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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Influenciadores na mira da lei. Caso Choquei e a fake news assassina. O "aviãozinho" malandro e o banco muito "izperto"

por Ed Sá

O trágico Caso Choquei - o site de fofocas que publicou a fake news que angustiou a menina Jéssica Canedo e a levou ao suicídio; a parceria de influencers famosos com portal que promove o jogo do "aviãozinho" e recebeu queixas de internautas que acusam a empresa de não pagar os ganhadores de quantias mais altas;  e o Girabank,  montado em sociedade com influenciadores e que é acusado de impedir o resgate de depósitos dos contistas, acendem alerta nas redes. Em foco, o pessoal que tem milhões de seguidores e usa esse poder para recomendar produtos financeiros e muitas vezes impulsionar fraudes ou simplesmente publicar fake news, notícias maldosas e irresponsáveis. São as plataformas 171.

Já passou da hora de o Brasil aprovar legislação que responsabilize os donos dessas páginas por manipulação dos seus seguidores, autoria direta e cumplicidade em esquemas fraudulentos e em agressões e crimes variados. Se houver regras legais sobre isso talvez os influenciadores passem a atentar para a ética e investigar seus patrocinadores antes de ajudar muitos pilantras a enganarem milhares de pessoas. 

segunda-feira, 21 de março de 2022

Cadê o Telegram que estava aqui? Sumiu e já voltou. Tem "especialista" que acha que foi censura. Tem "especialista" que diz que foi bem feito porque o aplicativo estava se lixando para o STF

por José Esmeraldo Gonçalves 

A Frase do Dia, no post anterior, é oportuna. Os canais de notícias fazem atualmente um jornalismo baseado principalmente em análises de "especialistas" convidados e opiniões de âncoras e comentaristas contratados. Nesse aspecto é um espécie de "internetização" do jornalismo, um turbilh~qao de opiniões e "sacadas'. 

Os repórteres que ainda resistem bravamente são geralmente escalados apenas para ouvir assessorias de imprensa e autoridades - é a praga do jornalismo declaratório - e, às vezes, tentar saber o que o "outro lado" pensa. 

Matérias investigativas nos canais por assinatura? Diz aí uma só. Curiosamente, muitos poderão lembrarão que é o velho e semanal  Fantástico, da TV Globo aberta, ainda investe com frequência em reportagens investigativas. Jornais como Folha de São Paulo e Estadão ainda surpreendem de vez em quando com matérias investigativas. No digital, têm se destacado os portais Metrópoles, UOL, BBC Brasil e, especialmente, sites de jonralismo independente, como Brasil de Fato, Intercept, Ponte, Agência Publica, Lupa, além de muitos pequenos veículos regionais qie fazem um contrapónto à mídia neoliberal.

Somando Globo News, CNN BR, Band News, Record News, JP News, vão ao ar diariamente mais de  50 especialistas opinando sobre os mais diversos assuntos. São tantos que já deve ter criança querendo ser "especialista" quando crescer. O jornalismo de palestrante só não cresce mais porque quando um convidado surpreende ao analisar um fato qualquer sob ângulo contrário à orientação politica, econômica, religiosa etc das empresas de comunicação entra para um índex de eternos desconvidados. 

Bom, a fórmula deve dar boa audiência já que todos a seguem. 

Não por acaso. comentários dos "especialistas" e da aglomeração de comentaristas contratados rendem polêmicas e retuítes nas redes sociais. É tamanho o fluxo de opiniões que é impossível evitar que muitas delas sejam desbaratadas e se transformem em discussões nas redes sociais., 

Veja o caso da atual polêmica envolvendo o Telegram. O aplicativo está no foco de um investigação sobre crimes digitais na internet. Fake news, ataques à democracia, calúnias, mensagens políticas ilegalmente impulsionadas, racismo, preconceito, misoginia, incitação à violência são conteúdos que desembestam nas redes sociais e no Telegram aparentemente com maior intensidade. O ministro Alexandre Moraes mandou tirar o Telegram da tomada. Alguns "especialistas" e comentarisas divergiram. Os jornalistas neoliberais defenderam a liberdade total e chamaram o ato do STF de "censura". Um deles, Jorge Pontual, da Globo News, pregou como se fosse um missionário do liberalismo ao dizer que as fake news devem ter transito livre e que cabe ao ouvinte, assinante, leitor decidir sobre o que é fake e o que não é. Felizmente, no mesmo programa, a comentarista Flávia Oliveira esclareceu que o Telegram, ao contrário do que Pobntual argumentou, foi bloqueado por não atender a nenhum das intimações do STF e por não ter representante legal no Brasil - apenas um advogado que cuida de direitos autoriais. Não foi desligado por veicular conteúdo falso ou não. Foi penalizado por não dar bola para a Corte máxima da democracia brasileira. Se tivesse atendido ao STF, como fez, por exemplo, a justiça alemã em caso semelhante, teria sido possível bloquear apenas os canais criminosos e não todos os usuários. 

O STF informou ontem que o Telegram finalmente atendeu à determinação do ministro Alexandre Moraes quanto às questões criminais e demais demandas jurídicas. O aplicativo finalmente instalará  um representante formal no Brasil, deixando a cladestinidade virtual. Com isso foi liberado para voltar a funcionar. 

Restou aos coleguinhas que chamaram a decisão do STF de "censura", a subida "honra" de estar junto e connectado a Jair Bolsonaro.    

terça-feira, 20 de abril de 2021

A notícia Nagle da Leda Fake: jornalista divulga "denúncia" mentirosa de "plano" de Lula e do STF para matar Bolsonaro

 










Leda Nagle não pode negar que provou o "sucesso" na internet. Ontem, ela estourou na web com uma mentira galopante. Foi a líder em citações negativas. Acima alguns poucos exemplos entre  milhares. A jornalista bolsonarista, com ar solene e dramático, anunciou que a PF havia descoberto um plano arquitetado por Lula para matar o Bozoroca.  

Era fake news explícita e ela participou da rede de divulgação. 

Como se sabe. a CPI das Fake News está parada. Em 2022, ano eleitoral, se nada for feito a ultradireita que deitou e rolou em 2018 terá seu principal palanque no crime até aqui impune de difundir difamação, mentiras, falsas montagens, farsas e fraudes.

Parabéns aos envolvidos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mídia - Vale tudo por dinheiro? Até fake news de bolsomédicos? Jornais recebem críticas por veicular matéria paga mentirosa sobre "tratamento precoce" contra a Covid-19.


por José Esmeraldo Gonçalves

O Brasil assistiu ontem a um derrame de fake news, provavelmente um dos maiores já registrados na grande mídia. A mentira foi levada aos leitores em forma de matéria paga. Os jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Povo, Jornal do Commércio (PE), Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio (BA), e Zero Hora (RS) publicaram o anúncio assinado por bolsomédicos de Pernambuco, que provavelmente seguem os ensinamentos do "Dr. Bolsonaro", representados por uma certa "Associação Médicos Pela Vida", pregando o uso de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no combate à Covid-19. 

A ineficácia desses medicamentos para o combate à Covid-19 está exaustiva e cientificamente comprovada por cientistas e institutos de pesquisa em níveis nacional e mundial, além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). 

O estranho anúncio tem muito de ideologia e nada de ciência.  

A publicação do material comprovadamente mentiroso levantou uma questão; se os jornais apregoam "código de conduta" para o conteúdo jornalístico, como não exigir ética e honestidade das matérias pagas? Basta pagar que o jornal veicula? 

A repercussão foi péssima e hoje alguns jornais, como a Folha e O Globo, caíram na real é publicam matérias demonstrando a falsidade das alegações dos bolsomédicos. Melhor que essa contestação tivesse sido publicada na mesma edição da fake news paga. O material circulou por 24 horas e certamente ajudou a disseminar perigosas "informações" sobre a pandemia. 

De qualquer, forma, mesmo tardia, desmascara a informação falsa. Agências de checagem também desmentiram o tosco e suspeito "manifesto".


ATUALIZAÇÃO EM 25/02/2021 - O Centro Knight de Jornalismo, ligado à Universidade do Texas, fez matéria em português e nas versões internacionais do site sobre a repercussão da polêmica matéria paga publicada em jornais brasileiros. A reportagem é assinada por Julio Lubianco, Leia a seguir: 


"Pelo menos oito jornais brasileiros publicaram na terça-feira, dia 23, um informe publicitário em que uma obscura associação de médicos defende a adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da COVID-19, cujo benefício não é cientificamente comprovado. A decisão das empresas jornalísticas de abrir espaço, ainda que publicitário, para a veiculação de informações falsas sobre a pandemia gerou críticas.

“Folha de S. Paulo e O Globo erraram feio em aceitar anúncio de tratamento precoce no caderno principal. Não dá para criticar as mídias sociais por difundirem desinformação e fazerem igual num meio com controle editorial. Às vezes os princípios precisam valer mais do que o dinheiro,” escreveu Pablo Ortellado, coordenador do laboratório interdisciplinar Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), no Twitter.

Além de Folha e Globo, os dois maiores do Brasil, outros seis jornais estamparam o informe publicitário: Jornal do Commercio, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio, O Povo e Zero Hora. A organização que assina o anúncio é a Associação de Médicos pela Vida, cujo site esteve indisponível ao longo de terça e em parte de quarta-feira. "

A matéria completa está no link AQUI

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Sem vergonha: Repórteres Sem Fronteira deixa Bolsonaro nu

 



Do RSF

"Enquanto a Covid-19 provoca estragos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contribui para aumentar o número de mentiras em circulação e segue atacando a imprensa - numa tentativa de esconder sua incapacidade de administrar a crise sanitária. “A verdade nua”, campanha produzida pela agência BETC Paris em parceria com a Repórteres sem Fronteiras (RSF), reitera a importância crucial do jornalismo para garantir o acesso a informações confiáveis sobre a pandemia.

A nova campanha da RSF no Brasil, lançada em 22 de fevereiro de 2021, defende que se mostre “a verdade nua", a crua realidade dos fatos, para além de alegações fantasiosas ou manipuladoras. Uma fotomontagem mostra o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, sem roupa*, coberto apenas por uma placa que informa o número de mortes causadas pela Covid-19 e o número de casos confirmados da doença no país**. 

Uma forma simbólica de confrontar o presidente Bolsonaro com a realidade nua e crua dos fatos, enquanto ele acusa a imprensa pelo caos instalado no país para desviar a atenção de sua desastrosa gestão da crise sanitária. O Brasil é hoje o terceiro país mais afetado no planeta pela Covid-19 e a campanha reforça a importância de conhecer os fatos para compreender a pandemia e poder agir sobre ela. Fatos aos quais a população brasileira não teria acesso sem o trabalho dos jornalistas. 

"Essa campanha propositalmente chocante visa despertar as consciências a reagirem aos ataques permanentes do sistema Bolsonaro contra a imprensa, afirmou Christophe Deloire, Secretário-Geral da RSF. Os ataques não são apenas moralmente intoleráveis, mas também perigosos para a população brasileira que se vê privada de informações vitais sobre a pandemia. O trabalho dos jornalistas é fundamental para relatar os fatos e informar as pessoas sobre a realidade da crise sanitária. Mais do que nunca, o direito à informação, intimamente ligado ao direito à saúde, deve ser defendido no Brasil.”  

O trabalho da imprensa brasileira tornou-se particularmente complexo desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder em 2018. Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente do país. Sempre que informações contrárias aos seus interesses ou aos de sua administração se tornam públicas, ele não hesita em atacá-los com violência. No final de janeiro, por exemplo, Jair Bolsonaro mandou os jornalistas para "a puta que o pariu" e afirmou que a lata de leite condensado era para "enfiar no rabo [...] da imprensa". Essa declaração delirante faz parte de uma estratégia bem azeitada de ataques contra a imprensa coordenados pelo presidente e seus familiares que ocupam cargos eletivos, conforme apresentado pelo relatório da RSF que lista nada menos que 580 ataques apenas em 2020. 

“A verdade nua” se alinha com as fortes e irreverentes campanhas de comunicação divulgadas pela RSF para promover a sensibilização do público em geral e da comunidade internacional com relação às violações da liberdade de informar. Produzida com o apoio da agência BETC Paris, a campanha está disponível em quatro idiomas (francês, inglês, espanhol, português).   

O Brasil ocupa a 107ª posição entre os 180 países incluídos no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, publicado pela RSF."

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Na mídia e nas redes sociais, a onda das fake news chega às estatísticas?

Os primeiros dias de 2020 jogam na praia da mídia e das redes sociais uma nova polêmica: a das estatísticas possivelmente fakes.

Inicialmente, uma suposta pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) trombeteou que as vendas de fim de ano tiveram um acréscimo de mais de nove por cento. Lojistas de uma entidade dissidente, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites, contestaram os números (70% dos seus filiados afirmaram que as vendas foram iguais ou inferiores às do ano passado) e o Ibope, a quem a Alshop atribuiu a confirmação das informações, publicou nota afirmando que não repassou dado algum para o tal levantamento.

O número de pessoas em Copacabana também levanta dúvidas. Segundo veículos da grande mídia, cerca de 3 milhões de pessoas assistiram nas areias de Copacabana à tradicional queima de fogos. O cálculo seria da PM. Nas redes sociais, moradores de Copacabana falam sobre impressão contrária: a de mais espaços vazios do que no ano passado. Já a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou que a cidade recebeu exatos 1 milhão e 700 mil turistas, mas não informa como chegou a esse número.  Em réveillons anteriores, a mídia deu destaque às ocorrências de violência ou arrastões e, principalmente, roubos de celulares. A PM não divulgou ainda o balanço total de ocorrências, mas informa que deteve apenas dez pessoas, número considerado bem baixo já em em 2015, 2017 e 2018 as cenas de delegacia lotada de turistas vítimas de roubo foram recorrentes.

Embora não tenha divulgado os números oficiais finais, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) esperava alcançar 100% das vagas ocupadas no Rio de Janeiro. A conferir.

No ano das fake news, em que o governo federal foi várias vezes flagrado divulgando números falsos, as estatísticas oficiais saem abaladas e entram em 2020 sob fortes dúvidas.

Em geral, a mídia divulga os números tal como os recebe. Na prática, deveriam ser checados por agências especializadas ou correm o risco de se transformarem em instrumentos de propaganda política ao gosto do freguês.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Revista Veja é condenada em segunda instância por publicar reportagem falsa

A Veja perdeu mais uma causa na Justiça. Dessa vez, por plantar notícia falsa. A decisão em segunda instância é do Tribunal de Justiça de São Paulo, que condenou a revista a indenizar o ex-ministro da Saúde Alexandre Padrilha e sua mulher, Thássia Alves.
A matéria do jornalista da ultra direita Felipe Moura Brasil, foi publicada em 2015 sob o título "Farsa: Padilha turbina SUS para parto da filha! Petista dispensou plantonistas e chamou médicos de sua confiança”
Foi constatado que a reportagem era inteiramente mentirosa, fruto de invenção do repórter da Veja.
A notícia completa está na Rede Brasil Atual.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Eleições: quando a desinformação rende votos


por Carolina Assis (do Knight Center for Journalism in The Americas)

O WhatsApp tem 120 milhões de usuários ativos no Brasil, segundo divulgou a empresa em julho deste ano. Este número equivale a mais da metade da população brasileira, estimada em 208,5 milhões de pessoas. Nesta temporada eleitoral no país, cujo primeiro turno aconteceu no dia 7 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 28, o aplicativo de mensagens se tornou o principal espaço de informação para os usuários e de campanha eleitoral - e também, lamentavelmente, de compartilhamento de boatos e mentiras voltadas a favorecer ou prejudicar determinados candidatos.


Depois de surgir na Colômbia em maio e passar pelo México, o projeto de checagem O Poder de Eleger estreou no Brasil em agosto mirando justamente o WhatsApp como fonte do problema e possível solução para a desinformação generalizada durante as eleições. A iniciativa é parte da rede internacional Chicas Poderosas, que busca fomentar a presença de mulheres na liderança de mídias digitais.

PARA LER A MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI

sábado, 6 de outubro de 2018

A eleição da fake news...


Capas falsas de Veja, Época e Exame circularam durante a semana nas redes sociais. Segundo as montagens, o diretor da OEA, Gerardo de Icaza, denunciava esquema de fraudes nas urnas eletrônicas para beneficiar Fernando Haddad. O próprio Icaza desmentiu no twitter a mentira eleitoral.

Fake news, usos de robôs, contas falsas, invasão de contas, ofensas, ameaças e difamação congestionaram as redes nas últimas semanas.

Há alguns meses, Luís Fux, então presidente do TSE, botou força na peruca disse ter montado uma força-tarefa para combater fake news em campanhas eleitorais. Anunciou parcerias com empresas de tecnologia e garantiu que a estratégia de notícias falsas como marketing político podia levar até à anulação de candidaturas.

Pelo jeito, a luta contra fake news era fake news.

Hoje, o Globo informa que o Ministério Público Eleitoral planeja acionar o WhatsApp "para que adote procedimentos que permitam direito de resposta a fake news propagadas pela plataforma".

Qualquer um que não more em Marte já sabia que o WhatsApp, com 120 milhões de usuários no Brasil, é o canal preferido para propagação de mentiras, mas as autoridades descobriram isso agora.

A campanha pode até acabar amanhã e o MPE ainda "planeja" medidas para o segundo turno.


sábado, 25 de agosto de 2018

Checagem de fake news... Advogado de porta de cadeia, Alckmin faz figuração de "pobre", Globo não "curte" mais o Face de Maluf, candidato promete "cerveja digna" para todos, Branca de Neve morreu e a Disney escondeu o fato...

por O.V.Pochê 

* Estadão revela que ao deixar o governo, Temer pretende voltar à advocacia. Será especialista em "pareceres". Ao contrário do que notícias falsas definem, especialista em parecer não é o que "parece" inocente, "parece" presidente, "parece" legítimo, "parece" constitucionalista, "parece" que tem que manter isso, viu? Também não é verdade de que ele será advogado de porta de cadeia nem que atuará pelo lado de dentro.


* Alckmin em momento Geraldo. Circula no twitter a figuração instante exato em que o candidato tucano veste a fantasia do que o programa do PSDB define como "pobre cenográfico segurando sua marmita". Não é verdade que dentro da marmita Alckmin em tour nordestino carregava como entrada Tartare de Salmão e como prato principal, le plat du jour aliás, um rolê de vitela com cogumelo e acelga. A sobremesa era frugal, um simples Ile Flottante para não parecer esnobe no sertão.

* Alckmin acreditou nos colunistas e comentaristas e se mandou pro sertão. A mídia costuma enfatizar o apoio a Lula só como "coisa do Nordeste". Pesquisa do Ibope (de 16 a 22 de agosto) mostra que a análise tem falso fundamento. Entre 20 estados pesquisados, Lula lidera em 18. Só perde para Bolsonaro em Santa Catarina e Roraima. Em grandes colégios como Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, o capitão inativo leva goleada. Essa é a real news. Se Lula vai transferir votos para Fernando Haddad é outra história que só poderá ser pesquisada com precisão no curso da campanha.

* Se existisse Facebook nos tempos da ditadura e até muitos anos depois, a página de Paulo Maluf teria muitas "curtidas" do Globo. Ambos também seriam do mesmo grupo no Whatsapp e compartilhariam stories no Instagram. Por motivo de força maior, só recentemente Maluf teve que deixar a comunidade. O jornal publica hoje pequeno editorial em que festeja"enfim" a cassação pela Câmara do mandato de deputado por crime de lavagem de dinheiro. Mas não é verdade que O Globo, na seção "Desculpa Aí" pede perdão oficial pelos longos anos em que apoiou com entusiasmo o ex-prefeito e governador de São Paulo.

* A direita brasileira caminha rápido para voltar à Alemanha dos anos 1930. Depois de defender que a escravidão foi um programa sócioeconômico inventado pelos próprios negros, prega, agora, que os judeus se entregavam aos carrascos dos campos de concentração "por falta de motivação".  Mas, não estão confirmadas, por enquanto, outras afirmativas do tipo como dizer que os índios se suicidavam ao verem os bandeirantes.

*  É comum e compreensível a glorificação de personalidades falecidas, mas não é verdade o boato de que Otávio Frias Filho vai ser canonizado.

* Não é fakenews - João Pescocinho (foto), candidato a deputado distrital de Brasília promete, se eleito, "cerveja digna" para os cidadãos. E cervejinha na sombra. A notícia é do Conexão Jornalismo. Ouça o áudio AQUI

* Era uma vez uma fake news. Branca de Neve morre no fim do filme clássico de Walt Disney. O beijo do príncipe é, na verdade, o beijo da morte dado pelo Ceifador. As nuvens que envolvem o castelo, no final, representam o paraíso e a vida após a morte. O desfecho fatal foi amenizado para não chocar o público e por não ser comercialmente favorável. "Foi para evitar que crianças surtassem", argumenta o pesquisador Matt Morgan.
A personagem Branca de Neve foi inspirada em uma aristocrata alemã do século 19 e embora em 1937, quando o filme foi lançado, não existisse o "politicamente correto",  teve outros trechos adaptados.  A nobre marquesa, que morreu envenenada aos 21 anos, por uma madrasta não aprovava seu casamento com Felipe II, da Espanha, era dona de minas de carvão onde explorava trabalho escravo infantil. Na ficção da Disney, os garotos viraram os Sete Anões. Se essa teoria destrói lembranças e atrapalha um tema muito usado em festas de aniversário, reclame com o Daily Mail, que publica a matéria que rasga de vez a fantasia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Jornalismo: o falso combate às notícias falsas...


por Eugênio Magno (para a revista IHU on Line, do Instituto Humanitas Unisinos) (*) 

A expressão fake news que quer dizer notícia falsa e chega aos nossos olhos e ouvidos em idioma anglo-saxônico, com ares de novidade, não tem absolutamente nada de novo.

A mentira, a notícia falsa, o boato, o mexerico, a fofoca, a intriga, o sensacionalismo, o showrnalismo, a espetacularização do fato, a fabricação e a desconstrução de mitos, a propaganda enganosa, a publicidade travestida de notícia, o informe publicitário e o testemunhal – que confunde o leitor, o ouvinte e o telespectador –, são tão velhos quanto a vida humana no planeta.

No que diz respeito ao uso do smartphone, como veículo de comunicação, não se pode esquecer as reflexões teóricas de Marshall McLuhan, ao tratar dos meios de comunicação como extensões do homem. É preciso ter em mente que a fofoca de pé de ouvido vem sendo amplificada ao longo dos tempos, viralizou, caiu na rede, globalizou-se.

Os dispositivos digitais móveis permitem registros factuais e testemunhos muito críveis para os tempos em que vivemos. O cidadão comum se apropriou da tecnologia e saiu da condição de mero receptor de versões editadas dos fatos, ao bel-prazer da grande mídia, para o contracampo de emissor de informações. E quando lhe convém, a mídia também se utiliza, inclusive, desses registros, feitos pelo povo. Mas faz uma apropriação indevida dessa versão dos fatos; torna-se dona da voz, silenciando e invisibilizando a voz do dono.

Então, por que atribuir somente às redes sociais, a prática de fake news, especialmente num momento em que excelentes comunicadores – formados e sindicalizados ou não –, realizam o ideal do bom jornalismo, justamente nos espaços alternativos, e “cinegrafistas e fotógrafos amadores” colaboram com a grande mídia, disponibilizando conteúdos por eles produzidos?

Longe das censuras ideológicas e econômicas, das hierarquias dos veículos de comunicação de massa, respira-se informação democrática nos meios digitais, ainda que a contrapelo da enxurrada de fakes, trotes, piadas, pegadinhas, pirataria, mentiras, maledicências e impropérios, tão comuns na web. Tudo isso, sem nenhum tipo de controle. Diferentemente do que acontece na mídia tradicional, onde existe excesso de controle: da linha editorial e, fundamentalmente, da hierarquia, dos acionistas do grupo, dos anunciantes, da ideologia, do governo de plantão e de interesses geoeconômicos.

O tema das fake news necessita ser enfrentado com a seriedade e a abrangência que exige. As falsas notícias que destroem reputações de pessoas físicas e jurídicas, promovem o trucidamento público de carreiras e marcas, ferem os direitos humanos e sociais, estigmatizam países e marginalizam povos, etnias, raças, gêneros, classes sociais, categorias profissionais e comunidades, devem ser combatidas em todos os espaços de difusão em que ocorram.

Entretanto, está em curso no país uma grande onda de criminalização das chamadas fake news, com um forte acento e atenção para o que ocorre nas mídias sociais e no ciberespaço. Isto, em detrimento dos abusos, tanto do excesso de manipulação das notícias, quanto da subtração de informações relevantes e programas que valorizem a cultura e os movimentos identitários de nosso povo.

Senão, vejamos: dia desses, atendendo ao chamado de uma emissora de rádio, com cobertura nacional, especializada em notícias, que solicitava a participação dos ouvintes para opinar pelo Whatsapp sobre o uso do smartphone, numa clara intenção de desqualificar o dispositivo, a julgar pelas mensagens que os apresentadores selecionavam e colocavam no ar, quis contrapor àquela situação e levar um pouco de reflexão crítica e aprofundamento ao debate. Gravei uma mensagem de áudio e enviei à emissora. No áudio me identifiquei, como solicitado pela rádio e disse, sucintamente, em tom cordial, mas de forma clara e contundente que a questão mereceria uma análise mais profunda, até porque os celulares, os smartphones e as mídias sociais têm cumprido um papel social muito importante, até mesmo do ponto de vista da informação.

No momento em que me mobilizava para participar do programa, percebi que uma autoridade do judiciário, se não me engano um desembargador, falava sobre fake news, dizendo: "[...] se alguém suspeitar de uma fake news, especialmente nas redes sociais – que é onde elas mais acontecem – ligue, denuncie o fato a um grande veículo de comunicação, de credibilidade, como essa emissora, por exemplo, para que o autor de tal ato possa ser identificado e punido".

Diante da declaração absurda que ouvi, acrescentei um breve complemento sobre fake news, dizendo que as falsas notícias têm sido atribuídas de forma generalizada às mídias sociais e à internet, quando na verdade elas ocorrem também nos veículos tradicionais: jornais, rádios e televisões. E que o impacto e os danos causados por uma fake news na grande imprensa é bem maior do que aqueles provocados pela divulgação de boatos nos meios eletrônicos. Disse ainda que o tema não podia ser tratado com superficialidade, como vem sendo conduzido. E, finalizei com uma pequena mensagem de texto em que me colocava à disposição para uma conversa mais longa, com o objetivo de aprofundar a discussão ou de conceder uma entrevista, caso eles tivessem a real intenção de democratizarem esse debate.

Poucos minutos depois, o Whatsapp indicava que as mensagens de áudio e de texto haviam sido ouvidas e lidas. Até o momento não obtive nenhum retorno por parte da emissora de rádio, como já previa.

A hipocrisia e o sarcasmo com que o tema vem sendo tratado são escandalosos. Quem encabeça grande parte das discussões e propõe regulação para combater as fake news, da forma torta como estão fazendo, são órgãos representantes da grande mídia, políticos conservadores, envolvidos em escândalos e setores do judiciário que parecem desconhecer total e completamente de que forma acontece o fenômeno da comunicação e como se dão os processos comunicacionais na mídia.

A realidade é difusa. Os fatos, os acontecimentos, ocorrem a todo instante. Evoluem, desdobram-se e repercutem numa velocidade assombrosa. É praticamente impossível acompanhar todos os desdobramentos de uma ocorrência. Seus efeitos são tão ou mais significativos que os eventos e causas que os geraram, e as narrativas midiáticas ou testemunhais reproduzem os fatos a partir do seu ponto de vista, ou da vista de um ponto, ou seja, sempre como versão de um fato. Versão esta, contaminada pela cultura, pela ideologia, modos de ver e de dizer, do emissor da vez.

Para que a discussão sobre as fake news prospere – em profundidade – e daí surja uma regulamentação para essa prática condenável, será necessário muito mais do que uma canetada, o lobby da mídia hegemônica ou a massificação de um pacote pronto e acabado, produzido pela corrente ideológica da mordaça. Uma instância colegiada que venha tratar desse tema deve contar com representantes do mundo político, da grande imprensa, das plataformas digitais e do judiciário. Mas não pode prescindir dos leitores, dos ouvintes, dos telespectadores, dos comunicadores, dos professores, das universidades, de instituições como a ABI e a OAB, dentre outras, além de internautas, produtores de conteúdo e ativistas das mídias alternativas.

Queria entender o que há por trás, qual é o verdadeiro interesse dos grandes oligopólios de comunicação em combater as fake news da maneira como vêm fazendo (?).
Ao surfar na onda da devastação dos direitos democráticos, a grande mídia corre o risco de beber do seu próprio veneno e comprometer a liberdade de imprensa. É imperativo que os interesses coletivos, humanos e sociais estejam no epicentro da atividade jornalística. Sem mediação, só nos restará a barbárie.

(*) Eugenio Magno é comunicólogo e Doutor em Educação pela Faculdade de Educação (FaE/UFMG).

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Jornalismo: quem vai checar as agências de checagem?

por José Esmeraldo Gonçalves

Alguns veículos digitais alternativos pedem transparência ao mais novo e promissor nicho da comunicação: as agências de checagem.

E transparência nunca é demais.

O conceito de agência de checagem surgiu por volta de 1992, quando a CNN pediu a uma equipe de repórteres para investigar a veracidade dos anúncios da campanha presidencial de Bill Clinton e George Bush. Até então, dados da propaganda eleitoral escapavam à apuração jornalística e circulavam como verdades. Em eleições seguintes, o método foi adotado por veículos impressos regionais e nacionais dos Estados Unidos. Só após a virada para o século 21, com a velocidade e o crescente alcance dos sites jornalísticos e, em seguida, das redes sociais, foi fundado a FactCheck.org, uma agência independente. Desde então, esse sistema de checagem se espalhou por vários países.

Apurar corretamente e checar informações é ou deveria ser tarefa agregada ao bom jornalismo. Às vezes a premissa é relaxada na grande mídia por interesses econômicos, políticos, corporativos,  ideológicos, raciais, religiosos e sociais e até por falta de tempo e de profissionais (grandes veículos estão em processo de enxugamento das suas equipes). Por sua vez, a mídia digital, a velocidade inerente à internet e as redes sociais, principalmente estas, potencializaram tais distorções. Isso não quer dizer que a internet inventou a notícia falsa - manipulação de fatos por grandes veículos é uma realidade jurássica -, mas multiplicou por milhões de cliques as mais loucas ou mal-intencionadas pós-verdades e fake news.

O papel das agências de checagem em um país onde a mídia dominante é historicamente porta-voz das mensagens do poder econômico-financeiro e político seria em tese democrático. Pode tornar-se discutível se algumas relações de mercado ou posições políticas turvarem a desejada independência. São tão novas, principalmente no Brasil, que merecem ser seriamente discutidas.

É natural que algumas questões sejam levantadas. Seria aceitável um político contratar uma agência para investigar a campanha eleitoral do adversário ou isso fugiria à ética do checador, tornando-o parte da campanha que deveria investigar? Agência de checagem investigar reportagens ou notas originadas na velha mídia, por exemplo, é fato tão raro quanto o unicórnio cor de rosa. O que a impede? O corporativismo, a eventual prestação de serviços aos grandes veículos, o foco apenas nas mídias sociais e nos sites jornalísticos não vinculados a grandes corporações de mídia?  As agências de checagem chegaram ao Brasil há cerca de três anos em meio à radicalização política do país, isso as deixou imunes ou expostas a investigações seletivas? Agência de checagem não é um veículo no sentido jornalístico da palavra. Presta serviço sob demanda do cliente. Uma prova de transparência seria publicar e manter atualizada sua relação de contratantes.

Nos últimos dias, pelo menos duas polêmicas com conteúdo político envolveram agências de checagem. Você pode saber detalhes clicando AQUI e AQUI

Uma consequência irônica do quadro: se não houver mais transparência, será preciso criar agências de checagem para checar agências de checagem. Especialmente em um ano eleitoral.  O lado bom dessa surreal redundância é que o Brasil seria pioneiro em um novo nicho da comunicação...

Outra possibilidade aguardada é a "checagem cidadã": futura popularização de aplicativos de checagem do poderes, como Executivo, Legislativo e Judiciário, políticos, mercado financeiro, além de mídia e empresas, a partir de ferramentas à disposição do eleitor, contribuinte e consumidor,  muito além dos atuais "sites de transparência". Alguns desses aplicativos já estão em desenvolvimento. Eles vão rastrear a rede e confrontar informações com milhares de bancos de dados. Com um clique, você terá a verdade ou a mentira na tela do seu smartphone.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Revista Veja é condenada por publicar fake news

Do Portal Imprensa 



A decisão foi publicada no Diário Oficial de Justiça do dia 1º de junho e noticiada pelo Blog da Maria Frô, na versão on-line da Revista Fórum.
Em fevereiro de 2015, o jornalista, que atualmente integra a equipe do Antagonista, publicou uma matéria na Veja com o título “farsa no SUS”.
Nela ele fazia referência ao nascimento prematuro de Melissa e a sua internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista, durante 28 dias.
Na reportagem, Brasil falou que o ex-ministro da Saúde teria chamando médicos de sua confiança e de hospitais particulares para realizarem o parto e o cuidado da criança, não se submetendo ao mesmo tipo de atendimento e tratamento que o Sistema Único de Saúde oferece a qualquer usuário.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO PORTAL IMPRENSA, CLIQUE AQUI



Da Revista Fórum


À Fórum, advogado de Alexandre Padilha e Thássia Alves detalhou a ação que acabaram de ganhar na Justiça contra o jornalista Felipe Moura Brasil e a revista Veja por conta de uma fakenews sobre o nascimento da filha do casal, pelo SUS, em 2015

Conforme noticiado pelo Blog da Maria Frô, na Fórum, o casal Alexandre Padilha e Thássia Alves acaba de ganhar uma ação na Justiça por calúnia e difamação contra o jornalista Felipe Moura Brasil e a revista Veja.


Em fevereiro de 2015, um texto de Moura Brasil na publicação da editora Abril chamava de “farsa no SUS” o nascimento de Melissa, filha do casal, no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista. A reportagem mentirosa  relatava que o ex-ministro da Saúde teria realizado uma espécie de “maquiagem” no hospital público, chamando médicos de sua confiança e de hospitais particulares para realizarem o parto e o cuidado da criança, que nasceu prematuramente por conta de uma pré-eclâmpsia e teve que ficar internada por semanas na unidade. O artigo deixava claro seu objetivo de atacar Alexandre Padilha, como se ele e sua esposa não tivessem se submetido ao mesmo tipo de atendimento e tratamento que o Sistema Único de Saúde oferece a qualquer usuário.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA FÓRUM, CLIQUE AQUI

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Fake News na Memória: Beatles gravam Asa Branca e fazem turnê no Brasil. A mídia achou que a Sweet London era aqui...

Como informa no texto, a revista Intervalo "parou as máquinas"
para noticiar uma fantasiosa turnê dos Beatles no Brasil. Reprodução Pinterest

O Estadão anunciou que os Beatles gravariam Luiz Gonzaga. Reprodução


Fake news está na moda. Pra quem chegou agora, o fenômeno é associado principalmente às redes sociais.

Errou.

Muito antes da internet, a mídia imprensa vendia, às vezes, fantasias e ilusões. Os exemplos acima são da área do entretenimento. Isso não quer dizer que as editorias de política, polícia, esporte e outras não praticassem eventualmente o caô jornalístico. São muitos os exemplos que podem ser garimpados nos arquivos implacáveis. Tanto que o blog cria agora a rubrica "Fake News na Memória" para relembrar vacilos involuntários ou vaciladas intencionais bem antes dos bits, bytes e algoritmos da internet. Aceitamos sugestões.

As reproduções da Intervalo e do Estadão registram fake news que agitaram o Brasil.

A Intervalo, da editora Abril,  anunciou que os Beatles fariam shows no Rio e em São Paulo, com direito a desfiles apoteóticos nas avenidas das duas cidades.

Os Beatles ainda preparavam o hoje célebre Álbum Branco quando o Estadão, entre outros veículos,  entrou em modo êxtase em agosto de 1968 ao noticiar que o quarteto ia gravar a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

Os Beatles jamais vestiram o jibão e nem pensaram em forrock. Tinham mais o que fazer e nunca pediram visto para tocar nos trópicos. Ambas as notícias foram desmentidas pouco depois.

Durante algumas semanas, a pátria de sanfona sonhou que o sertão podia virar Sweet London.

E, sim, a fake news de Asa Branca foi inventada por Carlos Imperial. Com muitos amigos nos jornais e revistas da época, foi fácil para ele espalhar a "notícia". 

terça-feira, 13 de março de 2018

"Fake news" ou "no news"? Fique atento à campanha que ameaça censurar a internet...

Quando faz campanhas contra fake news e generaliza acusações, jogando no mesmo saco o jornalismo digital independente e a ação dos perfis geralmente falsos que disseminam mentiras no Facebook, Whatapp, Twitter e até nas ainda sobreviventes "correntes de email", a velha mídia brasileira faz patética tentativa para manter o controle da informação.

Nem todos os veículos digitais são multiplicadores de fake news, nem todos os perfis das redes sociais são geradores de notícias falsas, nem o jornalismo profissional é uma exclusividade das grandes corporações, que, aliás, filtram a notícia na mesa de edição e, muitas vezes, omitem o contraditório, segundo seus interesses políticos e econômicos.

Além disso, é cada vez mais frequente, para a "mídia profissional", ir buscar notícia nas redes sociais.

Há tempos, a maioria das entrevistas coletivas em que autoridades, políticos, empresários, instituições e corporações, celebridades e atletas etc anunciavam "furos" foi substituída por postagens nos respectivos perfis pessoais ou corporativos.

Em palestra durante o SXSW (South by Southweest) na Universidade do Texas, em Austin, que acontece em todo o mês de março desde 1987, o jornalista David Fahrenthold contou que, ao apurar reportagens passou a interagir com leitores através das redes sociais. Repórter do Washington Post, Fahrenthold ganhou o Prêmio Pulitzer em 2017 (veja mais informações aqui) ao expor mentiras espalhadas por Donald Trump durante a campanha eleitoral em relação a doações a instituições de caridade alardeadas pelo então candidato.

Como as fontes oficiais se fecharam, o jornalista pediu ajuda via twitter e se surpreendeu com as respostas. A partir de pistas fornecidas por internautas, que ele obviamente selecionou e checou, sua investigação prosseguiu. Quase por acaso, como admitiu, David Fahrenthold introduziu como um dos novos recursos do jornalismo investigativo a parceria com os leitores através das redes sociais.

Portanto, desconfie das intenções de quem acha que as redes sociais são apenas antros de canalhas, que só os outros produzem fake news e fique atento às campanhas que ao generalizar essa incômoda deturpação da internet ameaçam com coisa pior: no news.

Leia-se: censura.


domingo, 21 de janeiro de 2018

Não dê mole: em ano de eleição, alguns staffs de políticos podem tentar roubar seus dados e agenda de celular. Eles são bons nisso...

por Pedro Juan Bettencourt 

Ao mesmo tempo em que amplia a circulação de informações muito além dos compromissos e interesses da mídia conservadora, as redes sociais carregam fake news.

Há várias iniciativas institucionais ou de aplicativos para tentar controlar esse fenômeno. A verdade é que nenhuma país chegou a consolidar regras que evitem as notícias falsas sem interferir na liberdade de expressão que é essencial à internet. É um debate em movimento.

As fake news são apenas parte do problema. A medida em que a campanha eleitoral começa a esquentar no Brasil, núcleos de mídia social de alguns presidenciáveis ensaiam suas estratégias digitais.

E, acredite, o jogo nem sempre será limpo e o seu smartphone, que carrega agendas ou dá acesso a grupos, poderá ser um alvo preferencial para multiplicar mensagens. Informe-se. Bons sites de tecnologia ensinam aos usuários como se proteger.

Leia 5 dicas: 

1 - Cuidado com os apps gratuitos baixados fora de serviços confiáveis como o Google Play e AppStores. Durante a polêmica e recente campanha presidencial nos Estados Unidos, eles abriram a porta para roubo de dados, agendas, localização, levantamento de perfis, gostos, posições políticas etc. Links falsos também podem dar acesso aos seus dados. De posse dos contatos do seu círculo social, robôs, algoritmos e hackers eleitorais entram em ação e passam a enviar informações, notícias e avaliações positivas dos candidato. É possível também que você passe a ser convidado a participar de pesquisas de opinião. Não duvide: os "cabos eleitorais" digitais vão encher o seu saco. É melhor você se manter informado, checar notícias e analisar os movimentos dos candidatos através da mídia tradicional - se concorda com as posições dela  - ou dos portais profissionais alternativos de esquerda. De qualquer forma, use o máximo de fontes, procure saber o "outro lado" , evite o "pensamento único". Fuja das "correntes", das contas de Facebook, do email, do Twitter e dos invasores de WhatsApp que espalham boatos sem citar fontes confiáveis ou atribuindo origem falsa a falsas notícias. Se você compartilha notícia falsa, passa a ser também responsável pela disseminação de mentiras.

2 - Vale a pena ter um programa de proteção contra mensagens indesejadas. O SMS Filter, por exemplo, bloqueia spams em mensagem de texto. E o SMS será muito usado na próxima campanha.
O sistema Android tem um app, o Blacklist, onde você escolhe o que é spam e bloqueia o mau elemento. As companhias telefônicas são obrigadas a cancelar recebimento de propagandas via SMS. De acordo com sua operadora, envie Sair para 888 (Claro), 55555 (Oi), 4112 (TIM) e 457 (Vivo). Se você não for atendido em 24h reclame com a Anatel no telefone 13331. No caso do WhatsApp, há recursos para bloquear os indesejados. E, para se manter informado, você tem a opção de solicitar convite para fazer parte dos grupos dos seus candidatos.

3 - Use o modo de navegação segura. Assim você acessará sites sem deixar pistas e sem armazenar cookies, senhas, histórico e dados de navegação. Antes de fechar o navegador do seu smartphone habitue-se a fazer logoff dos sites que foram abertos por meio de senhas.

4 - Não deixe de instalar e atualizar o antivírus no seu smarphone.

5 - Alguns políticos vão importunar você através de telemarketing, sem pedir licença. Um bom bloqueador de números suspeitos de telefone vai manter esses picaretas digitais em silêncio.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A melhor arma do jornalismo profissional contra fake news é a velha e boa honestidade aliada a uma antiga lição: apurar antes de publicar. Parece básico, mas não é...

por José Esmeraldo Gonçalves

Em tempo de fake news - fenômeno impulsionado por redes sociais, mas ao qual a grande mídia nunca esteve imune -, uma tentativa de fazer com que o Washington Post caísse em uma armadilha apontou para uma antiga lição: nunca dispensar a apuração rigorosa dos fatos antes da publicação.

É norma básica do jornalismo, até "cláusula pétrea", como se diz da Constituição, mas é muitas vezes desprezada pela pressa (nos sites dos veículos é grande a pressão para volume de cliques), por engano ou por interesses políticos, corporativos e até pessoais dos veículos, dos seus editores e colunistas.

A maior parte das fake news que circula em redes sociais, os fatos mais absurdos e até inverossímeis, é compartilhada e passada adiante por pessoas que "querem muito" acreditar naquele conteúdo que "combina" com suas ideias ou opiniões sobre determinados fatos ou pessoas. Não seria exagero dizer que o mesmo sentimento ou interesse pode levar um jornalista a ser, digamos, receptivo, a uma notícia falsa. Os bons profissionais devem resistir a esse impulso e deixar permanentemente ligado o alerta de fake news.   

O Veritas Project, organização americana de extrema direita, enviou um email à repórter Beth Reinhard com um "dica" explosiva sobre Roy Moore, candidato ao senado do Alabama. Segundo a "fonte", o político teria se envolvido com adolescentes no fim dos anos 1970 e obrigado uma delas a fazer um aborto. A repórter entrevistou a "fonte" duas vezes, percebeu lacunas do relato, incoerências, recusa em dar detalhes precisos sobre a suposta vítima. O Washington Post não publicou a história e optou corretamente por apurar e denunciar o grupo especializado em produzir fake news.

O Washington Post admite o uso eventual de "fonte" não identificada. Mas os editores exigem, nesse caso, que os repórteres investiguem seus informantes, suas ligações e, principalmente, suas motivações. Qual o interesse em passar adiante determinada informação? Em quais circunstâncias teve acesso à informação? A quem será útil? Quem se beneficiará daquela revelação, o leitor ou a "fonte'?

A grande mídia brasileira está longe de ser assim tão rigorosa. Claro que já foi pior. Aqui, há um flagrante excesso no uso da figura de "um interlocutor", "uma pessoa próxima" e "fontes ligadas ao fulano" etc, não como uma indicação para a apuração de uma informação, mas como a própria informação pronta e acabada e assim levada ao público. Nos anos 1950 e 1960, algumas reportagens eram peças de ficção, como seus próprios autores revelaram anos depois. Na década de 1970, a mídia ratificava as versões oficiais sobre fatos que envolviam a guerrilha urbana, crises econômicas e omitia, por exemplo, tragédias ambientais e o extermínio de tribos cometidos em obras como a Transamazônica e a instalação de agrovilas em plena floresta. Nem sempre sob veto da censura, quando esta estava ao lado dos mesmos e corporativos interesses. Houve depois o Caso da Escola Base, do programa de TV entrevistando falso líder do PCC, outro que exaltou falso filho do dono de uma companhia aérea, além de pós-verdades e omissões deliberadas de determinados escândalos de corrupção. Há pouco meses, o caso do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou a passividade da grande mídia diante da versão oficial de uma operação contra suposto desvio de recursos na instituição. O reitor foi enfaticamente citado como envolvido nos roubos, quando estes, se efetivamente provados, aconteceram antes da sua gestão. Cancellier era alvo da operação apenas por uma também até aqui suposta "interferência nas investigações". O reitor, como se sabe, se suicidou e, em bilhete, atribuiu o gesto à injustiça sofrida, o que nenhuma agência de checagem ajudaria a corrigir.

O aparecimento de agências de checagem de notícias, especialmente sobre fatos ou declarações que têm origem nos discursos e números que autoridades divulgam, é bem-vindo. Mas não basta, até porque a checagem é feita a posteriori. Se a notícia publicada for falsa, os seus efeitos já terão se realizado. Muito antes da onda das fake news alguns colunistas já eram criticados por publicar a notinha recebida de uma "fonte", não checa-la (sob a alegação de "falta de tempo") e, no dia seguinte, publicar o desmentido. Com se fosse legítima essa espécie de efeito suspensivo da fake news por 24 horas. E os danos às vítimas da informação inverídica?

No ano que vem, prevê-se, no Brasil, tsunamis de fake news, robôs e algoritmos como elementos de  campanhas eleitorais. A participação das agências e sites de checagem será essencial. E o rigor na apuração dos fatos e notinhas, antes da publicação e não como suíte de matérias e colunas, é o que os leitores merecem esperar da grande mídia.

Há alguns meses, The New York Times - precisamente em função dos efeitos das polêmicas sobre a cobertura das últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos -, lançou uma grande campanha publicitária cujo tema seria bem aplicado aqui no complicado ano que vem: “The Truth Is Hard to Find”.

Fácil não é, mas deveria se obrigatória.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Relatório da UNESCO aponta as duas maiores ameaças ao jornalismo: fake news e polarização política

"Fake news" e polarização política ameaçam a credibilidade da indústria da mídia mundial. É o que conclui relatório lançado há poucos dias pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre, pluralismo,  liberdade de imprensa, independência e segurança de jornalistas.
Em meio às mudanças que afetam a comunicação, o documento destaca como positivas iniciativas da sociedade civil para democratizar o acesso à informação, a atuação e a independência de jornalistas cidadãos e a cooperação de veículos de mídia na checagem de notícias e dados.
 leis de liberdade de informação. O relatório completo está disponível, em inglês, AQUI


domingo, 3 de dezembro de 2017

Fake news, quem vai querer?



(de Sabrina Brito, para o Observatório da Imprensa)

Fake news é um tema que tem sido cada vez mais debatido, especialmente no mundo do jornalismo. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, fake news são notícias falsas que podem existir por cinco motivos: com o intuito de enganar o leitor; como uma tomada acidental de partido que leva a uma mentira; com algum objetivo escondido do público, motivado por interesses; com a propagação acidental de fatos enganosos; ou com a intenção de fazer piada e gerar humor.

Embora alguns especialistas, como o jornalista Sérgio Dávila, afirmem que notícias falsas sempre tenham existido, é certo que sua disseminação nunca foi tão intensa quanto é hoje, com as redes sociais.

De acordo com Diego Iraheta, redator-chefe do Huffington Post no Brasil, as redes sociais e o universo informacional do século XXI facilitam o escoamento das notícias enganosas de uma maneira extremamente rápida e eficiente. Assim, com a propagação de reportagens tendenciosas e mentirosas crescendo cada vez mais, a democracia é ameaçada, uma vez que o acesso à informação é um direito do cidadão.

Fábio Zanini, editor da seção “Poder” da Folha de S.Paulo comenta o porquê das fake news terem ganhado importância nos últimos tempos. “Isso foi exacerbado, na minha avaliação, por dois motivos que, na verdade, caminham juntos: primeiro, as redes sociais, que democratizaram muito a geração de informação, o que é uma coisa positiva até certo ponto; e o segundo motivo é uma crescente polarização política em todo o mundo”, disse.

Com isso, o jornalista expressou sua opinião de que as notícias falsas são mais facilmente espalhadas através do Facebook e Twitter, por exemplo, e de que os interesses motivados por posições políticas podem intensificar a criação de fake news, com o objetivo de divulgar informações incorretas para convencer mais pessoas a adotarem um determinado ponto de vista.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, CLIQUE AQUI