quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Respirando por aparelhos...

Com dívidas de impostos, falta de recolhimento de FGTS e INSS e pendências trabalhistas, O Dia entra em recuperação judicial. Em um mercado cada vez mais precário, com demissões e cortes de vagas até em empresas supostamente mais sólidas, os problemas que afetam O Dia e o Meia Hora agravam o quadro e podem tornar ainda mais crítica a concentração de propriedade na imprensa. 

Os dois jornais, que pertencem ao grupo português Ejesa,  já tropeçavam há algum tempo. 

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio, desde 2016 foram registradas 44 demissões nas redações. De acordo com a decisão da Justiça, a empresa deverá apresentar um plano de restruturação. Durante 180 dias, serão suspensas as ações, execuções e cobranças de dívidas. Resta torcer para, depois disso, que os dois veículos saiam da UTI, equilibrem as contas, mantenham os empregos e sobrevivam como um opção de leitura para os cariocas. E surpreendente verificar que o Rio tem menos jornais do que várias capitais brasileiras com populações bem menores. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Vai um Auxílio aí?

por Bob Concurseiro (do Face do Morro da Fubanga)

Não sou o Martin King, o tal de Luther, mas também tenho um sonho. Três sonhos, na vera. O primeiro, que eu tinha passado no concurso pra juiz. O segundo, sonhei que todo brasileiro ia ser igual a mim. O terceiro, tão igual que vai descolar um lugarzinho no curral vip dos playboy. Lá só tem coisa boa, parceiro. Lá não tem crise, o aumento salarial é gordo e garantido. E eles têm uma parada irada lá. Uma tal de Lei do Auxilio que vale mais do que a Constituição. Sabia disso, mano? Não? Pois pensa aí no dia em que todo brasileiro vai se dar bem na Lei do Auxílio. Que sonho manero! Todo mundo no luxo! Muito lôco!

Auxílio Paletó - o governo dá uma beca legal pra nóis, tênis Nike, camisa de marca, vestido pras minas.
Auxílio Aluguel - Ninguém recebe mais cobrança de proprietário nem de condomínio. O caixa do governo cai na nossa conta bancária todo mês pra pagar o cafofo.
Auxílio Segurança - A  violência tá demais? Só que não. As autoridades botam uns cara bombado pra proteger cada cidadão sempre que ele pedir uma força ao dr. delegado.
Auxílio Gasolina - Não dá, os da bomba tão metendo a mão. Mas o ministério do Transporte  comparece com um troco pra ajudar no combustível.
Auxílio Balada - O chope pra relaxar tá pesando no bolso?. Vai daí rola uma grana na pressão pra ajudar na conta. Balada só uma vez por ano? Isso é passado. O Estado ajuda.
Auxílio Viagem - Pobre tá cansado de ir pra Aparecida e fretar busão pras praia da Região dos Lagos. E Nova York? Miami? Nosso problema acabou, o vale-turismo tá bombando. E dá direito a hotel cinco estrelas.
Auxílio BMW - Esse é do bom. Carro importado pra galera. Já é!
Auxílio Casa em Angra - A Secretaria de Habitação Social já abriu cadastro pra casa e lancha.
Auxílio Educação - A escola dos moleques garantida sem doer no contra-cheque.
Auxílio Surfistinha - Esse é pra dar moral pros solteiros e pra quem tá na pista quando rolar o sentimento.
Auxílio Joia - Anel de rubi pra patroa e correntona de ouro pro distinto? É mole, é oficial.

A Tribuna da Imprensa saiu das bancas há dez anos. O que não saiu até hoje foi a indenização dos jornalistas que trabalhavam lá

A última edição da Tribuna da
Imprensa: 1° de dezembro de 2008.
Veículos impressos quando vão à falência geralmente deixam um vazio nas bancas e um buraco sem fim no bolso dos jornalistas. Jornal do Brasil, Bloch, Tribuna da Imprensa... A lista é longa. Ou não pagam porque alegam que não têm bens ou deixam massas falidas ricas, mas que se consomem em burocracia e em caras estruturas administrativas ao longo dos anos, restando pendente a complementação das indenizações trabalhistas. A falência da Bloch Editores, por exemplo, atinge a maioridade: fará 18 anos no próximo mês de agosto. Ainda existem ações em curso e, entre aquelas que foram encerradas, a Massa Falida da Bloch deve parcelas da correção monetária de lei.

Há poucos dias, em reunião no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, cerca de 40 profissionais habilitados em processos movidos pelo SJPMRJ foram informados pela advogada Claudia Duranti que ganharam as ações para recebimento dos valores que o jornal lhes deve, mais de R$3 milhões, no total. Ganharam, mas não vão levar, pelo menos não em curto prazo. A Tribuna deve a outros credores mais de R$ 400 milhões. Segundo a advogada do SJPMRJ, "a saída para que os jornalistas recebam o que lhes é devido mais rapidamente requer uma ação para que sejam privilegiados os créditos trabalhistas, que são de natureza alimentícia, e têm prevalência sobre as demais dívidas". Ou seja, a longa luta deverá continuar.

A Tribuna fechou as portas em dezembro de 2008. Na última edição, o proprietário, Hélio Fernandes (aos 98 anos, ele se mantém ativo no blog oficial da Tribuna), escreveu no editorial da primeira página que era "momentânea" a interrupção da circulação. E lá se vão quase dez anos. Hélio Fernandes acreditava que logo receberia uma milionária indenização do governo federal por ter sofrido censura prévia e represálias durante oposição à ditadura militar. Embora o STF tenha reconhecido o direito à indenização, esse processo ainda se arrasta.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Memórias da redação: fotógrafo Raymond Depardon, da Gamma, recorda a era em que o fotojornalismo dependia de passageiros de avião para fazer o material chegar a tempo do fechamento das revistas



Trechos destacados da entrevista de Raymond Depardon à repórter Marcella Ramos, do Globo

Na foto histórica da Gamma, assinada por Claude Wherlé e publicada na Fatos & Fotos, Claudia Cardinale, Gláuber Rocha, Luchino Visconti e Yves Montand no Festival de Cannes, em 1969, quando o brasileiro ganhou o prêmio de
Melhor Diretor pelo filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Uma das milhares de fotos
da Gamma publicadas pelas revistas da antiga Bloch. 

por José Esmeraldo Gonçalves 

O Globo de hoje publica entrevista que remete a uma era extinta do fotojornalismo. Na seção Conte algo que não sei, o fotógrafo Raymond Depardon fala, entre outros tópicos, sobre a Gamma, as grandes reportagens de viagem e a curiosa logística do passado para envio de material urgente.

A célebre agência francesa, fundada em 1966, manteve uma longa parceria com a Manchete e as demais revistas da antiga Bloch. A Manchete, principalmente, e a Fatos & Fotos davam vasto  espaço às reportagens fotográficas da Gamma, não só à cobertura de atualidades, mas às matérias reveladoras de etnias e lugares ao estilo National Geographic, mas com um diferencial de extrema qualidade: o DNA jornalístico da agência sempre presente em cada fotograma. Depardon recorda em O Globo a satisfação de vê-la publicadas nas revistas brasileiras.


Trecho destacado da entrevista de Depardon ao Globo.

Eram tempos analógicos e, na entrevista, o fotógrafo e cineasta também relembra um tipo de procedimento que deve parecer enigmático aos repórteres fotográficos de hoje. "Pedia a estranhos que estivessem entrando no avião para transportarem meus filmes", diz.

Essa frase carrega uma lembrança dos momentos de tensão que equipes em viagem ou correspondentes da Manchete no exterior viviam em aeroportos. Material de agência e filmes ainda a revelar eram enviados para o Brasil em mãos de passageiros ou de pilotos e comissários solícitos da Varig. Quando se tratava de material urgente para fechamento, o sufoco era maior. Cabia aos repórteres e fotógrafos em viagem, aos correspondentes ou aos funcionários das sucursais encontrar na fila do check in alguém disposto a fazer o favor de trazer para o Rio de Janeiro envelopes com os filmes. Eram, às vezes, volumosos envelopes. Havia até um jargão: "vou ao aeroporto fazer um passageiro".

O remetente ouvia alguns nãos mal-humorados, mas em 100% das vezes conseguia o portador. A tarefa seguinte era passar por telex a descrição do passageiro para que outra pessoa - quase sempre, Márcio, dos Serviços Editoriais, recebia essa missão - o esperasse no Galeão. "Fulano de tal, alto, careca, blazer cinza, camisa branca", e mais o telefone ou endereço no Rio, caso houvesse desencontro. E a recompensa ao viajante que trazia a encomenda? Uma carona até em casa no carro da Manchete. Aqui entra uma informação que era "confidencial" à época: quando o passageiro que trazia material de fechamento, urgentíssimo, caía na malha fina da Alfândega, contatos úteis da Manchete ajudavam a desembaraçar o sujeito,  suas malas e, claro, o valioso envelope com fotos. Isso aconteceu mais de uma vez.

A partir da segunda metade do anos 1980, ficou gradativamente mais difícil encontrar alguém disposto a servir de "mula" fotojornalística. Mesmo entre os passageiros afáveis passou a predominar o medo de trazer encomendas a pedido de um desconhecido. Ainda que a tecnologia digital não houvesse aposentado o material físico seria impossível hoje conseguir um passageiro disposto a transportar um gordo envelope entregue no aeroporto por alguém que ele jamais viu e ainda lhe fornecer endereço e telefone.

E se fosse remessa de ecstasy, metanfetamina ou qualquer outra droga sintética que alguns países mandam para o Brasil atualmente? 


Respeito à Natureza




por J.A.Barros

Enquanto aqui no Brasil, nós, brasileiros, matamos macacos e micos por supormos que eles são a via de contaminação da febre amarela,  em outros países até rodovias são desviadas das suas rotas para salvar um única árvore.

Veja outros exemplos:
Viaduto para passagem de animais selvagens entre os dois lados da floresta. 

O muro que não sacrificou uma árvore e...

...o prédio que evitou o corte de outra.


domingo, 28 de janeiro de 2018

Terra em transe


por Flávio Sépia 

*Cartão de embarque -  No Brasil polarizado continua difícil a vida dos políticos que embarcam em voos comercias. Em um ano eleitoral, essa turbulência tende a chacoalhar cada vez mais reputações. O mais recente check in para o escracho foi feito do ministro do STF, Gilmar Mendes. Um vídeo que circula nas redes mostra o coro de "Fora Gilmar", "Amigo de Daniel Dantas, Aécio Neves".  Veja no You Tube AQUI

* E o aliado? - A pré-candidata à Presidência da República, Marina Silva, defendeu ontem a Lava Jato, em BH,  durante lançamento da candidatura do ex-deputado João Batista Mares Guia ao governo de Minas. Ela pediu à Justiça rapidez nos processos que envolvem outros políticos. No mesmo dia, um pedido de investigação sobre propina recebida por Aécio Neves, de quem Marina era aliada nas últimas eleições, foi arquivado pelo STF, por prescrição de prazo. Era uma denúncia que fazia parte da delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

* O canal de Imprensa do site do STF: registra "A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu a extradição do argentino Gonzalo Sanchez, acusado da prática do crime de sequestro contra opositores do regime militar entre os anos de 1976 e 1983. No julgamento da Extradição (EXT) 1270, por maioria, os ministros entenderam que não ocorreu a prescrição de tais crimes. A extradição foi requerida pelo governo da Argentina sob a acusação de prática dos crimes de homicídio, tortura e cárcere privado, realizados quando Sanchez era militar da Marinha argentina. O governo da Argentina sustenta que os crimes da ditadura militar são considerados crimes contra a humanidade e, como tal, imprescritíveis, segundo a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade e a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas". Já os crimes da ditadura no Brasil...

Reprodução Daily Star Sunday

* A chacina ocorrida em Fortaleza (CE), na madrugada de sábado, quando 14 pessoas foram assassinadas por traficantes, e a excelente matéria da repórter Vera Araújo, hoje, no Globo, sobre a parceria entre traficantes e milicianos e o consequente avanço do crime organizado no interior do Estado do Rio de Janeiro mostram que a atual política de repressão às drogas - que é o motor da expansão do crime organizado - não faz efeito. E enxugar gelo, como dizem policiais que estão na linha de frente. Apesar disso, o Brasil está cada vez mais distante de experimentar novos caminhos na luta contra o tráfico de drogas e na questão dos usuários, como vários países têm feito, casos do Uruguai, Holanda, e até Estados Unidos.

* Fortaleza é muito procurada por europeus, em função da rota aérea menor. Jornais ingleses, italianos e alemães relacionaram a chacina à condição de destino turístico da cidade. A região de praias paradisíacas é apontada como uma das mais perigosas do Brasil.

Márcia Tiburi na Guaiba. Clique AQUI

Requião na Guaíba. Clique AQUI

* Sobre a polêmica envolvendo a filósofa Márcia Tiburi, que se recusou a debater com o representante da direita radical Kim Kataguiri, do MBL, em um programa ao vivo na Rádio Guaíba:  ao convidá-la, o radialista Juremir Machado não informou a Márcia que ela participaria na verdade de um debate com o ativista. Nesse caso, faltou ética profissional ao radialista, que tinha a obrigação de comunicar as condições  as características e os demais convidados do debate. Simples. Kim Kataguiri acabou "debatendo" com Roberto Requião. O senador destruiu o oponente, que simbolicamente pediu a chupeta. Requião também apontou a falta de ética do radialista por não informá-lo da presença do ativista da direita radical. "Sabe o que é Taylorismo? Não? Deixa eu explicar", foi um dos momentos, entre outros, em que Requião escaneou o cérebro do líder do MBL

Aula nas estrelas

A professora Christa McAuliffe quando treinava para a missão
espacial da Challenger. Foto Nasa

por Ed Sá 
Na data de hoje, em 1986, a professora Christa McAuliffe estava a bordo do ônibus espacial Challenger, que explodiu logo após a decolagem.

Ela levava material para dar uma aula direto da Estação Espacial, com transmissão para milhares de escolas.

Christa, com os demais astronautas, Francis Scobee, Michael J. Smith, A. Resnik, Ellison Onizuka, Ronald E. McNair e Gregory B. Jarvis, não sobreviveu ao acidente.

As aulas da professora McAuliffe foram esquecidas durante 32 anos. Agora, o seu plano didático foi recuperado e finalmente a aula será filmada no espaço, segundo a CNN. Os astronautas Joe Acaba e Ricky Arnold, ambos ex-professores, homenagearão Christa McAuliffe no próximo mês de março, na Estação Especial, concluindo as lições que ela planejou sobre a ação da gravidade nos líquidos e as Leis de Newton.


A cabine do Challenger recuperada no oceano. Foto Nasa/Collect Space

Objetos pessoais dos astronautas. Foto Nasa/Collect Space

A Nasa mantém no Kennedy Space Center, na Flórida, um espaço onde podem ser vistos partes da fuselagem, peças e objetos pessoais dos astronautas recolhidos no mar após a tragédia. Segundo a Nasa, os tripulantes morreram no momento da explosão. Apesar disso, circularam várias versões sobre o acidente. Uma delas, apurada pela revista Miami Herald Tropic, concluiu que o cockpit da nave só foi destruído ao se chocar contra o oceano. Assim, a tripulação teria sobrevivido por pouco mais de dois minutos até o impacto. A dúvida provavelmente jamais será esclarecida. Uma única gravação que teria sido captada na cabine da Challenger logo no começo da queda, segundo a revista, registra apenas uma expressão: "Oh"!  

sábado, 27 de janeiro de 2018

Campanha da Globo sofre bullying... "Que Brasil eu quero para o futuro"? Quero que vá...


Reproduções/UOL

A campanha da Globo que pede que o povão envie vídeos que ilustrem a pergunta "Que Brasil eu quero para o futuro" entrou em área de turbulência. Em vez dos cenários cor-de-rosa sugerido pelo Jornal Nacional, a galera está mandando clipes feitos em lixões, estrada esburacada, cracolândia etc. A notícia está no UOL. Segundo o portal, se a coisa for nesse ritmo, a Globo acelera o plano B: mandar seus jornalistas de cada praça fazer vídeos assépticos segundo o estilo sugerido por William Bonner. As redes sociais estão fazendo bullying com a campanha do "Brasil sonhado".

Leia a matéria no UOL, AQUI

Apple cai na folia. Veja videoclipe de selfies carnavalescas com Iza e Moraes Moreira

Os cantores Iza e...

...Moraes Moreira gravaram clipe carnavalesco para a Apple

Tem gringo no bloco. A Apple lançou a campanha "O Carnaval é seu" com Moraes Moreira e Iza cantando marchinha. O videoclipe foi gravado com Iphone X e tem a linguagem visual das selfies.
VEJA AQUI

Meme é o "uber" dos cartunistas...





Apesar de ter nascido como subproduto da Guerra Fria, a internet incorporou uma porção subversiva Implodiu modelos de negócios, desburocratizou a troca de informações, abriu espaço para todo tipo de opiniões e empreendimentos, até os mais inimagináveis, aproximou e afastou pessoas, inaugurou novos tipos de crimes, criou moedas e deu velocidade supersônica à especulação financeira.

Mídia digital, streaming, Spotfy, Airbnb e milhares de outros aplicativos invadiram cidadelas e deixaram vítimas no caminho.

Os cartunistas também ganharam concorrentes poderosos.




A internet nem existia quando Ziraldo inaugurou no O Cruzeiro a seção Fotopotocas, que depois virou revista. Em forma gráfica, as fotopotocas eram as memes analógicas. Ziraldo não sabia disso, mas a fórmula de descontextualizar uma imagem e nela aplicar uma dose de humor ou gozação transformaria milhões de internautas em cartunistas digitais.

E a rede é rápida. Um fato ou uma foto que chame atenção e logo alguém - os autores quase sempre ficam anônimos - cria uma meme que viraliza em questão de segundos e atinge milhões de pessoas.

A meme é o "uber" dos cartunistas. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Capa da Vanity Fair está causando nas redes sociais. Foto tem pernas e mãos sobrando e James Franco foi limado digitalmente da imagem



por Clara S. Britto  

A Vanity Fair mantém uma longa tradição de fazer uma capa dupla anual em homenagem a Hollywood. A revista reúne as principais estrelas da temporada.

A capa desse ano está provocando duas barulhentas polêmicas.

O ator James Franco teria sido fotografado com o grupo, mas teve sua imagem apagada digitalmente após ser denunciado por assédio sexual. O ator nega, repete que as denúncias são inconsistentes, mas teria sido limado da foto mesmo assim.

A segunda polêmica está fazendo a festa das redes sociais. Há doze celebridades na foto de Annie Leibovitz que somam 25 mãos e igual número de pernas. A atriz Reese Witherspoon ganhou uma perna extra e já respondeu com bom humor aos questionamentos dos fãs: "Todo mundo sabe agora que eu tenho três pernas. Espero que me aceitem como eu sou", disse.

A imagem que mostra a terceira mão da Oprah. Reprodução

A dona da terceira mão fantasma seria Oprah Winfrey, que teria uma mão na anca, outra no colo e mais uma abraçando Reese Witherspoon.

James Franco estaria originalmente entre Graydon Carter e Robert de Niro, preenchendo o vazio que restou na imagem.

A Vanity Fair não se pronunciou quanto aos pés e mãos excedentes, mas confirmou ao Hollywood Reporter que James Franco foi mesmo apagado pelo photoshop.

A capa reúne, ainda, Nicole Kidman, Tom Hanks, Michael B. Jordan, Zendaya, Jessica Chastain, Claire Foy, Michael Shannon, Harrison Ford e Gal Gadot,

Na capa da Time, Trump comanda o bloco do eu sozinho...


Museu guarda memória da imprensa automotiva


Placas utilizadas pelas revistas durante reportagens de testes de carros. Reprodução site Miau
Revistas em exposição no Museu da Imprensa Automotiva. Reprodução site Miau


Idealizado pelo jornalista Marcos Rozen, o Museu da Imprensa Automotiva (Miau), na Vila Romana, em São Paulo, preserva a memória das coberturas especializadas, dos testes e críticas de jornais e revistas. O acervo de 10 mil itens, entre outros aspectos da história da indústria automobilística, mostra  o espaço que os carros tinham na mídia.



Da Quatro Rodas à Auto Esporte, passando pelas seções de automóveis dos principais jornais e de revistas não especializadas, há uma estante de exemplares à disposição dos pesquisadores. 


No caso das revistas da Bloch, EleEla, Manchete e Fatos & Fotos davam espaço permanente ao assunto, além das grandes coberturas dos salões de automóveis nacionais e internacionais. Nessa editoria, foram destaques os saudosos José Lago e José Rezende Mahar, os jornalistas Fernando Calmon - com 50 anos de profissão completados no ano passado e atuante na coluna Alta Roda, do UOL -, e Henrique Koifman, repórter e um dos apresentadores do programa Oficina Motor, do GNT. Cada um na sua década, eles registraram os primeiros passos, os modelos que marcaram época, os lançamentos e a evolução da industria automobilística. 

Conheça o site do Museu da Imprensa Automotiva. Clique AQUI



Verão Valverde: estrela das Havaianas, musa do camarote, rainha do baile do Copa, aqui é Isis

Havaianas: celebridade na praia

por Ed Sá

O verão é de Isis Valverde. De férias após a novela A Força do Querer, a atriz será a Musa do Camarote N° 1, no Sambódromo, e Rainha do Baile do Copa. Mas ganhou o posto de estrela da temporada ao protagonizar o segundo comercial das Havaianas, o da celebridade na praia.

Uma Havaiana para cada desejo.

O primeiro, lançado no fim do ano passado já teve grande repercussão. O tema foi "Cores e Superstições" de Réveillon. Branca pra não faltar paz, amarela para não faltar dinheiro, azul pra não faltar serenidade e vermelha para não faltar... sexo.
Para ver comercial da Praia, clique AQUI

Para ver o filme das Cores, clique AQUI


Instituto Rio Branco admite pela primeira vez uma diplomata negra. E a instituição existe há 73 anos...

Reprodução/Site Fala Piauí
Luana Alessandra Roeder, 28 anos, abandonada ao nascer na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, e posteriormente adotada pela agrônoma alemã Reinhild Roeder - que morava na praia de Barra Grande, litoral do Piauí - cursou Relações Exteriores na Universidade de Brasília.

No último dia 15, ela tomou posse no Itamaraty depois de aprovada no concurso público do Instituto Rio Branco.  O site Fala Piauí celebra a conquista da jovem piauiense.

O primeiro embaixador negro foi Benedicto Fonseca Filho, nomeado pelo ministro Celso Amorim, apenas em 2010. O Itamaraty empreende, hoje, ações afirmativas e fornece bolsas para afrodescendentes, mas, ao longo da sua história, acumulou episódios de racismo.

O ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, já revelou uma anotação no relatório do seu exame psicotécnico, quando fez concurso em 1980: “tem uma auto-imagem negativa, que pode parcialmente ter
origem na sua condição de colored”, escreveu o avaliador. E na entrevista com diplomatas, Barbosa ganhou um "regular" no quesito "aparência". Parte dessas informações estão no estudo "Da exclusão à inclusão consentidas: negros e mulheres na diplomacia brasileira", de Karla Gobo.

Luana é a primeira negra diplomata do Itamaraty, embora o Rio Branco tenha sido fundado em 1945, e chega 100 anos depois da primeira mulher, branca, diplomata, nomeada em 1918. Registre-se que depois disso o Itamaraty fechou as portas às mulheres: a segunda diplomata branca só assumiu um cargo em 1953, por força de um mandato de segurança.

Luana ganha o direito de representar o Brasil no ano em que serão comemorados os 518 anos do Descobrimento, os 198 de Independência e os 130 anos da Lei Áurea.

O site do Instituto Rio Branco ainda não registrou no seu canal de notícias a nomeação da primeira mulher negra.

Trump pede emprestado para a Casa Branca quadro de Van Gogh e museu oferece outra obra de arte: uma privada em ouro maciço



Reprodução Washington Post

Reprodução You Tube
por Ed Sá 

Essa é de deixar Sérgio Cabral e seu banheiro hi tech com inveja.

A Casa Branca pediu emprestado ao Guggenheim uma obra de Van Gogh  provavelmente para enfeitar o quarto do Tio Trump. O  museu negou o pedido. Alegou que o quadro "Landscape with Snow", do pintor holandês, seguiria para uma exposição na Europa. A notícia está no Washington Post.

A conclusão possível é que os curadores da instituição acharam que uma privada em ouro maciço combinava muito mais com a sensibilidade artística de Donald Trump.

A privada é também uma obra de arte, chama-se "Estados Unidos", e foi criada pelo artista plástico iconoclasta Maurizio Cattelan.  Foi exposta no Guggenheim, em Nova York, no ano passado, e foi utilizada, e não apenas vista, por mais de 100 mil pessoas. Fazia parte da simbologia imaginada pelo artista os visitantes depositarem seus fluidos e sólidos nos "Estados Unidos".

Leve sua cervejinha, cachaça, picanha, maminha e farofa. Estudantes convidam para churrasco amanhã no triplex do Lula

por O.V.Pochê 

Como os juízes já oficializaram que o triplex é do Lula, a UNE está convocando os estudantes para uma churrasco, amanhã, no edifício Solaris, no Guarujá.  “Traga sua cervejinha gelada, uma cachacinha e venha protestar com os compas no churras de inauguração do apartamento novo do Lula! Afinal, os novos vizinhos do presidente precisam conhecer os amigos dele!”, diz o convite para Facebook. A notícia está no Brasil de Fato.

Pelo jeito, serão vários churrascos: mais de 20 mil pessoas já comunicaram seu interesse no "Churra do Povo".

Além da UNE, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto está liberado para ir ao triplex. Durante o comício na Praça da Repúblicas, em São Paulo, o próprio Lula, dono do imóvel, segundo a Justiça, autorizou acesso: "Já falei para o Boulos (Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST) mandar o pessoal dele ocupar o apartamento. Já que é meu, então ocupem!”, afirmou o proprietário do imóvel, segundo o TRF-4.

O Jornalistas Livres ironiza que Lula pode até ser dono, quem sabe, de toda a orla do Guarujá. O site revela que em 1982 (veja recorte abaixo), o Estadão parou as máquinas para denunciar que o operário tinha uma casa de veraneio no balneário paulista. Se alguém encontrar o endereço e conseguir a escritura, Lula poderá oferecer a residência para ser o point para outros churrascos festivos com fartura de cerveja gelada. O verão agradece.

 

Por uma Pichincha...

Foto; Reprodução Twitter
por Niko Bolontrin 

Kaká encerrou a carreira, mas segue o exemplo de Ronaldinho Gaúcho e entra no circuito de jogos-exibição. Assim como políticos, empresários, juízes, escritores e jornalistas faturam no mercado de palestras, os boleiros também têm direito à renda extra. O Barcelona de Guayaquil não informou o cachê do brasileiro. Melhor Kaká ficar de olho: o patrocinador é o Banco Pichincha e nome não deve ser à toa.

Redes sociais relembram Henfil...


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Do jornalista americano Glenn Greenwald ao assistir à performance da "Moro News", como foi apelidada nas redes sociais, ontem...

Exposição "Mantenha a Memória Viva" - Designer brasileira vence concurso internacional de pôsteres em memória das vítimas do Holocausto


Pôster criado pela designer brasileira Júlia Cristofi ficou em primeiro lugar no concurso.
O símbolo em hebraico significa "Vida".

(do UNIC Rio) 


O Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) inaugura no dia 29 de janeiro no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, uma exposição com pôsteres em memória das vítimas do Holocausto, fruto de um concurso internacional vencido pela designer brasileira Júlia Cristofi.

O evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, lembrado em 27 de janeiro, data em que as tropas soviéticas libertaram Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista.

A mostra “Mantenha a Memória Viva — Nossa Responsabilidade Compartilhada” fica em cartaz até 28 de fevereiro e tem entrada franca. É resultado de um concurso internacional promovido pelo Programa das Nações Unidas para Divulgação do Holocausto e a Escola Internacional para Estudos do Holocausto do Yad Vashem, com patrocínio da Fundação Asper e endossada pela Aliança Internacional pela Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês). 

Um júri internacional selecionou os 12 melhores trabalhos a partir de 150 inscrições de designers e estudantes de design da Áustria, Bósnia e Herzegovina, Brasil, China, Hungria, Índia, Indonésia, Israel, Peru, Polônia, Rússia, Sérvia e Eslovênia. A mostra acontece simultaneamente na sede da ONU em Nova Iorque e em diversos países. O pôster criado pela designer brasileira apresenta imagens de sobreviventes do genocídio com o símbolo do Chai, que significa vida, em hebraico.

O diretor do UNIC Rio, Maurizio Giuliano, e o vice-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ), Claudio Goldemberg, participam do evento, que terá ainda a exibição de um vídeo com depoimentos de sobreviventes do Holocausto que moram no Brasil e a presença de representantes das comunidades judaica e cigana no Rio de Janeiro.

SERVIÇO

Abertura da Mostra “Mantenha a Memória Viva – Nossa Responsabilidade Compartilhada”
Dia 29 de janeiro – 11 horas - Ficará aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada franca, até o dia 28 de fevereiro.
Palácio Itamaraty – Av. Marechal Floriano, 196 – Rio de Janeiro

- O Palácio Itamaraty não permite a entrada de pessoas trajando bermudas ou shorts e não funciona nos finais de semana ou feriados (incluindo a Quarta-Feira de Cinzas).

Fonte: Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio)

Verissimo

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Jornalismo investigativo - Repórteres disfarçadas se infiltram em festa beneficente onde o assédio sexual é "liberado".


Reprodução Financial Times
Até aqui, a mídia dedicou espaço e páginas às denúncias de assédio sexual. A partir delas, de Hollywood ao Rio de Janeiro, de Paris a Londres, depoimentos foram colhidos, psicólogos foram ouvidos e os RHs da empresas passaram a se preocupar com o assunto e até a criar códigos de conduta para prevenir comportamentos inadequados entre seus funcionários.

Para o Financial Times, pelo menos, essa fase passou. O jornal britânico incluiu o assédio sexual entre as pautas do seu núcleo de jornalismo investigativo.

Embora especializado em economia, uma das suas matérias mais destacadas, hoje, denuncia grandes empresários londrinos, alguns ligados à prefeitura da cidade, de promoverem um leilão beneficente black tie  - uma tradição de 33 anos -, onde o assédio sexual teria corrido solto. Isso apesar do programa impresso distribuído aos participantes pedir que não assediassem sexualmente o distinto público ou a equipe do evento. Fazia sentido. Apenas homens foram admitidos no leilão, mas a exceção era o problema: belas recepcionistas contratadas, várias delas jovens universitárias que tentavam anabolizar a renda mensal. Os lotes em leilão incluíam, entre outros, uma noite em um clube de strip tease e bônus de cirurgia plástica, com o apelo nada sutil de "Adicione tempero à sua esposa". As recepcionistas eram informadas de que os homens poderiam ser "irritantes", mas que trabalhariam em um lugar "inteligente e sexy". Elas deveria usar sapatos pretos, roupas íntimas pretas, cabelos e maquiagem impecáveis. A produção do evento forneceria os vestidos. Entre o grupo que topou o serviço  - ser alta, magra e bonita eram pré-condições  - havia advogadas em busca de contatos, executivas de marketing, dançarinas e modelos.

Agora, a polêmica jornalística: o Financial Times infiltrou duas repórteres disfarçadas entre as hostess para tentar registrar o bundalelê de assédio explícitos. Ao lado da repercussão da matéria, o método investigativo também virou motivo de discussão entre comunicólogos. Insistência em pegar nas mãos das recepcionistas, convites para uma visitinha ao quarto do hotel eram comuns na noitada chique, No clima de consumo de vodca, uísque, o passo seguinte era puxar as jovens para o colo. Uma das meninas contratadas queixou-se de abuso quando precisava ir às mesas e lhe passavam a mão na bunda e nas pernas, outra contou às repórteres que um alto executivo havia lhe mostrado o pênis. Uma das garotas defendeu os empresários e alegou que eles apenas "flertavam" sem maires consequências. Além disso, o staff feminino era incentivado a interagir com os convidados. Pelo menos uma delas, definiu a noite como "divertida", com a vantagem de poder beber no emprego. De uma hostess, as jornalistas ouviram um desabafo: "Não acredito que estou aqui de novo" - e confessou que era a quinta vez que ela participava da festa exclusivamente por precisar de dinheiro.

Justiça condena Zeca Camargo por supostamente ofender o falecido cantor Cristiano Araújo e a música sertaneja

Uma juíza de Goiás condenou o jornalista Zeca Camargo a pagar R$60 mil de indenização a João Reis de Araújo, pai do cantor sertanejo Cristiano Araújo, morto em um acidente de carro em 2015, e aos seus empresários. Os autores da ação por danos morais, que dividirão a indenização, alegam que ao ler uma crônica na Globo News, Zeca Camargo foi preconceituoso e ofendeu a imagem do cantor e da música sertaneja. Zeca negou ter ofendido Cristiano, alegou que apenas expôs sua opinião de que ele não era ainda um artista de projeção nacional e que a crítica feita não foi ao seu trabalho, mas ao cenário musical brasileiro. .

Ainda cabe recurso à sentença. Caso confirmada, ela atingirá Zeca Camargo e o jornalismo. A liberdade de expressão será relativizada e os veículos de comunicação terão que rever seus conteúdos. O que é, por exemplo, "ofender a imagem da música sertaneja" ou de qualquer outro objeto de crítica? Zeca Camargo nem entrou nesse mérito, mas, daqui pra frente, confirmando-se essa sentença, não se pode dizer que esse tipo de música, como qualquer outra, pode ser ruim ou até intragável? O funk é muito criticado. Falar mal do funk pode, da música sertaneja, não? Sério?

Leia mais sobre a condenação de Zeca Camargo, clique AQUI

E veja o vídeo da crônica que motivou o processo. Clique AQUI

Lula antes da prisão. Em 1979, Manchete levou o operário ao Gallery e chocou a esquerda e a direita. Aconteceu pouco meses antes dele ser preso pela ditadura.

Jeff Thomas e Lula, no Gallery, em São Paulo, em 1979. A matéria "A classe operária vai ao paraíso"
foi publicada na Manchete com uma sequência de fotos. Infelizmente, com o desaparecimento do acervo
que pertenceu à Bloch, sobrou a reprodução acima


por Flávio Sépia  

Lula é a notícia, agora.

O Brasil se volta para o TRF-4 que confirmará em algumas horas a condenação anunciada do ex-presidente. É um momento crucial na trajetória de um personagem que, a partir da segunda metade dos anos 1970, se faz presente em praticamente todo enredo político do Brasil.

Em 1979, coube à Manchete dar a Lula uma dimensão de celebridade em um momento bem mais ameno. O metalúrgico e sindicalista tornou-se conhecido em todo do Brasil quando liderou, a partir de 1977, o movimento de reivindicação salarial dos trabalhadores e as greves da categoria em desafio à ditadura.

Havia curiosidade em torno do novo líder. A revista Fatos & Fotos, então dirigida por Zevi Ghivelder, encomendou ao colunista Jeff Thomas uma matéria com Lula. A ideia era fazer algo mais original e inusitado: levar o metalúrgico ao Gallery, então templo dos endinheirados paulistas e o máximo de sofisticação na época.

Jeff Thomas, cujo nome verdadeiro é Francisco de Assis Veras, figura folclórica do jornalismo desde o fim da década de 1950, frequentava tal ambiente, tinha os contatos e o caminho para chegar tanto a Lula quanto ao Gallery. E assim ele armou a matéria que nascia até com um título pronto: "A classe operária vai ao paraíso". Curioso é que o personagem vivido por Gian Maria Volonté no filme que foi um dos melhores daquela década é o operário Lulu Massa, quase homônimo do convidado de Jeff Thomas ao paraíso dos milionários paulistas.

A matéria foi feita, as fotos falavam por si. Bem comparando, a Fatos & Fotos era uma revista de 1ª Instância, para usar um termo de hoje, e o Manchete era o STF. Daí, a surpreendente e simbólica reportagem foi simplesmente sequestrada da F&F e levada para as páginas da Manchete.

Irônico, Jeff disse que, durante o jantar, Lula  respeitou a etiqueta. "Pegou os talheres com classe, mastigou de boca fechada e não falou de boca cheia", escreveu o jornalista enquanto limpava, talvez,  a baba politicamente incorreta que escorria da própria boca.

Lula foi criticado por aceitar a encenação, a esquerda rotulou a matéria de preconceituosa e a direita achou que a revista estava promovendo um "perigosos subversivo". Manchete repercutiu nas bancas e nos programas de TV, jornais comentaram a performance society do líder operário o o sindicalista foi várias vezes questionado por jornalistas.

Não se avexou, como se diz em Pernambuco, terra do Lula, e no Rio Grande do Norte, onde nasceu o potiguar-londrino Jeff Thomas: "Meu sonho é que todos os operários possam um dia ir ao Gallery", repetia com humor o futuro presidente aos repórteres que o procuravam para comentar a visita ao paraíso da elite empresarial..

Pouco meses depois, em 1980, Lula foi preso pela ditadura e condenado a três anos e meio de cadeia com base na Lei de Segurança Nacional por "incitação à desordem pública". Recorreu e foi absolvido no ano seguinte. Mas sua relação com qualquer sofisticação nunca mais passaria desapercebida. Em 2002, assim como no caso do Gallery, outra investida dele no grand monde seria motivo de críticas e se tornaria pauta nacional: depois de um dos debates da campanha presidencial, o ex-operário foi visto jantando no restaurante Osteria Dell'Angolo, em Ipanema, em uma mesa com cerca de 20 pessoas e... taças de vinho do caríssimo Romanée Conti.