segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Chegou o Ano Novo. Vem aí o Ano Velho...

Foto: Twitter da Prefeitura de Sidney.

                    2019 já chegou na Austrália. 1964 só chega no Brasil à meia-noite de hoje.

"Troféu Difícil de Aturar": as 30 coisas mais entediantes de 2018.

por O. V. Pochê 

1) Apelos para "reconciliar" o Brasil, que mais parecem condução coercitiva à adesão. Bom lembrar que Hitler "reconciliou" a Alemanha nos anos 1930. Não deu certo. Liberdade de opinião é essencial.

2) Seleção Brasileira, Copa do Mundo e as entrevistas auto-ajuda de Tite explicando porque foi pro brejo na Rússia.

3) "A ponte para o futuro", que virou agora uma autoestrada para o passado

4) Religião como programa de governo

5) Programa de culinária na TV, todos os 233 dos canais por assinatura

6) Silvio Santos e o SBT, não necessariamente nessa ordem

7) Qualquer programa de Tom Cavalcante

8 Qualquer programa de Paulo Gustavo

9) Qualquer declaração de Regina Duarte

10)) Faustão, por ser Faustão.

11)) Jornal Nacional, por ajudar a criar "isso daí"

12) A cientista política Ana Paula do Vôlei

13) As ameaças aos artistas que a turba vê como de "esquerda". Até parece que a intenção é reeditar ataques violentos como o que atingiu o elenco da peça Roda Viva, em novembro de 1968.

14) Demétrio Magnoli pelo conjunto da obra e artigo no Globo onde consegue culpar artistas pelo escândalo do curandeiro João de Deus.

15) Comentaristas da Globo News, o que um diz o outro repete

16) As expressões "lugar de fala", "empoderamento", "pertencimento", "ressignificação", "orgnizacional", "narrativa", "sextou", "gourmet', "disruptivo", "empreendedorismo", "content marketing", "gestor", "budget', "core business", "downsizing", "schedular', "reengenharia", "resiliência" e "taoquei?"...

17) Goiabeiras em geral

18) Carlinhos, Flavinho e Eduardinho, os novos sobrinhos do Tio Trump

19) Quem cria e, principalmente, quem compartilha fake news

20) Jornalistas que se empolgam com as previsões otimistas de economistas e do mercado especulativo, quase sempre corrigidas pra pior quando pouco depois chega a realidade

21) O folhetim Neyma-Bruna Marquezine, juntos ou separados

22) Os influencers do You Tube

23) Luciano Huck já em duvida se será candidato a presidente em 2022

24) A Inglaterra negociando o Brexit

24) Ciro e Cid Gomes explicando o Brasil pra nós

25) Marcelo Crivella eternamente entediado na prefeitura do Rio

26) O Brasil sempre reprovado no Enem do cinema: a fracassada indicação para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

27) A dura disputa entre o que é mais chato, o Oscar ou o Grammy Latino

28) O reality show do STF transmitido pela TV Justiça.

29) Teólogos, a mais nova categoria profissional a dar opinião nos telejornais. A propósito, o Brasil tem cursos de teologia à distância que formam em apenas cinco meses doutores em religiões milenares.

30) Listas de fim de ano como essa.


domingo, 30 de dezembro de 2018

Entre em sintonia com as tendências do Verão 2019...

por O.V.Pochê

* A bebida: suco de laranja

* O negócio: venda de carro

* A revista: Istoé

* O exemplo: estender roupa no varal

* Moda: camisetas com textão

* Lazer: em vez da praia, clube de tiro

* Turismo: visitar as Filipinas e a Hungria

* Musa: Damares Alves

* O que ler: fake news

* O que ver: coleção completa dos programas Amaral Neto, o repórter

* O que ouvir: "Eu te amo, meu Brasil", de Don e Ravel

* Onde investir: no Pactual BTG

* Onde rezar: na Terra Santa com a caravana de Magno Malta

* Onde rir: nos telejornais do SBT

* Palavra da moda: plausível

* Em alta: abraço hétero em Gabeira, quartel, igreja, SBT, Record, "se guardar" até casar, livros de Olavo de Carvalho, filmes de Alexandre Frota no cineminha da Câmara dos Deputados, posse de armas, CCC nova geração, KKK Brasil, poster de Chuck Norris, supremacia branca, evangélicos, boné da campanha Trump 2020, "Constituição abaixo de tudo", patrão, terceirização, recolher doações para a construção do muro México-Estados Unidos, estado religioso, racismo, preconceito, carteira de trabalho verde-amarela, "mérito", campanha para criação da Lei Mário da Penha, fazer manifestação a favor do desmatamento da Amazônia, pedir desculpas por ser corrupto, boicotar a China. denunciar o Triple A, se alistar para a guerra "Tempestade em Caracas", exílio, movimento dos com-terra, movimento dos com-teto, agrotóxicos para todos, carne com salmonela, autofiscalização.

* Em baixa: cultura, diplomacia, livros que não sejam de Olavo de Carvalho, nordestinos, índios, LGBTXXXXX, professor, Enem, cotas, bolsas de estudo, estado laico, habitação, saúde pública, empregado, terreiro de umbanda, sexo, controlar aquecimento do planeta, serviço público, feminismo, "quem matou Marielle Franco", Lei Maria da Penha, funk, samba, cantor que não seja sertanejo, religião afro, direitos humanos, direitos dos animais, ONU, Unesco, Mercosul, o politicamente correto, imigrantes, fiscalizar seja lá o que for, carteira de trabalho e salário.

"Arrastão" chique tentou cercar a praia do Leblon. Isso pode, Arnaldo?

A Constituição Federal determina que as praias são bens públicos e "de uso comum do povo". Mas isso não impede que aloprados insistam em privatizá-las. Frequentemente, a lei precisa conter os grileiros das faixas de areia em todo o pais.

Há casos de abusos e ocupação em Florianópolis, Angra dos Reis, Búzios, Paraty e certas praias do litoral paulista. Os mais ousados em desafiar a lei cercam áreas ou criam obstáculos para evitar a aproximação do povo "diferenciado".

No Rio, já houve uma tentativa de "conceder" a exploração das faixas de areia do Leme a um grupo privado, nos moldes impostos ao quiosques do calçadão. Houve protestos de moradores e dos barraqueiros tradicionais e o Ministério Público, que investiga esses contratos, congelou a manobra.

O que não quer dizer que a ameaça foi contida nem que o lobby desistiu. Vai que surge uma oportunidade...

Para alguns empresários que exploram um quiosque de luxo no Leblon, essa oportunidade é o Réveillon. Talvez achado que a cidade fica distraída, uns elementos abonados aproveitaram a sombra da noite, segundo barraqueiros que trabalham no local, para cercar e demarcar uma grande área na areia, estendendo ilegalmente os seus domínios.

Simples assim.

O mafuá up montado pelo Cafe de la Musique Beach, no Posto 12, receberia uma festa paga, privê, chamada de Réveillon dos Desejos.

O "desejo", tudo indica, era ocupar na boa um bem público. A Secretaria Municipal da Fazenda multou o quioscão nutella e obrigou a retirada do material e do entulho festeiro.

Mas é bom checar na noite da virada se a invasão será de fato contida (não apenas a do curralzão do do Cafe de La Musique mas em todas as praias cariocas) ou se o poder falará mais alto. Às vezes acontece.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Minha noite com Miucha, há 62 anos, na Pauliceia desvairada • Por Roberto Muggiati

Miucha com o então marido João Gilberto e o irmão Chico Buarque


por Roberto Muggiati 

Foi naqueles meses malucos de 1962, entre os dois anos em Paris e os três anos em Londres, que eu batizei de Seis meses num DKW. Eu ia muito a São Paulo nesta época e me enturmei com um pessoal muito doido. Tinha o Nelson Coelho, que chefiava a sucursal do JB em São Paulo, mas preferia ser contista, poeta e mestre zen. O Benjamin Steiner, um judeu argentino, publicitário campeão de faturamento que depois largou tudo e virou antiquário; o Pachequinho – que irreverência nossa chama-lo assim, o grande maestro Diogo Pacheco –  e respectivas consortes e sem-sortes. Cada noite era uma aventura e naquela noite de meados de 1962 o pessoal inventou de ir jantar numa cantina do Brás que, naquela época nada gentrificada, era mesmo um bairro bem proletário – e a cantina um bom freje.


Alguém lembrou de tirar do bom caminho a amiga Heloisa Maria Buarque de Holanda, a Miúcha, dois meses mais moça que eu – tínhamos então 24 aninhos. Ela ainda não sonhava em ser cantora, nem em casar com o João Gilberto e parir a Bebel Gilberto. A operação de retirar Miúcha do vetusto casarão do lendário Sérgio Buarque de Holanda, plantado numa encosta atrás do estádio do Pacaembu – Chico Buarque, dezoito anos, não era Chico ainda e dormia como um anjo – aquela operação envolvia, mais do que tudo, rigoroso silêncio. Ninguém tinha celular e, não sei como, à hora aprazada, a menina escapuliu pela janela e pulou o muro. E lá fomos todos nós, felizes da vida, para o Brás.

Um corte rápido, de apenas cinquenta anos, meio século. Reencontro Miúcha no Rio em 2012 na estreia para a imprensa de A música segundo Tom Jobim, que ela roteirizou com o diretor do filme, Nelson Pereira dos Santos. Numa brecha, ataco: “Miúcha, lembra de mim, aquela noite no Brás?” Embora na ocasião mítica tivéssemos sentado lado a lado, nenhum dos dois lembrava nada de cada um ou de tudo mais. Mas ela recordou o nome do restaurante: “Era a Cantina do Marinheiro, não?” Cantina do Marinheiro só mesmo naquela Pauliceia pós-desvairada – mais desvairada ainda – dos anos 1960. Valeu, Miúcha, foi breve e fugaz o nosso tête-à-tête, mas foi eterno enquanto durou.  Saudades...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Mídia: tragédia e escândalo da política não entram em recesso de fim de ano...

2018 está virando a esquina, mas ainda mostra que o noticiário político não entrou em recesso. A temperatura aumentou na mídia e parece antecipar que 2019 não vai ser para amadores. Dois fatos, cada um nas suas características, respingam no jornalismo.

* Em Vitória (ES), o assassinato do ex-senador e ex-governador Gérson Camata.

* A inacreditável entrevista de Fabrício Queiroz ao SBT.

Em 2009, a denúncia do assassino de
Gérson Camata. Na Justiça, o delator
não comprovou a acusação e perdeu
processo por calúnia, injúria
e difamação.
No primeiro caso, o assassino Marcos Vinicius Moreira Andrade, ex-assessor do político, confessou que atirou porque teve 60 mil reais bloqueados pela Justiça como consequência de processo que o ex-senador lhe movia por calúnia, injúria e difamação. O matador, que perdeu a causa, havia denunciado ao Globo suposto envolvimento de Camata em cobrança de propina a empreiteiros e apropriação de dinheiro de funcionários do seu gabinete. Processado, não conseguiu provar as acusações.

Marcos Vinicius é o primeiro delator que passa da palavra à ação e fuzila o denunciado. Mas a morte do político capixaba não é a única que sucede a uma delação. O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi preso, pressionado e despido, no ano passado, sob a acusação de "obstruir" a investigação. A mídia conservadora veiculou amplamente a versão policial, sem contestação. Protestado inocência, mas sentindo-se humilhado e abatido, segundo amigos e familiares, Cancellier tirou a própria vida. O "crime" do qual foi acusado jamais foi comprovado.

Fabrício Queiroz no SBT. Reprodução
No segundo caso, o SBT é o protagonista da chanchada. A entrevista que foi ao ar, ontem, com o até então sumido Fabrício Queiroz, pivô de escândalo que atinge o novo governo, poderia muito bem ter entrado em um intervalo das trapalhadas do Chaves ou do Chapolim Colorado, programas que, de resto, sempre fizeram mais sucesso do que o jornalismo da TV de Sílvio Santos. As perguntas mais óbvias não foram feitas e as respostas mais bizarras foram gentil e docilmente assimiladas pela entrevistadora escalada. Todo suspeito tem o direito de se defender, claro. Pelo menos na entrevista ao SBT, Queiroz até abriu mão disso, ensaiou versões, não foi solicitado a fundamentá-las e nem fez questão disso. Em resumo; ele ainda não falou com o Ministério Público e, na TV, alegou que só falará com o Ministério Público. O suspense continua.

Briga de torcedores na Itália, com morte e facadas. A Fifa não vai trazer a decisão do Campeonato Italiano para a América do Sul?




A notícia provavelmente é considerada "local" e a mídia esportiva brasileira não deu muita bola.

Briga entre torcedores da Inter de Milão e do Nápoles resultou ontem à noite em um morto por atropelamento intencional (uma van de napolitanos foi bloqueada por milaneses e acelerou sobre o grupo) e quatro esfaqueados.

No estádio San Siro houve mais violência e  insultos racistas. A polícia italiana vai pedir que ambas as torcidas sejam afastadas dos estádios por cinco jogos, no mínimo.

Violência no futebol é sempre condenável e jamais justificada.

A FIFA e a UEFA ainda não se manifestaram.

Será que vão pedir que o jogo final do Campeonato Italiano (a Juventus lidera e a Inter está em terceiro na tabela) seja transferido para Buenos Aires? Como se sabe, Boca Juniors e River Plate tiveram que jogar a decisão da Libertadores a milhares de quilômetros dos seus torcedores por decisão da Conmebol em cumplicidade com a FIFA após tumulto lamentável e grave, apesar de não haver resultado em morte.

Colunistas esportivos brasileiros, em maioria e em surto nutella, apoiaram a transferência daquele jogo e rasgaram elogios à Europa que, segundo eles, contém seus brigões. A realidade mostra que estádios europeus também são palco de brigas e, principalmente, de crescentes manifestações de racismo que acabam em conflitos. Complexo de vira-lata é foda...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Previsões de Allan Richard Way II para 2019... Melhor tirar as crianças da sala...

O herdeiro do vidente Allan Richard Way, que fez história na revista Manchete está mais recluso do que nunca.

Em geral revela desesperanças, embora conceda uma ou outra notícia boa.

Allan Richard Way II passa uma temporada no sul do País de Gales, mais precisamente na solidão de Carmarthenshire, onde o galês Dylan Thomas escreveu muitos do seus poemas às margens do rio Tywi.

De lá, o vidente em fase nada poética enviou suas previsões para 2019. Não perdeu o humor, mas não faz muitas concessões. Pede que culpem a mensagem, não o mensageiro. Tanto que, surpreso e chocado com alguns sinais, especialmente em relação ao Brasil, teve o cuidado de submeter suas previsões - à margem das tabelas astronômicas e das Tábuas Afonsinas do final do século XIII que costuma usar - ao ajuste fino de um astrolábio iraquiano do século XI com a ajuda de fórmulas matemáticas que calculam a equivalência entre o ano cristão e o ano islâmico. Allan Richard Way II lamenta informar que o Brasil poderá cair para a terceirona do ranking geopolítico mundial em 2019.

Leia a seguir as previsão do vidente para 2019.

* Ministro Marco Aurélio dará 12 liminares ao longo do ano para a soltura de Lula. Dias Toffoli cassará 15 ordens de liberação. Três serão fake news que alguém colocou na mesa do presidente do STF. 

* O desemprego continuará sendo um grande problema para o Brasil. A novidade será o incentivo ao emprego informal. A anunciada criação da carteira de trabalho verde-amarela, para "bicos", fará com que o IBGE divulgue novos índices de desemprego. Além dos celetistas, estrearão novas categorias estatísticas: a dos "bicudos" e a turma que "dá as caras", trabalha quando chamam. Poderá ser criado também o índice de desempegados "pobres de direita".

* Em função de políticas adotadas, alguns países farão restrições a comprar certos produtos brasileiros. Alegam aumento do desmatamento, do uso indiscriminado de agrotóxicos e desestímulo à fiscalização de trabalho escravo em áreas rurais. Itamaraty garantirá que Trump comprará o encalhe. 

* O Brasil não vencerá a Copa América. O titulo ficará com Argentina, que virá com seleção renovada, ou Uruguai. Sportv defende que o time de Tite "evoluiu'  e pede que o treinador seja mantido até a Copa de 2026

* Editorias esportivas noticiarão que Adriano Imperador voltará a jogar futebol. Será a 837ª "notícia" semelhante desde que o jogador se aposentou.

* Ao longo do ano, fronteira México-Estados UYnidos registrará número recorde de mortes. 

* Tragédia na região serrana no Rio de Janeiro marcará 2019

* Morre um dos cantores mais famosos do Brasil.

* Acidente de avião de pequeno porte comove o Brasil. 

* Terremoto assusta Costa Oeste dos Estados Unidos. 

* Talibãs retomam territórios no Afeganistão. Estado Islâmico tenta fazer do país sua nova base.

* Com penas de prisão aumentadas, Lula deixará a cela da Polícia Federal em Curitiba. A Justiça o mandará para ala especial de presídio federal. A escolha se dará entre uma penitenciária civil ou, com maior probabilidade, uma instalação militar. Ilha da Trindade será uma possibilidade. Uma alternativa será um pedido do governo brasileiro a Donald Trump para receber o ex-presidente no campo de concentração americano de Guantánamo.

* Brasil pedirá oficialmente para se tornar franqueado dos Estados Unidos.

* Depois que Jair Bolsonaro declarou que a vida na França está insuportável por causa dos imigrantes, a esquerda brasileira pedirá que o direita troque o "vai pra Cuba" por "vai pra Paris".;

* Brasil sai da ONU, do Mercosul, da Fifa, do Brics, da OMS, da Unicef e pede para entrar na Otan, no grupo de Whatsapp de Viktor Orbán e no Brexit.

* Um museu poderá se incendiar.

* Ameaça de deslocamento de placas tectônicas do Atlântico assusta navegantes.  

* Cantor sertanejo morrerá em acidente de carro.

* Fábrica de tornozeleiras eletrônicas pede recuperação judicial.

* Deputado apresentará projeto para transformar as goiabeiras em Patrimônio Mundial.

* João de Deus: número de mulheres que acusam o curandeiro de assédio chegará a 3.455.

* Importante empresário sera acusado por assediar jornalista.

* Violência contra minorias dispara no Brasil. Deputado quer criminalizar diversidade. 

* Depois da mamadeira erótica, governantes denunciarão o picolé peniano, proibirão a venda de pepino na feira, banana terá que ser comida na merenda escolar pelo lados não pela ponta.

* Projeto de deputado criará a Guarda Religiosa para coibir imoralidades nas ruas e piadas religiosas.

*  Vazará suposto video de nudes de Melania Trump com Kim Jong un na zona desmilitarizada. O fato poderá decretar a Terceira Guerra Mundial.

* O Globo pedirá que Bolsonaro acabe com o Dia do Trabalho. Segundo o jornal, é "herança antiquada e getuliana".

* No Sul e Sudeste, grupos supremacistas fazem joint venture com a Ku Klux Klan.

* O Fantástico anuncia a cura da Previdência. 

* Vídeo hackeado revelará intimidade de importante figura nacional. 

* Clubes de tiro receberão verbas da Lei Rouanet.

* Grande empresa de comunicação reduz drasticamente seus quadros no segundo semestre de 2019,

* Governo mandará construir estátua de Donald Trump na Barra da Tijuca. Terá 35 metros de altura e peruca de cabelos verdadeiros e pintados recebidos em doação das madames do bairro carioca.

* Brasil formará nova Organização das Nações (a Organões). Estados Unidos, Itália, Chile, Hungria, Argentina, Israel, Filipinas e Colômbia farão parte da instituição que terá sede na Barra da Tijuca.

* Tecnocrata anunciará que vai "meter a faca" no décimo-terceiro, no abono salarial e no feriado do Zumbi.

* Aprovado o Escola sem Partido, deputados apresentarão projetos para criar o Botequim Sem Bate-Papo, o Candomblé sem Despacho, Igreja sem Santo de Barro, Solteiro sem Sexo, Brasil sem Carnaval, "Ateu pra Cuba", Índio sem Terra e Brasília sem Vergonha.

* Brasil invade Venezuela mas não sabe o que fazer com o país. Propõe privatizar.

* Governo inclui na cesta básica, produtos subsidiados como frasquinho de água do Jordão, unguento do Mar Morto, retalho do manto, cascalho do Horto, barba de Jeremias, pen drive do Ezequiel, tênis do Ageu e o Chip da Salvação.

* Anitta grava seu trigésimo clipe apenas no ano de 2019.

* Ao vivo nunca mais. Silvio Santos sofrerá censura prévia. Tudo o que falar será gravado e editado pela família.

* Ciro Gomes vai estudar problemas brasileiros na Universidade de Colúmbia. Receberá depois seus diploma número 435 sobre administração pública.

* Acusações de assédio abalam rede de televisão.

* Dois antigos jornais brasileiros cancelam edições impressas.

* Geraldo Alckmin some do noticiário. Não se confirma notícia de que está em retiro espiritual em convento da Opus Dei.

* Crise militar rondará Brasília.

* Temer pedirá desculpas e terá processo arquivado.

* Aécio Neves pedirá desculpas e terá processos arquivados.

* Fabrício Queiroz pedirá desculpas e terá processo arquivado.

* A tribuna da Câmara dos Deputados será reformada a pedido de Alexandre Frota: ele prefere o formato octógono.

* Ao longo do ano, Galvão Bueno fará várias homenagens de despedidas para Arnaldo César Coelho, que se aposentou mas só que não.

* Deputado ruralista apresentará projeto para tornar a motossera Patrimônio Material da Humanidade. 

* Em jejum no monte, Cabo Daciolo anunciará no fim do ano sua candidatura a prefeito do Rio em 2020.

* Cassinos voltam a ser liberados no Brasil.

* O planeta Marte regerá 2019. O mundo viverá novos e graves conflitos. Brasil X Venezuela, EUA X Irã, Brasil X Cuba, EUA X Rússia, Brasil X Nicarágua, EUA X México, Brasil X Bolívia e Mourão X Bolsonaro.

* Grupos de mídia demitirão jornalistas CLT para contratar substitutos sob a modalidade carteira de trabalho verde-amarela como parte do programa federal de incentivo denominado  "Nenhum Direito a M ais".

* Em 2019, colunistas da grande mídia continuarão divulgando as duas fake news mais badaladas de 2018: "o Brasil saiu das recessão" e "o desemprego diminuiu".

* Cresce mortandade de sem-terras, transgêneros, pais de santo, líderes ambientalistas, professores com partido, militantes feministas, ateus e esquerdistas. Mídia e governo atribuem aumento nas estatísticas a "causas naturais".

* Títulos mesmo só ao portador. Torcida pedirá um atacante, dois zagueiros e dois laterais, mas a nova diretoria Flamengo contratará três diretores financeiros, quatro administradores de fundos de investimento, três analistas de fluxo de câmbio, quatro gerentes de liquidez e um volante para atuar plantado na Bolsa de Valores. O novo presidente do clube sugerirá que em vez de programas esportivos a torcida assista às reuniões da diretoria financeira transmitidas ao vivo no canal Bloomberg e acompanhe tudo sobre o equilíbrio fiscal do mais querido. 

* Pais pedirão que escolas retirem do material didático os livros "Don Quixote de la Mancha" (por suspeita de incentivo ao homossexualismo entre o Cavaleiro da Triste Figura e Sancho Pança), "O Pequeno Príncipe"  (por suspeita de indução à pedofilia), e "A Hora da Estrela" (por incentivar a imigração de nordestinos). Em troca, as crianças receberão livros de Olavo de Carvalho. 

* Brasil indicará para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2019 a série completa de lives do presidente no Youtube.

*  Neymar não ganhará a Bola de Ouro. PSG não ganhará a Liga dos Campeões. 

*  Sessão de murros, ponta-pés e mata-leão interrompe votação na Câmara dos Deputados.

*  Deputado pedirá que Brasil contribua com verbas para ajudar na construção do muro entre México e Estados Unidos.

* MBL pedirá a militantes que levem "livros comunistas" para grande queima na Avenida Paulista:  "Um Estudo em Vermelho", de Conan Doyle, será o mais queimado.

* Deputado pede que o Pantanal seja drenado para receber plantio de soja. 

* Camelôs venderão licença ambiental boa e barata no Largo da Carioca, no Rio.

* Camelôs venderão porte de arma na Rua 25 de Março em São Paulo.

* Rio terá primeiro caso de bala perdida disparada por drone.

* Venda de casas em Miami para cariocas atinge número recorde pouco antes de Sérgio Cabral entregar sua delação premiada. 

* Senador quer que governo faça publicidade oficial só em grupos do Whatsapp e em cultos de igrejas. 

* Dengue e Chikungunha se espalham. Governo culpa a mídia.

* Brasil exporta menos. Governo culpa a mídia.

* SUS em crise. Governo culpa a mídia.

* Chove no feriadão. Governo culpa a mídia.



Na revista Fatos, em 1985, o jornalista Flávio de Aquino ironizou as "mordomias". O tempo passou e as castas privilegiadas continuam cantando a melô do deboche: "me dá um auxílio aí".

Charge de Cândido publicada na revista Fatos n°15. 
Reprodução da matéria de Flavio de Aquino na revista Fatos n° 15, julho, 1985.
Clique na imagem para ampliar. 

Reprodução  revista Fatos n° 15, julho, 1985. Clique na imagem para ampliar. 

A matéria acima, assinada por Flávio de Aquino, foi publicada na revista Fatos N° 17, de 15 de julho de 1985, ilustrada com charges de Cândido e Leon Kaplan.

Bem antes de Collor de Mello assumir a bandeira de "caçador de marajás" - e com ela enganar o Brasil -, os privilégios das castas públicas, do Judiciário ao Legislativo, passando pelo Executivo, suas autarquias e estatais, e contaminando estados e municípios, incomodavam os mortais comuns, os  infelizes pagadores de impostos.

Flávio de Aquino mostrou a origem histórica das "mordomias", desde os estelionatos funcionais da Colônia, chegando à mudança da capital para Brasília, que impulsionou os jabaculês federais, e à ditadura civil-militar que deitou e rolou na criação de privilégios.

Mais de trinta anos depois a safadeza resiste em todos os poderes e mais institucionalizada do que nunca. O Brasil tem o Judiciário e o Legislativo, para exemplificar, entre os que pagam maiores salários e penduricalhos no mundo. Os seus equivalentes no Primeiro Mundo morrem de inveja dos contra-cheques caboclos.

Não há sinais de que isso vá mudar tão cedo: as facções beneficiadas resistem.

E as mordomias sem partido, incluindo aí as intensas coreografias bancárias que movimentam as tais "verbas de gabinete", encontram sempre formas e maneiras criativas de burlar as poucas leis que tentam, se não acabar, pelo menos conter e organizar a suruba financeira dos privilegiados às custas dos cofres públicos. De lá pra cá, as castas criaram os mais variados modelos disfarçados de leis para "se dar bem"; auxílio aluguel, auxílio paletó, auxílio educação, auxílio refeição, auxílio viagem, diárias, incorporações, prêmios por triênio, quinquênio, decênio.

Só falta criar o auxílio cara de pau pra continuar justificando tudo isso.       

domingo, 23 de dezembro de 2018

Editora Caras encerra versão impressa da Contigo! Revista permanecerá on line

2018 respira por aparelhos e, quase no fim, anuncia que a Editora Caras, atual dona do título “Contigo!”, vai encerrar a partir de janeiro de 2019 a versão impressa da revista de celebridades que herdou da Abril.

A Contigo! viveu uma fase de brilho nos anos 2000, com extraordinário crescimento em circulação e número de páginas de anúncios, após reformulação e reposicionamento que a levaram a conquistar um público de maior poder aquisitivo.

Nesse período, passou a disputar espaço com a Caras e incomodou a concorrente. Em 2004, a Contigo! ganhou Prêmio Caboré na categoria Veículo de Comunicação Mídia Impressa. Foi o reconhecimento do mercado à requalificação da revista. Sobre a importância do Caboré, basta dizer que em 2003 a Veja foi premiada e, em 2004, foi a vez do Estadão, em 2001, da Folha de São Paulo.

A força da Contigo! estava nas matérias exclusivas. A revista não se limitava a reproduzir assuntos que já circulavam na internet e nas concorrentes e oferecia aos leitores conteúdo único. Mostrou que jornalismo de entretenimento não deve abrir mão das ferramentas básicas do jornalismo. Contigo! levou ao segmento de celebridades um rigor editorial ancorado em qualidade, notícias, apuração correta, checagem, texto preciso e fotos reveladoras.

A crise da Abril, que se intensificou a partir de 2013 junto com uma certa anemia editorial, encurralou a  Contigo!, que acabou repassada para a Editora Caras. Sob nova direção, foi ainda mais descaracterizada (tornou-se uma sub-Caras), pouco acrescentando ao atacado de notícias dos demais veículos impressos ou digitais, e trocou a periodicidade de semanal para mensal, com claro sinal de esvaziamento.

Sem oferecer boa alternativa, foi dispensada pelos leitores e vencida pelos novos modelos publicitários e pela forte concorrência dos sites e redes sociais.

A Editora Caras anuncia que investirá na versão on line da Contigo! 

Contigo! chegou às bancas em 2 de outubro de 1963. Pouco mais de 55 anos depois vai encarar uma prova de sobrevivência: resistir fora do papel.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Fotomemória - Reacionário ou não? Veja Nelson Rodrigues em um dia de ativista...

Rio de Janeiro, 1979. Nelson Rodrigues participa de reunião de artistas contra a censura de peças teatrais. Daniel Filho conversa com Nelson, que está ao lado de José Wilker e, de blusa branca, Lucélia Santos. Foto de Guina Araújo Ramos (("É  a única foto que me restou, uma ponta de filme que ficou rajada pelo efeito, não sei, do revelador ou do fixador, talvez" )

por Guina Araújo Ramos (do Blog Bonecos da História

Fico sabendo que, nesta data (ontem, 21) , há 38 anos, em 1980, a morte fechava o pano da peça, daquela peça que ele era, o famoso “teatrólogo, jornalista, romancista, folhetinista e cronista de costumes e de futebol brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil” (nos termos da Wikipédia), ou seja, o “reacionário” Nelson Rodrigues.

E ele até gostava de se intitular assim... Fez altos elogios aos governos militares, inclusive o do Gal. Médici, o mais radical deles.

Porém, a vida é assim, a vida é como ela é... O destino sabe ser cruel também fora das peças de Nelson Rodrigues... Eis que seu filho Nelsinho passou a lutar contra a ditadura, foi membro do MR-8, e daí preso, torturado, processado várias vezes. Pai e filho, juntos: seu pai não o abandonou, até conseguiu que fosse libertado. Só que o filho não aceitou e ainda fez greve de fome, com outros presos, e foi solto em 1979. E o próprio Nelsinho fala de Nelson Rodrigues: ““O velho já falava em amnistia desde 1975, e escrevera que eu tinha sido torturado, e era contra amnistiar torturadores. Então você já vê que reaccionário era. Ele se dava esse adjectivo por ser contra o comunismo. Era um artista. Foi o cara mais censurado do Brasil.””

Se até Nelson Rodrigues era, será que todo artista, afinal, também não será sempre progressista?

Fotografei Nelson Rodrigues apenas esta vez, para a Amiga, da Bloch Editores. Lembro-me apenas vagamente das circunstâncias... Terá sido uma reunião de artistas para tratar da questão da censura às peças de teatro. E o destaque foi justamente a presença de Nelson Rodrigues, certeza de mais estofo à causa, pela sua importância como o mais importante dramaturgo do Brasil.

É a única foto que me restou, uma ponta de filme que ficou rajada pelo efeito, não sei, do revelador ou do fixador, talvez. Nela, consigo reconhecer, à sua frente, Daniel Filho. E, ao seu lado, José Wilker e Lucélia Santos.

E quem, ao fundo, de camisa listrada? E a loura de blusa estampada, quem será?

ATUALIZAÇÃO EM 8/2/2019

por Guina Araújo Ramos

Bonecos em errata...

Eis que neste início de Janeiro de 2019 surge esta informação: toda a coleção da revista Manchete foi digitalizada pela Biblioteca Nacional!

Ótima notícia!... Ora, tratei de dar uma olhada no material publicado com o crédito “Aguinaldo Ramos”, e tomo conhecimento da pauta que me levou a esta foto do gênio Nelson Rodrigues cercado por artistas de teatro e de cinema. Mesmo que o assunto tenha sido coberto para a revista Amiga, uma das fotos foi publicada na Manchete, na coluna Gente.


Foto: Reprodução: Manchete # 1853, 1980.

Muito “vagamente”, como escrevi, eu me lembrava das circunstâncias da foto (e foi bom ter alertado logo)... Reconheço o exagero. O tema não era tão dramático como imaginei (“a questão da censura às peças de teatro”), ainda que tendo algo de polêmico...

O motivo era profissional, diz a matéria: um encontro do elenco, mais o diretor Braz Chediak e do produtor Pedro Carlos Rovai, com o autor Nelson Rodrigues. Tratava-se da preparação da nova versão cinematográfica da peça Bonitinha Mas Ordinária (grafada assim na revista), a ser filmada naquele ano de 1980 (mais uma correção a fazer: esta data, na legenda da foto).

Teria sido uma reunião para “debater o texto e estudar aspectos técnicos da obra”, mas, é evidente, não passou de uma forma de divulgar o projeto...

O filme, que recebeu o título “Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende” (fazendo jus ao da peça), foi lançado em 1981. É a segunda versão para o cinema da peça, escrita em 1962 e que foi imediatamente encenada, com Teresa Rachel no papel-título. A referência a Otto Lara Resende se deve à frase “o mineiro só é solidário no câncer”, atribuída por Nelson Rodrigues a ele, repetida muitas vezes na peça.

Nelson Rodrigues com o elenco de filme - Rio, 1980 - Foto Guina Araújo Ramos

O primeiro filme da série “Bonitinha mas Ordinária” é de 1963, na esteira do sucesso no teatro, com a dupla Odete Lara e Jece Valadão. Uma terceira versão de “Bonitinha mas Ordinária”, com direção de Moacyr Góes, com Leandra Leal, foi filmada em 2007 e 2008, e lançada apenas em 2013, parece que sem muito sucesso.

Por aí se vê que nem todo registro fotográfico guarda em si a síntese (ou o sentido) do evento que lhe deu origem (outro bom exemplo pode ser a foto de Nelson Rodrigues com a camisa do Flamengo ao lado de Zico), nem dá certeza a qualquer interpretação subjetiva, nem mesmo do autor, e ainda mais quando se tem apenas uma única foto remanescente...

A aparente dramaticidade desta imagem que me restara (um fotograma, ponta de filme, e em preto e branco, o que potencializa ainda mais a sensação) não correspondia ao tipo de encontro que fotografei, informação que outra fonte de informação, a cópia da revista, bem o demonstra. 


A História é assim mesmo, sempre duvidosa...


Campeonato Mundial de Clubes, a eterna piada...

por Niko Bolontrin 

Nos anos 1960, uma parceria entre a então Confederação Sul-Americana de Futebol e a UEFA criou a Copa Europeia-Sul-Americana. Os respectivos campeões continentais disputavam dois jogos, ida e volta. O Real Madrid foi o primeiro vencedor, em 1960. O jornal El Mundo Deportivo mancheteou que o time espanhol era "campeão do mundo". A Fifa quis proibir o título, mesmo informal. Alegava que uma disputa entre times de apenas duas confederações não configurava conquista mundial. Mas a mídia continuou chamando o ganhador de "campeão mundial", "título" que o Santos comemorou em 1962 e 1963.

Muitos daqueles jogos acabaram em verdeira batalha campal, como Santos X Milan, no Maracanã, Celtic X Racing e Milan X Estudiantes. Incomodados com a violência, alguns dos principais clubes europeus,  como Bayern de Munique e Liverpool, se afastaram do "mundial", abrindo espaço para clubes gregos e turcos.

Em 1980, foi organizada a Copa Toyota, uma única partida reunindo os campeões europeus e sul-americanos. Era quase que uma "festa de firma" para os funcionários da fábrica e torcedores curiosos para ver um jogo de futebol em uma Tóquio onde a bola mais conhecida era a de beisebol. Os times sul-americanos sempre deram mais importância ao "amistoso" festivo do que as equipes europeias. Por pressão dos seus cartolas, a FIFA acabou reconhecendo burocraticamente alguns desses títulos, apesar dos seus precários significados esportivo.

Em 2000, a Fifa tentou entrar na dança e criou o seu Campeonato Mundial de Clubes, realizado no Maracanã, mas, no ano seguinte, cancelou o tal torneio, que Tóquio retomou em jogo único. Em 2005, a Fifa voltou ao projeto, agora como Copa do Mundo de Clubes da Fifa, reunindo os campeões continentais. Era mais um esforço para dar mais representatividade à coisa..

O jogo de hoje em disputa do "título" mundial mostra que esse torneio é "cenográfico" e nunca deu certo do ponto de vista esportivo e competitivo. O Real Madrid entrará em campo logo mais para disputar o "mundial" com uma equipe dos Emirados Árabes, o Al Ain, que não é campeão continental e foi apenas convidado para participar do torneio embalado por petrodólares. Nada menos esportivo. Tudo indica que essa bizarra "final" levará a Fifa a duas opções: enterrar mais uma vez o Mundial de Clubes nesse formato ou reestruturá-lo de forma a se tornar realmente representativo. Fala-se em um campeonato a ser disputado de quatro em quatro, reunindo 24 clubes. Pode ser, vamos ver.

Que me desculpem os "campeões mundiais", mas enquanto não se transformar realmente em uma competição esportiva e não apenas promocional, o "mundial" será apenas uma meme ou uma confraternização de fim de ano.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Mercado: Novo dono conta ao Brazil Journal o que fará da Abril


Fábio Carvalho, o investidor que comprou a Abril, falou ao Brazil Journal, de Geraldo Samor

Leia alguns tópicos da entrevista: 

* "A Abril está atrás na curva da tecnologia, e precisa ficar à frente"
* "A gente encara isso como construir startups dentro da empresa. Tudo o que ela herda de estratégias, processo, organograma, conceitos e filosofia vai passar por um filtro de ratificação ou transformação."
* "Todos os formatos de entrega da notícia são válidos; o que é central é a valorização do trabalho jornalístico".

* Sobre a "Abril Com Fome" (movimento dos ex-funcionários que não receberam suas verbas trabalhistas - "Vamos dar absoluta prioridade a resolver essa situação, sobretudo das pessoas que ganhavam menos".

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO BRAZIL JOURNAL, AQUI

Abril foi vendida em uma Black Thursday. E a Veja? Como fica?

A notícia da venda da Editora Abril não foi exatamente uma surpresa, parecia inevitável, mas agitou as redes sociais ontem, especialmente os canais de jornalistas. Caso se efetive plenamente - ainda há importantes etapas da negociação a cumprir e o terreno de dívidas é pantanoso - a pergunta mais clicada refere-se ao que muda ou não muda na linha editorial da Veja. O comprador à frente, o investidor Fábio Carvalho, é homem do mercado de valores. Nisso a venda da Abril faz paralelo com várias negociações de grandes corporações editoriais internacionais que foram parar nas mãos de grupos financeiros. Neoliberalismo, Estado Mínimo, privatizações, crítica às políticas sociais, entre outros totens, tudo isso estava na Veja antes e deverá continuar sob a nova direção. Fábio Carvalho teria como apoio no projeto Abril o Banco Pactual, que foi fundado por Paulo Guedes, o mega ministro do novo governo. Carvalho é ligado a Guedes. Até pela complexidade do atual ambiente da Abril, sob amarras da recuperação fiscal e lotada de dívidas, os efeitos da troca de direção não chegarão tão rápido às páginas e pages dos produtos jornalísticos. Mas em algum momento a nova linha editorial adentrará a redação. Supõe-se que por uma porta bem mais à direita do que aquela que a Veja usou até aqui.

Se o futuro a Fábio Carvalho pertence, o que e certo, nesse momento, é que cerca de 800 funcionários da Abril que não recebem suas verbas trabalhistas estão levando calote dos Civita.

O dado melancólico: a Abril acabou vendida como se fosse no bazar. Por 100 mil+dívidas que deverão ser negociadas a longo prazo, o comprador levou o ex-império dos Civita, que espera reciclar.

Foi a maior Black Thursday do mercado editorial brasileiro.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Advogado carioca compra a Editora Abril

Através do site da Veja, a Editora Abril informa em nota oficial que o empresário e advogado Fábio Carvalho fechou hoje um acordo para adquirir o Grupo Abril. Dono da investidora Legion Holdings, Carvalho é especializado em comprar empresas pela bola sete e recuperá-las. Após isso, tanto pode permanecer com o negócio quanto passá-lo nos cobres.

A Abril será sua primeira experiência na área de comunicação. Uma das empresas em crise financeira que o mesmo grupo adquiriu foi a Casa & Vídeo. Ele também participou da tentativa de recuperação da antiga Varig.


Leia a nota da Abril

"O empresário Fábio Carvalho e os atuais acionistas do Grupo Abril assinaram, nesta data, contrato prevendo a aquisição de 100% das ações do Grupo Abril. Este contrato também prevê condições que devem ser cumpridas previamente à efetivação do negócio, dentre elas a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e a injeção de novos recursos na companhia para o financiamento dos esforços de reestruturação. Após a concretização da transação, Fábio Carvalho assumirá o controle societário e ocupará a posição de CEO do Grupo.

Carvalho, que foca suas atividades empresariais na aquisição de companhias em crise financeira com o objetivo de conduzir amplas reestruturações e trazê-las novamente ao estado de estabilidade e crescimento, contará com a estrutura da Legion Holdings, sociedade de investimentos que fundou, composta por um time de especialistas em renegociações de dívidas e transformações operacionais. Uma vez concretizada a transação, a nova equipe se juntará a executivos do Grupo Abril, bem como aos profissionais da Alvarez & Marsal, hoje responsáveis pela coordenação dos esforços de superação da crise pela qual passam as companhias do Grupo.


“A história do Grupo Abril está intimamente relacionada com os grandes eventos políticos e econômicos que marcaram a história do Brasil nas últimas décadas. A capacidade e importância jornalística do Grupo é inegável. Não temos dúvida dos méritos e qualidades que permeiam as companhias do Grupo e que serão os pilares sobre os quais nos apoiaremos para superar os grandes desafios que se apresentam” afirma Carvalho, que hoje reúne entre seus investimentos participações em empresas em variados setores que, em conjunto, possuem faturamento anual superior a R$ 4 bilhões e empregam mais de 46 mil pessoas.

“Com a venda do Grupo Abril para Fábio Carvalho, a família Civita delega  a ele a tarefa de administrar os desafios e as oportunidades que estão no horizonte da nova mídia. Fábio reúne as características de empreendedor e a visão de negócio que os novos tempos exigem. Desejamos a ele muito sucesso”, declara Giancarlo Civita.

As partes estimam que o negócio seja inteiramente concluído no mês de fevereiro".

Jornalista premiado admite que falsificava reportagens


A revista alemã Der Spiegel admite que um dos seus jornalistas mais premiados falsificava reportagens. Ele descrevia situações inexistentes, criava personagens e fontes. Isso durante anos.

Claas Relotius é o nome da figura, que confessou a fraude e pediu demissão. Em 2014, ele foi eleito o Jornalista do Ano da CNN. Há poucos dias, ganhou o prêmio de Repórter do Ano da Alemanha por uma reportagem sobre um menino sírio na qual, descobriu-se, muito do que escreveu foi inventado.

A denúncia surgiu através de um repórter que encontrou Relotius durante uma incursão na fronteira México-Estados Unidos. O jornalista concorrente desconfiou de detalhes "exclusivos" que o alemão apurava e localizou fontes citadas por ele que, apesar de existirem, jamais haviam sido entrevistadas.

Relotius ainda criou para jornais alemães uma matéria dramática sobre um prisioneiro iemenita.  Ele admitiu que tinha "medo de falhar" e por isso turbinava seus textos.

DerSpiegel pediu desculpas aos leitores.

A informação está no The Guardian.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Do blog do Juca Kfouri: o drama dos demitidos da Abril...



(por Juca Kfoury/UOL)

Segundo a edição de 13 de setembro de 2016 da revista Exame, da Editora Abril, os três irmãos Civita — Gianca, Titi e Roberta — acumulavam uma fortuna de US$ 3,3 bilhões.

Hoje, a empresa, em recuperação judicial, deve cerca de R$ 110 milhões a 800 funcionários demitidos quando a Abril já havia decidido pedir a recuperação judicial.

Mas apesar da quantia ser irrisória diante da fortuna dos três irmãos (mais de 10 bilhões em reais), eles optaram por transformar os demitidos em credores também à espera da aceitação, na Justiça, do acordo de recuperação judicial.

Como se os trabalhadores fossem os bancos ou fornecedores, para os quais a empresa deve R$ 1,6 bilhão. A desfaçatez e...

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO BLOG DO JUCA  AQUI



E VISITE NO YOU TUBE O CANAL "VÍTIMAS DA ABRIL", AQUI

Jornalistas & Cia: Justiça nega liminar contra foto em bloco carnavalesco...


Reprodução de Jornalistas & Cia. Edição 1184.

Oi, mamãe, sou eu, o homem de Marlboro...



por O.V.Pochê

Os brutos também sonham. Nem filósofo, nem ideólogo, nem embaixador do Brasil nos Estados Unidos. A pose nada espontânea de Olavo de Carvalho, o guru do novo governo, que circula no twitter, mostra que o seu desejo mais cultivado é ser o modelo Eric Lawson, o Homem de Marlboro da propaganda dos anos 1970.


A crise dos jornais impressos é de conteúdo...



por Eduardo Tessler (para o Meio & Mensagem

Não há encontro internacional de jornalismo em que não se cite o The New York Times como exemplo de um meio tradicional que soube se reinventar. São tantos os acertos e a quantidade de casos de sucesso, que fica quase impossível falar de inovação em meios de comunicação sem falar da “Velha Senhora”, com seus mais de 160 anos de idade.

Mas atenção: nem mesmo o “benchmark” mais conhecido do mundo conseguiu promover a virada estratégica, ou seja, passar a ter mais receitas originadas no Digital do que no Papel. Mais de 50% do dinheiro que paga as contas do The NYT ainda vem das páginas do impresso. A mudança importante, porém, veio da fonte de recursos, não da plataforma: mais de 60% das receitas chegam por investimento da audiência e menos de 30% de publicidade. Isso quebra a lógica perversa que mantinha as empresas de comunicação pelo mundo.

A dependência da publicidade, ainda realidade em 99% dos meios de comunicação do Brasil, tem riscos enormes. Pior, se o anunciante for governo – como é habitual em cidades pequenas – a separação Igreja/Estado costuma não funcionar. E a qualidade do conteúdo, ao fim e ao cabo o maior ativo de uma empresa de comunicação, vai por água abaixo.

A estratégia do The NYT é simples – e pode ser copiada por qualquer meio de comunicação: o conteúdo publicado nas plataformas disponíveis (impresso, digital, podcast, vídeos, redes sociais) precisa ser ótimo. Precisa ter muita qualidade. Precisa ser tão bom (e exclusivo) que uma pessoa pagaria para recebê-lo. Simples assim. É claro que qualidade custa caro. E boa opinião também. Mas não há como vender conteúdo commodity ou opinião “meia-boca”. Isso não tem valor algum.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO MEIO & MENSAGEM AQUI

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

El País Brasil mostra que jornalismo não morreu. Alguns veículos tradicionais é que parecem estar em coma



O site de notícias El País Brasil informa que, segundo a plataforma Chartbeat, que afere audiência global na internet, a entrevista exclusiva com o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, assinada pelo repórter Gil Alessi e publicada no El País em março deste ano foi uma das que mais gerou engajamento nas redes sociais em todo o mundo. Cerca de 60 milhões de textos foram analisados e a citada entrevista ficou entre as 100 reportagens mais lidas no mundo.

Ainda segundo o Chartbeat, a notícia da morte do chef Anthony Bourdain, publicada no site da CNN, foi a que mais mobilizou as redes, seguida por um artigo anônimo no The New York Times sobre a administração do presidente Donald Trump. Em terceiro colocado ficou o blog da BBC sobre o Brexit.

Outros sites em língua portuguesa foram citados, mas não classificados, por notícias - e não por matérias exclusivas - sobre as últimas eleições brasileiras

Isso diz alguma coisa sobre a nossa velha mídia. Dançou nessa. E os motivos são os mais variados: em função de demissões em massa, comprometimento político, partidarismo, "reformulações" mal sucedidas e em série ou simples apatia jornalística, como em um caso desses, o do Nem, muitos veículos acabam comento pratos de moscas al dente.

A boa notícia é que, além do El País Brasil e de portais de notícias como BBC Brasil, DW Brasil, The Intercept Brasil, entre outros, com redações brasileiras de peso que produzem alternativas indispensáveis, a Agência Pública, especializada em fast checking, amplia sua equipe para produzir mais reportagens investigativas de interesse público e, principalmente, sobre temas mais sensíveis e menos presentes na grande mídia, que tem lá seus fortes interesses empresariais, partidários e ideológicos a influenciar pautas.

2019 é um ano crucial para o Brasil. O jornalismo não pode faltar à democracia. 

Deu no Guardian - Brasil X Venezuela: vem aí a nova "guerra dos farrapos"




The Guardian de ontem noticia que o Brasil pode ir à guerra.

O novo governo brasileiro, de extrema direita, como o jornal inglês e a mídia internacional classificam, já esticou a corda em relação à Venezuela. O assunto tem sido discutido com altos funcionários do governo americano que, caso venha a intervenção militar, preferiria Brasíl e Colômbia na linha de frente.

Em entrevista ao correspondente do Guardian para a América do Sul, Tom Phillips, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, declarou-se um "guerreiro da paz", mas avisa  que pode mobilizar 1,6 milhões de combatentes e que "invasores não sairão vivos".

Se a guerra virá, quien sabe, mas alguns "falcões" brasileiros, melhor dizendo, "gaviões", estão com a faca no bico.

De qualquer forma, o "Platoon" brasileiro não tem data para estrear e o Dia D da invasão das forças que Maduro chama de "imperialistas" ainda não está marcado.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Marketing - Sobrou para João Paulo II - O "João de Deus" de Abadiânia abusa da marca papal

por José Esmeraldo Gonçalves 

O escândalo sexual que envolve João Faria, o curandeiro de Abadiânia, joga no limbo, junto com sua reputação, a marca "João de Deus" da qual ele se apropriou.

Sobrou então para a imagem de Karol Wojtyla, que eleito Papa adotou o título de João Paulo II e, ao visitar o Brasil pela primeira vez, em julho de 1980, ganhou o apelido de João de Deus.

A expressão que virou marca foi criada pelo maestro e compositor Paulo Roberto, autor da música "A Benção, João de Deus", a pedido dos organizadores da visita. A letra e melodia fácil foram rapidamente assimiladas pelas multidões que o Papa reuniu nas capitais brasileiras por onde passou.



As revistas Manchete, Fatos & Fotos, e as várias edições especiais adotaram nos textos a forma popularizada João de Deus - que era um achado e comunicava muito melhor do que o Karol Wojtyla, por exemplo -, e a divulgaram nos milhões de exemplares que circularam durante e depois do tour papal. Em uma delas, a "edição histórica", o João de Deus estreou como chamada de capa.

A propósito, a redação apelidava aquelas edições de "Papão", por utilizarem formato maior do que o standard das semanais. O jargão interno, desde então, passou a denominar certos números extras: viriam nos anos seguintes o "papão" do Tancredo, o "papão" do Cazuza, o "papão" do Senna, o "papão" do Tom Jobim etc.

Em outubro de 1980, Fluminense e Vasco decidiam no Maracanã lotado o primeiro turno do  Campeonato Carioca, então Taça João Baptista Coelho Netto - "Preguinho". O jogo estava empatado, e foi para os pênaltis. Alguns torcedores do Flu começaram a cantar a canção-chiclete do ano: "a benção, João de Deus, nosso povo te abraça...". A arquibancada tricolor fez coro, os vascaínos Dudu e Orlando Lelé perderam suas cobranças e a música pé-quente virou uma espécie de segundo "hino" do clube. Naquele ano, o Fluminense ganhou também o turno final, sobre o mesmo Vasco, e foi o campeão carioca, com direito à mesma trilha sonora.

Se você digitar João de Deus no Google, hoje, nem o Papa João Paulo II e nem o Fluminense aparecem nas primeiras páginas da pesquisa. Só dá o "João de Deus" de Abadiânia e os chocantes depoimentos de mais de 300 mulheres que o acusam de estupro, assédio e abusos sexuais.

A marca original João de Deus tornou-se vítima, também, de abuso. Foi tecnicamente estuprada.

Digamos que seu apelo mercadológico está definitivamente contaminado para os católicos, a torcida do Fluminense e o Vaticano.


Um último revival: em 1980, pra variar, o Brasil vivia uma grave crise econômica que se refletia no consumo de revistas em geral. A visita do Papa João Paulo II foi o milagre que a Bloch pediu.

Naquele ano difícil, a circulação das edições subiu aos céus e ajudou a salvar empregos.

Manchete retribuiu agradecida: no final de 1980, João de Deus foi escolhido o Homem do Ano.

E a Bloch pediu a benção a João de Deus. O do Vaticano.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Memória da propaganda: Em 1962, o Natal do consumo antes da crise...

O sonho de consumo. 

Os brinquedos analógicos, ainda quase artesanais. 

A anúncio da Coca-Cola apelando para Deus às vésperas de um ano de crises..

O presente de Natal da Seleções

Calça Lee nem pensar: o dólar alto deixava o sonho pra depois. O Brasil vestia Far-West.


A Varig oferecia o trenó aéreo para um White Christmas em Nova York.

Em 1962, o Brasil curtia um Natal de consumo marcado pela onda de industrialização que JK acelerou. O mineiro já não era presidente, mas os resultados da sua política repercutiam na mídia, que também se modernizava, e estavam nas páginas das revistas que passaram a receber centenas de páginas de anúncios.
Apesar do otimismo que a propaganda refletia, 1962 antecedeu uma ano de crise
econômica e política.
Pelo menos um dos anúncios - o da Coca Cola - apelava para Deus segurar a barra no Ano Novo que despontava. Não deu. A crise tornou-se aguda e acabou em golpe militar. 1963 foi último ano integralmente democrático antes da longa noite a partir de 1964 e que só começaria a clarear em 1985.

Design: revista sufoca cantora com uma tonelada de chamadas de capa. O caso é de assédio gráfico

Reprodução Instagram

por Flávio Sépia 

Até encontrar sua linguagem, um novo meio de comunicação que surge tende a utilizar o modelo anterior. Aconteceu com o rádio e a TV, por exemplo.

Já o alcance avassalador da internet parece provocar um efeito contrário. O impacto do digital foi recebido pelos meios impressos como um soco do Mike Tyson e desmentiu o "dogma" acima. Em vez de imitar o impresso ou a TV, a internet invadiu a aldeia impondo sua própria linguagem.

Em princípio, nocauteou os donos do pedaço.

Pouco mais de quinze anos depois da primeira onda que deu um "caldo" geral no mercado, há veículos impressos que encontraram melhores soluções de conteúdo e designs, explorando combinações editoriais gráficas que funcionam bem em plataformas físicas, ou seja, no papel, e não rendem integralmente nas telinhas dos smartphones. Textos maiores, analíticos, reportagens mais completas, aproveitamento de fotos abertas, permanência etc, são fatores que se desenvolveram sem impedir que jornais e revistas mantivessem suas versões impressas e digitais em sintonia com seus respectivos públicos.

Esses são os acertos que o mercado registra e que deram sobrevida a muitos veículos. Mas são muito mais comuns os erros que, afinal, sem desconsiderar outros fatores, acabaram extinguindo milhares de impressos todo o mundo.

Um erro comum é, por exemplo, um jornal ou revista impressos tentarem imitar conteúdo e design das redes sociais na esperança de descolar uma parcela de leitores dos influencers ou se inspirar em temas virais ou memes que "quebraram" a internet. E tome de assuntos "fofos", superficiais, incompletos ou mera clonagem e repetição de temas "chupados" da rede. Render-se ou se aliar ao "inimigo" que imagina não pode vencer equivale a tirar o time de campo. E foi o que muitos fizeram..

No Brasil, o problema tem sido mais grave. A concentração de empresas do setor e o baixo índice de leitura da população agravaram o quadro. Em países desenvolvidos, especialmente na Europa, é bem maior o número de jornais e revistas impressos que sobrevivem, apesar das dificuldades.

Um das características da web é a profusão infinitesimal de assuntos. Uma avalanche que confunde e cansa quem não consegue usar seus cliques para selecionar melhor leitura. Pois tentar atropelar o leitor com um caminhão de informações é a falha mais comum no impresso, estimulada pela busca desesperada para imitar o digital.

Até aqui não tem dado certo. O caminho da sobrevivência parece apontar para diferenciais mais inteligentes.

Algo que faltou ao editor da "First for women", vítima fatal de overdose. Incapaz de selecionar as chamadas de capa mais relevantes, ele resolveu o problema da maneira mais cômoda: "Bota tudo aí!"

O site Blue Bus, que reproduziu o resultado final que aprisionou a cantora norte-americana Reba McEntire, definiu a capa acima "o pesadelo da qualquer designer"

Quanto à cantora convidada para ser a capa da edição, passa bem e sobreviveu ao assédio gráfico em massa de letras e cores. 

Igrejas hi tech: aplicativos em lugar de templos

por Ed Sá

Nos Estados Unidos e Canadá, igrejas estão oferecendo aplicativos para os fieis acessarem cultos em streaming. Trata-se de um recurso de marketing digital para atrair as pessoas que acham "exaustivo" se deslocar até ao templos, enfrentar trânsito, mau tempo e aglomerações.

Na igreja via app há sermões, música e fóruns para compartilhamento de orações, sessões de "expulsão do diabo do corpo" via 4G e até "curas". Você pode desfrutar de tudo isso no sofá da sua casa.

A afiliação religiosa nos Estados Unidos está em baixa, segundo pesquisa de 2017 do Instituto Pew.

Como reação à queda de número de praticantes, é provável que essa tendência se expanda tal como aconteceu com inúmeras categorias de serviços na web. Lojas físicas de agências de turismo quase sumiram, foi reduzido o número de agências bancárias, livrarias são substituídas por equivalentes digitais, o home office avança, o comércio on line etc. As igrejas, evidentemente, já com tradicional presença em TV e rádio, não dispensarão o novo modelo.

Mesmo a utilização da internet não é novidade. Mas novas instituições religiosas, ainda em número reduzido, começam a abrir mão dos templos físicos e seus altos custos. Uma dessas novas corporações religiosas é a Churchome Global, inaugurada há um mês, sem prédio e sem CEP.
Os seguidores se conectam, tornam-se tornando assinantes e pagam uma taxa que equivale ao dízimo eletrônico. Se quiseram uma oração especial do pastor é só enviar um ícone via celular, um reverendo clicará em um "emoji divino", colocará na cesta de compras e o fiel o verá orando "olho no olho".

Alguns pastores e suas "ovelhas" ainda resistem aos templos virtuais. Há que cite o Evangelho de São Mateus onde Jesus diz que “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou entre eles”.

Segundo esses teólogos, isso não inclui o crente que fica sozinho diante do computador, do tablet ou do smartphone. Outros religiosos defendem a adaptação ao novo estilo de vida e afirmam que Jesus se referia à formação de uma comunidade. E, para eles, comunidade virtual é comunidade.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Leitura Dinâmica: Goiabeira, João de Deus, Coaf, cometa, sífilis...

por O.V.Pochê

* O verão não começou, ainda não tem musa, mas já estão eleitos a fruta e o refrigerante da estação. Respectivamente, goiaba e Jesus.

* Mas não é verdade que Regina Casé vai reeditar seu programa "Um pé de que" para reunir testemunhos de fieis que presenciaram milagres em árvores frutíferas, aparições de santos, além de incursões de divindades do Jardim Botânico.

* O lado bom é que a revelação da  futura ministra Damares Alves, que se deparou com Jesus subindo em uma goiabeira, pode ter efeitos ambientais e deter, um pouco que seja, a anunciada derrubada de árvores na Amazônia para abrir megas roças do agronegócio.

* João de Deus é suspeito de ter assediado mais de 300 mulheres. Com isso, o médico Roger Abdelmassih, que foi condenado a 181 anos por mais de 37 estupros e manipulação genética poderá cair para a segundona nesse tipo de delito.

* Os jornais Estadão e Folha estão em regime de plantão bancário: os desdobramentos do escândalo dos depósitos em conta e repasses de salários revelado pelo Coaf, no que as redes sociais chamam de Bolsogate, está mobilizando uma legião de jornalistas.

* Nesse momento, o Brasil procura três desaparecidos: João de Deus, o assessor legislativo Fabricio Queiroz, o do caso Coaf, e o italiano Cesare Batisti.

* Confirmado: o Brasil está oficialmente à direita do Chile. O país andino mesmo governado por neoliberais radicais topou sediar a conferência climática da ONU, em 2019, que o Brasil rejeitou e chutou de bico. Bolsonaro convenceu Temer a cancelar a reunião por supor que o evento pode ser uma passo para a desapropriação da Amazônia a partir do Plano Triple A, uma interpretação que é uma espécie de verão ambiental da URSAL.

* Colete amarelos, na França, mostrando que palavras não bastam para responder ao assédio fiscal do neoliberalismo sobre as populações de baixa e médias rendas.

*O cometa 46P/Wirtanen  passará "próximo" da terra, em distância astronômica, neste domingo. Mas não é verdade que cairá em Brasília.

* Gabriel Jesus que não fazia gol desde agosto, fez dois na vitória ontem do Manchester City sobre o Everton. O próximo gol dele está previsto para junho.

* Segundo Boletim Epidemiológico, a sífilis voltou a ser uma epidemia no Brasil. A taxa de infecção  aumentou de 44,1 para cada grupo de 100 mil habitantes, em 2016, para 58,1/100 mil em 2017. Não deixa de ser um país vintage. Com os cortes de verbas previstos por exigência do "mercado", podem vir aí a peste negra, a varíola, a espinhela caída em massa e a cólera. Febre amarela, tifo e malária O Brasil já reabilitou.
 

Mídia: quando uma notícia tiver origem em "fontes próximas" duvide. É grande a chance de ser fake...

Reprodução Instagram


No Instagram, Fernanda Lima Fernanda Lima, do programa “Amor e Sexo”, da Globo, esclareceu dois assuntos que circularam na web nessa semana.

Uma nota de Ricardo Feltrin, do UOL, reproduzida em dezenas de sites, usa o manjado "fontes próximas" para afirmar que a apresentadora "deu chilique" ao ver que o cantor Eduardo Costa, a quem processa na Justiça, apareceu na Globo.

Outro assunto foi a ação por calúnia, injúria e difamação que Fernanda Lima move contra o cantor, que a chamou de "imbecil" e, certamente em alusão aos novos governos de direita, acrescentou que "a mamata vai acabar". Eduardo perdeu a linha nas redes sociais ao ouvir Fernanda falar contra machismo e conservadorismo. A apresentadora pede na Justiça indenização por danos morais e também move processo na área criminal. Ela não aceitou acordo proposto nem pedido de desculpas. Está certíssima.

Ao colunista Ricardo Feltrin, do UOL, a apresentadora mandou a seguinte mensagem;

“Colega, sua fonte sequer me conhece e muito menos é próxima. Quando tudo isso se deu, eu estava em um retiro de meditação, incomunicável por dois dias, e só fiquei sabendo dos acontecimentos quando cheguei em casa e minha assessoria me mandou a sua coluna”, escreveu a apresentadora. E prosseguiu: “Ricardo, essa é outra forma que o machismo estrutural usa para desqualificar uma mulher quando ela é vítima. É simples dizer que ela é louca, descompensada, dá chiliques, logo não tem razão nenhuma sobre os fatos. Inclusive, Ricardo, esse era o tema principal do Programa Amor e Sexo que gerou tanta polêmica”.

"Meu caro colega, me desculpe a intimidade, mas como também sou jornalista tomei a liberdade. Diante dos fatos relatados acima e depois de uma entrevista que o Sr. Eduardo Costa concedeu ao nosso colega Pedro Bial, o senhor publicou (e muitos veículos, sem checar a veracidade de sua nota, replicaram) que “fontes” muito próximas relataram que eu teria dado um “chilique” e que eu teria ficado “possessa” e até teria pegado “ranço” do Pedro Bial por ter entrevistado o cantor.
Colega, sua fonte sequer me conhece e muito menos é próxima. Quando tudo isso se deu, eu estava em um retiro de meditação, incomunicável por dois dias, e só fiquei sabendo dos acontecimentos quando cheguei em casa e minha assessoria me mandou a sua coluna. Outra inverdade da sua última nota sobre mim é que eu fracassei ao tentar fazer com que o Sr. Eduardo Costa não fosse mais convidado por outros programas da TV Globo.
Pois, para seu conhecimento, não tenho ingerência sobre a escolha de convidados da emissora (com exceção do Amor e Sexo).
Ricardo, essa é outra forma que o machismo estrutural usa para desqualificar uma mulher quando ela é vítima. É simples dizer que ela é louca, descompensada, dá chiliques, logo não tem razão nenhuma sobre os fatos. Inclusive, Ricardo, esse era o tema principal do Programa Amor e Sexo que gerou tanta polêmica.
– Viu como é importante falarmos e sabotarmos essa engrenagem machista? Conto contigo..."

Sobre Eduardo Costa:

“Em tempos de fake news é melhor esclarecer os fatos".
"Depois de ser difamada, agredida e ameaçada por ele através de um post indignado, procurei orientação jurídica a fim de proteger a mim e a minha família. Fui orientada a processá-lo, pois dessa forma inibiria agressões futuras. E assim o fiz.
Após eu autorizar o processo, o Sr. Eduardo Costa pediu desculpas através de outros programas a que foi convidado, deixando claro que não se arrepende do que disse e sim da forma como disse. Tendo em vista que ele me agrediu moralmente, me ameaçou, incitou o ódio de seus fãs contra mim (ontem mesmo minha assessoria recebeu telefonema de um fã dele me ameaçando) e atacou o meu trabalho, não entendo que pedido de desculpas é esse. Além disso, um pedido de desculpa verdadeiro pode até ser louvável, mas ele não repara o mal que fez a vítima.
Faz parte do machismo estrutural transformar a vítima em ré. Era justamente esse o assunto do programa Amor e Sexo que tanto indignou o meu agressor."