segunda-feira, 9 de outubro de 2017

De Jorge Ramos, o repórter que fez Trump surtar: "Jornalismo é uma transgressão. Precisamos desobedecer, sempre"

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Jorge Ramos durante premiação em Medellín.
Foto gentileza de www.ted.com sob licença Creative Commons

por Ed Sá

O jornalista mexicano Jorge Ramos recebeu há poucos dias o Prêmio de Reconhecimento à Excelência do Festival Gabo, promovido pela colombiana Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano. Ele, lembram-se?, foi expulso de uma entrevista coletiva por um Donald Trump grosseiro e intolerante. O incidente ocorreu durante a campanha do empresário à Casa Branca. Na ocasião, o jornalista da Univision fazia perguntas sobre temas como imigração e deportação e era ostensivamente ignorado por Trump, que cedia a vez a outro repórter. "O senhor não foi chamado, sente-se", ordenava Trump. "Tenho o direito de fazer uma pergunta", insistia Ramos, Trump mandou que seguranças o retirassem da sala. 

Jorge Rqamos deu uma entrevista em Meddelín à repórter Sylvia Colombo, da Folhapress. Na conversa, falou sobre temas que se encaixam bem no atual panorama do jornalismo. Seguem-se alguns trechos: 

Sobre a neutralidade 
- "Há ocasiões em que, ao contrário do que aprendemos nas escolas da profissão, é preciso deixar de lado a neutralidade.Eu identifico esses momentos quando estamos diante de regimes que são ditatoriais ou que promovem o racismo, a discriminação, a corrupção, as mentiras públicas e as violações aos direitos humanos. Se, diante de casos assim, não tomarmos posição, não estaremos fazendo nosso trabalho."

Sobre competição entre jornalistas
-  "Na vez em que fui expulso (da coletiva de Trump(, havia dezenas de jornalistas, e somente dois decidiram reclamar com Trump. Estão tão desesperados por conquistar acesso a ele que deixaram de lado os valores, os princípios do bom jornalismo. Eu e outros jornalistas latinos já havíamos alertado que Trump era um perigo, mas poucos deram bola. Pensaram que eram apenas os latinos como sempre se queixando de discriminação, mas agora todos estão sofrendo."

Sobre ameaças à democracia e jornalismo
- "Tenho quase 60 anos. Creio que fui aprendendo muitas coisas. E tenho certeza de que teria errado se continuasse a fazer o mesmo tipo de jornalismo balanceado que me ensinaram quando comecei.
Quando há um ambiente democrático, esse é o ideal. Mas em momentos críticos como os de agora estamos obrigados a tomar partido."

Sobre delações premiadas no Brasil 
- "É preciso reportar, mas dar o devido peso ao fato de ser uma delação cujo conteúdo não está confirmado e fazer muita reportagem para investigar o que for denunciado."

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