quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Christine Keller: a musa da Guerra Fria morre em Londres e deixa uma foto e uma cadeira que entraram para a história dos escândalos políticos...

Foto do site oficial de Lewis Morley. (link abaixo)

por Jean-Paul Lagarride 

Christine Keller morreu ontem, em Locksbottom, perto de Londres, aos 75. Antes de três gerações clicarem no Google, segue um who's who: a moça foi a musa da Guerra Fria.

Para usar uma expressão atual a modelo e showgirl ganhou status de protagonista do primeiro escândalo político-sexual a 'viralizar" como um raio na mídia mundial.

No fim dos anos 1950, o videotape já globalizava programas das TVs dos grandes centros, mas em 1962 o satélite Telstar transmitiu pela primeira vez imagens ao vivo dos Estados Unidos para a Europa. A nova tecnologia, somada ao avanço das redes terrestres de microondas, criou os primeiros links da aldeia global.

Em 1961, Christine Keller foi a uma balada sem lei em uma mansão com piscina e lá conheceu John Profumo, ministro da Guerra do governo de Harold McMillan, com quem passou a ter um caso.

Simultaneamente , Keller se envolveu com o adido da marinha soviética em Londres,Yevgeny Ivanov. Assim, em plena Guerra Fria, a garota passou a ter na sua cama duas potências, pelo menos no sentido geopolítico, no tempo em que a espionagem ainda guardava certo romantismo. A showgirl tornou-se o elo desejado entre o comunismo e o capitalismo.

Quando o triângulo foi descoberto, já em 1963, Profumo negou inicialmente qualquer envolvimento com Keller. Depois, pressionado, Profumo confessou, renunciou ao cargo - embora não se tenha provado que na hora do vamos-ver o ministro tenha trocado segredos de Estado com Keller e esta tenha repassado informações para Ivanov - e abandonou a política. O político morreu em 2006, depois de trabalhar durante anos em uma estação de tratamento de esgotos.

No Daily Express e...

...no Correio da Manhã
Christine tornou-se "celebridade" e, se não virou uma Kim Kardashian por falta de redes sociais,  aproveitou bem a fama. Suas fotos mais famosas não são selfies, mas um belo ensaio assinado pelo fotógrafo Lewis Morley.

Christine Keller posou nua, fez uma série de poses, mas a cena que entrou para a história mostra a musa da Guerra Fria sentada em uma cadeira. E essa foi a foto de Morley que percorreu o mundo e virou o logotipo do escândalo. Christine ficou conhecida de Xangai a Madureira e, por tabela, até a cadeira - criada pela designer Arne Jacobsen virou um must e está hoje no Victoria &Albert Museum.

A Guerra Fria, em nova versão, voltou ao noticiário, mas ainda não tem uma Christine Keller para chamar de sua.


Conheça o site e o trabalho do Lewis Morley, falecido em 2013, na Austrália. Ele foi o autor das fotos que globalizaram a jovem que abalou Londres nos anos 1960.

Clique AQUI



Um comentário:

Wedner disse...

Essa figuras da espionagem romântica desapareceram. Era bem mais interessante. Hoje, a espionagem é feita com computadores e programas invasores. Mais eficiente mas sem graça.