quinta-feira, 29 de junho de 2017

Pesadelos urbanos: quando o fake business ataca no Rio de Janeiro

por Niko Bolontrin

Talvez por o Rio ser, apesar de tudo, uma vitrine do Brasil, a cidade é o palco ideal para mirabolâncias e aventuras empresariais.

Dá mídia, o empreendedor aparece, dá entrevista e a fake news do fake business rende matérias e notas. Missão cumprida, o empreendimento é esquecido ou nunca concluído e não se fala mais nisso. Políticos também usam muito o artifício - o recente projeto do Trem Bala Rio-São Paulo é um exemplo - , mas os em destaque aqui são os mágicos privados que tiram da cartola grandes iniciativas, às vezes até começam a realizá-las, param no meio, deixam escombros, mas faturam alguma fama.

Ruínas do Glória
O Hotel Glória, um símbolo do Rio, foi transformado em escombros por um desses espetaculosos empreendedores. Não apenas o prédio, mas móveis e objetos históricos, obras de arte, peças vintage, tudo foi quebrado ou leiloado e descaracterizado. Perdeu,  Rio. Ou melhor, ganhou Rio.... mais uma ruína...

Não muito longe, no Morro da Viúva, o  edifício Hilton Santos - que o Flamengo construiu em terreno doado pela Prefeitura do então Distrito Federal, nos anos 40/50, e com recursos federais fornecidos pelo governo Dutra e, em seguida, pelo populista Getúlio Vargas -, seria transformado em hotel. Foi esburacado, abandonado, invadido e está lá até hoje como um monumento à picareta. Dizem que será vendido novamente. Difícil vai ser alguém investir em um hotel no Rio nos próximos anos. A vizinhança e o visual vão ter que conviver com o pardieiro por mais algum tempo.

E o Cine Rian, a lendária sala de exibição carioca, que ficava na Av. Atlântica, esquina de Constante Ramos? Um empresário anunciou que reinstalaria o cinema na mesma avenida, no Leme. Rendeu pauta, o sujeito usufruiu da repercussão. Tem filme hoje? Não. O lugar vai virar uma agência bancária. No caso, ninguém foi enganado, só as expectativas, a sala não saiu do papel, mas notinhas foram plantadas em colunas sociais e vaidades foram recompensadas.

Verdade que o fake business não é tão novo assim e já causou danos maiores. Na década de 1960, empresários venderam milhares de títulos para financiar a construção do Hotel Panorama Palace, no alto do Cantagalo. As obras começaram, o esqueleto foi erguido e a ideia micou. Pessoas que compraram títulos ficaram com papel podre nas mãos. Décadas depois, no governo Leonel Brizola, o que restou do prédio foi desapropriado pelo governo estadual e transformado em um Ciep.

Gávea Tourist abandonado. Reprodução Pinterest
O que seria o Gávea Tourist Hotel, em São Conrado, tem história parecida. O empreendimento foi lançado em 1953 e a construtora responsável vendeu milhares de cotas a investidores que, como constataram depois, atendiam pelo nome de incautos. O prédio jamais concluído, a coisa virou briga jurídica. Antes de falir a empresa transferiu a propriedade para duas pessoas físicas. Muitos do lesados já morreram, mas as ruínas do Palace continuam lá. Viraram atração para trilheiros e montanhistas.

Um empresário acordou um dia com o sonho de construir um restaurante onde é hoje o histórico Forte Tamandaré, na Ilha da Lage, no meio da Baía da Guanabara. Anunciou que ficaria pronto para a Olimpíada. Deu entrevista, falou que tinhas todas as licenças etc. O restaurante ia oferecer transporte de barcas ao fregueses para enjoos de praxe na volta e não funcionaria em dia de ressaca. Não rolou.

Por falar em enjoo, haveria também, segundo outro projeto, linhas de transporte marítimo do Centro do Rio à Barra da Tijuca. Beleza. Uma autoridade fez um test drive com convidados e o vomitório foi geral. Não se falou mais no plano. Talvez porque tivesse que incluir estoques monumentais de Plasil.

No lugar do Aeroporto Santos Dumont,
Praça Monumental de Alfredo Agache
O arquiteto Alfredo Agache imaginou construir nos anos 1920, no local onde é hoje o Aeroporto Santos Dumont uma praça de onde partiriam grandes avenidas. Seria a "Entrada Monumental do Brasil". Ficou no desenho.

Até Donald Trump produziu seu fake business carioca. O hoje presidente dos Estados Unidos anunciou a construção de várias torres no novo porto do Rio. Você já viu? Nem eu...

No caso de alguns projetos, contudo, a cidade ficou melhor sem que fossem tirados do papel.


Um prefeito sem noção, provavelmente inspirado por um semelhante que nos anos 30 queria construir uma linha férrea aérea do Centro a Copacabana. Outro propôs fazer um elevado na Rua São Clemente, que viraria uma sombria Paulo de Frontin,  para passagem de trens rumo à Barra da Tijuca.

O mesmo mané pensou em cercar a Lagoa Rodrigo de Freitas de elevados para trens magnéticos. Uma grande corporação queria construir prédios de luxo no Aterro e um nova linha de condomínio na área aterrada da Av. Atlântica, além de um cemitério vertical onde é hoje o Parque Lage, que seria demolido. A atual Avenida Chile deveria prosseguir destruindo todo o casario antigo da Lapa. Felizmente, houve reações e o projeto parou na Rua Lavradio, hoje um dos mais charmosos points cariocas. Um arquiteto queria construir uma rede de rodovias e áreas residencias nas encostas das montanhas do Rio.

Outro pensou em erguer um complexo de lojas, teatro, estacionamento no ponto onde o canal do Jardim de Alá encontra o mar, no Leblon.

Le Corbusier, o arquiteto modernista quis fazer de parte da Quinta da Boa Vista uma Cidade Universitária com edifícios contemporâneos.

Uma rede internacional de hotéis queria demolir o antigo prédio da Esso no centro da cidade para construir um monstrengo inacreditável.

Não deu.

O edifício art déco foi tombado a tempo de evitar essa escultura retorcida cravada no Centro do Rio.

Outras ideias virão. O fake business não desiste.


quarta-feira, 28 de junho de 2017

Libération: jornal que Sartre fundou estuda encerrar edição impressa...


Sartre dirigiu o jornal durante pouco mais de um ano.
Quatro meses depois de lançado o Libération enfrentou a primeira crise. A estratégia do diretor
foi botar o pé na estrada e despachar uma caravana para percorrer a França e conquistar assinantes.
Reprodução Arquivo Pessoal

por José Esmeraldo Gonçalves 

Declarações de Alain Weill, diretor da SFR Media, que controla o Libération, demonstram que o jornal francês pode abandonar a edição impressa. A notícia foi publicada no site Jornalistas na Web.
Weill constata que "não há um jornal em papel que conheça o crescimento, 60% dos jornais em papel não se vendem. Este modelo está condenado”.

O Libération foi lançado por Jean-Paul Sartre em fevereiro de 1973 como uma tribuna para discutir questões levantadas a partir dos protestos de Maio de 1968. Não era ligado a partidos, mas tinha orientação de esquerda (maoísta), não aceitava publicidade paga, todos os funcionários recebiam salários iguais, e pretendia sobreviver de vendas em bancas e de assinaturas. Era um forma de manter a independência. O nome de Sartre como diretor, abaixo do logotipo vermelho, como se vê na reprodução, não durou muito. Pouco mais de um ano após a estreia, o escritor pediu as contas.

Sua tarefa não era fácil. Um livro - "Libé - A obra impossível de Sarte" - de Bernard Lallement, mostra a dificuldade do criador do jornal para exercer funções administrativa e financeira em interface obrigatório com o capitalismo do mercado em um diário maoísta. Complicado.

O Libération foi fonte de inspiração para uma geração de jornalistas que começava a trabalhar nos difíceis anos 70, no Brasil, e um espelho para imprensa alternativa que tentava romper o cerco à liberdade de expressão promovido pela ditadura militar.

O jornal manteve-se íntegro à proposta original durante poucos anos até rolar para a social-democracia e centro-esquerda. Mas os seus ideais originais se desfizeram no ar muito antes de, em 2005, ser vendido ao milionário Edouard de Rothschild, o que diz tudo. Sartre deve ter provocado um pequeno sismo de indignação no Cemitério de Montparnasse, onde repousa desde 1980.

Simone de Beauvoir e Sarte na redação do
Libération, em 1973. Sobre a mesa,
o número 1 do jornal.
Com apenas três meses de existência, o Libération, que chegou a ser influente, enfrentou a primeira crise financeira, ainda sob o comando de Sartre. A fórmula para superar problema de caixa ou "tédio" financeiro foi, digamos, algo existencialista com um improvável aditivo romântico. O número 40, de junho de 1973 (guardo um exemplar histórico, com apenas oito páginas), avisava aos leitores que a circulação seria suspensa por dois meses e que, nesse período, equipes do jornal percorreriam, ao estilo da prova ciclística Tour de France, que mobilizava milhares de fãs, um circuito de cidades ao longo de 4 mil quilômetros para divulgar o Libé. como era carinhosamente chamado. A ideia era atrair novos leitores, debater rumos, etc. O roteiro incluía, além do Tour, vistar praias em pleno verão europeu para tentar angariar assinaturas. Um pequeno editorial - "La Lutte Continue!" - informava que o tabloide ficaria fora das bancas em julho e agosto.

Sob o título "Autópsia de uma Sociedade", o número 40, o último antes da pausa forçada, trazia uma entrevista com Daniel Cohn-Bendit marcada por alguma desesperança e muita nostalgia para celebrar os "5 ans après Mai 68".

Que, aliás, ano que vem, comemorará 50 anos e vai merecer muitas outras "autópsias" na midia mundial.

Fatos&Fotos Gente: Bruna Marquezine quebra a internet

Reprodução Instagram
por Clara S. Britto

Bruna Marquezine está quebrando a internet com uma foto que postou hoje na sua conta do Instagram.

A atriz recorda uma viagem que fez ao Caribe, há três meses.

Como Bruna terminou o namoro com Neymar há poucos dias, segundo sites de celebridades, a imagem reeditada carrega um certo toque de "olha o que perdeu", como diz a música Baba Baby, de Kelly Key.

Ela escreveu na foto: "que saudades dessa viagem, desse mar, do meu bronze...".

Se bem que o jogador do Barcelona, em férias no Brasil, está solto na pista, ou melhor, na sua badalada mansão em Angra, onde recebeu amigos na última segunda-feira.

Olha isso: Sniper que combate terroristas escapa de tiro e ri. É a "mulher maravilha" da vida real... Veja o vídeo

Bombardeios aéreos das potências ocidentais e da Rússia causam danos e sufocam o Daesh (autodenominado Estado Islâmico), mas no fim cabe aos combatentes em terra a dura missão de recuperar territórios dominados pelos terroristas.

Para curdos, iraquianos e sírios é questão de sobrevivência derrotar os assassinos fundamentalistas. Militares e civis se engajam na luta rua por rua, casa por casa.

Circula na internet desde ontem um vídeo impressionante. Uma jovem atiradora das forças curdas, em combate na cidade de Raqqa, na Síria, se posiciona em uma janela de um prédio semidestruído e atira contra os terroristas. Em segundos, a sniper é alvo de um revide. O tiro passa pouco acima da sua cabeça. A mulher ri.
A cena da reação inusitada da combatente foi postada no You Tube e no Twitter e viraliza na web.

A coragem da sniper remete a uma famosa franco-atiradora da Segunda Guerra Mundial. Com a jovem curda, a soviética Lyudmila Pavlichenko, à direita, então com 24 anos, lutou no Exército Vermelho, casa por casa, em Odessa e Sebastopol, contra os invasores alemães.

Ela é considerada a sniper mais letal de todos os tempos. A vida da atiradora foi contada no filme
"Batalha de Sevastopol" do diretor Serguey Mokritskiy, já exibido no Rio de Janeiro, durante a Semana de Filmes Russos no Espaço Itaú de Cinema, patrocinada pelo Ministério da Cultura da Federação Russa, Sputnik Brasil e Mir Midia.

Lyudmila matou 309 soldados de Hitler. A União Soviética tinha cerca de duas mil mulheres franco-atiradoras. Apenas 500 sobreviveram. Como a sniper curda, a soviética contou com a sorte e sobreviveu à guerra. Ela morreu em 1974 e até hoje é celebrada pelos russos nos eventos de comemoração da vitória contra os nazistas.

VEJA O VÍDEO DA SNIPER CURDA, CLIQUE AQUI

terça-feira, 27 de junho de 2017

Serena Williams na capa da Vanity Fair. A fotógrafa Annie Leibovitz faz um "plágio" de outra famosa foto...


por Ed Sá

A campeã Serena Williams, 35, é capa da Vanity Fair, edição de agosto próximo, fotografada por Annie Leibovitz.

A fotógrafa repete um estilo que inaugurou em 1991, quando fez a capa da VF com Demi Moore, então com 28 anos, grávida e nua.

Nas últimas décadas, revistas do mundo inteiro replicaram a pose com numerosas outras celebridades. Talvez seja uma das capas mais imitadas de todos os tempos. Tantos a copiaram que 26 anos depois ela decidiu plagiar a si mesma.

Em pelo menos duas ocasiões, com Luma de Oliveira e Maitê Proença, a Manchete embarcou na fórmula Leibovitz.

Até a revista Casseta Popular entrou na onda em uma capa com Bussunda devidamente "grávido".




Revista Imprensa 30 anos: o que mudou no jornalismo



A revista Imprensa comemora 30 anos. Lançada na segunda metade dos anos 1980, quando o Brasil discutia a Constituinte, a revista registra desde então as mudanças no jornalismo e na sociedade.

Como escreve o diretor da Imprensa, Sinval Itacarambi Leão, "o objetivo editorial desde seu primeiro número foi cobrir jornalisticamente o jornalismo com a metodologia do contraditório".
O texto completo de Sinval e reproduções de capa pode ser acessados no site Portal Imprensa AQUI

Mundo Estranho lança enciclopédia de memes brasileiros


A revista Mundo Estranho lança o livro "Os 198 Maiores Memes Brasileiros que Você Respeita", na verdade, um enciclopédia de A a Z que reúne memes da internet brasileira. O autor é o jornalista Kleyson Barbosa. Já nas livrarias.

Estadão pede que Temer pegue leve e exagera no cinismo editorial...

Reprodução
O trecho, acima, do editorial do Estadão, ontem, é um primor do cinismo jornalístico. Pede que o presidente indiciado por corrupção "administre com maior parcimônia as concessões que faz". Entende-se que o editorialista de análise fluída legitima o leilão de cargos, a liberação de verbas para fins políticos (na prática, a compra de apoios políticos), os favores a corporações,  rolagem de dívidas privadas (do tipo ampliar refis ao infinito), renúncias fiscais, as "concessões", enfim. Um exemplinho: Temer recebeu Joesley no palácio como parte - segundo as gravações - de conversinhas para garantir "sua permanência". O jornalinho não se arrepia com a jogada, pede apenas "maior parcimônia".
Pode, ok, mas só a cabecinha com "parcimônia".
É difícil um editorial cair mais fundo no poço do cinismo.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Memórias da redação: no tempo em que "trolar" era "tirar sarro"...

(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", edição on line)

Trolar é uma gíria da internet para zoar, tirar sarro, gozação. O termo é novo mas a prática é antiga.

Na Manchete, duas figuras eram mestres na arte de criar situações fazendo uso de falsos memorandos ou falsas cartas: Alberto Carvalho e Carlos Heitor Cony. A dupla tinha o requinte de guardar papeis timbrados que chegavam à redação e recortar logotipos e cabeçalhos para "oficializar " memorandos ou comunicados. Os textos recriados em tom oficial eram montados na xerox, onde ganhavam uma certa autenticidade. Forjavam assim cartas de cobrança de dívidas, de convite para viagens internacionais e até de intimação policial.

"Uma Noite no Mar Cáspio" enlouquece marqueteiro 

Houve uma época, lá pelo comecinho dos anos 1970, em que foi contratado um executivo cuja função era introduzir na revista modernas técnicas de marketing. Dizem que o sujeito era uma usina de ideias, mas nada do que ele apresentava nas reuniões ia pra frente. O próprio Adolpho Bloch não botava fé nas estratégias do especialista. Para o patrão, o marketing mais importante era a capa da revista que se resumia em duas categorias: "vendeu" ou "encalhou".

Apesar disso, os "projetos" não paravam de jorrar nas reuniões de pauta. Um dia, Cony resolveu sacanear o marqueteiro. Mandou um memorando endereçado para ele próprio, para os setores engenharia, de segurança, de bufê etc e para o expert em marketing, convocando uma grande reunião para discutir um evento chamado "Uma Noite no Mar Cáspio".

Segundo o comunicado, a festa aconteceria ao redor da piscina, no terceiro andar do prédio do Russell e celebraria as origens russas de Adolpho Bloch, ao mesmo tempo em que associava sua trajetória de sucesso à importância da marca Manchete. Seria um evento lítero-musical, como pedia o memorando "da presidência".  A reunião preparatória efetivamente ocorreu. Cony se engajou na própria farsa, compareceu ao local marcado e ouviu, a sério, as várias ideias que foram postas à mesa, enquanto o marqueteiro e coordenador do evento anotava tudo e discutia os comes e bebes, a contratação de um solista de violino, uma projeção de fotos, a lista de convidados etc. Antes de fazer uma saída triunfal da reunião, Cony embaralhou os trabalhos e enlouqueceu o "comitê organizador" ao despejar suas próprias sugestões, que iam de espetáculo pirotécnico à apresentação de um coral de funcionários. Só ao voltar à sua sala, o perplexo executivo, novo na casa, descobriu que "Uma Noite do Mar Cáspio" era tão autêntica quanto "Uma Noite nos Mares do Sul", o famoso baile de carnaval que a Manchete cobria todo ano.

Editor em crise de depressão  

Outra trolagem: Em 1970, o jornalista Raul Giudicelli assumiu a direção da Fatos & Fotos. Talvez para sair do trivial e deixar sua marca na revista partiu pro delírio total: vestiu uma fantasia do Fantasma e convenceu Chico Anysio a fazer uma entrevista com o personagem. A matéria surreal foi publicada na revista.  Cony desencavou nos Serviços Editoriais (o setor da Bloch que recebia material de agências e revistas estrangeiras) um papel timbrado da todo-poderosa King Features Syndicate, detentora dos direitos do Fantasma. Recortou a matéria da Fatos & Fotos e anexou uma carta dirigida ao "Editorial Director Mr. Raul Giudicelli" informando que os advogados da empresa entrariam com um processo por uso indevido de imagem do Fantasma. A causa, dizia o "documento", estava estipulada em 100 mil dólares. Cony só assumiu a brincadeira quando soube que o pobre do Raul Giudicelli estava em crise de depressão e não comparecia ao trabalho havia dois dias, sem saber como dar a Adolpho Bloch a notícia de que a empresa ia entubar um processo milionário.

Jornalista é convocado a comparecer ao Crematório Municipal

Essa foi do Alberto. Um colega redator que já havia ultrapassado a barreira dos 60 anos e era particularmente hipocondríaco (embora gozasse de saúde perfeita) recebeu um dia uma "carta" da Secretaria de Administração Civil do Rio de Janeiro, cujo teor era o seguinte:
DCP/RJ 19/09/
Controle de População
Lei 32.694 de 02/06/1946
Prezado senhor:
Conforme registro do nosso cadastro de controle, verificamos que V. Sª atingiu o limite de idade previsto por lei. Nossos estudos estatísticos indicam que a sua idade não oferece mais nenhuma vantagem para a sociedade. Muito pelo contrário, acarreta uma carga complementar às entidades assistenciais de sua comunidade, bem como o desagrado daqueles que o rodeiam.
Por este motivo, V. Sª deverá apresentar-se ao Crematório Municipal até 8 (oito) dias após o recebimento desta, a partir das 9h00 da manhã, diante do Forno Nº 5, Ala Norte, para que possamos proceder vossa incineração.
Na oportunidade, V. Sª deverá apresentar-se munido dos seguintes documentos e acessórios:
1. Carteira de identidade (original);
2. Protocolo do atestado de óbito em andamento;
3. Comprovante de pagamento da taxa de cremação (autenticada);
4. Comprovante de pagamento do IR dos últimos 5 (cinco) anos;
5. 1 (um) saco plástico (sem propaganda de supermercado) para as cinzas;
6. 2 (dois) metros cúbicos de lenha seca, ou dez litros de gasolina de alta octanagem.
Para evitar qualquer contratempo ou perigo de explosão, fica estipulado que até 48 (quarenta e oito) horas antes V.Sª não deverá ingerir qualquer bebida alcoólica ou mesmo comer batata doce ou repolho, pois provocam reações incontroláveis de alta periculosidade ao ecossistema.
Antecipadamente agradecemos vossa valiosa colaboração e.... ADEUS!!!
Atenciosamente (assinatura)
Subchefe Adjunto Substituto do Assessor do DCP- Departamento de Controle da População.

A redação inteira da Manchete ficou observando o hipocondríaco ler a carta, circunspecto. Ele coçou a cabeça antes de levantar a vista da carta sinistra, ouvir a explosão de gargalhadas na sala e tomar mais um Lexotan.  



sexta-feira, 23 de junho de 2017

Alô correspondentes estrangeiros. Dá pra não sujar ainda mais o nome do Rio de Janeiro? Falô...










por Niko Bolontrin 

Apesar de tudo, o Rio ainda resiste entre os principais destinos turísticos do mundo, entra no ranking das cidades mais divertidas, mais bonitas etc.

Temos problemas, claro: assaltos, alagamentos, Sérgio Cabral, Eike Batista, Adriana Ancelmo, os cariocas elegeram Crivella, Picciani, os Bolsonaro, Romário, os BBBs quando acaba o reality vêm morar aqui, o Carnaval tá a perigo, o Maracanã quase inativo...

Reconhecemos a maré braba e o baixo astral.

Mas pedimos a quem não puder ajudar que não atrapalhe, faz favor.

Mesmo não sendo o Rio a capital do país, muitos correspondentes estrangeiros ainda têm aqui sua base. Isso já foi uma enorme vantagem e facilitou a divulgação e a visibilidade da cidade. O Rio se saiu bem ao sediar os últimos eventos internacionais, do Pan 2007 passando por Jornada Mundial da Juventude, Copa da Confederações, final da Copa do Mundo e até a Olimpíada. OK.

Foi bom enquanto durou.

Com o Brasil em parafuso e com o vendaval de corrupção e propina que varre a relação entre políticos e empresários, o golpe e a crise econômica, ter correspondentes como vizinhos deixou de ser vantagem.

Temer viaja e, na imprensa internacional, a repercussão da desastrada incursão internacional do ilegítimo e irrelevante, é relatada como originária do Rio de Janeiro. Se a cana dura enquadra o presidente, tá lá, Rio de Janeiro: Relatório da Polícia liga Temer a esquema de suborno. 

Se os Estados Unidos proíbem a entrada de carne brasileira no país, a reportagem dos correspondentes estrangeiros sobre o assunto é aberta com o indefectível Rio de Janeiro, que não tem nada com isso, pouco conhece de boi, não gosta de rodeio e só associa carne a churrasco na laje, Fátima Bernardes e Tony Ramos.

Isso só para citar duas matérias do New York Times de hoje. Porque rebelião de preso, lamaçal no Rio Doce, cracolândia paulista, zika vírus, E.T de Varginha, Helicoca e desmatamento na Amazônia, tudo sai lá fora com a marca Rio de Janeiro abrindo a reportagem.

Caros correspondentes, vocês não têm culpa da atual suruba política e econômica do Brasil. Mas o Rio já tem problemas demais para assumir as trapalhadas alheias. Enquanto não passar essa onda, dá para identificar suas matérias nacionais como originárias de Brasília?

É a nossa capital e, para ela, uma sujeira a mais nem chega a fazer diferença.

Os cariocas agradecem.

Brasil em Manchete: polícia procura ex-repórter da RedeTV que estaria escondida no Rio

Divulgação
por Ed Sá

Luana de Almeida Domingos, que usava o nome profissional de Luana Don era repórter do programa da RedeTV Superpop, entre 2012 e 2015.

Jornalista e advogada, ela é acusada de manter ligações com a facção criminosa PCC, da qual seria "menina de recados" dos líderes presos para os integrantes em ação nas ruas.

Segundo a polícia, ela deixou a carreira para se tornar informante da facção e é alvo hoje de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. E considerada foragida, estaria se escondendo no Rio. As informações são do site TV Foco.

Reprodução Instagram
Antes de sumir das redes sociais, Luana Don se apresentava no Facebook como “advogada por profissão e apresentadora por paixão” e informava que "estudou dramaturgia".

No Superpop, chegou a apresentar quadros como "Barraca do Beijo, “Na Moita” e "Desafio Pop". em uma das suas reportagens de maior repercussão, a apresentadora mostrou como funcionava uma casa de swing.

Vídeos com matérias da ex-repórter ainda podem ser vistos no You Tube.

Luana costumava postar ensaios sensuais nas redes sociais.



quinta-feira, 22 de junho de 2017

Watergate 45 anos. E o que há de novo no front do jornalismo investigativo

Carl Berstein e Bob Woodward: a dupla de repórteres do Washington Post/Reprodução

Há 45 anos, um caso explosivo dominava a mídia: Watergate. Entre 17 de junho de 1972 e 9 de agosto de 1974, jornais, revistas, rádios e TV embarcaram na pauta do que foi considerado o maior escândalo político do século XX e que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon e ao indiciamento de parte d seu staff.

O escândalo foi detonado a partir de uma invasão à sede do Partido Democrático, no complexo Watergate, por cinco homens ligados ao comitê de reeleição de Nixon. Os invasores foram flagrados e presos ao instalar microfones nos escritórios dos democratas.

A Casa Branca negava envolvimento, mas o Washington Post, através dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, conseguiu que alguns colaboradores começassem a falar. Uma fonte decisiva e anônima, apelidada de "Deep Throat", deu o fio condutor para desmascarar a operação ilegal de Nixon. Ao mexer no vespeiro, outros jornais descobriram outros crimes do presidente americano, como uso de dinheiro público para fins pessoais.

Só em 2005 foi revelado o nome do "Garganta Profunda": era o agente do FBI Mark Felt, que morreu em 2008.

Visto a partir de hoje, do ponto de vista operacional, o Caso Watergate é quase banal.

A espionagem contra empresas, partidos e pessoas se intensificou, virou prática de Estado, como bem demonstram sucessivos vazamentos divulgados pelo Wikileaks. Agentes não mais precisam se deslocar ao local do crime. Existem softs quase impossíveis de detecção que monitoram celulares, agendas, deslocamentos, sites visitados e até acionam a câmera do aparelho do próprio alvo, que nem percebe que está sendo gravado e filmado.

Para os espiões sofisticados da atualidade, os agentes de Nixon estavam no nível da Loucademia de Polícia.

O trabalho de Bob Woodward e Carl Bernstein virou referência de jornalismo investigativo, expressão que não era adotada na época. O jornalismo de dados, uma ferramenta indispensável hoje na apuração de escândalos, era ficção ainda, assim como o Google. Woodward e Bernstein usavam bloquinhos e gastavam solas de sapatos.

É sintomático que grandes escândalos internacionais, como o da espionagem massiva e institucional citada, sejam atualmente revelados principalmente pelo jornalismo investigativo de sites e jornalistas independentes e não por grande veículos, muitos agora de propriedade de gigantes do mercado financeiro ou de holdings de grandes corporações.

Bernstein e Woodward ganharam os principais prêmios de jornalismo da época, incluindo o Pulitzer.

E olha que os critérios de premiação eram bem mais rígidos.

Nada que se assemelhasse, por exemplo, ao estranho prêmio por "furo de reportagem em coberturas ao vivo" que um canal brasileiro recebeu recentemente por apenas ter sido o veículo através do qual foi vazada por autoridade uma das gravações ilegais no embalo da Lava Jato.

Depois de sete anos de batalha jurídica, site de humor Falha de S. Paulo vence a censura que a Folha de São Paulo queria perpétua




O Superior Tribunal de Justiça deu ganho de causa ao site de humor Falha de S. Paulo, criado pelos irmãos Lino e Mario Bochini, que satirizava o noticiário da Folha de S. Paulo. O tribunal caracterizou a proibição do site pedida pela Folha como um tentativa de censura.

A informação foi publicada pelo jornalista Laura Jardim, do Globo.

Incomodada com a sátira, a Folha de São Paulo reagiu, em 2010, com uma liminar para tirar do ar a Falha de São Paulo e pedir indenização aos autores, alegando suposto uso da marca. O argumento que tentava disfarçar a censura, foi afinal negado pelo STJ. Foram sete anos de luta por parte dos irmãos Bochini, que não tinham dinheiro para mandar os seus advogados acompanharem todas as sessões da disputa contra o poderoso jornalão.

O Falha de São Paulo é uma sátira, uma claríssima paródia.  O maior risco, caso a Justiça não houvesse reconhecido isso, seria a jurisprudência firmada a partir da censura. A Folha de São Paulo não estaria atingindo apenas o Falha mas diretamente golpeando a liberdade de expressão.

Tardou mas valeu a pena a batalha que durou sete anos contra a recaída obscurantista da Folha, que, a propósito, tem no seu DNA íntima e histórica colaboração com a ditadura militar.

Fica a dúvida: ao reivindicar a volta da tesoura, a Folha de S. Paulo estava tentando concorrer com o satírico Falha de S. Paulo ?

É que não deixa ser irônico um meio de comunicação pedir censura.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Em Portugal e no Brasil, bombeiros usam as redes sociais para relatar seus dramas em fotos e vídeo



Tragédia portuguesa, conflito brasileiro. Em dois episódios, nessa semana, bombeiros utilizaram as redes sociais para relatar seus dramas. As fotos acima, postadas pelo português Pedro Brás, que combatia o incêndio florestal em Portugal que deixou dezenas de vítimas, viralizaram na internet.
No Rio, na conflagrada Favela da Maré, traficantes armados, os donos do pedaço, receberam a polícia que cumpria mandados de prisão com fuzis, como sempre. E provocaram um incêndio em CIEP.  Os bombeiros só puderam chegar ao local com apoio de blindados. Mesmo assim, foram encurralados pelos bandidos. O bombeiro carioca Silvio Oliveira postou no You Tube um vídeo que é um dramático registro da guerra nos enclaves do Rio dominados por bandidos.



CLIQUE AQUI PARA VER O VÍDEO DA GUERRA CARIOCA NA FAVELA DA MARÉ

Escritor angolano José Eduardo Agualusa, colunista do Globo, ganha prêmio literário em Dublin. Com o valor da premiação, ele quer construir uma biblioteca pública em Moçambique




O livro "Teoria Geral do Esquecimento", do escritor angolano José Eduardo Agualusa, editado no Brasil pela Foz, ganhou o Prêmio Literário Internacional de Dublin.
Com o valor da premiação, € 100 mil (dos quais 25 mil irão para o tradutor da obra para o inglês) o romancista, que é colunista do Segundo Caderno do Globo, pretende construir um biblioteca em Moçambique, onde mora atualmente. "O que realmente precisamos é uma biblioteca pública, porque as pessoas não têm acesso a livros, então, se eu puder fazer algo para ajudar, será ótimo. Nós já encontramos um lugar e eu posso colocar minha própria biblioteca pessoal lá e abri-lo para as pessoas da ilha. Tem sido um sonho há muito tempo", disse ele ao Guardian. O prêmio, aliás, tem uma característica bem próxima do sonho de Agualusa: é escolhido por bibliotecários de todo o mundo.
"Teoria Geral do Esquecimento", ambientado na Angola de 1975, conta a história de uma mulher que ergue uma parede que separa seu apartamento do resto do prédio e, isolada, acompanha durante 28 anos as transformações do país apenas através da janela, de um rádio e de pedaços de conversas que ouve através das paredes.
PARA LER A MATÉRIA COMPLETA NO THE GUARDIAN, CLIQUE AQUI

Isis Valverde ganha processo contra a revista Playboy

Isis Valverde durante a gravação
de uma cena da novela Paraíso Tropical, em 2007,
nos Arcos da Lapa.
Foto: Divulgação TV Globo
por Clara S. Britto
Em 2007, durante uma gravação da novela Paraíso Tropical, nos Arcos da Lapa, no Rio, um fotógrafo flagrou os seios de Isis Valverde. A Playboy publicou a foto na edição de junho daquele ano, sob o título “Isis Valverde, no Rio, dá adeusinho e deixa escapar cartão de boas-vindas", e a atriz processou a revista.
A causa está no STJ, que acaba de decidir que a Editora Abril, na época detentora do título, deverá indenizar Isis em R$ 40 mil (corrigido, o valor ultrapassa 100 mil reais), além de quantia a ser calculada para cobrir danos materiais.
A defesa da atriz argumentou que a foto foi publicada sem autorização e o STF entendeu que "ficou demonstrado o abuso na divulgação e o mau uso da comunicação pela revista", considerou que a cena em questão não envolvia nudez e, apesar disso, o fotógrafo se posicionou em um determinado ângulo para "flagrar suas partes íntimas". Além de condenar a imagem, a decisão registra que o texto era "difamatório".
Cabe recurso à Abril.


Do twitter de José Simão: Tony Ramos passa o rodo na imagem


terça-feira, 20 de junho de 2017

Salvador: repórter que apurava irregularidades em mercado público é agredida por feirante


Ao apurar uma denúncia de que funcionários do Mercado de São Joaquim, em Salvador, cobram valores não tabelados para abrir o banheiro aos clientes, Ticiane Bicelli, da TV Aratu (SBT) foi ameaçada e em seguida agredida por uma feirante. A repórter reagiu. Outras pessoas se envolveram e, na confusão, a jornalista e o cinegrafista Liberato Santana sofreram lesões, além de danos ao equipamento. O caso foi parar na delegacia. VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

DE WASHINGTON DC A CURITIBA: 50 anos depois, a volta do “poder da flor”

A famosa foto de Marc Riboud, da Magnum, na Marcha sobre o Pentágono, Washington, 1967

Em Curitiba, hoje: o gesto reencenado. A foto é de Rodrigo Fonseca

Foto de Rodrigo Fonseca publicada no G1.

Foto: Giuliano Gomes/PR Press) publicada no Paraná RPC

Por Roberto Muggiati

Os agitados anos 1960 foram marcados por fotos icônicas que registraram os momentos históricos mais intensos da “década que quis mudar tudo”. . . e quase o conseguiu. Um exemplo é a imagem captada por Marc Riboud, da agência Magnum, na Marcha sobre o Pentágono, em 1967, admiravelmente narrada pelo clássico do jornalismo literário, Os degraus do Pentágono, de Norman Mailer.

Na foto, Jan Rose Kasmir, confronta a Guarda Nacional do lado de fora do Pentágono com uma flor nas mãos durante uma marcha contrária à Guerra do Vietnã em 1967. Esse ato ajudou a colocar a opinião pública em desfavor da intervenção dos Estados Unidos no Vietnã.

Agora, meio século depois, o gesto foi reencenado em Curitiba, durante uma manifestação de servidores, nesta terça-feira, 20 de junho, contra a votação do “pacotaço fiscal” na Câmara Municipal. Uma servidora não identificada foi fotografada por Rodrigo Fonseca. A diferença está em que, em matéria de truculência, a máquina de repressão paranaense deu um banho na Guarda Nacional americana. Desceu a borracha em cima de professores idosos e brindou com uma verdadeira “lava-jato” de gás pimenta pacatos servidores que foram apenas – totalmente desarmados – implorar por seus direitos. As fotos dizem tudo.

Turista acidental: Temer reinventa a máquina do tempo e vai visitar a "República Socialista Soviética da Rússia" e é recebido por Leonid Brezhnev




Temer desembarca na "República Socialista Federativa Soviética da Rússia". Foto Agência Brasil.
Leonid Brezhnev, estadista soviético, acena para Temer
e comitiva ao receber os brasileiros no aeroporto, em Moscou.


por O.V.Pochê 

Temer e outros citados em delações como envolvidos em corrupção estão na Rússia. Representando o Brasil. Só isso aí já é um absurdo. Alguns dos viajantes já deviam ter os passaportes entregues à PF.

Mas a "presidência da república", assim mesmo, em minúsculas e entre aspas, resolveu dar mais uma contribuição ao surrealismo nacional e informou ao mundo, oficialmente, ontem, que Temer estava de partida para a "República Socialista Federativa Soviética da Rússia". A informação foi publicada no site oficial, mas à maneira de Stálin, que mandava retocar fotos para corrigir o passado, o post foi devidamente apagado. Sorte que muitos internautas reproduziram e compartilharam a дерьмо (*) monumental.

O ilegítimo lançou há tempos um pretensioso programa a que deu o nome de "Ponte para o Futuro". A julgar pelo nível geopolítico do seu staff vai lançar agora o "Ponte para a Escola".

Sem saber nem o nome do país para onde seguiu, a comitiva assim desinformada estaria tentando marcar reuniões bilaterais com os líderes soviéticos Nikita Khrushchev, Leonid Brezhnev e Kostantin Chernenko.

Dizem que os representantes do Brasil estavam ansiosos para encontrar fora da agenda Mikahail Gorbachev, um comunista a quem admiram e com quem gostariam de fazer uma selfie.

Segundo um fonte ligada a um assessor de um megaempresário do setor de proteínas, Temer iria tentar parcerias comerciais. Ele estaria muito interessado em importar carros Lada e Niva. Já o ministro das "relações exteriores", Aloysio Nunes, tinha preocupações mais ligadas à Guerra Fria e se comprometeu com a embaixada americana a repreender a República Socialista Federativa Soviética da Rússia por instalar bases de mísseis em Cuba.

Outras reivindicações do ministro recomendada por seus tutores são insistir junto a Moscou para que liberte o piloto Francis Gary Power, que caiu de paraquedas em território soviético quando seu avião-espião U2 foi abatido e pedir "energicamente" que Moscou ponha abaixo o Muro de Berlim.

A comitiva também pretendia visitar a sede KGB, que considera deter know how que interessa à Abin, como, por exemplo, tecnologia para evitar gravações de reuniões no Jaburu. Assessores militares da comitiva queriam saber mais detalhes do Pacto de Varsóvia e demonstraram interesse em ter algo semelhante na América do Sul.

Em um item mais ameno da viagem e em tempo de Copa das Confederações, Temer gostaria de visitar o famoso goleiro Lev Yashin, que jogou contra o Brasil em 1958, e o cosmonauta Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço.

Segundo os correspondentes que acompanham a cúpula da República Friboi itinerante a viagem será muito produtiva. E os soviéticos estão receptivos e amáveis.

O clima está tão bom que um pequeno incidente foi perfeitamente contornado. Foi quando um diplomata soviético querendo agradar a comitiva perguntou como estão e porque não faziam parte da comitiva os tovarichs  Loures, Joesley, coronel João Batista Lima e Geddel, do politburo do Planalto.

(*) Merda, em russo

domingo, 18 de junho de 2017

Torcedora dá em cima de jornalista... "Que buen macho!"


por Ed Sá 

Um repórter da Fox Sports, do México, fazia uma entrada ao vivo, antes do jogo Portugal 2 X 2 México, em Kazan, Rússia, pela Copa das Confederações, quando foi assediado na boa por uma torcedora mais empolgada. Na cena, o repórter Rubén Rodriguez fica meio sem jeito com a cantada e ainda é trolado depois pela sua equipe. Ao ouvir que ele é mexicano, a russa , disparou:
- “Mexican? Que buen Macho!”
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

Essa carne é de segunda! No açougue de Joesley... É a capa da revista Piauí

A capa da Piauí desse mês é um recriação a partir de...

...outra publicada em maio de 2016. No espaço de tempo entre as duas o ilegítimo apodreceu e foi levado pro açougue de Joesley.

Crivella faz cruzada contra o samba: Fundamentalismo administrativo pode acabar com 50 mil empregos

Autor de um estudo sobre a Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval, o economista e pesquisador Luiz Carlos Prestes Filho publicou no Globo, ontem, artigo sobre um importante ângulo do Carnaval carioca que o prefeito e 'bispo' Crivella, que dá sinais explícitos de que despreza o evento, desconhece: a capacidade de as Escolas de samba gerarem milhares de empregos ao longo do ano.
Leia, abaixo, o artigo de Luiz Carlos Prestes Filho.

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Crivella passará, o carnaval fica

Corte provocará demissão de quase 50 mil serralheiros, laminadores, ferreiros, costureiras, bordadeiras, coreógrafos, designers, pintores, entre outros profissionais


por Luiz Carlos Prestes Filho, O Globo

‘Que lucra o povo com o carnaval? É lamentável erro estimular em nome do poder público, e à custa de seus cofres, as mais reprováveis manifestações de incultura, licença, luxúria e corrupção, vividas no carnaval. Todos conhecem o grande número de crimes contra a honra, contra os costumes e contra a vida que, infelizmente, se verificam durante as festas carnavalescas”.

As palavras acima perecem ser do prefeito Marcelo Crivella. Não são. Foi o vereador paulistano Camilo Aschar que proferiu as mesmas em 31 de janeiro de 1949. Mas bem que o atual mandatário do Rio de Janeiro poderia copiar e colar este texto para justificar a sua decisão de romper com a tradição de apoio ao carnaval carioca, estabelecida pelo poder público desde 1935, ano em que o prefeito Pedro Ernesto oficializou os desfiles das escolas de samba.

O carnaval de 2017 foi o primeiro em que o poder municipal não entregou as chaves da cidade para o Rei Momo e não contou com a presença do prefeito na abertura dos desfiles das escolas de samba. Agora, ele anuncia que realizará cortes de 50% nos investimentos elementares do evento que mais atrai turistas para uma cidade no mundo. Sim, o carnaval — comparativamente — é maior do que a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos.

Por que o prefeito entra em confronto aberto com 94 escolas de samba, que levam cem mil artistas populares para desfilar na Marquês de Sapucaí, Centro, e na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho? Será que já não basta o abandono em que vivem essas comunidades que não contam com centros culturais, museus, livrarias, salas de teatro e cinemas? Agora, a prefeitura inicia uma cruzada para eliminar as quadras das escolas de samba, que têm nos desfiles carnavalescos o motor motivador das suas atividades. São nas quadras que acontecem batizados, festas de 15 anos, casamentos, cursos profissionalizantes, atividades religiosas e esportivas, cursos de dança e canto — sem falar das reuniões de mobilização das próprias comunidades.

Com certeza, ao realizar o corte anunciado, o prefeito estará diminuindo a potência do atendimento à população excluída. O dinheiro economizado nunca será suficiente para resolver o passivo de investimentos da Secretaria municipal de Educação. Esta afirmação é pura retórica. A festa carioca gera 200 mil empregos diretos e indiretos, conforme o estudo “Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval”, que coordenei em parceria com o Sebrae e a Associação Comercial do Rio de Janeiro. O corte anunciado provocará a demissão de quase 50 mil serralheiros, laminadores, ferreiros, costureiras, bordadeiras, coreógrafos, designers, pintores, entre tantos outros profissionais que trabalham nos barracões onde produzem fantasias e carros alegóricos.

O professor Carlos Lessa, que já foi reitor da UFRJ e presidente do BNDES, reconhece na gestão social do carnaval algo espetacular. Pois esta, além de levar para os desfiles milhares de excluídos socialmente, demonstra que o povo estruturou sua própria forma de organização. Ao constatar que nenhum partido político, associação ou sindicato o representa, assim como — também — nenhum governo municipal, estadual ou federal, o povo criou sua própria forma de manifestação dos seus sonhos, desejos e realizações.

Penso que o povo excluído está certo. Pois Crivella passará, mas o carnaval fica.

Mineirinho, Cara de Cavalo, Tião Medonho, Lúcio Flávio, Escadinha, Orlando Jogador, Uê, Marcola... todo mundo caiu pra segundona...