sábado, 30 de setembro de 2017

Quer faturar algum? Fique esperto. Jornal compra seu vídeo...



Cada vez mais os meios de comunicação tradicionais recorrem a informações via what's app e vídeos em coberturas factuais. Nos habituais conflitos em favelas do Rio, imagens de tiroteios e movimentação de traficantes armados geralmente é produzida por moradores, o mesmo vale para acidentes em ruas e estradas, cenas de agressões, de assaltos etc. A maioria, aqui, é 0800, o leitor fica feliz em ter o crédito da foto ou vídeo. Fique esperto. O jornal The Sun, que aliás publica com frequência cenas de violência no Rio de Janeiro, paga e até incentiva colaborações dos leitores.

No filme "O Abutre" o ator Jake Gyllenhaal faz o papel de um desempregado que se equipa com câmeras e um rádio que capta a frequência da polícia e dos bombeiros, passa a registrar acidentes nas madrugadas de Los Angeles e vender material para redes de TV. Na ficção, o personagem se empolga, mexe nas cenas de acidentes e homicídios e até comete crimes.

Você, claro, não vai chegar a esse ponto, mas poderá ganhar um troco extra. Por que não? Não entregue o jogo de graça, valorize sua colaboração.

Na capa da Time: NFL "finaliza" Donald Trump. Mas a revista adverte que o empresário-presidente nunca deixa de reagir...


Além da Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, Irã, Síria, Rússia, México, imigrantes, saúde pública, meio ambiente, pretos, latinos, jornalistas, Hollywood, Angela Merkel, Hillary Clinton, os Obama, refugiados, New York Times, os furacões que o obrigaram a botar o pé na lama etc, Trump acrescenta à sua lista de "vilões" os futebol americano, especialmente os jogadores negros.

O empresário-presidente quer que a população boicote os jogos. Não se conclua, apenas pela patologia do inquilino da Casa Branca, que ele está sozinho. Ao contrário, tem apoiadores. Segundo a Time, alguns restaurantes de regiões mais racistas decidiram não exibir os jogos em aparelhos de TV até que os jogadores deixem de protestar em campo. Há registros de ameaças a jogadores por parte de grupos neonazistas. Donald Trump diz o que a "América profunda", a dos grotões, quer ouvir. 

Há 30 anos, Césio-157 nas páginas da Manchete...

por José Esmeraldo Gonçalves

No dia 13 de setembro de 1987, o Brasil acordou com um título que nenhum país gostaria de ter: o de maior acidente radiológico do mundo e a segunda tragédia radioativa global (só perdia, na época, para Chernobil (1986), hoje, Fukushima (2011), no Japão, assumiu o lugar de vice). Mas o país só saberia do acidente em Goiânia duas semanas depois, quando foi dado o alerta de contaminação.

Márcia Mello Penna e Carlos Humberto
TDC cobriram o acidente do
Césio-157 em Goiânia, setembro de 1987.
Manchete mobilizou suas equipes e deu ampla e imediata cobertura ao caso. Em um primeiro momento, a repórter Márcia Mello Penna e o fotógrafo Carlos Humberto TDC se deslocaram para Goiânia. Na sequência, meses depois, o escritor e jornalista José Louzeiro também fez uma reportagem sobre o assunto.

Mas foi um ano depois, em setembro de 1988, que a repórter Maria Alice Mariano e a fotógrafa Paula Johas surpreenderam a redação da Manchete ao voltar de Goiânia com uma impressionante reportagem que não deixava dúvidas de que a data não era apenas um "aniversário" ou um simples "gancho" jornalístico: a tragédia de Goiânia ainda estava em curso.

Se as atenções do Brasil já não se voltavam tanto para o caso e outros fatos geravam novas pautas, o drama do Césio 157 permanecia intenso e marcava a vida dos sobreviventes. Àquela altura, o tempo mostrou que a partir do momento em que um catador de ferro velho encontrou em um prédio abandonado (onde funcionara uma clínica) uma cápsula de um aparelho de radioterapia e a abriu, pensando em aproveitar o chumbo, mais de 100 mil foram expostas à contaminação.

A maioria sofreria durante anos os efeitos da radiação e dezenas de mortes ocorreriam ao longo da década seguinte, além das quatro vítimas fatais imediatas.


Um ano depois, em 1988, Maria Alice Mariano e Paula Johas voltaram
a Goiânia para constatar que a situação ainda era dramática
para os sobreviventes e os resíduos radioativos não tinham
depósito seguro e definitivo.  
Quando a redação da Manchete pautou uma volta ao local do vazamento de césio para apurar a situação, em setembro de 1988, Márcia Mello Penna seria a repórter naturalmente indicada por ter feito a cobertura inicial do acidente. "Márcia estava saindo em viagem para outra matéria e me passou a pauta", conta Alice, cuja preferência era por pauta "quentes". E Goiânia ainda oferecia isso, literalmente.


Maria Alice e Paula Johas retrataram o drama humano
que o Césio-157 deixou. 
A edição que trazia a matéria das graves consequências do acidente, um ano depois.

Com o fato à distância de 365 dias, Maria Alice e Paula Johas buscaram os dramas humanos e as histórias pessoais. O medo, os traumas silenciosos, cada uma das vítimas convivendo com sua própria dor, as falhas na contenção da radiação e o sofrimento daqueles que em um instante tiveram suas vidas mudadas para sempre.

Naquela edição, as repórteres da Manchete narraram em texto e fotos a tragédia do Césio-157 ainda viva e que, na velocidade do acontecimentos, o Brasil já tendia esquecer.

As vítimas, não.

         

Esporte mostra que racismo, fascismo, nazismo, direita radical, intolerância, opressão e preconceitos em geral não podem entrar em campo...

Nazista pisa na bola: Borussia Dortmund condena direita radical. Reprodução You Tube

Atletas da NFL protestam contra Trump e assassinatos em série de jovens negros por policiais brancos. Reprodução You Tube
Coma bandeira da Catalunha, torcida do Barcelona na luta pela independência. Foto do Site do Barcelona
Três acontecimentos nas últimas semanas geraram reações de atletas. A agressividade de Donald Trump ao pedir boicote aos jogos da NFL - o presidente-empresário se irritou com os protestos dos jogadores contra frequentes e impunes assassinatos de jovens negros por policiais brancos, a ascensão dos neonazistas nas últimas eleições para o parlamento alemão; e a luta da Catalunha para conquistar sua independência às vésperas do plebiscito que a Espanha combate com extrema violência.

Nos três países, atletas mostraram que não estão à margem das respectivas sociedades e dos fantasmas que as ameaçam.

O Borussia Dortmund lançou um vídeo para ilustrar a tese de que nazistas perebas não têm nada a ver com futebol.

E os jogadores da liga de futebol americano, a NFL, se ajoelham sempre que toca o hino nacional antes dos jogos.

Na Catalunha, além do apoio de vários jogadores do Barcelona, a luta pela independência tem o apoio da torcida, que embandeira os estádios

A sociedade e cada um dos seus segmentos não pode esperar que políticos se manifestem. E isso vale para o Brasil. Faz falta, por exemplo, um protesto efetivo dos nossos times - parar o jogo, por exemplo - enquanto a polícia não retirar do estádio e prender torcedores que gritam ofensas racistas contra atletas. E é preciso que torcedores que condenem o racismo se manifestem nessas ocasiões e isolem os preconceituosos.

VEJA O VÍDEO DO BORUSSIA DORTMUND, CLIQUE AQUI

VEJA O VÍDEO DOS PROTESTOS NA NFL, CLIQUE AQUI



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Lombroso está de volta...

O Brasil vive tempos de haters nas redes sociais e na mídia. Dizem por aí que é inevitável em épocas de rachas políticos e da internet como estilingue eletrônico de opiniões. Os Estados Unidos de Trump passam por um momento semelhante a esse Brasil de Temer. Briga de teclas no escuro.

Mas, às vezes, a galera pega pesado.

Há muito tempo não se ouvia falar em Cesare Lombroso. Artigo de Nelson Motta desencava hoje o autor do livro "O Homem Delinquente", obra que Mussolini lia, relia e levava até pro banheiro. Motta recorre à teoria do médico e criminalista italiano ao observar que um dos filhos do Lula "de cara, tem feições que fariam a alegria de Lombroso".

Para Lombroso, o sujeito já nascia com DNA, cara, barba, cabelo, bigode, impressões digitais e CPF de criminoso. Desde o berço, desde o teste do pezinho, esses sinais diferenciam os "delinquentes" das "pessoas normais", pregou o doutor italiano..

Reprodução de trecho do artigo "Sangue do meu Sangue"
de Nelson Motta (O Globo, 29/9/2017)
Lombroso listou, entre outras, algumas características dos vilões irremediáveis:  orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante, maxilar largo, maçãs do rosto proeminentes, barba rala, cabelos revoltos, caninos bem desenvolvidos, cabelos e olhos escuros, olhar esquivo e vidrado, preferência por tatuagens, vaidade, paixões exacerbadas etc.

Para o italiano, mulheres com voz grossa, verrugas, peitos pequenos demais ou grandes demais também eram "chaves-de-cadeia".

Bem mais da metade da população brasileira se encaixa nesse perfil de olhos pretos e cabelos pretos e embaraçados. "Prende que é encrenca", diria o velho Lombra.

E, não por acaso, as teorias lombrosianas já foram muito festejadas e exaltadas pela elite brasileira. Inspirado nelas, o Código Penal de 1940, do Estado Novo, relacionava a extensão da pena ao crime e à caracterização e "personalidade" do criminoso. Isso aí é Lombroso na veia. Ainda hoje, é concedido ao juiz analisar a "personalidade do agente", o que é uma abertura para a possibilidade de influências preconceituosas, religiosas, de classe, de raça etc a eventualmente contaminar sentenças.

Então já viu, né? Se Lombroso fosse ao Maracanã e encontrasse um torcedor do Flamengo ou de qualquer clube de massa na antiga geral, de "olhos e cabelos pretos", "cabelos revoltos" e "olhar vidrado" gritando gol em um momento de "paixão exacerbada" despachava o elemento para as masmorras.

Nem precisava estar envolvido na Lava Jato. "Tem cabelo preto, orelha de abano, tatuagem? Aos costumes, 'criminale'".

Modelo e fotógrafo que foram presos no Egito por nudez em templo repetem a dose na Etiópia

Marisa Papen no Egito, pouco antes de ser presa. Foto Jesse Walker

E na Etiópia. Foto Jesse Walker
A modelo belga Marisa Papen foi detida recentemente quando posava nua no templo de Karnak, no Egito, para o fotógrafo australiano Jesse Walker. No Egito, ela e o fotógrafo passaram uma noite na prisão, foram liberados e convidados a deixar o país. Na Etiópia, onde muçulmanos são minoria, fizeram novo ensaio. no mesmo estilo, entre nativos da tribo Surma. Não tiveram problemas. A informação é do Daily News. E no seu site, a modelo relata a aventura na Etiópia e mostra mais imagens tribais.

Abril planeja mais demissões. Dessa vez, a empresa pretende pagar verbas indenizatórias "na parcela"

A Árvore balança?

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo tem se reunido com funcionários da Abril para discutir um possível voo do passaralho, mais um, nas redações da editora paulista.

Desse vez, as dispensas podem embutir um grave questão: com o caixa baixo, os patrões pretenderiam parcelar em até dez vezes o pagamento das verbas rescisórias.

Caso se confirmem, as demissões em um editora que já foi uma das maiores empregadoras do setor são mais uma péssima notícia em um mercado profissional em acelerada mudança.

O jornalismo não vai acabar, ao contrário, a tendência é que se torne cada vez mais importante, diversificado e aberto nos meios digitais, mas um cenário se confirma a cada crise nas grandes corporações de comunicação: os novos modelos oferecem um número significativamente menor de postos de trabalho.

O "setor de inteligência" do Flamengo não combinou com os "russos"

por O.V.Pochê

É famosa a pergunta do Garrincha a Vicente Feola, técnico da seleção brasileira campeã na Suécia, em 1958.  Na véspera do jogo contra a então União Soviética, Feola traçou no quadro-negro uma instrução, quase uma bula, para cadenciada troca de passes que, na imaginação do treinador, acabaria fatalmente em um gol do Brasil. Garrincha apenas mandou uma pergunta-drible: "Mas o senhor já combinou com os russos"?

O Muralha é execrado nas redes sociais desde ontem. É campeão em memes. Com raríssimas exceções, o ex-jogador Caio Ribeiro é uma dessas, o goleiro foi detonado por comentaristas haters na TV e nos jornais em contraste com o meia Diego que, embora tenha perdido um pênalti, escapou do linchamento.

Hoje, o Globo revela que Muralha pulou todas as vezes no canto direito do seu gol por ordens da diretoria.

Flagrante da diretoria do Flamengo antes do jogo contra o Cruzeiro.
Nerds estudaram cobranças de pênaltis e, baseados em exaustivos estudos,
mandaram que o goleiro Muralha pulasse todas as vezes
no seu canto direito do gol

O jornal informa que o "setor de inteligência" do Flamengo baixou o decreto após nerds e tecnocratas do clube analisarem em computadores as estatísticas de cobrança de pênaltis dos jogadores do Cruzeiro. Como se sabe, o Flamengo tem sua diretoria hoje formada por oriundos do mercado financeiro e aliados. Dizem que a turma não entende porra nenhuma de futebol mas botou as finanças em dia. Título que é bom, esse ano só o Carioca e, há saudosos quatro anos, uma Copa do Brasil.

Mas eu dizia que Muralha pagou o pato. E foi leal, não caguetou: deu entrevistas desde a derrota e não entregou os nerds que traçaram o plano "brilhante' no computador mas esqueceram de combinar  com os "russos" do Cruzeiro.

Na véspera do jogo, o mesmo Globo publicou um infográfico de cobranças de pênaltis que também trazia o mapa da mina para derrotar o time mineiro. Hoje, Cruzeiro com a mão na taça, o infográfico também virou piada.

Dizem que a diretoria do Flamengo e o "setor nerd de inteligência" voltaram aos computadores: o objetivo agora é a Sul-Americana e uma das vagas do Brasileirão para a Libertadores.

Sob pressão da torcida, o departamento Flanerd estuda modelos matemáticos, simulações, Google, faz pesquisas no site de encontros Tinder, investigações na deep web e pede ajuda do Wikileaks para estudar todos os movimentos de cada um dos cerca de 180 jogadores adversários que o Flamengo enfrentará até a última rodada do Brasileirão, além dos jogos da Sul-Americana.

A NASA vai emprestar alguns supercomputadores.

ATUALIZAÇÃO 

OLHA SÓ O QUE A DIRETORIA DO FLAMENGO COMEMORA. PRA ELES ISSO É MELHOR DO QUE UM TÍTULO? VIBRAM MAIS COM LIKES E EMOJIS DO QUE COM BOLA NA REDE.



EM RESPOSTA AO DIRETOR, ALGUMAS INVERTIDAS DOS TORCEDORES







quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Calendário Pirelli 2018: Alice no País das Maravilhas em versão black


Whoopi Goldberg posa de duquesa para o Calendário Pirelli 2018. Foto reproduzida do site 2018 Pirelli Calendar

Lupita Nyong, vencedora do Oscar, é fotografada para o Calendário Pirelli.
Foto reproduzida do site 2018 Pirelli Calendar

por Clara S. Britto
Você percebe que o ano está chegando ao fim quando começam a circular informações sobre o Calendário Pirelli. A peça é um evento fotográfico. E a nova versão, a de 2018, está apontando na curva. Foi fotografada por Tim Walker, e editada por Edward Enniful, da Vogue britânica. Reúne modelos, atores, atrizes músicos e humoristas. Todos negros. O tema Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Entre as estrelas participantes estão: Naomi Campbell, RuPaul, Lupita Nyong e Whoopi Goldberg.  
VEJA O VÍDEO DOS BASTIDORES DAS SESSÕES DE FOTOS, CLIQUE AQUI

A internet rindo muito...











Ensino religioso confessional em escola pública: maioria do STF manda a Constituição para o armário dos ex-votos

Foto Rosinei Coutinho/SCO/STF

O Estado é laico, segundo a Constituição, mas o crucifixo visto nessa foto não deixa dúvidas de que o STF não é de todos os brasileiros.

Na última quarta-feira, em decisão polêmica, o Supremo comprovou isso ao passar uma borracha nesse artigo da  Carta que, aos poucos, se esvai e determinou que escolas públicas podem ter ensino religioso confessional. A Constituição assegura a liberdade religiosa, mas ao evitar a conjunção igreja-Estado confere ao tema um caráter privado, como deve ser o livre exercício da fé.

Com impressionante ingenuidade ou desconhecimento da realidade, no mínimo, o STF diz que estão vetadas quaisquer formas de proselitismo.

Coube à ministra Carmen Lúcia, que foi exaltada na grande mídia e celebrada por colunistas-tietes por supostamente levar ao tribunal um sopro de Século 21, dar o voto de minerva que jogou o Brasil mais um pouquinho no fosso do atraso e na ameaça do autoritarismo religioso.

Diz o STF que a matrícula é facultativa e ninguém é obrigado a fazer o curso de religião. Alguns ministros argumentaram que ao dispensar aulas de religião o aluno pode sofre bullying e constrangimento. Sem falar que ateus ou praticantes de religiões afro-brasileiras já sofrem preconceitos e até agressões nas salas de aula. A nova lei em nada vai melhorar tal quadro.

A intenção proselitista é um grande risco já que não se pode esperar muita didática dos "professores". Não é preciso formação acadêmica específica: padres, pastores, rabinos, babalorixás, espiritualistas etc, podem assumir o papel de "mestres" desde que façam concursos.

Votaram pelo ensino confessional cinco ministros: Edson Facchin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandovski e Alexandre de Moraes.

Foram contrários à transformação da sala de aula em púlpito, outros cinco: Luiz Roberto Barroso, Rosa Weber, Marco Aurélio, Luis Fux e Celso de Mello.

Carmen Lúcia desempatou e optou pelo obscurantismo.

E o Brasil deu mais um importante passo político rumo a um futuro Estado teocrático.

Aos poucos, somando-se às leis municipais e estaduais das "bancadas" fundamentalistas, aos benefícios fiscais já em vigor e ao uso de verbas públicas sob o manto de "organizações sociais", a democracia se ajoelha.

Hugh Hefner, o criador da Playboy, morre aos 91 anos e vai ser enterrado ao lado da primeira coelhinha: Marilyn Monroe

Luto no site oficial da Playboy Enterprises

por Ed Sá

Hugh Hefner, o criador da Playboy, morreu aos 91 anos, na madrugada desta quinta-feira, na Califórnia.

Hefner e a Playboy se confundiam como marca e símbolo.

A primeira edição da revista foi publicada em 1953, quando o seu criador mal completara 27 anos.

Revistas de mulheres nuas já existiam desde o começo do século passado. Mas Hefner queria oferecer algo mais e, principalmente, tirar as revistas eróticas dos seus esconderijos sob colchões e levá-las para a mesinha das salas. O primeiro editorial da Playboy prometia sofisticação, cultura, inteligência e sensualidade: "Nós gostamos de misturar cocktails e hors d'oeuvre, colocar uma música no toca-discos e convidar uma mulher para uma conversa silenciosa sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo".
Foto reproduzida do site Playboy Enterprises

Há quem diga que ele surgiu como a última trincheira do machismo, nos anos 50, antes da chegada dos anos 60, a década que lançou o feminismo e queimou sutiãs. Hefner foi perseguido por J. Edgar Hoover, o crossdresser puritano que personificava o FBI, e execrado pelas feministas. Atravessou esses furacões e, sete anos depois de lançada, a Playboy vendia 1 milhão de exemplares.

Nos anos 70, alcançou sete milhões. A revista masculina mais bem sucedida do mundo se expandiu depois em filmes, grifes, clubes e resorts.

Hefner venceu o moralismo e o feminismo, tirou a revolução sexual do círculo intelectual e a levou para as bancas de revista, mas não resistiu à Internet.

Em 2015, a Playboy americana vendia menos de 800 mil exemplares, deixou de publicar nus (orientação que foi revista recentemente), mantém portal digital, mas a antiga relevância perdeu-se para sempre.

A Playboy Enterprise, dirigida atualmente por Cooper Hefner, filho do fundador, permanece, a edição impressa deve sobreviver mais alguns anos, mas a mística da marca... essa foi embora com Hugh Hefner.

No Brasil, a Playboy foi editada pela Abril por 37 anos. Em 2015, a editora encerrou a publicação. A PBB Entertainment assumiu o título da versão nacional mas não teve fôlego para manter a edição mensal, que logo passou a bimestral.

O New York Times noticia que o criador da Playboy será enterrado no Westwood Memorial Park, em Los Angeles, a poucos metros do túmulo de Marilyn Monroe, que foi capa da edição número um da revista.

Sílvio Santos em ritmo de festa: "Quero morrer nos peitos de Helen Ganzarolli"

por O.V.Pochê

A três anos de completar os 90, Sílvio Santos está com um espécie de habeas corpus para falar o que lhe vem à cabeça pintada. Quem pode criticar a liberdade de expressão desembestada?

A última dele: em enquete do blogueiro Matheus Massafera, o dono do SBT afirmou que já sabe onde quer morrer: nos peitos de Helen Ganzarolli.

A modelo é a musa do apresentador. Se existe o rótulo "lugares para conhecer antes de morrer, SS quer conhecer o colo da Ganzarolli ao morrer.

Sílvio Santos já provocou polêmica com o tema morte. Em julho de 2003, quando ainda não se falava em fake news, ele foi capa da Contigo ao declarar sem rir que estava à beira da morte e que vendera o SBT para José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e para a Televisa, do México.

O "patrão" garantiu que sofria de um gravíssimo problema de coração e tinha apenas seis anos de vida.

Já se passaram 14. A matéria foi a "bomba" da semana.

Era uma pegadinha.

Virou um "case" jornalístico.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Vai viajar? Tio Trump quer saber o que você pensa e faz nas redes sociais antes de autorizar sua entrada nos Estados Unidos...

"Me adicione!". Reprodução
Agora é oficial. A partir do dia 18 de outubro, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) utilizará buscas na internet e programas-espiões que varrem até históricos de pesquisa para vasculhar redes sociais de imigrantes ou viajantes em rotas para o país. Mesmo estrangeiros que possuam green card ou sejam naturalizados poderão passar pelo pente fino em embaixadas, consulados ou nos serviços de imigração em aeroportos.

Além de Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter, aplicativos de conversas e vídeo também serão checados. A medida afeta a liberdade de expressão e está sendo criticada. 

Leia um dos tópicos da medida imposta pelo governo do Tio Trump: "Expandir as categorias de registros para incluir o seguinte: país de nacionalidade; país de residência; o número de conta online do USCIS; identificadores de mídia social, pseudônimos, informações identificáveis associadas e resultados de pesquisa (...) Atualizar as categorias de fontes de registro para incluir informações publicamente disponíveis obtidas da internet, registros públicos, instituições públicas, entrevistados, provedores de dados comerciais e informações obtidas e divulgadas de acordo com acordos de compartilhamento de informações".


Lembra disso? Deu nisso...


(do Portal Imprensa)

A 4.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, negar o recurso da TV Record em que a emissora questionava sua condenação sobre o pagamento de indenização a um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, sua mulher e seus filhos em razão da divulgação de uma reportagem considerada ofensiva.
Crédito:Divulgação Record TV

A emissora foi condenada em primeira e segunda instâncias por divulgar, reiteradas vezes, uma situação envolvendo o desembargador e uma agente da Guarda Municipal. As informações são do Conjur.

Para o ministro relator, Raul Araújo, a legitimidade para pleitear a reparação por danos morais seria somente do próprio ofendido. Porém, segundo o ministro, a doutrina e a jurisprudência do STJ têm admitido, em certas situações, que pessoas muito próximas afetivamente à pessoa insultada, que se sintam atingidas pelo evento danoso, possam pedir o chamado dano moral reflexo ou em ricochete.

LEIA A MATÉRIA NO PORTAL IMPRENSA, CLIQUE AQUI

Brasil tem encontro marcado com a Noite dos Cristais?

O pior legado desses dias é a intolerância institucionalizada e cada vez mais evidente nas ruas.

Com o avanço da direita e das facções religiosas fundamentalistas, do preconceito, do racismo, do individualismo acima de tudo, do "Estado mínimo" ou nenhum Estado, da apropriação dos serviços de saúde e educação e das demais estruturas públicas, desenha-se o faroeste caboclo.

Manda e usufrui da sociedade quem tem força. Milícias da direita radical e neonazista já partem das palavras para a ação e já inspiram leis no Congresso.

Políticos fazem avançar projetos que jogam o Brasil em um fosso de atraso social, traficantes ligados a evangélicos quebram locais de culto a entidades de religiões afro-brasileiras; protótipos de terroristas que enxergam o diabo até na mãe lançam bombas em centro espiritual; mães-de-santo são agredidas a pedradas; qualquer indício de diversidade é julgado, condenado e lançado na fogueira moral; frequentadores de uma exposição de arte são filmados e ameaçados; um general que certamente tem cúmplices prega o golpe em ataque à Constituição é agora elogiado por superiores e fica imune a punição; escolas são invadidas e professores ameaçados por não pregar o ideário fascista; índios e grupos de sem-terra são massacrados por policiais, ruralistas e garimpeiros; por último (veja a ilustração), um advogado negro se depara com um cartaz nada sutil colado em frente ao seu escritório há poucos dias.

Jornalismo é um dos temas preferidos desta página. Em 1920, um pequeno jornal de Munique, o  Münchener Post, publicou a seguinte nota:

“Uma espécie de partido, que ainda anda de fraldas e aparenta ter saúde bem fraca, vem aparecendo às vezes em público sob o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Na terça-feira à noite, um senhor chamado Hitler falou sobre o programa desse partido".

O texto ainda informava que o antissemitismo era um dos pilares do novo partido que havia sido fundado um ano antes, com 200 filiados. Ninguém pode acusar Hitler de esconder o jogo: ele já propagava então as ideias que pôs em prática pouco mais de dez anos depois dessa simples e discreta notícia publicada em um jornal que rodava menos de 10 mil exemplares e que a grande mídia da Alemanha não percebeu.

Para saber mais sobre o Münchener Post há um bom livro nas boas casas do ramo, fruto de uma minuciosa pesquisa da jornalista brasileira Silvia Bittencourt: “A Cozinha Venenosa – Um Jornal Contra Hitler”. "Cozinha venenosa" era o apelido que Hitler dava ao pequeno jornal. Dez anos depois, o partido de Hitler tornou-se uma força política, alcançou 4 milhões de adeptos.

Em 1933, Hitler passou a chanceler do Reich. O Münchener Post não resistiu e, pouco depois, foi invadido e destroçado. Bem antes disso, ao difundir o "grande medo"  - a ascensão do comunismo - os nazistas já haviam se tornado influentes em alguns veículos da grande mídia, além de manter seu próprio jornal, o Der Stürmer, que estampava títulos sobre crimes sexuais e financeiros cometidos por judeus e comunistas, denunciava a arte"degenerada", pregava a depuração racial, o controle dos valores da família e das escolas. Com a ascensão de Hitler, muitos jornais foram encampados e a Alemanha passou a ter uma única voz.

O Münchener Post, se ainda existisse, poderia ter dado a manchete que suas linotipos não chegaram a compor:  "Bem que nós avisamos".

A Noite dos Cristais tropical vai ser quando mesmo?

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Memórias da redação: a reportagem que virou "iguaria"...


Em 2004, o repórter Fernando Pinto, que trabalhou na Manchete durante anos, publicou "Memórias de um Repórter" pela Comunidade Editora/Thesaurus.

No livro, ele descreve uma reportagem que fez com o fotógrafo Gervásio Baptista, na Indonésia. Justino Martins, o diretor, gostou do material e deu à dupla 16 páginas da revista.

Fernando escreveu um longo texto sobre as belezas da Indonésia, seu povo e a miséria do país sob o comando do sanguinário ditador Sukarno. que dois anos depois promoveu um verdadeiro genocídio entre opositores (calcula-se que mandou matar 300 mil pessoas).

Gervásio e Fernando passaram 20 dias percorrendo a Indonésia.

O autor dedica ao episódio um capítulo do livro onde publica uma versão do texto editado e que saiu na Manchete, em dezembro de 1963.

Mas, em uma nota reveladora, no mesmo capítulo, ele conta o que de fato aconteceu com a sua reportagem e com parte das fotos de Gervásio Baptista que foram vetadas e literalmente digeridas pelo próprio dono da empresa, Adolpho Bloch. Leia, abaixo:






Tiraram o prêmio da delação... e tem menor infrator político solto na rua..




CARINHAS FELIZES...
ALCKMIN

SERRA

KASSAB

ATUALIZAÇÃO EM 27/9
GAROTINHO também solto ontem pelo TSE