sexta-feira, 2 de junho de 2017

100 diplomatas brasileiros criticam Temer em carta aberta e condenam autoritarismo e violência policial contra manifestantes




Recentemente, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil criticou duramente a ONU por condenar a extrema violência policial contra manifestantes que protestam contra o governo de Michel Temer. O fato motivou a reação de mais de 100 diplomatas brasileiros, que reconhecem a correção da posição das Nações Unidas e, em carta aberta intitulada “Diplomacia e Democracia”, tornam públicas suas preocupações com a crise social, política e institucional que agita o Brasil. Os diplomatas pedem a retomada do diálogo e de consensos mínimos na sociedade brasileira, fundamentais para a superação do impasse. O documento "Diplomacia e Democracia" repercutiu na mídia internacional, em veículos como ABC, The Atlantic, New York Times. Telesur etc.

Leia a carta, abaixo.
"Nós, servidoras e servidores do Ministério das Relações Exteriores, decidimos nos manifestar publicamente em razão do acirramento da crise social, política e institucional que assola o Brasil. Preocupados com seus impactos sobre o futuro do país e reconhecendo a política como o meio adequado para o tratamento das grandes questões nacionais, fazemos um chamado pela reafirmação dos princípios democráticos e republicanos.

Ciosos de nossas responsabilidades e obrigações como integrantes de carreiras de Estado e como cidadãs e cidadãos, não podemos ignorar os prejuízos que a persistência da instabilidade política traz aos interesses nacionais de longo prazo. Nesse contexto, defendemos a retomada do diálogo e de consensos mínimos na sociedade brasileira, fundamentais para a superação do impasse.

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a consolidação do estado democrático de direito permitiu significativas conquistas, com reflexos inequívocos na inserção internacional do Brasil. Atualmente, contudo, esses avanços estão ameaçados. Diante do agravamento da crise, consideramos fundamental que as forças políticas do país, organizadas em partidos ou não, exercitem o diálogo, que deve considerar concepções dissonantes e refletir a diversidade de interesses da população brasileira.

Para que esse diálogo possa florescer, todos os setores da sociedade devem ter assegurado seu direito à expressão. Nesse sentido, rejeitamos qualquer restrição ao livre exercício do direito de manifestação pacífica e democrática. Repudiamos o uso da força para reprimir ou inibir manifestações. Cabe ao Estado garantir a segurança dos manifestantes, assim como a integridade do patrimônio público, levando em consideração a proporcionalidade no emprego de forças policiais e o respeito aos direitos e garantias constitucionais.

Conclamamos a sociedade brasileira, em especial suas lideranças, a renovar o compromisso com o diálogo construtivo e responsável, apelando a todos para que abram mão de tentações autoritárias, conveniências e apegos pessoais ou partidários em prol do restabelecimento do pacto democrático no país. Somente assim será possível a retomada de um novo ciclo de desenvolvimento, legitimado pelo voto popular e em consonância com os ideais de justiça socioambiental e de respeito aos direitos humanos."
 

Um comentário:

J.A.Barros disse...

A pergunta fica no ar! Como pode um país que teve presidentes, governadores, prefeitos e senadores e deputados sem esquecer os vereadores envolvidos em propinas, desvios de verbas públicas ser um país desenvolvido, decente e inteligente?