tinham dificuldades para conseguir empréstimos de instituições públicas. Pelo menos, teoricamente; na prática "laranjas" costumar preencher a lacuna e a grana a juros baixos acaba rolando. A lista era, então, a punição virtual. Era, porque o STF acaba de proibir a divulgação dos nomes dos novos capitães-do-mato. A casa grande está em festa.
- A Câmara dos Deputados vai instituir o dia do Orgulho Hétero. Um dos artigos dirá que, no dia da votação e, se aprovado, no dia da Parada Hétero, deputados, senadores e desfilantes farão o "teste da farinha" para verificar a autenticidade. O SUS terá equipes especiais para verificar suas excelências e manifestantes a fundo.
TEM MAS ACABOU
- O Rio parece uma espécie de "triângulo das Bermudas" para objetos, peças, acervos, o que seja, valiosos ou de importância histórica. Falecida ontem, Tomie Ohtake foi perfilada em vários jornais.
A "estrela" da Lagoa. Reprodução
As matérias relembram o caso da "estrela" da Lagoa Rodrigo de Freitas. Dizem que Darcy Ribeiro teve a ideia de encomendar uma escultura flutuante da artista plástica para enfeitar o que é já é bonito por natureza. Tomie criou uma estrutura colorida que lembrava uma estrela-do-mar. Os cariocas não gostaram da "viagem" do Darcy. A maioria achava que a escultura "poluía' o belo visual. Tinham razão. A culpa, evidentemente, não era da Tomie. Diante da pressão, o governo retirou a "estrela" da Lagoa. Podia ter sido posta em um lugar mais adequado. Mas não, simplesmente sumiu. Deve ter ido para algum depósito ou virou sucata? Ou está na fazenda de algum poderoso? Quem sabe? No Rio, foi roubada e derretida a Jules Rimet, não é pouca coisa. Sumiram com vigas do Elevado da Perimetral. Peças grandes e pesadas que necessitam de equipamento especial para transporte. Podem ser vista até de satélites. Mas não foram achadas até hoje.
Palácio Monroe. Reprodução cartão postal
O Palácio Monroe, ex-Senado da República, demolido indevidamente pela ditadura militar, em 1976,  teve parte do seu mobiliário do plenário e de gabinetes levado para Brasília. Mas lustres, móveis de outros ambientes, adereços de bronze, partiram para outras galáxias. Alguma coisa, dizem, foi vendida, como os quatro leões que adornavam o prédio. O ditador de plantão era Geisel. Ele foi o responsável pela sentença final. Mas um grande jornal carioca - confiram as coleções - engajou-se na campanha pela picareta na história. Lúcio Costa foi outro que declarou que o Monroe era arquitetonicamente irrelevante. Tinha história, contudo, detalhe que foi ignorado na avaliação simplista dos citados. Terrível ignorância.
- Peças menores de bronze, como as saracuras da Praça General Osório, espadas e punhais que compõe estátuas, placas de bronze (como aquelas que postas em calçadas indicavam locais de prédios históricos já demolidos, casas onde moraram personalidades da vida carioca, até bares famosos já extintos), também costumam sumir tão rápido quanto trocam os óculos de Carlos Drummond de Andrade na famosa estátua do Posto 6, em Copa.
- Os bondes de Santa Teresa sumiram. Dizem que voltam em breve.
- Sumiu a ideia de restaurar o antigo e belo prédio, também histórico, do Automóvel Clube, no Passeio Público.
- Já os leões do Novo Mundo, hotel que era frequentado por políticos na época em que o palácio do Catete era sede da República, mudaram de lugar várias vezes, mas felizmente continuam lá. São dois. Curioso é que um deles leva a assinatura do francês Henri Jacquemart, O dono do hotel, na época (em 1950, o Novo Mundo ainda incompleto hospedou delegações para a Copa do Mundo), queria dois e mandou fazer uma cópia aqui mesmo.
- Postes do Rio antigo; eram milhares. Se foram leiloados ou não, doados, quem vai saber, mas é possível comprar tais peças originais em antiquários.
- Cadeiras antigas do reformado Teatro João Caetano. Que fim levaram? Fora do Rio, numa galáxia distante, houve certa vez uma reforma em um teatro histórico. Algumas filas de cadeiras coloniais foram trocadas por móveis modernos. Conta a lenda que tais cadeiras hoje acomodam bundas poderosas em casa particulares.
Livro "Aconteceu na Manchete,
as histórias que ninguém contou". E uma
das Rollieflex usadas nos anos 50/60. 
- Arquivo fotográfico da antiga revista Manchete?
Avião DC-3 no Aterro. Reprodução:site aeroentusiasta
- O avião DC-3 que fazia a alegria da criançada no Aterro do Flamengo?.
- O autêntico cachorro quente da Geneal?
- O Maracanã nas tardes de domingo, depois da praia?...
- E a Estação da Leopoldina que seria transformada em centro cultural, estação terminal do trem-bala, o rama reativado como metrô de superfície? Está lá caindo aos pedaços. É um prédio de 1926, com arquitetura de inspiração inglesa.
- O sumiu o nome do Engenhão. Era Estádio João Havelange e passou a se chamar Nilton Santos. Bem melhor. Falta sumir o nome oficial da Ponte Rio-Niterói (é, com licença da palavra, Costa e Silva) e de viadutos, escolas e cidades que por aí afora continuam celebrando ditadores).
DEPENDENTE
- O  principal delator da Lava Jato ainda não julgado e, portanto, não tem pena determinada. Mas alguns promotores já pedem que qualquer que seja a pena a Justiça a reduza pela metade. Não é melhor esperar se as provas correspondem às denúncias e se resultarão realmente na condenação dos acusados políticos, empresários, funcionários da Petrobras? O passado do doleiro não inspira confiança. Ele é uma espécie de viciado em delação premiada. Já foi beneficiado antes pelo mesmo recurso (ele esteve envolvido no chama escândalo do Banestado nos anos 90) e, segundo as acusações, voltou ao crime. O arrependimento dele era uma nota de três reais.
SAÚDE DE OCASIÃO?
- O cara tem saúde de ferro, é capitalista bem nutrido com dinheiro lavado ou não, pilota jet-ski, corre a maratona de Nova York, mas basta ser preso para a condição física de astronauta ir pro brejo. Desmaios, pressão alta, hemorroidas bombadas, tudo aparece. Ou o sujeito já estava bichado antes e a imagem de esportista era fake ou distribuir e receber propina faz muito mal à saúde... desde que as operações sejam descobertas.
ORELHÃO X
- A PF levou o celular do Eike Batista. Ele foi visto procurando um orelhão que funcione. E era para fazer uma ligação a cobrar. Aliás, o juiz responsável pelos inquéritos que envolvem o milionário, que obviamente não é ex, está para ser defenestrado da função. Ele tem sido criticado nos jornais pelo advogado de defesa do homem das empresas X, que condenou a apreensão de bens e o considera "parcial". Por enquanto, a decisão de afastar o juiz está suspensa, mas dois dos três desembargadores já votaram pela substituição. O terceiro pediu vistas do processo.
JESUS NO CONTROLE REMOTO
- Confira: o Brasil tem mais programas religiosos na TV do que países fundamentalistas como Irã e Arábia Saudita juntos. Já tem rede transmitindo pregação por 24h. Há ações que contestam o aluguel de horário sem limites por empresários que recebem concessões públicas de canais. Como a Câmara dos Deputados é cheinha de detentores de canais,que ou são da bancada religiosa ou embolsam o dinheiro do aluguel, dificilmente isso será disciplinado.
MOLEZA TAMBÉM É CULTURA
- A Lei Rouanet, também conhecida como Lei Roubanet, é criticada pelo novo ministro da Cultura. Ele pretende, pelo menos, que as empresas que abatem 100% das dotações em renúncia fiscal, passem a ter o direito de abater 80% ou 70% e assim contribuam de fato com alguma grana própria para fomentar a Cultura.  Há grandes empresas cujos departamentos de eventos, marketing e promoções das marcas vivem praticamente do que conseguem arrancar da Rouanet. Turnês e gravações de dvds comerciais, desfiles de moda, eventos corporativos disfarçados, tudo vai pra conta do contribuinte. Dificilmente o ministro vai conseguir mudar isso. Assim como será torpedeado se partir para uma auditoria profunda no uso e emprego das autorizações de captação de recursos. Quem trabalha no ramo, afirma que o  poço é sem fundo. Será preciso um mergulhador para revirar o lodo.
MOVIMENTO DOS SEM ÁGUA
Marx, não o Groucho, diria que essa história de falta d'água vai acabar em luta de classes. Os sem-água vão ocupar piscinas, lagos, parque aquático, ofurôs... Vai ter neguinho bebendo água benta em igreja. Batismo em igreja evangélica não vai poder ser mais de imersão. Um pingo d'água na testa e olhe lá. Cantil vai ser utensílio reabilitado. Você sai de casa, e de repente encontra um vazamento de água potável ou um porteiro lavando a calçada de um bacana e se abastece. Assaltante vai mudar de mote: "desculpa aí, irmão, tô roubando pra defender a água das crianças". Ou o interesseiro que vai se vangloriar; "Tô namorando uma mina nota 10. Na casa dela tem um poço artesiano". Aquele espelho d'água na frente do Palácio da Alvorada vai ser vigiado dia e noite. Aquilo lá vai ser a água para o banho da Dilma. Em São Paulo já tem um professor Pardal que está pesquisando uma máquina portátil, do tamanho de um liquidificador, para despoluir a água do Tietê e do Pinheiros. O cara volta do trabalho passa na padaria pra comprar um pão e dá uma paradinha na marginal pra pegar um balde d'água e despoluir em casa. No sinal de trânsito vai ter moleque pedindo a motoristas pra acionar o limpador de para-brisas só para molhar um pouco a boca seca. E a catinga no metrô por ninguém mais tomar banho? Finalmente, Paris vai ser curvar diante do Rio e de São Paulo. Haverá mudanças de regras para as Olimpíadas do Rio. As provas de canoagem e remo sofrerão ligeiras alterações; os barcos ganharão rodinhas e as provas acontecerão na ciclovia. Natação e saltos ornamentais continuarão em piscinas, mas em lugar de água estarão cheias de microbolinhas de isopor que farão o mesmo efeito. No próximo carnaval, o número de banheiros químicos será bem menor. Os foliões estarão tão desidratados que o pouco líquido sairá no suor. Quando você ligar para sua namorada e ela responder "te retorno já, tô toda molhada", você vai pensar que ela estava saindo do banho. Não estava. O Rio já chegou a assinar contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral para fazer parar as chuvas que alagavam a cidade. A mesma fundação não oferece logística reversa e manda a entidade fazer chover? Alô Eduardo Paes, vale o investimento. 


Um comentário:

Bruna disse...

aha aha aha aha!!!!