quinta-feira, 10 de maio de 2018

Copa da Rússia: coxinhas sequestraram o uniforme da seleção. E aí, você vai vestir camisa amarela e sair por aí?

Camisa da seleção versão  Copa da Rússia.
Foto Nike/Divulgação
por Niko Bolontrin

Falta pouco mais de um mês para a seleção brasileira estrear na Copa da Rússia e uma polêmica ronda as redes sociais.

A camisa amarela da CBF será unanimidade nas ruas ou a metade do Brasil dividido que não que ser confundida com os coxinhas das passeatas vai rejeitar o uniforme?

Os "homens de bem" e as "mulheres de bem" que levaram Michel Temer ao poder se apropriaram do verde-amarelo ou quem faz oposição ao ilegítimo enrolado com a lei dará a mínima pra isso e vai torcer vestido de canarinho?

Por falar em Michel Temer, se o Brasil for campeão ele vai surfar no hexa e partir para a reeleição?  Temer é o Garrastazu Médici do século 21, vai sair do 1% em popularidade e se tornar bem-amado se Tite trouxer a taça?

Um pouco de história à margem das quatro linhas. Até 1953, a seleção brasileira usava uniforme branco. Jogou assim a Copa de 1950. A derrota para o Uruguai marcou a camisa. "Deu azar,", imaginou a torcida. O jornal Correio da Manhã detectou esse sentimento e organizou um concurso para a escolha de um novo uniforme a tempo de ser usado nas eliminatória para a Copa de 1954, na Suíça. O gaúcho Aldyr Garcia Schlee venceu entre 200 concorrentes ao sugerir um modelo com as cores da bandeira do Brasil: camisa amarela, golas e mangas verdes, calção azul, meiões brancos. A seleção não brilhou em 1954, mas foi campeã em 1958 (naquela copa estreou o uniforme azul, como segunda camisa, no jogo contra a Suécia, que usava o verde-amarelo também) e bi em 1962. A camisa amarela se consagrou. Com o tri, em 70, virou lenda. Nem o vergonhoso 7 x 1 de 2014 contra a Alemanha levou a torcida a exigir mudança de cores.

O risco agora está fora de campo: é vestir amarelo e ser confundido com coxinha. Vai encarar?


Acima de tudo, vamos torcer para que Temer não reedite o twit que postou pouco antes do desastre contra a seleção alemã no Mineirão, e ainda por cima com uma camisa amarela personalizada. Aquilo deu um azar danado. Naquele dia fatídico, ele vaticinou que o Brasil ia ganhar de 2 x 1.

A expectativa agora é ver o que a torcida vestirá nas ruas e bares na tarde de domingo, 17 de junho, às 15 horas, quando a seleção pisar o gramado da Rostov Arena, na cidade de Rostov-on-Don, Rússia.

Eu já separei o uniforme B do Brasil, o azul, menos contaminado.

Mas cogito usar também a camisa azul da simpática e neutra Islândia. Aquele país onde, para a maioria dos jogadores, futebol era até pouco tempo o segundo emprego de dentista, cineasta, economista etc. Esse tempo de atleta de meio período ficou para trás. Com o sucesso na Eurocopa de 2016, quando chegou às quartas-de-final, muitos dos seus jogadores foram contratados por grandes clubes europeus.

Mas se não perdeu a alma de viking peladeiro, a Islândia deverá ser uma das mais alegres atrações da Copa da Rússia. 

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