quinta-feira, 8 de março de 2018

The Economist: Trump declara guerra mundial...


A capa da revista The Economist é a guerra comercial aberta por Donald Trump que, na prática, decreta uma sanção global. A União Europeia já listou produtos americanos que serão taxados tão logo os Estados Unidos aumentem em até 25% os impostos para importação de aço e alumínio. Trump também ameaça elevar os impostos para automóveis importados e outros produtos. O Brasil pode ser duplamente prejudicado pela medida: perderá o mercado americano e poderá sofrer os efeitos da queda do preço do aço no mercado. Os Estados Unidos importam do mundo cerca de 30 milhões de toneladas do produto que, a partir da taxação, vão ser despejados no mercado mundial impactando as cotações.
Diante da crise anunciada, é vexatório o silêncio das autoridades brasileiras. Michel Temer, Henrique Meirelles e o ministro da Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira parecem não querer incomodar Tio Trump. Ou provocar o FBI, parceiro da Lava Jato...

ATUALIZAÇÃO EM 9/3/2018 - O governo brasileiro reagiu. Por enquanto com "preocupação" e uma nota oficial. Ministros dizem que o Brasil prefere o "diálogo", mas "recorrerá a todas as ações necessárias". Trump ainda não chamou o Brasil para "dialogar". Os ministros de Temer ainda vão pegar senha e levar cadeiras para a fila no sereno da Avenida Pensilvânia, nº 1600, Washington D.C.
Especula-se que Temer, provavelmente, enviará uma carta pelo Fedex.

Leia a nota:

"O governo brasileiro tomou conhecimento, hoje, com grande preocupação, da decisão do governo dos Estados Unidos, de aplicar sobretaxa de 25% às importações de aço e de 10% às importações de alumínio, sob alegada justificativa de segurança.

As medidas causarão graves prejuízos às exportações brasileiras e terão significativo impacto negativo nos fluxos bilaterais de Comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos nos últimos 10 anos, e nas relações comerciais e de investimentos entre os dois países.

Desde o início das investigações do Departamento de Comércio dos EUA, no primeiro semestre de 2017, o governo brasileiro, em coordenação com o setor siderúrgico nacional, buscou, em sucessivas gestões, evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras, esclarecendo ao governo americano e a outros atores relevantes naquele país que os produtos do Brasil não causam ameaça aos interesses comerciais ou de segurança dos EUA. Ao contrário, as indústrias de ambos os países são integradas e se complementam. Cerca de 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, utilizados como insumo pela indústria siderúrgica norte-americana. Ao mesmo tempo, o Brasil é o maior importador de carvão siderúrgico dos Estados Unidos (cerca de US$ 1 bilhão, em 2017), principalmente destinado à produção brasileira de aço exportado àquele país.

As medidas norte-americanas minarão os esforços em curso no Foro Global do Aço, do qual os EUA fazem parte, com vistas a uma solução para a questão do excesso de capacidade no setor siderúrgico, verdadeira raiz dos problemas enfrentados pelo setor.

As medidas restritivas às importações de aço e alumínio são incompatíveis com as obrigações dos EUA ao amparo da Organização Mundial de Comércio, e não se justificam, tampouco, pelas exceções de segurança do GATT 1994.

Ao mesmo tempo em que manifesta preferência pela via do diálogo e da parceria, o Brasil reafirma que recorrerá a todas as ações necessárias, nos âmbitos bilateral e multilateral, para preservar seus direitos e interesses.

Ministros Aloysio Nunes Ferreira e Marcos Jorge"


5 comentários:

Corrêa disse...

O Brasil perdeu importância com o golpe e ganhou subserviência. Tem agora a diplomacia do yes, sair de quatro e rabo pra cima

J.A.Barros disse...

Quando os EUA aumentaram as taxa de determinados produtos brasileiros Henrique Simonssen imediatamente comunicou que iria aumentar em 25% as taxas sobre a importação sobre filmes americanos, os EUA recuaram logo desses aumentos sobre produtos brasileiros.

Rick disse...

Não só o governo amarela, as tias colunistas de economia mal abordam o assunto, sao sobrinhas do tio Trump, medinho de ser barrada no aeroporto quando for pedir bêncao ao Buffet.

J.A.Barros disse...

A constituição brasileira foi esfacelada – imaginem por quem: por um Ministro cuja razão de ser Ministro do STF é a de defender a Constituição, o ministro Lewandowsky – e o enigmático presidente do senado Renan Calheiros – que tem o nome mais pra cantor de rádio do que pra senador – no momento em que dividiram o artigo 52 da constituição que rege o "impeachment " de um presidente , no caso da dona Dilma Rousseff, que lhe cassaram o mandato de presidente mas mantiveram seus direitos políticos, até a de se candidatar a qualquer cargo elegível, menos do de "presidenta".

Tales disse...

Bem observado, os jornais comprometidos com o mercado financeiro tratam gentilmente de delicadamente as sanções de Trump ao Brasil. Capaz de em breve elogiarem.