sábado, 8 de julho de 2017

Doria é o "Minion" de Donald Trump. Ele clona do americano a tática de agredir jornalistas...



Sob polêmica de conflitos de interesse, o prefeito de São Paulo, João Doria, institucionalizou a prática de doações de empresas privadas para vários setores da administração. A prática tem gerado controvérsias.

Em um dos casos, o de doações de remédios, uma reportagem da CBN constatou que os lotes cedidos eram de medicamentos próximos da data de vencimento (os fabricantes não podem vender remédios com validade de menos de doze meses) que se acumularam nas prateleiras dos postos de saúde, com as empresas se livrando dos custos do posterior descarte de produtos inutilizados.

Doria diz que as doações são "desinteressadas". Em termos: as empresas doadoras têm descontos consideráveis no ICMS.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, apenas 8% das doações que Doria anunciou até agora de concretizaram. E mais, segundo a Folha: algumas doações anunciadas não são do conhecimento das empresas envolvidas.

A matéria da Folha, do repórter Arthur Rodrigues, irritou o prefeito que, ao estilo de Donald Trump, postou um vídeo agressivo com um tom de intimidação ao jornal e ao jornalista.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo publicou nota de repúdio à atitude do prefeito.

Leia a nota, a seguir.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) repudia uma manifestação agressiva e descritiva do prefeito de São Paulo, João Doria, contra uma reportagem "Doações prometidas por Doria empacam", publicada na edição de sexta (7) do jornal Folha De S.Paulo, e seu autor, o repórter Artur Rodrigues.

Uma reportagem, correta e bem apurada, mostra que, de um total de R $ 626,5 milhões em doações de empresas anunciadas pela Prefeitura de São Paulo para uma cidade, neste ano, apenas R $ 47,7 milhões foram de fato realizados até o momento. Do restante, R $ 352,1 milhões estariam "em tramitação", R $ 225,3 milhões sem receita de uma "proposta oficial", além de R $ 1,4 milhão sem informação.

O texto expõe um conjunto de dados mostrando detalhes aos leitores, exemplifica diversas situações (como empresas que dizem não ter conhecimento de doações atribuídas a elas) e dedica uma parte considerável do espaço às afirmações da própria Prefeitura a respeito da questão (o chamado “outro lado”). Sua base são os números divulgados pelos órgãos oficiais.

A matéria confirma a justeza das preocupações com a falta de transparência nas doações à Prefeitura, questão já levantada em reportagem da Rádio CBN mostrando que as doações de laboratórios farmacêuticos incluíam remédios perto da data de vencimento – inviáveis, portanto, para a comercialização.

Lamentavelmente, em resposta à reportagem, o prefeito João Doria posta em rede social um depoimento destemperado, que não contesta diretamente nenhum dado apresentado, e busca simplesmente, com base no poder que emana de seu cargo, desqualificar o repórter e a reportagem.

O SJSP considera que os governantes têm como obrigação primeira prestar todas as informações de relevância pública que envolvem a sua gestão. A agressão a um repórter, que fez com diligência o seu trabalho de divulgar fatos de amplo interesse, mostra um governante avesso a uma análise séria de seus procedimentos, e que acredita que com base no ativismo em mídia social e na agressividade consegue calar qualquer abordagem crítica.

Da próxima vez, senhor prefeito, responda à reportagem com fatos e dados, e não com falatório no Facebook.

Expressões nossa solidariedade ao repórter Artur Rodrigues, bem como uma defesa da liberdade de imprensa, essencial para superarmos o difícil momento que vivemos no nosso país.

São Paulo, 7 de julho de 2017.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Seria interessante e proveitoso para o país se essa carga de protestos contra o prefeito de São Paulo, J. Doria, fosse igual e tão intensa contra os prefeitos e governantes de outros partidos por exemplo o governador de Minas. Quando se trata de governante de partidos do PT, PMDB os patrulheiros da esquerda se calam ou se omitem. "Pau que bate em Chico deveria bater também em Francisco". Ou não? Não estou defendendo o prefeito J.Doria, estou apenas salientando o comportamento político de alguns partidos da oposição, que me parece tem dois pesos e duas medidas. A verdade é que macaco não olha o seu rabo.